Olhando os guajirus que despontam em floração na manhã umedecida, sentei-me a contemplar com imensa gratidão o raiar do novo ...

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Olhando os guajirus que despontam em floração na manhã umedecida, sentei-me a contemplar com imensa gratidão o raiar do novo dia. Ao lembrar da maciez levemente adocicada dessa fruta tão praiana, bons eflúvios de outro tempo temperaram-me o sabor com distante nostalgia.

Um dos melhores seriados disponíveis no streaming, hoje, é um longo documentário — seus oito episódios somam mais de cinco horas de info...

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Um dos melhores seriados disponíveis no streaming, hoje, é um longo documentário — seus oito episódios somam mais de cinco horas de informação — sobre como a música mudou o mundo no início da década de 1970 (e, verdade seja dita, como ela foi mudada por ele). 1971: O Ano em que a Música Mudou o Mundo, disponível para assinantes da Apple TV+, não é só uma série sobre música,

A era moderna da filosofia começou com Descartes, o homem que duvidou de tudo e reduziu nosso conhecimento a uma certeza principal: Cogito...

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A era moderna da filosofia começou com Descartes, o homem que duvidou de tudo e reduziu nosso conhecimento a uma certeza principal: Cogito ergo sum (Penso, logo existo). Lamentavelmente, seu racionalismo partiu em seguida para a reconstrução do nosso conhecimento, como se nada tivesse acontecido.

Depois disso, os empiristas ingleses (Locke, Berkeley e Hume) envolveram-se em processo um tanto destrutivo e arriscado, afirmando que o conhecimento humano

Não há dia melhor para uma faxina do que a Quarta-feira de Cinzas. Em uma delas, acordei com essa disposição. Curar Ressaca? Não briquei c...

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Não há dia melhor para uma faxina do que a Quarta-feira de Cinzas. Em uma delas, acordei com essa disposição. Curar Ressaca? Não briquei carnaval. Revirar as cinzas? Talvez... O certo é que já amanheci virada entre as gavetas, guarda-roupa, pastas, arquivos... os secretos também. O que a gente acha nesses arrumações! Uma carta perdida, um postal de um lugar longínquo, um guardado qualquer, uma roupa que não serve mais, um sapato fora de moda (tem isso?), coisas inúteis que juntamos com a certeza de um dia jogarmos fora. Que bom ver sacos e mais sacos de "lixo". O tal "lixo afetivo". Criei esse nome agorinha mesmo.

No princípio era o verbo, mas o que era mesmo esse verbo? Signo, carne, luz? Dependendo da resposta que cada um venha a dar, tem-se um mís...

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No princípio era o verbo, mas o que era mesmo esse verbo? Signo, carne, luz? Dependendo da resposta que cada um venha a dar, tem-se um místico, um filósofo, um escritor. Ou mesmo um indivíduo pragmático, para quem a palavra é mera subsidiária da ação. Nascemos entre signos, e o verbo nos engendra.

Sobral Pinto – Heráclito Fontoura Sobral Pinto - foi um dos heróis brasileiros do século XX. Uma das unanimidades nacionais, um dos orgulh...

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Sobral Pinto – Heráclito Fontoura Sobral Pinto - foi um dos heróis brasileiros do século XX. Uma das unanimidades nacionais, um dos orgulhos da raça, assim como também o foram Oscar Niemeyer, Pelé, Villa-Lobos, Tom Jobim e alguns poucos outros. Um homem e um nome que se tornaram legenda, pairando por sobre as controvérsias, as querelas miúdas e contingenciais, como acontece com aquelas figuras de grandeza indiscutível, impondo-se até mesmo aos eventuais adversários.

“Quando a notícia da morte de Jurandy Moura chegou à redação do jornal, seu corpo já estava estendido na lousa como pássaro sem vida“. ...

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“Quando a notícia da morte de Jurandy Moura chegou à redação do jornal, seu corpo já estava estendido na lousa como pássaro sem vida“. É Gonzaga Rodrigues quem revela-nos esse estado em que Jurandy se encontrava, igual a um passarinho com asas abertas recolhendo os odores derradeiros exalados da fatídica madrugada.

Eu ia escrever um texto para dizer que falhei esta semana, que falei mais do que devia, que não me dei conta de que uns amados estão mais ...

