A era moderna da filosofia começou com Descartes, o homem que duvidou de tudo e reduziu nosso conhecimento a uma certeza principal: Cogito ergo sum (Penso, logo existo). Lamentavelmente, seu racionalismo partiu em seguida para a reconstrução do nosso conhecimento, como se nada tivesse acontecido.
Depois disso, os empiristas ingleses (Locke, Berkeley e Hume) envolveram-se em processo um tanto destrutivo e arriscado, afirmando que o conhecimento humano
Os mais radicais afirmam que, no momento em que Hume concluiu esse processo de apreensão da realidade, o conhecimento humano estava reduzido a ruínas. Foi esse suposto absurdo que, de forma quase milagrosa, despertou Kant de seu “sono dogmático”. Levando em consideração o empirismo, mas recusando-se a ser por ele intimidado, Kant construiu talvez o maior de todos os sistemas filosóficos.
Passando do sublime ao ridículo, Hegel criou então seu próprio sistema exagerado. Foi por muito tempo endeusado. Muita gente depois dele se apossou de seu sistema dialético como verdade absoluta: Marx não nos deixa mentir. Schopenhauer, contemporâneo de Hegel, iria tratar essa monstruosidade conceitual com o merecido desprezo, mantendo uma perspectiva reconhecidamente kantiana no que tange à epistemologia (a teoria do conhecimento, ou, vulgarmente, a nossa maneira de ver o mundo).
A bem da verdade, em que pesem tantas idiossincrasias e esforços intelectuais, o mundo ainda não se encaixou em nenhum sistema de apreensão completa da realidade. Bem que podíamos voltar aos mestres gregos clássicos...