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Em memória de Julio Rafael e Murilo Jardelino "Aquele exato momento de felicidade ninguém mais nos tira, aferrou-se no tempo, p...

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Em memória de Julio Rafael e Murilo Jardelino

"Aquele exato momento de felicidade ninguém mais nos tira, aferrou-se no tempo, pertence agora à história. Uma multidão embevecida de alegria, separada por paredes permeáveis, explodindo em canto por toda parte, como se fosse o próprio júbilo a expulsar do poder o homem atroz..."
Julián Fuks, UOL, 05/11/22

"Chegou o grande dia. A vitória eleitoral da sociedade civil contra um projeto de autocracia miliciana e fundamentalista não tem outro nome: lavamos a alma. Esse banho vai ser demorado..."
Receita para lavar a alma, de Gregório Duvivier

Nunca antes na história desse país tivemos uma eleição para presidente dessas! Não mais programa eleitoral, caminhadas, comícios, re...

Nunca antes na história desse país tivemos uma eleição para presidente dessas! Não mais programa eleitoral, caminhadas, comícios, respeito ao adversário, debates acirrados na TV, santinhos, panfletagem, para garantir a vitória. Tudo isso acontece ainda. Mas sem muita eficácia. Os comentaristas políticos meio perdidos; o povo decidindo voto na última hora; os eleitores sendo orientados para não responderem às pesquisas. As pesquisas sem conseguir ler o desejo dos eleitores…

Meu grupo de leitura, Frederica , completa três anos este mês de outubro. A cada mês, um livro, e boas discussões pelos cafés da cidad...

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Meu grupo de leitura, Frederica, completa três anos este mês de outubro. A cada mês, um livro, e boas discussões pelos cafés da cidade. O encontro de agosto foi na antiga fazenda Boi Só, hoje um condomínio e morada de uma das participantes que, gentilmente, nos convidou para um lanche na hora do lusco fusco.

Durante muitos anos, vivi as eleições intensamente. O marido candidato participava das reuniões, das campanhas, depois perifericamente,...

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Durante muitos anos, vivi as eleições intensamente. O marido candidato participava das reuniões, das campanhas, depois perifericamente, e, mais adiante, de forma ausente. Pensava em marketing, santinhos, frases. Tudo uma loucura. Desgastante. No dia da votação, passava o dia todo vestida a caráter. Camiseta, boné, broches, bunners. Plantada nas esquinas dos colégios fazendo boca de urna. Silenciosa ou ativamente. Não pode! Ficava tensa. Mas tudo em nome da revolução! — me dizia Juca. E eu, mesmo reticente, ia.

The Crown  é uma série de televisão anglo-americana criada e escrita por Peter Morgan para a Netflix. A série, que estreou em novembro...

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The Crown é uma série de televisão anglo-americana criada e escrita por Peter Morgan para a Netflix. A série, que estreou em novembro de 2016, é uma história biográfica sobre a família real do Reino Unido. Foi vencedora do Globo de Ouro de melhor série dramática e também o Globo de Ouro de melhor atriz em série dramática para Claire Foy, no papel de Elizabeth II. As cinco temporadas estão distribuídas em 60 episódios. Peter Morgan, que escreveu o filme A Rainha (2006), escreve o roteiro com o diretor Stephen Daldry, de As Horas (2002).

As mulheres, durante séculos, serviram de espelho aos homens por possuírem o poder mágico e delicioso de refletirem uma imagem do home...

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As mulheres, durante séculos, serviram de espelho aos homens por possuírem o poder mágico e delicioso de refletirem uma imagem do homem duas vezes maior que o natural. (Virginia Woolf em Um Teto Todo Seu)

Querendo escrever sobre como as mulheres não deveriam nunca votar no candidato à re-eleição, encontro o post da historiadora Lilia Schwarcz, nas redes sociais desta semana que, disse tudo por mim, e vou tentar re-escrever por aqui.

“ Eu, filho do carbono e do amoníaco ” (Augusto dos Anjos) Sou leitora do cronista maior/amor, Gonzaga Rodrigues , e acompanho os s...

Eu, filho do carbono e do amoníaco
(Augusto dos Anjos)

Sou leitora do cronista maior/amor, Gonzaga Rodrigues, e acompanho os seus escritos sobre as suas perdas: dos amigos, das ruas, da cidade, e do tempo. Já vivo tudo isso e ainda há uma margem de poucos anos menos que ele. Nessa pandemia então, perdi amigos, conhecidos, contemporâneos e com eles, lá se foi um pouco de mim também. E a cidade? Estou igual à minha mãe que, por onde passava, apontava os moradores de cada casa. Eu hoje faço o mesmo. Aqui morava fulana; ali, beltrana. Aquela casa era aonde eu ia estudar com Maria, aquela outra onde eu namorava com João; lá mais adiante conversava com as amigas. E quando passo pelos bairros centrais, mesmo aqui pela praia, já não re-conheço minha cidade. Prédios e prédios tomaram os lugares das casas da minha cidade. João Pessoa cresceu e transfigurou-se. O tempo!

