Mostrando postagens com marcador Clóvis Roberto. Mostrar todas as postagens

A terra batida surge margeada por canteiros de onde se espalham pés de meio mundo de matos e plantas e flores, espinhentos e secos ou ...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana sertao nordeste seca luar catole do rocha
A terra batida surge margeada por canteiros de onde se espalham pés de meio mundo de matos e plantas e flores, espinhentos e secos ou meio verdes em pleno início de verão, por vezes de sombras e até milagreiros, afora os pequenos aclives e pedras plásticas em monumentais esculturas, pinceladas ao longe por montanhas de suavidade crua. A terra, as pedras e a vegetação enfeitam os olhos de um lado e de outro da estrada irregular. No encontro do ocaso do Sol com o esplendor lunar ou o contrário da madrugada de onde se inicia um novo dia, o Sertão ganha ares de telas pintadas por mãos divinas. É hora de sentir o vento no rosto e liberar o espírito.

Choveu pela manhã... Uma água leve, pequenas gotas que se derramavam no asfalto, nem chegavam a ser suficientes para banhar a cidade. Era i...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana clovis roberto chuva matinal nostalgia natal renascimento jesus
Choveu pela manhã... Uma água leve, pequenas gotas que se derramavam no asfalto, nem chegavam a ser suficientes para banhar a cidade. Era início do verão natalino, cheio de sóis, calores e luzes noturnas artificiais multicoloridas em prédios, plantas, varandas e variantes humanas que se multiplicavam na tentativa de sinalizar caminhos feito como o entrelaçamento de Saturno e Júpiter, tão próximos, tão distantes.

Carros, calor, asfalto e logo ali há uma flor, num cantinho de muro, nos canteiros do meio-fio. Ela se abre em amarelo e branco durante p...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana clovis roberto olhar urbano janela sala de espera clinica consulta observacao cronista
Carros, calor, asfalto e logo ali há uma flor, num cantinho de muro, nos canteiros do meio-fio. Ela se abre em amarelo e branco durante poucos instantes da manhã para em seguida se disfarçar de mato. Por entre recantos, ao largo de pneus, de pés em sapatos apressados, de bancas de ambulantes, detalhes urbanos.

Espelhar rio Espalhar silhuetas pela lâmina matinal adocicada no fio líquido perene bebida de fonte esguia na mata que vagu...


Espelhar rio
Espalhar silhuetas pela lâmina matinal adocicada no fio líquido perene bebida de fonte esguia na mata que vagueia pelo relevo em invisível desnível

Eis que amanhece um certo dia parecendo junho. Nuvens escuras enfeitam o céu que o sol tímido teima em aparecer, a terra e as plantas molha...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana clovis roberto orvalho terra umida chuva sabor da terra frutas tropicais chuva
Eis que amanhece um certo dia parecendo junho. Nuvens escuras enfeitam o céu que o sol tímido teima em aparecer, a terra e as plantas molhadas e a água empoçada pelos desníveis das ruas denunciam o desaguar noturno. Cajus e mangas feitos luzes ornamentam árvores pelos matos e casas, e os jambeiros dão o tom arroxeado ao chão de muitos terreiros e calçadas de moradas. Sinais natalinos de novembros e dezembros por estas terras abaixo do Equador. E feito loop temporal desembarcamos em outros tempos juninos, novembrinos e dezembrinos.

Matam vidas, mas não assassinam a História. São João e Silvas brasileiros, filhos de pais e mães que dão o suor e o sangue do pão nosso de...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana clovis roberto racismo crime humilhacao escravidao violencia
Matam vidas, mas não assassinam a História. São João e Silvas brasileiros, filhos de pais e mães que dão o suor e o sangue do pão nosso de cada dia para lubrificar como óleo e garantir as engrenagens sempre funcionando. São milhões de anônimos, mundo afora. E negam tais mortes, numa pseudo sociedade autodeclarada tolerante, multicultural, que, contudo, distribui convites contados para a repartição da ceia no banquete do lucro. E o critério é a cor, o sexo, o credo, num ritual de exclusão auto-alimentado.

Azuis em tons claros e escuros, colchões de brancos, estrelas e luzes, pássaros que nadam e peixes que voam. Mundos espelhados, imensidões ...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana clovis roberto ceu e mar natureza paisagem aviacao astronautas
Azuis em tons claros e escuros, colchões de brancos, estrelas e luzes, pássaros que nadam e peixes que voam. Mundos espelhados, imensidões pouco exploradas pelo limitado homem, inesgotáveis fontes para as mentes viajantes. Em céus e mares, há mais vidas, cores e mistérios, portanto, riquezas da criação, que possamos imaginar.

