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Foi Millôr Fernandes, com seu Pif-Paf, quem me chamou a atenção para a existência do Haikai, lá pelos começos de 1960. Falo dessa forma...

Foi Millôr Fernandes, com seu Pif-Paf, quem me chamou a atenção para a existência do Haikai, lá pelos começos de 1960. Falo dessa forma poética com origem japonesa, de extrema concisão e objetividade. Ainda menino, eu corria para a coluna que ele mantinha na Revista O CRUZEIRO, a publicação mais importante do mercado editorial brasileiro, sempre que me chegava às mãos um exemplar novo.

Eu soube de Luís, um velho amigo. Velho mesmo, posto que eu o conheci por volta dos meus doze anos de idade. Na ocasião, ele tinha uns...

nostalgia padaria
Eu soube de Luís, um velho amigo. Velho mesmo, posto que eu o conheci por volta dos meus doze anos de idade. Na ocasião, ele tinha uns 18 e havia saído da zona rural com um dedo a menos: o indicador da mão direita então decepado por uma daquelas máquinas desfibradoras de sisal. Desembarcado do trem da Rede Ferroviária do Nordeste S/A, a Refesa da saborosa pronúncia do interior, entrei em casa e tomei a bênção materna. “Vá falar com seu pai antes de desfazer a mala. Ele está na Padaria”, recomendou dona Vininha.

Acendem-se, amanhã, as últimas fogueiras juninas, as de São Pedro. Mais do que em outras partes do Brasil elas iluminarão os terreiros...

sao pedro lagrimas
Acendem-se, amanhã, as últimas fogueiras juninas, as de São Pedro. Mais do que em outras partes do Brasil elas iluminarão os terreiros do Nordeste. Pelo costume, já se sabe que não serão tantas nem tão grandes quanto as do dia 24, consagrado a São João. Ou seja, aquele que Jesus tomou como alicerce de pedra para sua Igreja não desfruta do mesmo prestígio nos arraiais do País. Nestes, São João tornou-se maior, fez-se o epicentro de folguedos iniciados no último dia 13, timidamente, com Santo Antonio, o casamenteiro.

Acho que acontece a todos nós. Temos, desde a infância, recantos preferidos das nossas casas e quintais e, em razão disso, lembranças...

nostalgia biscuit
Acho que acontece a todos nós. Temos, desde a infância, recantos preferidos das nossas casas e quintais e, em razão disso, lembranças que vão e voltam. Eu mesmo já quis muito uma goiabeira em detrimento de um pé de pinha. A primeira, de galhos mais fortes, permitiu-me a instalação horizontal de uma banda de porta, a dois metros do chão, para as brincadeiras infantis. Dali, ora eu montava guarda contra o bando de índios vistos

Leio que a semana começou com feriado, em Portugal, onde o 10 de Junho, data nacional, também conteve celebrações a Luís Vaz de Camõe...

camões cravos portugal
Leio que a semana começou com feriado, em Portugal, onde o 10 de Junho, data nacional, também conteve celebrações a Luís Vaz de Camões, o gênio da literatura saudado em todos os recantos como o maior poeta da língua portuguesa. A ele, sim, por sobras da festa pelos 500 anos do nascimento em 24 de janeiro e, ainda, pelo culto à data da sua morte, em 1580, há 444 anos completados segunda-feira passada.

Um gênio aquele meu colega de escola. Basta dizer que foi responsável pelo único desastre de avião ocorrido na cidadezinha onde moráv...

nostalgia bicicleta
Um gênio aquele meu colega de escola. Basta dizer que foi responsável pelo único desastre de avião ocorrido na cidadezinha onde morávamos. Era época de carnaval quando ele vestiu a bicicleta com armação de arame grosso o suficiente para suportar um corpo de lona, hélice e asas. Tudo bonitinho. Parecia um teco-teco em branco e preto, as cores do seu time, o Vasco. Mas uma manobra arriscada com os pedais em alta rotação ocasionou o arrasto de uma das asas no piso de pedras e, em seguida, as cambalhotas que despedaçaram aquilo tudo. Piloto sem capacete, meu amigo sofreu

