Ah, as mulheres... Quem vive sem elas? Todas nos têm sido necessárias desde que Adão perdeu uma costela. São, rigorosamente, o propósit...

O que as mulheres nos dão

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Ah, as mulheres... Quem vive sem elas? Todas nos têm sido necessárias desde que Adão perdeu uma costela. São, rigorosamente, o propósito e a essência da vida. Saímos dos seus ventres para seus cuidados e solicitudes. Dão-nos os seios, a alimentação, o colo e, quando crescidos, o amor e o carinho nos modos sem os quais não nos multiplicaríamos nesse mundão de Deus.

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Santas, ou pecadoras, elas nos embalam e nos inspiram, nos acodem e nos preenchem, nos envolvem e nos conquistam. Ainda bem que é assim. Bendigo os que delas gostam, os que as querem por perto, os que as respeitam, acolhem, festejam, brindam. Eu as adoro e, desde muito cedo, como o que me dispõem ao estômago, ao espírito, à existência. Muitas merecem flores, cama, mesa, drinks e pratos. É o caso de Samanta, de Suzette, de Charlote, da Belle Helene e de outras mais, todas doces, muito doces, para o diabético que me tornei. Mas vamos a essa lista feminina gloriosa, dignificante, consagradora, posto que as homenageia.

Samanta. Você precisará de três ovos para este biscoito. Depois, de uma xícara com farinha de trigo, uma com água, quatro colheres com manteiga, uma com açúcar, uma pitada de sal. O preparo requer a mistura fervente de quase isso tudo. A farinha (peneirada) deve entrar aos poucos nessa fervura e deve ser constantemente mexida até que solte da panela. Os ovos entram com essa massa já morna, um a um. Você não tem saco de confeitar com bico de pitanga? Pois bem, trate de comprá-lo, se desejar rosquinhas de 3cm a 4cm. Samanta requer açúcar para polvilhar e fogo brando. Não me perguntem a origem do nome.

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Belle Helene. Esta exige peras. E pede, ainda, calda de chocolate, amêndoas e sorvete de baunilha, tal como a queria, em 1864, a cantora Hortense Schneider, intérprete da ópera "La Belle Hélène", de Offenbach. Será que teríamos uma Helena brasileira com castanhas de caju? Ainda tentarei isso. A tempo: as peras devem estar descascadas e cozidas por 20 minutos em calda com baunilha.

Suzette. É nome de crepe que leva 200 gramas de farinha, 40 de açúcar, 20 de manteiga, três ovos, dois copos de leite, suco de laranja e um toque de Cointreau. Deve ser bem fino e
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grelhado em um minuto, 30 segundos de cada lado.

Charlotte, dizem, ganhou fama na cama de Alexandre I, o czar russo que gostava dessa francesinha e a ela deu o nome da esposa, dona Carlota. É sobremesa com massa de bolo, palitos crocantes, cobertura com chocolate branco e morangos.

Pavlova não engana, é russa mesmo, tal como Anna, a bailarina, a exemplo de quem também fez-se meticulosa. É merengue com natas e frutas vermelhas. Claras bem batidas, minha gente, e quase duas horas de forno a 130 graus. Ninguém economize no chantilly nem esqueça da poeirinha de açúcar sobre os frutos.

Sara é esponja genovesa banhada em calda e doida por amêndoas, tal como a atriz Sarah Bernhardt, francesa de quatro costados. Tem base de pão de ló e creme de gema de ovo.

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Vitória, vocês já perceberam, foi o bolo homônimo preferido da Rainha que então o apreciava na companhia de um estiloso chá inglês. Um pão de ló metido a besta, porquanto cozido em palácio, muito bem aerado e com recheio de geleia de groselha, morango e manteiga.

Melba é sobremesa de pêssegos dedicada, na França, à soprano australiana Nellie Melba. Em 1984, a moça consumia isso com chantilly, creme de framboesa, sorvete de baunilha e amêndoas laminadas. Afinal, essas pessoas nada sabiam das nossas castanhas?

Ninguém pense que vou deixar o Brasil de fora. Logo eu que insisto nas castanhas para as sobremesas europeias? Eu, que busco informes e receitas na Internet para sujar pia, chão, fogão e panelas da cozinha onde me ponho como um macaco em loja de louças, no dizer da dona da casa?

Não, eu nunca iria esquecer nossa Maria Mole, o doce criado pelo paulistano Antonio Bergamo. Você não o fará sem claras em neve, açúcar, gelatina incolor e, para a cobertura, coco ralado.

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Como esquecer Mariola, o doce mineiro com mel e frutas cristalizadas? No Nordeste Brasileiro, a Mariola inspira canção e faz companhia ao tareco, como assim a concebeu o autor Petrúcio Amorim para a voz e o sucesso de Flávio José. É, por aqui, doce em barrinhas que requer banana e, por cima, o açúcar cristalizado, posto que é preciso adocicar, além do limite, vidas amargas.

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E, agora, vem o exagero: busco não a moça, mas a baba dela. Pois bem, o Baba-de-Moça é feito com gemas, açúcar e coco verde, de modo a ter a consistência das salivas. Coma isso e você se viciará. Advirto, assim, machos e fêmeas, incluindo, naturalmente, as adeptas do Espera-Marido, doce com ovos, leite condensado, leite natural, maizena, suspiro e calda.

Não chamem este diabético para morder e engolir Maria Isabel, o arroz com carne de sol, cebola, alho, pimentão, cebolinha, coentro e pimenta do reino que inspirou o Festival Gastronômico de Teresina, no coração do Piauí. Os pratos doces já me matam. Evitemos, na medida do possível, os carboidratos. Então, esqueçamos, por ora, os pratos salgados, entre eles, as incríveis Margheritas. Está bem assim?

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  1. Hoje o cronista assumiu seu lado gourmet. Mais ainda: seu lado saudavelmente guloso, pois o que é avida sem alguns prazeres, não é mesmo? Além da homenagem às mulheres, justíssima. Saio de seu texto preocupado com a minha glicose, Frutuoso, mas muito feliz. Parabéns. Francisco Gil Messias.

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    1. Obrigado, amigo. Abraço forte. Frutuoso.

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