Que tal saber das impressões de um jovem estudante brasileiro acerca de um mundo em traumática e ampla mudança? Que tal a leitura de...

Cartas de Berlim

Que tal saber das impressões de um jovem estudante brasileiro acerca de um mundo em traumática e ampla mudança? Que tal a leitura dessas impressões mediante acesso a cartas por ele trocadas com a mãe, professora de Filosofia, num momento crucial do cenário político, social e econômico, em escala planetária, aquele que se sucedia à queda, anos antes, do Muro de Berlim, portanto, ainda no frescor dos acontecimentos? Que tal perceber que essa troca produziu pérolas literárias com as assinaturas de Maria das Neves Franca e Marcílio Toscano Franca Filho? O que dizer de seus enredos sobre episódios com a grandeza e o significado da reunificação de um povo, assim tida e havida?

Por mim, gostarei do acesso às considerações daquele jovem sobre temas dos quais sua mente brilhante, inquieta, buliçosa desde muito cedo se ocupou. E me deleitarei com as respostas e os ensinamentos daquela mãe. Eu, você, todos nós, teremos essa feliz oportunidade, às 9h30 da sexta-feira, 31 de outubro, no Hotel Sesc Cabo Branco, em João Pessoa. Ali, nos citados momento e local, o poeta, crítico, ensaísta e professor da UFPB Hildeberto Barbosa Filho, integrante da Academia Paraibana de Letras, fará, com o talento e a competência que Deus lhe deu, a apresentação do “Cartas de Berlim”, o livro daquela de cujo ventre Marcílio saiu para certo engrandecimento das nossas letras e artes, dos nossos meios jurídicos e acadêmicos.

As correspondências em questão foram trocadas de 1993 a 1994. Na época, Marcílio vivia na Berlim recém-reunificada, onde foi "au pair" e aluno da Faculdade de Direito da Universidade Livre da Capital alemã. Conversa, há pouco, com ele permite-me saber que essas cartas, agora publicadas, “revelam o olhar de um jovem estudante brasileiro diante das transformações de uma Europa em reconstrução”. Também, que refletem a importância do intercâmbio acadêmico, da cooperação internacional e do diálogo entre culturas como instrumentos de crescimento humano e profissional”.

É fácil perceber que Marília e Marcílio comunicavam-se quando o mundo nos acenava com promessas de justiça, igualdade e liberdade universais. Tinha-se como certo o fim da Guerra Fria. Hoje, ela esquentou com bombardeios diários em pontos da Europa e da África, para dizer o mínimo, e com dedos prestes a apertar gatilhos atômicos.

Formalizada em outubro de 1990, a reunificação da Alemanha não nos trouxe um mundo melhor. Mas, ali, nos verdes anos de Marcílio, isso vinha com muros em queda, com a força da união dos povos contra o totalitarismo e a opressão, com a expectativa da união física e ideológica. É preciso dizer que o planeta daquele jovem e de sua mãe, então feito de Leste e Oeste, de Ocidente e Oriente, virou de ponta-cabeça. Hoje, tem os antagonismos de Norte e Sul.

Marcílio não me contou apenas das “Cartas de Berlim” trocadas com a mãe. Com ambos, afinal de contas, nada é pequeno, ou insuficiente. Assim é que o livro terá palco para lá de solene e importante: o da Conferência Inaugural do Módulo Jean Monnet União Europeia/Mercosul, a ser aberta, como já dito, no Hotel Sesc, do Cabo Branco, no horário também aqui já revelado.

É acontecimento que trará a João Pessoa o cônsul geral da Alemanha para o Nordeste Johannes Bloos e, ainda, o professor Leonardo Pascalli, do Centro de Excelência Jean Monnet, da Universidade de Pisa (Itália). Portanto, é evento que pode assegurar à Universidade Federal da Paraíba algum protagonismo no cenário acadêmico internacional.

Vejamos. Idealizado para o estímulo ao debate cuja ampliação envolverá questões e temas europeus, este programa é visto como iniciativa a serviço do ensino superior de excelência e do fortalecimento dos laços entre a América Latina e a Europa. A UFPB abrigará o primeiro desses Módulos e um dos dois únicos aprovados para Universidades Públicas instaladas no Nordeste brasileiro. Na ocasião, aqui se demarcará um momento histórico para o ensino jurídico e a cooperação internacional, no entender dos meus interlocutores.

Vamos, outra vez, a Marcílio. Coordenador do Módulo Jean Monnet – iniciativa financiada pela Comissão Europeia e com o apoio do Sesc e da Federação do Comércio da Paraíba – ele não deixa por menos: “Essa aliança valoriza a formação de jovens profissionais em um contexto de internacionalização, incentiva novas parcerias comerciais e culturais e fortalece a imagem da Paraíba como espaço de diálogo sobre economia, cultura e diplomacia”.

Marcílio tem como “um privilégio” o início do projeto sobre a União Europeia e o Mercosul que, a seu ver, será “uma oportunidade única para se compreender as relações Brasil-Alemanha e Mercosul-União Europeia, estimulando o debate sobre integração, inovação e sustentabilidade”.

Lembra ele que “a Alemanha, um dos principais parceiros econômicos e tecnológicos do Brasil, inspira pela sua tradição de cooperação entre Estado, empresas e universidades um modelo de desenvolvimento que alia eficiência, qualificação e responsabilidade social” E conclui: “A sua experiência de integração regional, certamente, tem muito a nos dizer”, acentua.

A autora, ao que me foi dito, estará feliz com a publicação das “Cartas de Berlim”, uma correspondência afetiva que muito fala da importância fundamental de uma educação aberta para experiências de acolhida e respeito às diferenças e aos diferentes.

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