Não ouso afirmar que as excursões internacionais hajam melhorado aquelas duas. Eu, não. Nem supor que tenham regressado daqueles péripl...

cidade interior nordeste
Não ouso afirmar que as excursões internacionais hajam melhorado aquelas duas. Eu, não. Nem supor que tenham regressado daqueles périplos mais cultas, ilustradas e livres dos velhos preconceitos. Até porque a tolerância, a civilidade e o alcance das coisas não compõem a bagagem de ninguém. Ao invés disso, são substâncias do espírito e, portanto, é aquilo que se leva e se traz sejam quais forem o destino e a duração das viagens.

Lá pelos meus dez anos, um amigo ocasional, camaradinha um pouco mais velho chegado de Manaus para as férias com os avós, nossos vizinh...

propagandas antigas
Lá pelos meus dez anos, um amigo ocasional, camaradinha um pouco mais velho chegado de Manaus para as férias com os avós, nossos vizinhos, perguntou-me onde poderia comprar alka-seltzer a fim de se livrar da azia. Não faria a menor diferença se a pergunta me fosse dirigida em grego. Sabia lá eu o que diabo significavam essas duas coisas... Minha mãe veio em meu socorro. Quis saber do garoto se era muito forte o queimor que ele sentia e,

“O que leva um contestador da Academia a nela ingressar?”, perguntava eu, nos idos de setembro de 1990, a Humberto Cavalcante de Mel...

arena ai5 academia letras
“O que leva um contestador da Academia a nela ingressar?”, perguntava eu, nos idos de setembro de 1990, a Humberto Cavalcante de Melo. Resposta do homem: “O acréscimo dos anos não nos aumenta a sabedoria”. Na ocasião, eu o entrevistava para a Revista A CARTA, publicação semanal do editor Josélio Gondim.

Um vento forte, em lufada de segundos, sacudiu a rede que armei na varanda para o cochilo vespertino, costumeiro, justo e merecido....

vento enchente tempestade
Um vento forte, em lufada de segundos, sacudiu a rede que armei na varanda para o cochilo vespertino, costumeiro, justo e merecido. O susto que tive agravou-se com o baque de dois varões metálicos. Dias antes, quando ainda não haviam sido trocados por trilhos mais modernos, sustinham a cortina da sala. Mas, agora, esquecidos, verticalmente, num cantinho de parede, foram ao chão com um barulho dos diabos.

Ouvi essa história de um amigo e a reconto com as licenciosidades da crônica. Mal os negócios se recuperavam da crise decorrente da...

ferias nordeste forro
Ouvi essa história de um amigo e a reconto com as licenciosidades da crônica. Mal os negócios se recuperavam da crise decorrente da pandemia que tangera a clientela da sua e de tantas outras lojas, a mulher apareceu com a novidade: eles estavam para receber uma sobrinha, seu marido canadense e um casal de filhos adolescentes, estes últimos com bom domínio do Português. O aviso viera em cima da hora por telefonema da cunhada residente em São Paulo. Ela falava da filha, do genro e dos dois netos. Saídos de Toronto,

A velhice tem dessas coisas. Andamos com passos mais lentos por dias que correm em velocidade hipersônica. Espantosamente, maio nos...

A velhice tem dessas coisas. Andamos com passos mais lentos por dias que correm em velocidade hipersônica. Espantosamente, maio nos chega sem que tenhamos a percepção exata do primeiro quadrimestre que agora se encerra. Vem-me, então, a lembrança de Joca, meu filósofo de botequim preferido e, infelizmente, também finado. “Quando a gente era menino um ano durava dez”, ouvi dele, certa vez.

Naquela noite de sábado, recusei o convite do meu neto para um passeio de quadriciclo desde o Busto do Almirante Tamandaré até o Mira...

avo neto familia fe susto
Naquela noite de sábado, recusei o convite do meu neto para um passeio de quadriciclo desde o Busto do Almirante Tamandaré até o Mirante da Praia do Cabo Branco, um dos mais belos trechos da orla de João Pessoa, a cidade que mais cresce no Nordeste brasileiro, ao que nos assegura a propaganda oficial.

