Em 1938, Neville Chamberlain era o primeiro-ministro britânico. No auge da popularidade, do poder e da influência, ele lutava desesperadam...

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Em 1938, Neville Chamberlain era o primeiro-ministro britânico. No auge da popularidade, do poder e da influência, ele lutava desesperadamente para evitar a guerra com a Alemanha de Hitler. Havia visto e sofrido tantas perdas na Primeira Grande Guerra, acontecida há apenas vinte anos, que jurara fazer o possível – e o impossível – para não permitir outro conflito armado, até porque o país e seu povo ainda não tinham se recuperado totalmente da tragédia anterior. Daí entender que seu papel de estadista, naquele momento, era o de perseguir a paz a qualquer custo e até mesmo a qualquer preço.

Paraíba, 8 de maio de 2022

Paraíba, 8 de maio de 2022

Fiz Direito, mas não fiz muito direito. Minha praia sempre foi a literatura, tanto que a lecionei na Universidade Federal da Paraíba, on...

Fiz Direito, mas não fiz muito direito. Minha praia sempre foi a literatura, tanto que a lecionei na Universidade Federal da Paraíba, onde defendi dissertação de mestrado sobre Manuel Bandeira e tese de doutoramento a respeito de Mario Quintana, poetas que possuem muito em comum, pois na obra de ambos “as pequenas grandezas do universo”, as coisas simples, os sobejos de Deus, possuem um lugar cativo, um lugar de destaque. Isso sem contar que investem na linguagem coloquial, prosaica, além de mesclarem a tradição com a renovação, embora esta última, por não serem pirotécnicos, a exemplo de Oswald de Andrade, tenha tudo para passar despercebido pelo leitor e até mesmo pelo crítico menos atento.

Já escrevi — e muito — sobre o espinhoso assunto da Maternidade. Sim, das delícias e dos sofrimentos solitários do ser mãe e criar filho...

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Já escrevi — e muito — sobre o espinhoso assunto da Maternidade. Sim, das delícias e dos sofrimentos solitários do ser mãe e criar filhos, independentemente do estado civil. O parto, a amamentação, a solidão, a carga mental, o complexo de perfeição, as culpas intermináveis e a transformação da simbiose de se ser um para depois ser dois, a partir do momento que se gera um filho. A sociedade sempre só ressaltou o lado do sagrado, do sacrifício inerente e da plenitude. Interessava essa exaltação. Criar um posto, um pódio para que o privado, os silêncios

Ao iniciar a segunda metade do século 19, as cidades paraibanas ainda não tinham nenhuma organização urbanística, o que se pode constatar ...

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Ao iniciar a segunda metade do século 19, as cidades paraibanas ainda não tinham nenhuma organização urbanística, o que se pode constatar pela situação da própria capital da Província. Ao assumir, em 1858, a Presidência da Paraíba, Henrique de Beaureupaire-Rohan apresentava em relatório a situação em que encontrara a Cidade da Paraíba:

Hoje tenho 65 anos. A pele quase toda branca do vitiligo. Antes, minha pele era bronzeada. Gostava de ver o seu brilho depois de um dia ...

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Hoje tenho 65 anos. A pele quase toda branca do vitiligo. Antes, minha pele era bronzeada. Gostava de ver o seu brilho depois de um dia todo na praia.

A minha geração era assim. Não existia protetor solar e, sim, os bronzeadores. Os importados, então, um sucesso: Rayito de Sol, Coconut e Coppertone. Também havia as misturas caseiras com urucum, óleo de coco e até coca-cola. Estranho, mas tinha gente que passava. Eu não gostava de me lambuzar, mas para entrar na onda passava óleo no corpo, para fazer a marquinha do biquini. Era a sensação! Nunca tive paciência de ficar deitada bronzeando.

Não tive a honra e o prazer de ser aluno do Prof. Flóscolo da Nóbrega. Cheguei a conhecê-lo abatido, magérrimo, mumificado em vida. Logo d...

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Não tive a honra e o prazer de ser aluno do Prof. Flóscolo da Nóbrega. Cheguei a conhecê-lo abatido, magérrimo, mumificado em vida. Logo depois, partiu e deixou um vácuo no ensino da “Introdução ao Direito”.

Saída da calourada, nossa turma foi recebida pelo inesquecível Prof. Edigardo Soares que andava ereto, postura elegante. Conforme ele mesmo dizia, era por conta de um desvio na coluna. Foi o próprio saudoso Prof. Edigardo Soares que nos contou, num desses saborosos amenos, no recreio, duas passagens antológicas do velho e respeitado Flóscolo da Nóbrega. Este sisudo, reservado, ateu e admirador de Santo Agostinho.

Continuamos nesta semana o assunto das edições anotadas, cuja discussão foi iniciada com o texto da semana passada – “Edições anotadas (Pa...