Até a primeira letra A incapacidade das palavras rabiscadas muitas vezes apagadas outras tantas em folhas virtuais

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana clovis roberto mares pedras rios correnteza palavras
Até a primeira letra
A incapacidade das palavras rabiscadas muitas vezes apagadas outras tantas em folhas virtuais

Era uma caixinha mágica. Tinha muitos poderes: Falar, cantar, sorrir, emocionar... Isso era feito em muitos idiomas. Das minhas primeiras...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana clovis roberto nostalgia saudosismo radio portatil
Era uma caixinha mágica. Tinha muitos poderes: Falar, cantar, sorrir, emocionar... Isso era feito em muitos idiomas. Das minhas primeiras lembranças ainda moleque ela estava lá. Engraçado como está gravado na memória afetiva mais devido ao que eu ouvia da sua "boca" do que à minha percepção de como era fisicamente aquela caixinha falante. A invenção atribuída ao italiano Guglielmo Marconi chegava aos meus ouvidos antes de ganhar forma aos meus olhos.

Quais seriam os segredos guardados há séculos nos pavimentos e nas paredes das construções do Centro Histórico de João Pessoa? Ou mesmo no...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana clovis roberto centro historico joao pessoa holandeses na paraiba
Quais seriam os segredos guardados há séculos nos pavimentos e nas paredes das construções do Centro Histórico de João Pessoa? Ou mesmo nos paralelepípedos das ladeiras e ruas daquela região? Os amores impossíveis, os açoites implacáveis, porres sofridos, sorrisos perdidos. Cada história silenciada, testemunhadas por seres que se foram, ficaram abafadas e de alguma forma registradas em pedra e cal.

Testemunha de conversas e silêncios, de sorrisos e lágrimas, de encontros e desencontros, ele foi descanso, pouso para o corpo e alma. Gua...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana clovis roberto abandono banco de praca recanto esquecido jornal a uniao

Testemunha de conversas e silêncios, de sorrisos e lágrimas, de encontros e desencontros, ele foi descanso, pouso para o corpo e alma. Guarda segredos impregnados de atores que envelhecem a cada dia. Fez parte de jardins, teve grama sob os pés, presença dos passeios, dos segredos quase confessionário, dos passantes. Era vizinho de castanholas, tinha flores por perto, era amigo de soldadinhos.

Caminhar no rio E os pés flutuam no rio banham-se em luzes aquáticas mergulho na orquestra d'água

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana clovis roberto beijo de vinho caminhar no rio fertilizacao

Caminhar no rio
E os pés flutuam no rio banham-se em luzes aquáticas mergulho na orquestra d'água

Eu tenho o meu mar, a minha chuva, a minha lua, o meu vento... Quando eu os quero por perto fecho os olhos. Eu tenho o meu próprio por do s...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa cultura literatura paraibana clovis roberto reflexao interior lembrancas de olhos fechados

Eu tenho o meu mar, a minha chuva, a minha lua, o meu vento... Quando eu os quero por perto fecho os olhos. Eu tenho o meu próprio por do sol litorâneo e seus multi tons de um quase branco ao rubro denso ou o do Sertão, quadro estampado no horizonte como se terra e céu se unissem. Sim, consigo sentir até o cheiro e perceber a cor intensa da flor mais bela largada pela estrada, em algum campo ermo, em qualquer estação onde já não passa trem, só o verão, ao fechar os olhos.

Um arrebatamento literário após uma peregrinação de sofrimentos ao desvendar o homem e da terra dos sertões brasileiros. Euclides da Cunha ...

ambiente de leitura carlos romero cronica poesia literatura paraibana clovis roberto euclides da cunha sertao nordeste seca os sertoes

Um arrebatamento literário após uma peregrinação de sofrimentos ao desvendar o homem e da terra dos sertões brasileiros. Euclides da Cunha mergulhou no interior nordestino com uma visão e retornou com um novo olhar. Consegue, em que pese a proximidade histórica com os fatos narrados, criar com estilo literário, mas também como precisão documental, uma obra-prima sobre um capítulo sangrento da história brasileira.

Fiz do mar morada. A cada mergulho menino, a cada olhar sob o Sol veraneio, cada visita em qualquer estação ou mesmo direção. Embarquei par...

ambiente de leitura carlos romero cronica poesia literatura paraibana clovis roberto mar oceano praia

Fiz do mar morada. A cada mergulho menino, a cada olhar sob o Sol veraneio, cada visita em qualquer estação ou mesmo direção. Embarquei para amar o mar ao encontrá-lo aqui e alhures, sob o céu azul, ou sob nuvens, pronto para ser banhado pela chuva. Sal adocicado pelo vento, pela água do céu, pelos coqueiros curvos em deferência ao mestre mar.