Samantha, a Feiticeira, quem não lembra dela? Por décadas, alegrou os dias de muita gente, em partes diversas do mundo, o que inclu...

feiticeira nostalgia
feiticeira nostalgia
Samantha, a Feiticeira, quem não lembra dela? Por décadas, alegrou os dias de muita gente, em partes diversas do mundo, o que incluía este Brasil imenso. Com uma mexidinha no nariz a moça era capaz de resolver qualquer problema, fosse seu próprio, ou daqueles dos quais gostasse.

Lugar de mulher é na cozinha. Calma, meninas. Refiro-me ao ambiente doméstico por mim preferido onde vocês também possam sentar, servir...

cozinha fermento
Lugar de mulher é na cozinha. Calma, meninas. Refiro-me ao ambiente doméstico por mim preferido onde vocês também possam sentar, servir-se de uma bebida e acompanhar o marido na produção do almoço, do jantar, ou de uma sobremesa. Eu, pelo menos, costumo fazer isso aos fins de semana, momento em que me vejo livre do birô e do trabalho corriqueiro.

Um brinco, aquela casa. Tudo no seu lugar. A sala de visitas, um primor de arrumação. Tinha as poltronas e a mesa de centro distribuída...

casa organização
Um brinco, aquela casa. Tudo no seu lugar. A sala de visitas, um primor de arrumação. Tinha as poltronas e a mesa de centro distribuídas em equidistância estabelecida, milimetricamente, com auxílio de uma régua, ao que me parecia. Fosse possível fazer flutuar aquele tapete com tais coisas, nenhum lado pesaria mais do que o outro.

O pequeno Theo, de quatro aninhos, gemeu de dor, mal o sol iluminava as águas de Boa Viagem. As pernas curtas e os passos miúdos o le...

flores criancas despedida
O pequeno Theo, de quatro aninhos, gemeu de dor, mal o sol iluminava as águas de Boa Viagem. As pernas curtas e os passos miúdos o levaram à janela do apartamento de onde se pode divisar fatias do mar, brecha após brecha, entre os edifícios. Ali, se apoiou e chorou.

O pequeno Theo tinha, então, um coraçãozinho com agonias de adulto. E tinha vocabulário suficiente para frases de amor e saudades. “Uma flor para você, Bisinha”.

Faça desse modo: pegue uns vinte jenipapos, dois litros de aguardente e dois quilos de açúcar. Descascadas as frutas, passe-as num ra...

licor frutas brasileiras jenipapo culinaria
Faça desse modo: pegue uns vinte jenipapos, dois litros de aguardente e dois quilos de açúcar. Descascadas as frutas, passe-as num ralador, acrescente um pouco d’água e coe a calda disso resultante num pano que seja.

A prima querida ainda guarda alguns biscuits da mãe dela e da nossa avó. Infelizmente, não sei que fim levaram aqueles que minha mã...

nostalgia biscuit miniatura
A prima querida ainda guarda alguns biscuits da mãe dela e da nossa avó. Infelizmente, não sei que fim levaram aqueles que minha mãe tinha na penteadeira, na mesinha de centro e numas tantas prateleiras da sala de visitas. Elefantes, cervos, cachorros e gatos ali repousavam sem que neles eu e meus irmãos pudéssemos mexer, a não ser às escondidas.

A infância já foi feita de papel colorido e ponteiras de coqueiro. Refiro-me àquela hastezinha, àquela nervura central na extensão de ...

nostalgia infancia empinar pipa brincadeira infantil
A infância já foi feita de papel colorido e ponteiras de coqueiro. Refiro-me àquela hastezinha, àquela nervura central na extensão de cada folha. Essas duas coisas trabalhadas com tesoura e cola rendiam papagaios de altos voos.

Falo das pipas, ou raias, assim conhecidas noutras paragens. Colado o papel nas ponteiras armadas em losango, bastava ajustar o cabresto, confeccionar o rabo com retalhos de pano e encontrar linha no armazém da esquina, ou na gaveta das mães. A depender do volume do novelo, aquilo quase nos permitia arranhar as nuvens.