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Eu ia escrever um texto para dizer que falhei esta semana, que falei mais do que devia, que não me dei conta de que uns amados estão mais frágeis do que eu imaginava.

Eu ia fazer um texto cheio de imagens literárias que espelhavam meu esforço incessante para manter a minha paz de espírito; o combate ao sentimento de perda e ansiedade que ameaça a mim e a todos nós; a luta diária contra a vaga sensação de tristeza e algum medo que esses tempos infiltram na gente.

Apesar da cidade estar sempre em efervescência, os moradores daquela rua são pessoas que já estão colhendo os frutos de suas lavouras do v...

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Apesar da cidade estar sempre em efervescência, os moradores daquela rua são pessoas que já estão colhendo os frutos de suas lavouras do viver. Por isso, a calmaria e o sentimento de comunhão lá se enraizaram.

A moradora de rua, daquele bairro, é uma senhora que gasta seu tempo observando o movimento das casas.

Na casa azul, todos os dias, filhos e netos chegam para o café da tarde.

O menino se chamava Bem-te-vi e só estivera na escola ano e meio, depois não foi mais. Também a mãe não fazia questão, preferia que ficass...

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O menino se chamava Bem-te-vi e só estivera na escola ano e meio, depois não foi mais. Também a mãe não fazia questão, preferia que ficasse pela praia na travessia da balsa onde conseguia umas moedas, ou ajudando os pescadores na volta do mar, ou na cata de tainha na pesca de arrasto.

Em certa época do ano os barcos regressavam vazios, e não tinha lanço porque a tainha não vinha e também quase não havia ninguém para atravessar o rio. No entanto, ainda havia os jangadeiros que saíam pela madrugada.

Bem-te-vi avistou as jangadas chegando, correu para ajudar com os cepos e empurrar a embarcação para terra firme. Semana boa não precisava ir longe,

É exclusivo do homem, de sua composição, que o espírito, a alma, seja que nome tenha, disponha de um corpo, transmigre com ele em format...

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É exclusivo do homem, de sua composição, que o espírito, a alma, seja que nome tenha, disponha de um corpo, transmigre com ele em formato próprio, peculiar entre bilhões e bilhões, visível e tátil aos demais sentidos. Corpo, forma distinguível, aparência, mas dependendo desse espírito, guiado e caracterizado por ele.

VOCÊ ESTÁ ESCREVENDO UM ROMANCE – AQUI “A BATALHA DE OLIVEIROS” (com que peguei o Prêmio INL - Instituto Nacional do Livro, 1988) – QUAN...

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VOCÊ ESTÁ ESCREVENDO UM ROMANCE – AQUI “A BATALHA DE OLIVEIROS” (com que peguei o Prêmio INL - Instituto Nacional do Livro, 1988) – QUANDO SEU PROTAGONISTA – OLIVEIROS – conversando com o pai, DIZ QUE NÃO CONSEGUE SUPERAR A ANGÚSTIA DE – PRESO POR MIL DÚVIDAS - não TER acompanhado O IRMÃO – ROLDÃO – NA GUERRILHA DO ARAGUAIA. DE REPENTE VOCÊ NÃO FAZ MAIS DO QUE DIGITAR O QUE OUVE ESSE PAI (com tipo que me evocou Freud) DIZER:

Bom, você pode enxugar o texto imenso do conhecimento, eliminando-lhe as repetições. O incêndio de Moscou em “Guerra e Paz” é o mesmo de Atlanta em “E o Vento Levou”? Reduza os dois a um só. Branca de Neve morde a maçã proibida, como Eva, e se transforma na Bela Adormecida?! Faça isso de novo. E o gentil robô dourado de “Guerra nas Estrelas” – o C3PO – é o mesmo deslumbrante cyborg do “Metrópolis” de Fritz Lang? “O Grito do Ipiranga”, do Pedro Américo, é a mesma cena eternizada pelo Meissonier, no mesmo ano, com Napoleão em Friedland, no lugar de Pedro I no Ipiranga, com quase os mesmos cavaleiros ouriçados ao redor? O início da “Eneida” de Virgílio - “Canto as armas e o varão”... ecoa nos “Lusíadas”? “As armas e os varões assinalados”?

