Em vez de pensar a morte nos lembremos da vida. E em seu início…

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Em vez de pensar a morte nos lembremos da vida. E em seu início…

Apresentação Milimetricamente picotados como na delicada arte japonesa, o haikai é um lampejo de inspiração como fotografia do instant...

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Apresentação
Milimetricamente picotados como na delicada arte japonesa, o haikai é um lampejo de inspiração como fotografia do instante. Intuição que traduz grandezas em instantâneas miniaturas, moldadas em poucas sílabas contadas a dedo. Há 31 anos, Saulo Mendonça Marques ousou mostrar no primeiro livro (Libélula) a capacidade de dizer muito em pouco, nos pequenos poemas que ganharam o mundo, em outras línguas, inclusive japonês. Aqui ele exibe uma seleta amostra dos “bonsais” poéticos de seu lírico e balzaquiano jardim.

Ponderações filosóficas na praia de Tambaú Pequenas embarcações pesqueiras ficam fundeadas nas águas daquela praia, Outras, avariad...

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Ponderações filosóficas na praia de Tambaú

Pequenas embarcações pesqueiras ficam fundeadas nas águas daquela praia, Outras, avariadas, foram deixadas sobre as areias e à sombra das gameleiras. Dessas, umas estão devidamente aposentadas enquanto outras parecem aguardar reparos. Fazendo fronteira com o areal, a calçada ampla, quase uma praça e o mercado de peixes. Por ali, o vai e vem de turistas com a presença contrastante de uma indigência incômoda, freqüentadora contumaz daquele logradouro, À sombra das gameleiras, entre embarcações aportadas naquelas areias deu-se o fato.

Dois banquinhos de madeira carcomida. Sobre um deles uma meiota de cachaça, o copo de pequenas dimensões apropriadas às suas funções, o pacote improvisado com os inseparáveis cigarros de manufatura caseira — os “pés-de-burro” — a caixa de fósforos, duas laranjas cravo para rebater os arrepios depois dos goles da água que passarinho não bebe. Noutro ele, acomodado, tecendo a rede de pesca

O guardador de segredos (para Astier Basílio) guardo comigo todos os segredos do mundo em que não vivo seg...

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O guardador de segredos (para Astier Basílio) guardo comigo todos os segredos do mundo em que não vivo segredos de poetas, com seus versos e estrofes quebradas no peito almejando musas para guardarem em seu alforje : como se não estivessem caçando ilusões na lírica sem metro

Augusto dos Anjos notabilizou-se por tematizar a morte e a melancolia, registrando em suas imagens, vazadas num vocabulário áspero e diss...

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Augusto dos Anjos notabilizou-se por tematizar a morte e a melancolia, registrando em suas imagens, vazadas num vocabulário áspero e dissonante, o universo da doença e da putrefação. O poeta firmou-se no imaginário de seus críticos e leitores como um homem essencialmente triste, mesmo doente, para quem “a alegria é uma doença e a tristeza a (sua) única saúde.”.

Não fui criado em sítio, embora desde tenra idade tenha convivido na casa de parentes na zona rural, sobretudo n’um território ancestral e...

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Não fui criado em sítio, embora desde tenra idade tenha convivido na casa de parentes na zona rural, sobretudo n’um território ancestral entre Puxinanã, Pocinhos e Campina Grande, região entre as serras do Maracajá e do Engenho, a velha Mumbuca que meus tios estufavam o peito celebrando o néctar de nossas raízes. Com essa vivência do mundo rural e a oportunidade de, já formado, pesquisar por anos subindo e descendo serra, seguindo o leito seco de rios antigos e desbravando caatingas, brejos e carrascais, “no meio do mato” como costumamos dizer, me afeiçoei aos costumes, ao modo de viver, o que consequentemente aguçou a sensibilidade matuta e a intimidade com a natureza. Daí, mesmo na cidade, além de cultivar um pequeno jardim caririzeiro baseado em cactáceas, admiro todo pedacinho verde que me cerca e observo.

Quando li pela primeira vez “Grande sertão: veredas”, de João Guimarães Rosa , fechei o livro atordoado porque me levou a caminhos desconh...

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Quando li pela primeira vez “Grande sertão: veredas”, de João Guimarães Rosa, fechei o livro atordoado porque me levou a caminhos desconhecidos da alma, a partir das inquietações de Riobaldo e Diadorin. Percebendo que desejavam incessantemente o Deus da vingança e menos o Deus do amor, fui buscar a resposta em outras leituras.

A multiplicidade dos papéis sociais na dinâmica da vida contemporânea marca a nova identidade feminina. A conquista desse perfil, muito ma...

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A multiplicidade dos papéis sociais na dinâmica da vida contemporânea marca a nova identidade feminina. A conquista desse perfil, muito mais efetivo nas últimas décadas, se deveu a uma luta histórica de superação de uma mentalidade machista que segregava a mulher a uma situação de subalternidade, dependência e inferioridade na relação de gêneros.

A vida ensina que eles nem sempre coincidem. Aliás, melhor dizendo, quase nunca eles coincidem. E não raro eles se excluem um ao outro. ...