"Escrever é uma maneira de Sangrar" Conceição Evaristo Becos da Memória é o título do livro (Rio de Janeiro: Pallas, 2...

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"Escrever é uma maneira de Sangrar"
Conceição Evaristo

Becos da Memória é o título do livro (Rio de Janeiro: Pallas, 2017) da escritora, poeta, ensaísta mineira Conceição Evaristo, ganhadora do Jabuti 2015. Conheci Conceição nos anos 2000, por ocasião dos Seminários Mulher e Literatura, por intermédio da minha amiga e co-orientadora do Doutorado, professora da UFSC, Simone Schmidt, que escreve o posfácio do livro. Depois a encontrei com minha amiga Flávia Santos, colega no DLEM-UFPb, especialista nessa autora

O mar não se distinguia do céu, exceto por estar um pouco encrespado, como um tecido que se enrugasse. Gradualmente, conforme o céu al...

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O mar não se distinguia do céu, exceto por estar um pouco encrespado, como um tecido que se enrugasse. Gradualmente, conforme o céu alvejava, uma linha escura assentou-se no horizonte, dividindo o mar e o céu, e o tecido cinza listrou-se de grossas pulsações movendo-se uma após a outra, sob a superfície, perseguindo-se num ritmo sem fim.
As Ondas, Virginia Woolf

O nosso inconsciente é um mistério mesmo. Ou nem tanto.

“Queremos seguir espalhando poesia pela cidade” Tudo começou em um ato político em São Paulo para registrar a presença e existência ...

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“Queremos seguir espalhando poesia pela cidade”

Tudo começou em um ato político em São Paulo para registrar a presença e existência de escritoras e mulheres que trabalham com literatura nas cidades, nos países e no mundo afora. A inspiração para a foto veio do registro histórico de 1958 intitulada “Um grande dia no Harlem” do fotógrafo Art Kane, que eternizou o marco dos anos de ouro do jazz.

Assistindo a um vídeo de uma senhora beirando 90 anos, sobre a velhice e o envelhecer, ela constata que, nessa fase da vida, as referê...

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Assistindo a um vídeo de uma senhora beirando 90 anos, sobre a velhice e o envelhecer, ela constata que, nessa fase da vida, as referências já foram perdidas, todo mundo já morreu e os vivos estão ocupados. Perde-se também os grupos sociais, diz ela, citando o seu intitulado grupo “semi-novas”. A senhora ressalta que as pessoas vão morrendo, mas que é preciso renovar as amizades e expandir os vários conteúdos: literatura, bate papo, natação. Há de se ter conhecimento, também, e de estar sempre lendo, estudando e participando dos eventos. Estar atualizada. Conhecimentos abrangentes.

O seu amor ame-o ou deixe-o, livre para amar, livre para amar... Caetano Veloso Na juventude (mas nem sempre), por vezes a gente se...

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O seu amor ame-o ou deixe-o, livre para amar, livre para amar...
Caetano Veloso

Na juventude (mas nem sempre), por vezes a gente se afasta de quem temos uma relação amorosa; da famosa força avassaladora da paixão. Achamos que podemos fazer a vida nos esperar. Mas a vida não espera. E, se queremos recuperar o tempo perdido, é preciso que se Corra Lola Corra para ver se ainda dá tempo de remendar o estrago. Na maioria das vezes não dá! Mas também que bom que se tem arroubos!

Era preciso que tratasse das coisas leves, como as feitas de panos diversos e as de carregar bocadinhos. Assim como o menino que nado...

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Era preciso que tratasse das coisas leves, como as feitas de panos diversos e as de carregar bocadinhos.

Assim como o menino que nadou para depois de uma onda grande e não voltou, ela também achou que você se diluíra como um cubo de açúcar incapaz de adocicar o mar.

Nadou ao fim do mar, à boca dos tubarões, dentro do vazio das baleias, sob as barrigas cegas dos barcos, no pensamento dos peixes e nas suas costas, entre as areias, atrás das pedras e debaixo.

Não gosto de música sertaneja, muito menos de Zezé de Camargo e Luciano, mas sempre me encontrava cantando No Rancho Fundo ♩♪♫ quando via...