Charles Rhoades Senior se descobre com insuficiência renal grave e precisa de um transplante urgente, se quiser continuar vivendo. O probl...

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Charles Rhoades Senior se descobre com insuficiência renal grave e precisa de um transplante urgente, se quiser continuar vivendo. O problema é que o hospital não o vê como candidato para um transplante elegível, tendo em vista a sua longa vida de desregramento na bebida e nos charutos. Seu filho, Chales Rhoades Junior, Chuck, não é compatível como doador. Seus outros filhos, fora do casamento, também não o são.

“O tempo do movimento” é um projeto concebido pelo artista visual paraibano João Lobo. Desenvolvido ao longo de três anos de dedicação ini...

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“O tempo do movimento” é um projeto concebido pelo artista visual paraibano João Lobo. Desenvolvido ao longo de três anos de dedicação ininterrupta, o trabalho resultou num pacote surpresa que será desembrulhado em momento oportuno. No combo vem um filme, uma exposição fotográfica e uma intervenção pública. Para concretizar isso, o paraibano — que há sete anos mora em Lisboa — mobilizou uma equipe para coadjuvá-lo, furou a burocracia lusitana, a ponto de chegar a acoplar uma câmera de alta resolução na locomotiva de um comboio, e por vários meses monitorou e armazenou as imagens que deram lastro e forneceram matéria-prima para a formatação desse empreendimento artístico de grande porte.

Para se ter uma ideia da grande sacada desse paraibano que coleciona prêmios nacionais e internacionais, a câmera de alta resolução foi colocada na frente da locomotiva “com o obturador aberto, e em todo o percurso ela faz uma só foto, um filme congelado numa única imagem”. A revelação de João Lobo queimou meu HD de imediato, porque não entendo nada desse negócio de jogar pedra na lua, e acertar. Arrastando os vagões de sua imaginação irrequieta e criadora, Lobo promete para breve a concretização da segunda etapa da obra, aquilo que ele chama de intervenção pública. Trata-se de um painel de 50 metros de comprimento por 5 de altura, ao longo de um viaduto de Lisboa. “Nesse painel eu inverto o processo cinematográfico”, explica João. Em outras palavras, ele quis dizer que a imagem é quem contempla o espectador. O cidadão vem no seu carro em movimento e, à medida em que avança, a imagem estática se reveste de ânimo, se movimenta.

No cinema, são necessários 24 quadros por segundo para se criar a ilusão do movimento. No caso do painel, o espectador a bordo do seu automóvel em velocidade é que faz o papel dos fotogramas.
Enquanto o observador se desloca para a frente, as fotografias do conjunto do painel provocam neste a ilusão do movimento. A impressão que se tem a seguir é de que há uma pessoa andando ao pé de um muro. Pois bem, essas fotos têm as digitais da pata do Lobo. A originalidade de tal criação desponta como nitroglicerina pura e cria uma expectativa nos meios artísticos, sobretudo dos patrocinadores. Isso naturalmente fritaria os neurônios dos irmãos Lumière, pioneiros do cinema, que conceberam a primeira projeção comercial da história, em Paris, com o célebre filme mostrando a chegada de um trem à estação.

Em entrevista concedida recentemente a Abelardo Jurema Filho, da TV Master, João Lobo detalhou alguns aspectos de sua vida como artista visual em Lisboa e a receptividade por parte do público daquele país à sua produção, como ocorreu em relação à recente exposição “Do outro lado”, reunindo fotógrafos de várias nacionalidades. João demonstra uma inquietude típica dos grandes criadores, de caras que desenvolvem ideias mirabolantes e vez em quando convence algum produtor igualmente maluco que o financia e faz a maluquice se tornar realidade. Isso aconteceu em 2019, em Brejo do Cruz, com uma mostra de fotografias do seu acervo projetadas diretamente na Pedra da Turmalina, uma formação granítica de 300 metros de altura e a mais de um quilômetro e meio de distância da cidade.

