Eles me olham da gaveta invisível Com olhos de Argos Silentes e vigilantes. Reviram o instante, vasculham arredores Subidas, descidas, curvas Grutas de elos perdidos. Fazem-me dar voltas sem descanso Nada me perguntam Nem dizem se já é hora...
Cacos Eles me olham da gaveta invisível Com olhos de Argos Silentes e vigilantes. Reviram o instante, vasculham arredores Subi...
Podíamos voar, era tempo de milagres
Eles me olham da gaveta invisível Com olhos de Argos Silentes e vigilantes. Reviram o instante, vasculham arredores Subidas, descidas, curvas Grutas de elos perdidos. Fazem-me dar voltas sem descanso Nada me perguntam Nem dizem se já é hora...
O que mais vem me impressionando ultimamente – no que se refere a esta ... marcha ... da Humanidade – é a revisão total que tenho feito do...
Todos os que se vão conosco
Euclides da Cunha diz em “O Homem”, segunda parte de Os sertões , estarmos “condenados à civilização. Ou progredimos, ou desaparecemos” (S...
Civilização e Evolução
Bendito o tempo que conduz nossa vida, que acrescenta experiência, que nos dá sapiência, que oferece a oportunidade de construirmos nossa ...
Envelhecer
O envelhecimento vem me ensinando a viver plenamente, e a abraçar a vida com sentimentos de amor-próprio. Vejo com clareza meu sentir e o quanto sou corajosa em redesenhar o roteiro da vida. Concluo que a felicidade está em mim. Reconheço minhas imperfeições, meus medos, minha vulnerabilidade, mas sou a dona do meu espaço amoroso e nada abalará essa enorme certeza do quanto minha vida é rara e preciosa.
Dez páginas, apenas e tão somente dez páginas em corpo 10 dos velhos magazines de linotipo!... E que páginas! Há prefácios assim. Esse d...
Um prefácio à vida
Há prefácios assim. Esse de meus frequentes retornos é assinado pelo professor José Pedro Nicodemos à edição feita para publicar pela Universidade Federal da Paraíba, através de sua editora, sob recomendação de um conselho editorial dirigido por Francisco Pontes da Silva.
Tenho várias manias e cacoetes. Sobretudo uma mania que considero muito boa. Aliás, me orgulho dessa mania. Sempre me dá bons retornos. Ad...
O lado bom do Brasil real
Nascido em 1912 em Exu, Pernambuco, Luiz Gonzaga foi um dos melhores músicos e artistas que o Brasil já viu. E a maior expressão da música...
Vozes da seca
Tendo o seu pai Januário como mestre e ídolo, ele começou a vida tocando sanfona no interior do nordeste, percorrendo o polígono da seca e absorvendo toda a cultura regional, baseada principalmente no sofrimento do povo nordestino, assolado por esse flagelo.
Aos 13 anos comprou a sua própria sanfona, ajudado pelo coronel Manuel Alencar, seu protetor. Aos 17 saiu de casa para tocar no Crato, do outro lado da Serra do Araripe, e não voltou mais. Vendeu a sua sanfona e sentou praça no exército, em Fortaleza, em busca de uma renda regular. Passou nove anos.
Instalada a Revolução de 30, viajou pelo país sendo o corneteiro da tropa, e foi bater em Minas Gerais, onde mandou fazer uma sanfona e aprimorou o seu domínio, aprendendo escala musical com Domingos Ambrósio, sanfoneiro mineiro.
Depois que deu baixa, emigrou para São Paulo e depois para o Rio de Janeiro, onde voltou à carreira de músico. Porém ainda não tocava músicas regionais nordestinas, senão músicas estrangeiras, nos bares e cabarés da periferia da cidade.
Até que um dia Luiz Gonzaga apresentou-se no Programa de Ary Barroso. Agradando, foi contratado pela Rádio Nacional, a poderosa e maior locomotiva que impulsionava a música brasileira da época. Assim recomeçava a carreira, que só terminaria com o seu falecimento em 1989.
Luiz Gonzaga aperfeiçoou o baião, que então era o único ritmo nordestino aceito pelos sulistas. Nos anos 1940 e 1950 era muito forte a presença do jazz, do Fox e, principalmente, do samba canção, nas noites de Rio de Janeiro e São Paulo.
Porém na Rádio Nacional a sua carreira artística deslanchou. Em 1941 ele gravou o seu primeiro disco, pela gravadora RCA Vitor.