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A vida ensina que eles nem sempre coincidem. Aliás, melhor dizendo, quase nunca eles coincidem. E não raro eles se excluem um ao outro. Daí a necessidade constante de optar-se entre um e outro, já que dificilmente pode-se ter os dois ao mesmo tempo. E essa opção constitui-se como fundamental na vida de cada um e, também, uma das principais questões da filosofia moral, a Ética.

Dentre os andarilhos das ruas centrais, mais precisamente na Miguel Couto, distingui Gerilo. Nome esquisito. Orientado por uma mulher, t...

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Dentre os andarilhos das ruas centrais, mais precisamente na Miguel Couto, distingui Gerilo. Nome esquisito. Orientado por uma mulher, talvez esposa. Próximo a mim, quem me iniciara no catecismo. Soubera, há tempo, que ele havia pendurado a batina de cor preta.

No início dos anos 1960, o Nordeste pegava fogo, mais precisamente a Zona da Mata de Pernambuco e da Paraíba, onde se concentrava a região...

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No início dos anos 1960, o Nordeste pegava fogo, mais precisamente a Zona da Mata de Pernambuco e da Paraíba, onde se concentrava a região canavieira. A região também também era a principal área de atuação das Ligas Camponesas, associações de trabalhadores rurais que vinham sendo criadas, desde a segunda metade da década anterior, em defesa da reforma agrária e de melhoria nas condições de trabalho no campo.

Todo o Evangelho é recheado de passagens que merecem muita reflexão. Diante de tantas, escolhi duas, que se tornaram muito populares, aind...

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Todo o Evangelho é recheado de passagens que merecem muita reflexão. Diante de tantas, escolhi duas, que se tornaram muito populares, ainda que seu sentido, muitas vezes, tenha sido distorcido. Quem não conhece os ditos “Dai a César o que é de César” e “Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra”? O primeiro está ligado a uma pergunta capciosa feita pelos fariseus a Jesus, passagem encontrada nos três primeiros evangelistas (Mateus 22, 15-22; Marcos 12, 13-17; Lucas, 20, 20-26), menos em João. O segundo diz respeito à mulher acusada de adultério, passagem que vê unicamente em João (7, 53 – 8,11).

“Lesse Paiva , hoje?!” – Seria Martinho Moreira Franco chamando de manhã para a crônica das quartas de Luiz Augusto de Paiva, no nosso ...

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“Lesse Paiva, hoje?!” – Seria Martinho Moreira Franco chamando de manhã para a crônica das quartas de Luiz Augusto de Paiva, no nosso jornal. Com qualquer um que acertasse ele fazia isto. Um lesse espontâneo, sem satisfação à gramática, ele a quem se confiava a mais segura revisão final de textos. Esse “ lesse hoje?” a deixar na saudade o tutear gramatical do decano dos decanos , Celso Mariz, único das minhas antigas e novas amizades a falar no modo certo sem sair do coloquial: “Leste quem, neste Carnaval?” Pergunta antiga em seu modom ortodoxo. Mas ficava bem, nele. Cumpria a rigidez dos tempos e dos modos sem a gente dar por ela. Só dávamos por sua simpatia com todos, com os da rua e os do seu clube, inspirando-me o desejo de usar chapéu só para o cumprimentar.

Estupefata diante de nossa nova chegada a Marte, me detive nas inacreditáveis imagens do planeta vermelho. Ainda com os pequenos seres ve...

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Estupefata diante de nossa nova chegada a Marte, me detive nas inacreditáveis imagens do planeta vermelho. Ainda com os pequenos seres verdes na memória, marcianos da fantasia humana, me deparei com a impactante realidade do vizinho orbe: um deserto de pedras e areia, de uma beleza atávica, imemorial, bem alinhado com os estranhos momentos que vivemos.

Embarcados “Remamos mal, ficamos quase sempre à deriva” Pois, tudo sempre é um grande risco Que se trace a rota, passe ao largo...

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Embarcados
“Remamos mal, ficamos quase sempre à deriva” Pois, tudo sempre é um grande risco Que se trace a rota, passe ao largo às calmarias Venham ventos! Inflem as velas! Soem o sino, a partida, a âncora levantada Que se contorcem em mares, que se contornem as ilhas E o cabo revolto, amante dos mares furiosos náufragos do mesmo medo, gritos do mesmo silêncio E onde ancorar? Proteção ou perdição?

Tolhido pela surpresa, Coriolano Torquato Lins não tem rapidez suficiente para, na sequência, esgrimir-se da pergunta O amigo é de ond...

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Tolhido pela surpresa, Coriolano Torquato Lins não tem rapidez suficiente para, na sequência, esgrimir-se da pergunta O amigo é de onde? E após ouvir um sussurrado Recife como resposta, o moço põe o dedo indicador numa têmpora e vagueia os olhos, teatrinho típico de quem organiza dados na mente, para finalizar seu gesto numa assertiva de cabeça. Pede então licença pra sair. Volto já, diz, e vai buscar alguma coisa lá fora (deixada provavelmente na mala do carro). Ao voltar, tem um livro nas mãos. Olha aqui, ele diz, e coloca-o na mesa, já aberto na página. Torquato Lins moveu-se ruidosamente na cadeira e iniciou a leitura.