Em memória de Julio Rafael e Murilo Jardelino "Aquele exato momento de felicidade ninguém mais nos tira, aferrou-se no tempo, p...

A vitória de Lula

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Em memória de Julio Rafael e Murilo Jardelino

"Aquele exato momento de felicidade ninguém mais nos tira, aferrou-se no tempo, pertence agora à história. Uma multidão embevecida de alegria, separada por paredes permeáveis, explodindo em canto por toda parte, como se fosse o próprio júbilo a expulsar do poder o homem atroz..."
Julián Fuks, UOL, 05/11/22

"Chegou o grande dia. A vitória eleitoral da sociedade civil contra um projeto de autocracia miliciana e fundamentalista não tem outro nome: lavamos a alma. Esse banho vai ser demorado..."
Receita para lavar a alma, de Gregório Duvivier

Meu pai era um homem conservador. Estudou em Escola Militar, mas sempre foi aberto ao diálogo e às opiniões das filhas e ao mundo nosso que se abria. Principalmente o político. Passeatas, anos 60, novos costumes, biquini asa delta, namorados, e a abertura das Diretas Já, o PT, e os anseios dos novos tempos.

No último dia 30/10, dia do segundo turno das eleições para presidente, votei emocionada, vestida de vermelho, botons antigos de outras eleições e novos, com o carro cheio de adesivos de Lula, e em silêncio. Instinto de sobrevivência, depois de quatro anos de horror. Na fila da votação, um Senhor de verde e amarelo bradava por um mundo de Deus, Pátria e Família para os netos. E eu com meus botões: e eu pelos meus. Sem slogan fascista. A apuração foi em ritual como de outros anos. Reunidos na minha sala com alguns amigos e familiares. E começou a agonia. Voto a voto, e a angústia impensável de mais quatro anos desse mote fascista, desse candidato que,
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durante o seu governo não trabalhava e só bradava ao cercadinho, com gestos de arma em punho.

Eu não aceitava outro resultado se não o de Lula. Lula e o seu terceiro mandato. Lula e a terceira via, que só ele, um gigante renascido, seria capaz de unir uma frente ampla e democrática em busca das ruínas de um país detonado e des-mantelado. Portanto, quando, de voto em voto, foi se encaminhando à vitória, nós aqui em casa nos abraçávamos. Mas eu, desconfiada e cabreira, queria o fim da votação para ter uma certeza de tudo. E quando esse tudo apareceu na tela, a festa foi grande. Um grito entalado que, há quatro anos não se podia dar, arriscado a se tomar um tiro, como o levou, Marcelo (Foz de Iguaçu), que celebrava os seus 50 anos com um bolo de Lula açucarado. Ou como Flavinha, filha dos amigos, Cidinha e Carlos Alberto, que foi covardemente agredida em seu carro, por perdedores, em frente ao grupamento de engenharia. Saiu na TV.

A vitória de Lula para mim, chegou na saudade de Juca, o meu companheiro de tantas campanhas outras, e que não está aqui para ser testemunha de momento tão grandioso. Ou da ausência do meu cunhado Murilo, que partiu em setembro, depois de 4 anos de críticas ferrenhas ao governo, e de sonhar com essa vitória. Brindei por eles, e gritei da minha varanda para o mundo ouvir – É Lula!

Acervo A. A. Peixoto
A vitória de Lula para mim, foram as palavras e choro contido da jornalista Flavia Oliveira, falando do que essa vitória significou frente ao racismo, misoginia, e tanta violência clamada pelo des-governo anterior. A lealdade do povo brasileiro – as mulheres, os negros, os pobres, os nordestinos, os indígenas, a vitória da união da maioria, minorizadas – esculachadas....de ataques de risco, de luto, de empobrecimento, de fome, falou Flavia num choro que foi/é de todos nós. O candidato derrotado fala que perdeu para o sistema! Esquece ele que o sistema é o governo! Você perdeu e a nossa vitória foi gigante, pois lutamos contra uma indústria perversa de Fake News; contra muitas teorias de conspiração sobre a urna eletrônica; contra uma máquina do governo sem precedente, passando a mão na cabeça do povo com medidas eleitoreiras; com a apropriação do sete de setembro e das cores da nossa bandeira e os versos do nosso hino; com manobras maquiavélicas como levar um falso padre para o debate a dizer asneiras em nome de Deus. Aliás, Deus nunca foi tão usado em vão. Com certeza esse não é o Deus Brasileiro, país católico, evangélico, espírita e de matrizes africanas. E um país laico.

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FotoIndi Gouveia
Demorou três dias para o candidato derrotado vir a público falar dois minutos numa fala dúbia e atiçar a democracia com o seu silêncio covarde e manipulador. Ou quando apareceu na TV fantasiado de presidente da Ucrânia, dizendo coisas inexpressivas e que não tinha mais a força do mandato para mediar o caos que ele orquestrava nas estradas desse país. Aquele homem grudado num caminhão foi o meme símbolo da desobediência à constituição e suas linhas.

É hora de celebrarmos, comemorarmos com o que temos de mais lindo – o voto vitorioso do povo brasileiro. E a força desse gigante que é Lula. A esperança e a possibilidade de sonhar. Dois minutos após o resultado vitorioso, líderes do mundo inteiro o parabenizavam – um pertencimento ao mundo redondo de novo. Nada de terra plana! Nada de entorpecimento da consciência e/ou desestabilização da ordem social, nada de obscurantismo. Lula desviou o trem do abismo falou o crítico/filósofo, Chico Bosco emocionado. Lula redefine o futuro e nos alenta com a esperança. Eu realmente torço para que essa Frente Ampla Democrática se una, e consiga trazer o nosso país de volta. “Se precisarmos de algum marco temporal que funde essa nova época, sempre teremos a noite inesquecível de domingo, a noite em que a alegria derrotou um tirano e o relegou ao silêncio, e o devolveu à sombra de onde ele nunca deveria ter saído....” (Julián Fuks) Lula lá. E cá.

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  1. Parabéns Minha querida escritora nestas palavras você disse tudo que estava engasgada na minha garganta 👏👏👏👏👏👏👏👏👏❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏❤️❤️❤️❤️🙏🙏🧵✂️🪡

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  2. Antônio Carlos A. Cavalcanti11/11/22 11:35

    A cronista ainda na sua forte emoção, deve não ter tido a coragem de bradar em alto e bom som para os filhos , netos e demais familiares:

    Vamos celebrar gente que
    O CRIME COMPENSA!

    Afinal de contas não é em qualquer país que o sistema tem coragem de tirar um ladrao e chefe de quadrilha da cadeia para um palácio.

    Em tempo:
    Se esse ladrao subir a rampa!

    Aguardemos…

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  3. JOSE MARIO ESPINOLA13/11/22 00:52

    Ana Adelaide, endosso todas as suas palavras, todos os argumentos que você usou, para demonstrar toda a força realizada por Lula, para derrotar esse Asqueróide que caiu sobre o nosso país e quase o detruiu.
    Como está tão em moda usar citações religiosas, que têm sido banalizadas ao longos destes quatro anos, afirmo: foi a vitória do David contra o Golias.
    Só pessoas antidemocráticas, fascistas, é que não se conformam com a derrota de seu time, rogando vergonhosamente que as Forças Armadas dêem um golpe contra as instituições, restaurando a ditadura, caldo de cultura onde microcóbios terão a oportunidade de desenvolver-se. Não aceitam o fato de que seu time é tão ruim que não conseguiu vencer o campeonato, mesmo roubando.
    Parabens, Ana! Toda minha solidariedade

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