Somente no início da década de 1950é que ele passou a compor e divulgar outros rimos nordestinos, como o xote e o xaxado.
Ao final de sua carreira, entre baiões, xotes, toadas e xaxados, Luiz Gonzaga deixou um acervo de mais de 627 músicas gravadas em 266 discos, 53 músicas de sua autoria, 233 em parcerias e 331 de outros compositores. Foram parcerias com letristas e compositores do maior quilate. Deles destaca-se o advogado cearense Humberto Teixeira, com quem, em cinco anos de parceria, compôs centenas de músicas. E depois com o médico compositor, poeta e folclorista pernambucano Zé Dantas, com quem teve produção semelhante.
Em 1950 gravou a música ao mesmo tempo bela e triste, Assum Preto, que havia feito em parceria com Humberto Teixeira, pela RCA Vitor. E em 1952 confirma o sucesso como principal divulgador da música sertaneja nordestina, gravando a toada Acauã, com Zé Dantas, também pela RCA Vitor.
No mesmo ano de 1952 grava também na RCA Vitor o baião Paraíba, lançada em 1950 com o cearense Humberto Teixeira. E aquela música que viria a se tornar o hino nacional do sertanejo nordestino, Asa Branca, que havia sido lançada em 1947 da mesma parceria com Humberto Teixeira, e também um baião. Vinte anos depois, em 1972, essa música vestiria uma roupa nova na versão espetacular do magnífico conjunto recifense Quinteto Violado. Nesta versão destaca-se memorável solo da flauta de Ciano Alves.
Anos depois Luiz Gonzaga encontrou-se com aquele que se tornou o seu herdeiro artístico natural: o também pernambucano Dominguinhos. A partir daí tornaram-se inseparáveis, em diversos espetáculos pelo Brasil.
Luiz Gonzaga era além de músico um grande artista cênico. A sua presença num palco era contagiante. São notáveis e gostosos os solos de sanfona em diversos espetáculos, como na música Samarica, Parteira. E na homenagem que fez ao jumento, que considerava irmão do sertanejo.
Ao longo de sua carreira participou de milhares de espetáculos pelo Brasil e exterior. Ele teve, então, muitos parceiros. Mas os espetáculos mais notáveis foram com Dominguinhos e com o cearense Raimundo Fagner, com memorável solo de sanfona.
Em inusitada parceria com Hervé Cordovil, Luiz Gonzaga compôs outro hino de nossa geração: o excelente e alegre Vida de Viajante , que canta junto com o filho Gonzaguinha, e contracenou com Fagner.
Ao longo da sua trajetória artística Luiz Gonzaga teve muitos e bons parceiros. Os mais conhecidos são mesmo Zé Dantas e Humberto Teixeira. Um bom exemplo, fruto dessa parceria, é O Xote das Meninas , composto com Zé Dantas e gravado em 1953 pela RCA Vitor. Nesta música Zé Dantas revelou o seu conhecimento de fisiologia e ginecologia. Também mostrou a sua veia poética, ao descrever a transição da infância para a adolescência, comparando a menina-môça com a flor do mandacaru. E ao associar ao fim da estiagem. Bonito!
Mas o escritor, historiador e jornalista investigativo Flávio Ramalho de Brito considera que o melhor de todos foi Zé Marcolino, de Sumé. E em quantidade de músicas teve João Silva, de Garanhuns.
Destaques para Pássaro Carão , música alvissareira com Zé Marcolino. E Uma Pra Mim, Outra Pra Tu , animada mazurca de quadrilha-de-São João, composta em parceria com João Silva, onde Luiz Gonzaga erra maliciosamente a divisão das mulheres do salão. Muito engraçada!
Figura discreta, João Silva compôs mais de duas mil músicas que foram gravadas por grandes nomes da música brasileira. Cem delas só com Luiz Gonzaga.
Luiz Gonzaga era muito atualizado. Como se pode ver no Xote Ecológico , que compôs com Aguinaldo Batista.
Além de músicas de Zé Marcolino, de Sumé, Luiz Gonzaga prestigiou outro autor paraibano: Rivaldo Serrano de Andrade. Pois em 1973 ele gravou a linda música Fogo-Pagou , de autoria de Rivinha Serrano, como era conhecido. Com Humberto Teixeira, Luiz homenageou o seu pai, Januário, com o delicioso xote Respeita Januário .
Sempre divulgando o folclore e a cultura nordestinos, Luiz Gonzaga compôs vário clássicos, como O Jumento é Nosso Irmão Samarica Parteira — música rica em onomatopéias, como boa parte das músicas dele —, Vem Morena e ABC do Sertão .