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Não gosto de música sertaneja, muito menos de Zezé de Camargo e Luciano, mas sempre me encontrava cantando No Rancho Fundo ♩♪♫ quando via uma novela das 8. Quando o filme “Dois Filhos de Francisco” — de Breno Silveira — estreou na cidade, fiquei com um pé atrás, perdida no meu preconceito; porém, uma curiosidade me seduzia para ir ao cinema... e eu adiando. Havia lido algumas resenhas e um artigo legal de Contardo Calligaris (Folha de S. Paulo). Pois fui. E adorei.

Já escrevi — e muito — sobre o espinhoso assunto da Maternidade. Sim, das delícias e dos sofrimentos solitários do ser mãe e criar filho...

maternidade dificuldades trabalho dia das maes
Já escrevi — e muito — sobre o espinhoso assunto da Maternidade. Sim, das delícias e dos sofrimentos solitários do ser mãe e criar filhos, independentemente do estado civil. O parto, a amamentação, a solidão, a carga mental, o complexo de perfeição, as culpas intermináveis e a transformação da simbiose de se ser um para depois ser dois, a partir do momento que se gera um filho. A sociedade sempre só ressaltou o lado do sagrado, do sacrifício inerente e da plenitude. Interessava essa exaltação. Criar um posto, um pódio para que o privado, os silêncios

Os edifícios de hoje são próximos. Assim como no filme Uma Janela Indiscreta , somos seduzidos a espiar a janela do vizinho da frente. Mas...

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Os edifícios de hoje são próximos. Assim como no filme Uma Janela Indiscreta, somos seduzidos a espiar a janela do vizinho da frente. Mas poderia ser Truffaut mesmo, com a sua bela Fanny Ardant. Logo que cheguei aqui, passava a vista pelas janelas com as luzes acesas. Via um quarto de criança, um guarda-roupa, um varal, um gato cinza espremido entre a vidraça e a rede de proteção. Por sinal, aquele gato me intrigava. Ora eu achava que eu o olhava de longe, ora tinha a impressão de que era ele que me notava, com olhos de gato pardo.

Há 3 anos que faço parte de um clube de leitura: Livros da Frederica . Semana passada tivemos a ilustre presença da querida e aclamada Mar...

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Há 3 anos que faço parte de um clube de leitura: Livros da Frederica. Semana passada tivemos a ilustre presença da querida e aclamada Maria Valéria Rezende. Vencedora de muitos Jabutis (cinco), o maior prêmio da literatura brasileira, e mais outros tantos. O seu romance Quarenta Dias (Alfaguara, 2014) era o nosso livro do mês. Valéria é um tsunami ambulante. Uma jovem mulher beirando 80 anos, com a energia de 30! E nós, o grupo, desmaiamos na escuta. Emocionadas, não queríamos falar mais nada diante das histórias de vida e de literatura que ela nos contou.

Quem somos nós, assim encerrados em corpos sexuados, construídos enquanto natureza, passageiros de identidades fictícias, construídas em c...

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Quem somos nós, assim encerrados em corpos sexuados, construídos enquanto natureza, passageiros de identidades fictícias, construídas em condutas mais ou menos ordenadas? Quem sou eu, marcada pelo feminino, representada enquanto mulher, cujas práticas não cessam de apontar para as falhas, os abismos identitários contidos na própria dinâmica do ser.
Tânia Swain

A escritora, ensaísta e pensadora inglesa Virginia Woolf viu a guerra de perto. Viveu no início do século XX e perdeu seu irmão em um dos...

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A escritora, ensaísta e pensadora inglesa Virginia Woolf viu a guerra de perto. Viveu no início do século XX e perdeu seu irmão em um dos conflitos mundiais. Perda essa que, posteriormente, serviu de referência para criar o personagem Septimus, em seu romance Mrs. Dalloway. Mas não é só.

Minha homenagem às sogras em geral e, em particular, à minha sogra D. Tezinha, no Dia Internacional da Mulher. No mundo onde as mul...

cronica familia casamento
Minha homenagem às sogras em geral e, em particular, à minha sogra D. Tezinha, no Dia Internacional da Mulher.

No mundo onde as mulheres sempre foram o Segundo Sexo, as sogras ocuparam talvez o terceiro, um entrelugar de des-respeito por homens e mulheres; sempre vista com escárnio, como se fossem alguém fora do lugar. Além da mulher estar sempre fora de ordem, secularmente vista como objeto, a mãe do cônjuge é tida como alguém não confiável, sempre à espreita, e estigmatizada pelos