Na antiguidade, a amizade estava entre uma das mais altas, senão a mais alta das virtudes. Será assim hoje? Segundo Aristóteles, há trê...

Nós, amigos

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Na antiguidade, a amizade estava entre uma das mais altas, senão a mais alta das virtudes. Será assim hoje? Segundo Aristóteles, há três tipos de amizade: amizade de prazer, amizade de utilidade, amizade na virtude. Sendo todas elas essenciais à vida plena. Os melhores amigos (raros) serão aqueles que unirão essas três relações.

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V. Gariev
Cada qual desejará o bem do outro a partir daquilo que corresponde ao modelo de relacionamento, isto é, aqueles cujo motivo está na utilidade não tem real amizade pelo alheio, mas apenas na proporção em que recebem a materialidade, por assim dizer.

Aquelas pessoas motivadas pelo prazer estão em caso similar: têm amizade por pessoas que lhe são dadivosas, agradáveis, ou seja, fazem pelo prazer a si mesmos; não pelo que o estimado é. São amizades, portanto, circunstanciais. É puro fornecimento de vantagens. A vulnerabilidade é uma característica preponderante, nesse caso. Esse tipo de “amigo” logo se afasta quando o motivo que o aproximou desaparece.

Aqueles que desejam o bem a seus amigos por serem por si mesmos, não por acasos, é dita boa amizade. A bondade é princípio de permanência. Essa amizade exige tempo e intimidade. “O desejo de amizade pode surgir rapidamente, mas a amizade propriamente dita não”, diz Aristóteles.

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W. Fortunato
Se “amar é entrar no tempo do outro”, digo que ser amigo é respeitar o tempo do outro. Como sugere o escritor Albert Camus: “Não caminhe na minha frente, eu não posso seguir. Não caminhe atrás de mim, eu não posso conduzir, apenas caminhe ao meu lado e seja meu amigo”.

A vida fica mais leve e bonita quando compartilhada. O encontro com amigos pode ser comparado a uma grande comunhão. Sangue e espírito juntos. E o que torna mais singelo é porque os elegemos. É na partilha das tristezas
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Elevate
que nos regeneramos e na propagação das alegrias que a memória prende o bom.

Nós precisamos de amigos; gente que rebobine a fita das nossas qualidades e retire nossos excessos. Tudo feito com muito apuro, a fim de construirmos pontes para chegar o mais próximo do que somos e não sabíamos ser.

Poesias se embatem, mas não se abatem. Silêncio e voz. Meu amigo(a), quero lhe dizer que, às vezes em que colhi as suas palavras era porque queria desvendar os seus silêncios. Quando desvelei esse vácuo, fiquei fitado pelo seu olhar. Diz-me o que falo quando eu não digo. Constato que essa “nublagem” ocorrida entre nós foram meros mal-entendidos. Foi um momento em que esquecemos o que somos um ao outro. Estou aqui e aqui, contigo, sou você e eu, somos nós, desatados e atados nós.

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  1. Bonito texto, Leo. A amizade verdadeira é de fato um raro tesouro. E quanto bem nos faz! Parabéns. Francisco Gil Messias.

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