O espinho Um espinho solto no grito apertado beirava o caminho a espreita do dedo O espinho pouco obstáculo doloso gigante diminut...

ambiente de leitura carlos romero cronica poesia literatura paraibana clovis roberto cenas cotidiano espinho carnaval casario

O espinho


Um espinho solto
no grito apertado
beirava o caminho
a espreita do dedo

O espinho pouco
obstáculo doloso
gigante diminuto
golpe absoluto

Que espinho torto
a alma em susto
e esfola o corpo
geme como louco

Espinho de desgosto
pontinho vermelho
pintura em dolorido
sinal do encontro

Um espinho indigesto
largado ao terreiro
carne, ponta e pronto
segundos de desespero


O casario


Casario conta o tempo
calculador de relógios
avança por séculos
pelos cantos sem esmero

No mármore frio
repousa em tijolos
argamassa de que foi ido
de um mundo decaído

Desfalece aos ruídos
das ruínas, em desapego
solta reboco a reboco
decompõe a si mesmo

Casario outrora acesso
de bailes, risos, acenos
foi alegre testemunho
agora é rio sem leito


O carnaval


Qual o melhor carnaval?
o da fantasia realizada
com a máscara na cara
e alma desnuda

Era a tribo perfeita
desconhecida cantoria
encontros em alegria
cerveja, suor, folia

Pelas subidas, descidas
Idas e vindas, ladeiras
cenário que se repetia
vida solta em Olinda


Clóvis Roberto é jornalista e cronista

As duas linhas de ferro paralelas serpenteiam os mais diversos cenários. Máquinas pesadas na construção e leves na poesia seguem equilibrad...

ambiente de leitura carlos romero clovis roberto cronica literatura paraibana viajar de trem ferrovia rede ferroviaria trilhos

As duas linhas de ferro paralelas serpenteiam os mais diversos cenários. Máquinas pesadas na construção e leves na poesia seguem equilibradas na estrada férrea que parece se estender indefinidamente. Os monstros de pés de aço cavalgam pelo real e imaginário, expelem fumaça pela cabeça, feito bule com o café quentinho.

Garganta fria Termômetro da garganta que ao gole frio esquenta ao trago, o copo da cerveja traz corpos em memória do subsolo da alma ...

ambiente de leitura carlos romero poesia clovis roberto solidao inquietacao embriaguez solitaria

Garganta fria


Termômetro da garganta
que ao gole frio esquenta
ao trago, o copo da cerveja
traz corpos em memória
do subsolo da alma
ao largo da mesma cama
atrativa, inquieta
na noite gélida “agostiana”

Vivemos um novo velho mundo sem volta. E, definitivamente, não há retorno à nossa aldeia global, para lembrar o filósofo canadense Marshall...

ambiente de leitura carlos romero clovis roberto pandemia globalizacao solidariedade sustentabilidade progresso inexoravel harmonia mundial

Vivemos um novo velho mundo sem volta. E, definitivamente, não há retorno à nossa aldeia global, para lembrar o filósofo canadense Marshall McLuhan. Um passo atrás é mais que retrocesso, é abrir mão de tudo que a humanidade construiu durante séculos. Isso não é opção, é rendição. Seria o mesmo que se fechar numa concha, dar as costas à vida e voltar-se para dentro da caverna descrita pelo também filósofo, o grego Platão, com o agravante de já termos visto a realidade fora daquele lugar escuro.

Originou-se de uma caixa de frutas e verduras, daquelas de madeira, com talas pregadas espaçadas nas laterais, onde são armazenadas verdura...

ambiente de leitura carlos romero clovis roberto dia dos pais amor de filha filha unica presente inesquecivel

Originou-se de uma caixa de frutas e verduras, daquelas de madeira, com talas pregadas espaçadas nas laterais, onde são armazenadas verduras e legumes como cenouras, pimentões e chuchus, ou frutas como mangas, cajus e laranjas. Gostos variados, doces sabores ou não, alimentos para a vida, tão comuns nos mercados e feiras livres da cidade. Porém, engana-se quem a considerar uma caixa qualquer.A caixinha em questão ganhou personalidade, alma. Ela foi toda pintada de azul escuro e recebeu pinceladas que formaram bolinhas vermelhas. É uma caixa especial!