Acrasia é um termo de origem grega que se refere à incapacidade de um indivíduo de exercer controle ao optar por ações que vão de encontro ao que ele próprio considera ser o melhor, segundo sua consciência. Essa definição se aplica a pessoas que não conseguem moderar seus desejos excessivos e que não respeitam os limites sociais e afetivos, entre os quais se destaca o respeito ao próximo. A etimologia da palavra em grego descreve que "a" é uma negação, enquanto "kratein" significa controlar. Quando traduzida para o latim, resulta em "incontinentia", que se interpreta como incontinência, ou seja, desregramento. Atualmente, a acrasia é objeto de análise em ética, psicanálise, psicologia e psiquiatria.
Simon Vouet
Sócrates, Platão e Aristóteles MS
Atualmente, a acrasia se torna comum e é amplamente praticada. Donald Herbert Davidson (1917 – 2003) foi um filósofo e acadêmico dos Estados Unidos. Em seu livro How is Weakness of the Will Possible? (Como é possível a fraqueza da vontade?), o pensador afirma: “Ao fazer x, uma pessoa age de modo incontinente se e somente se:
(a) faz x intencionalmente;
(b) acredita que existe uma acção alternativa y que pode fazer;
(c) julga que, consideradas todas as coisas, seria melhor fazer y do que fazer x;
(DAVIDSON 1969: 22)
Existem dois elementos principais nesta definição: a ação acrática é caracterizada por ser intencional; e a acrasia traz uma percepção negativa para quem a pratica. O primeiro exclui ações em que o agente é forçado a agir de acordo com desejos ou fatores irresistíveis. Além disso, requer que a explicação da acrasia esteja em harmonia com a explicação mais ampla do agir intencional. O segundo é fundamental, pois distingue a acrasia dos casos, bem documentados pelos moralistas, em que o agente ignora um determinado código de conduta que deverá seguir. Geralmente, isso indica que o agente não internalizou esse código, quando decide segui-lo, o faz principalmente para evitar as punições associadas.
A incoerência no comportamento do acrático é o que revela sua irracionalidade, que se mantém em favor da própria imutabilidade.