Pois bem: indignados com a inércia e incompetência do governo federal, presidido pelo gaúcho Getúlio Dorneles Vargas, Luiz Gonzaga e Zé Dantas compuseram a música Vozes da Seca, um brado de protesto contra o descaso que à época já era praticado contra o povo nordestino.
A letra da música é uma brilhante carta produto da indignação. Dirigindo-se respeitosamente ao presidente Vargas, inicia-se com a apresentação dos signatários, os nordestinos:
E continua com uma lembrança de que o presidente Getúlio Vargas foi eleito para governar, também, os nordestinos:
Seguido do alerta para a ampla repercussão do flagelo da seca sobre a população da época:
Em seguida dá uma aula de como se deve combater a seca e suas conseqüências:
Oferecendo ao presidente Vargas possibilidades de bons dividendos conservando a dignidade, por ser justo para com o Nordeste e o seu povo humilhado pela situação de ter se tornado pedinte:
E revela aquilo que será a redenção para o sertanejo nordestino afligido pela seca:
A canção conclui com uma advertência para o que acontecerá ao povo nordestino, se o governo federal continuar a dar-lhe as costas: tornar-se uma versão moderna do escravo histórico:
Nos dias de hoje, quando o nordestino tem sido tão discriminado por pessoas de baixo nível, racistas de outras plagas em sua maioria, concluímos que agem assim por inveja, por não aceitarem que um povo tratado como cidadão de segunda classe, possa ter dado gente de tanto valor, tanta expressão cultural, política, científica e social, entre os seus filhos.
A civilidade é um comportamento cada vez menos praticado nos tempos atuais. A sociedade contemporânea não encara mais como importante ...
Crise de civilidade
A foto de 5 crianças posando para uma simulada selfie na qual uma sandália de plástico faz a vez do celular que não possuem, é um petardo ...
Baterias da mente
Diante da foto, qualquer um de nós dá-se o direito de pensar na possibilidade daquelas crianças estarem talvez mais felizes ali, onde o princípio tecnológico da ação foi abolido em favor de uma fantasia compartilhada, do que estariam caso tivessem à mão um celular de verdade, e isso nos leva a crer na possibilidade de uma proeza metafórica poder as vezes resultar num tipo de alegria mais expansível que outras mais duramente enquadradas nos delimites da realidade,
Aquela noite da agonia derradeira, quando contemplei o rosto sereno de minha mãe na cama do hospital, segurando meu braço, ela murmurou co...
O último olhar de mamãe
Desde a infância sempre amei as mulheres. Nem mesmo a primeira decepção amorosa com Maria Dutra aos onze anos mudou isso. Até hoje os meu...
A mulher e a moda
A figura da madrasta comumente faz lembrar personagens desprovidas de afeto, inclusive estereotipadas negativamente pela sonoridade (“má”)...
A infindável recriação
Em recente releitura de O Novo Testamento, um tema saltou aos meus olhos e ensejou diversas reflexões que desejo compartilhar com os leit...
Presentes
Revisando o Evangelho de Mateus, capítulo 2, li no versículo 11 – “E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra.”
'Muito barulho por nada', título da peça de Shakespeare, me faz evocar o desempenho de alguns poetas cuja dicção estridente, ruido...
Retrato a giz
A poesia de Maria de Fátima de Barros Neves se impõe porque é diferente da que grita para se fazer ouvir, escutar, embora essa última quanto mais se esgoele mais faça por merecer ouvidos moucos. Claro que há poetas que gritam a plenos pulmões e têm o que dizer, a exemplo de Maiakovski e Castro Alves.
Sou do signo de Aquário. Um pé na lua. Mas meu ascendente é Câncer. Um pé enfincado na terra. Daí, passei a vida abrindo escalas. E não te...
Encaixotando Ana
Por isso, minha dificuldade com des-arrumação. Sou caótica nas gavetas. Sem método. E não sei onde achar uma tesourinha. Então, como me mudei, há 3 anos, de uma casa onde morava havia 34 anos? Falam para des-apegar. Mas essa não é a questão. Os meus “objetos sólidos” fazem parte dos meus braços e pernas. E não vejo como amputá-los. Quem vê assim, pensa que tenho coisas. E tenho.
Um dos períodos mais deslumbrantes de minha vida foi o que tive na segunda metade dos anos 60, em Pombal, indo dormir à meia-noite e despe...