Nessa noite teve de tudo na terra do saudoso advogado Avany Maia, pai do artista, que não chegou a ver o filho João dinamitando a cidade. A primeira atração do performático João Lobo foi uma explosão mecânica seguida da aparição de Nossa Senhora, a padroeira da cidade projetada no paredão de pedra, cartão postal da cidade. Na torre da matriz os sinos tocavam e as fotografias uma a uma iam se refletindo em tamanho gigantesco na superfície do rochedo, enquanto a população levitava ouvindo os solos dilacerantes da guitarra de Alex Madureira. Depois veio o tsunami musical da Orquestra Sinfônica da Paraíba sob a varinha de bruxo que os deuses colocaram na mão do maestro Luiz Carlos Durier. Uma verdadeira apoteose. Há quem afirme ter escutado tiros de canhões, como na Abertura 1812 , de Tchaikovsky, mas foi o efeito de um baseado. Nessa noite só faltou chover. O senhor Barão, prefeito da cidade à época, ia pedir mais esse favorzinho a João Lobo, e acabou esquecendo.

“Os fotógrafos dizem que não sou fotógrafo, os cineastas dizem que eu não sou cineasta, e os artistas plásticos dizem que eu não sou artista plástico. O meu trabalho não tem uma personalidade e isso me agrada de certo modo, porque eu não estou preso a nenhuma escola, a nenhum tipo de segmento artístico. A minha produção é livre, espontânea, e diante disso eu procuro renovar e inovar a linguagem tanto da fotografia, como do cinema e das artes visuais como um todo”. A afirmação de João Lobo é para ser escrita no bronze, no granito, pois ela demonstra a dignificação da arte em todos os seus aspectos, sobretudo no tocante aos estatutos da originalidade, da independência e da sua capacidade de transgredir, de renovar, de ser universal. Cometer arte, na lente objetiva do filho de dona Jandira, é não ser candidato a nada, nem a vereador, não ficar refém de nenhum cânone estético, seja na forma, seja no fundo. Assim deve se portar o artista, livre dessas amarras, para poder subverter a ordem e renovar, desafinar o coro dos contentes e ser gauche na vida, como diria o poeta Carlos Drummond de Andrade.

Naquela manhã de setembro de 2018, nos gloriosos dias pré-covid 19, verão em Lisboa, a cidade abarrotada de turistas, encontrei João Lobo flanando pelo calçadão às margens do Tejo. Ele pisava sobre as enormes letras dos versos de Fernando Pessoa. “O Tejo não é maior que o rio que corre pela minha aldeia, porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia”. Dali entramos no Mosteiro dos Jerônimos, e eu levei uma facada e um tiro de doze quando me deparei com o túmulo de Luiz Vaz de Camões. Fiquei emocionado. E ali, entre as colunatas e os arcos daquele belíssimo exemplar da arquitetura manuelina, aos pés do mausoléu seiscentista, João se meteu a declamar um soneto do autor de Os Lusíadas. Quando já ia no segundo quarteto, uma senhora se aproximou, pedindo silêncio. Camões não deve ter gostado da interrupção. Nem eu. Rap*riga.

Texto escrito por Sérgio de Castro Pinto e Joaquim Inácio Brito O adágio “Quem canta os seus males espanta” já diz bem da função terap...

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Texto escrito por Sérgio de Castro Pinto e Joaquim Inácio Brito

O adágio “Quem canta os seus males espanta” já diz bem da função terapêutica da música, embora o Barão de Itararé, sempre nadando contra a corrente, tenha parodiado esse provérbio numa quadrinha bastante divulgada:

“Quem canta os seus males espanta, Diz o dito popular. Eu canto, dói-me a garganta E os males voltam ao lugar”.

Brincadeiras à parte, o certo é que a música serve de antídoto e de anestésico para neutralizar os males decorrentes, sobretudo, do amor. Do amor traído, bandido,

Este é um momento em que devemos ter fome da verdade. Para isso é necessário nos blindarmos contra a técnica utilizada pela grande mídia o...

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Este é um momento em que devemos ter fome da verdade. Para isso é necessário nos blindarmos contra a técnica utilizada pela grande mídia objetivando causar um curto-circuito na nossa consciência crítica, explorando o aspecto emocional. Termos o cuidado de não permitir que nossas mentes sejam moldadas de acordo com os interesses nefastos de veículos de comunicação que se apresentam como instrumentos de manipulação das massas. Buscar compreender o que pode estar por trás da produção da noticia, enxergar as mensagens sublimares que ela contem, perceber o que se intenciona transmitir nas entrelinhas.