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Continuamos nesta semana o assunto das edições anotadas, cuja discussão foi iniciada com o texto da semana passada – “Edições anotadas (Parte I)”. Diferentemente de uma edição crítica, que se destina a levar a público um texto que se aproxime do animus auctoralis, de modo que o estudioso se sinta mais à vontade pela sua fidelidade, as edições anotadas ou comentadas devem ficar atentas não só ao que precisa de esclarecimento, mas também, na medida do possível, deve apontar, no seu comentário, algum lapso que o autor tenha cometido. Fiquemos com uma passagem de “O Homem”, em que Euclides da Cunha confunde equinócio de primavera com o equinócio de outono:

AVESSO Quem é que se esconde no outro lado da porta, na ponta do fino fio, na base da tela opaca? O que é que há na parte opos...


AVESSO
Quem é que se esconde no outro lado da porta, na ponta do fino fio, na base da tela opaca? O que é que há na parte oposta da ponte, no extremo do arco-íris, na vértice inversa da corda?

Dona Creusa Pires , de quem tenho o privilégio de ser filho, dizia que o melhor da festa é esperar por ela. Tinha razão. Quando jovens, ...

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Dona Creusa Pires, de quem tenho o privilégio de ser filho, dizia que o melhor da festa é esperar por ela. Tinha razão. Quando jovens, na expectativa de qualquer evento, programamos com deleite a roupa que usaremos, com quem encontraremos e muita coisa mais. Só que, caminhando para os 80 anos, o melhor da festa para mim é não ir a nenhuma festa, ficar em casa. Porém esta é outra história. A história de uma viagem. A viagem do meu coração.

Alguém aí já teve medo de virar tamanduá? Eu já tive, sim. Tanto eu quanto os meninos da minha geração dados à leitura da revistinha da ...

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Alguém aí já teve medo de virar tamanduá? Eu já tive, sim. Tanto eu quanto os meninos da minha geração dados à leitura da revistinha da Eucalol, a publicação lançada em 1956 para expansão dessa que foi por bom tempo, com endereço no Rio de Janeiro, a fabricante de produtos de higiene pessoal mais famosa do País.

Há um lugar em Paris, à beira do Sena, que logo atrai quem o avista, de perto, de longe ou de carro. Fica próximo ao Louvre, precisament...


Há um lugar em Paris, à beira do Sena, que logo atrai quem o avista, de perto, de longe ou de carro. Fica próximo ao Louvre, precisamente na calçada do Quai des Gesvres, com diversas lojas de plantas, flores, sementes e material de jardinagem. O aconchego das frondosas árvores que abrigam aquele recanto empresta-lhe ainda mais poesia. Do outro lado da rua, o contraste entre o trottoir turístico e a modorra dos bouquinistes, guardiões de históricas preciosidades, completam a cena.

Reaberta a biblioteca, dobro a última curva dos vagares pela praça coberta do Espaço Cultural e desço a rampa que nos introduz no univ...

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Reaberta a biblioteca, dobro a última curva dos vagares pela praça coberta do Espaço Cultural e desço a rampa que nos introduz no universo sempre insuperável dos livros.

De cara, na entrada, a inscrição com o nome de Juarez da Gama Batista. Merecidíssima. Poucos se dedicaram, se serviram e se deram tanto ao livro. E fora D. Lygia, a esposa, e as filhas e filhos, ninguém dos ainda vivos testemunha mais remotamente essa paixão do que o caboclo que ele veio conhecer num incidente de revisão.

De minha janela vejo apodrecer a juventude... De aqui miro, em foco, o cair do corpo sem alma. Sem o ouvir do Belo, o organismo fenec...

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De minha janela vejo apodrecer a juventude... De aqui miro, em foco, o cair do corpo sem alma. Sem o ouvir do Belo, o organismo fenece: Há tiros, gritos, desesperança diante da morte em vão... Em plena Arte, levantar-nos-íamos do torpor, do chão! ...

Há tempos não ouço e vejo um filme tão envolvente quanto este: Boychoir – cujo subtítulo de divulgação (Hear my song) aponta para o canto individual, íntimo, pessoal – é um apanhado de excelentes peças corais justificado por um argumento bem humano, e bem possível de acontecer.

Nonato Guedes é um jornalista completo. Ele não treme diante do papel em branco. Tem um texto primoroso e escreve como quem toma água, se...

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Nonato Guedes é um jornalista completo. Ele não treme diante do papel em branco. Tem um texto primoroso e escreve como quem toma água, sem precisar reler para fazer correção. Falando, é um rio descendo a cachoeira: fluência sem arrodeios.

Às vésperas das eleições gerais mais importantes das últimas décadas, relembro momentos em que atuamos juntos, em clima de alta pressão.

Vinte e quatro de abril de 1984, votação da PEC 05/83, a conhecida Emenda Dante de Oliveira, que decidiria sobre o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República.

1992: eu disse à Ione que estava na hora de visitar meu pai: - Está com 87. E o encontrei de cama. Não aceitou que o levasse a um mé...

1992:
eu disse à Ione que estava na hora de visitar meu pai:

- Está com 87.

E o encontrei de cama. Não aceitou que o levasse a um médico, nem que lhe trouxesse um.
Morreria uma semana depois.
Mas conversamos bastante, naquela derradeira ocasião. Em certo momento, pediu-me que lesse em voz alta, para ele, o poema “Se”, o “If” de Rudyard Kipling, que havia na tradução de Guilherme de Almeida, ... do Tesouro da Juventude – coleção que fora minha e deixara para ele.