Em qualquer época de nossa vida ou situação como a que se vive nos dias atuais, é tempo para buscar resposta nos poetas e místicos. Respostas que vêm de quem contempla o mundo com os olhos do coração e afastam a dor com uma metáfora.
Os poetas místicos buscam resposta para as inquietações motivadas pelas transformações em seu redor, sejam de ordem espiritual ou materia...
Há tempo para sonhar?
Em qualquer época de nossa vida ou situação como a que se vive nos dias atuais, é tempo para buscar resposta nos poetas e místicos. Respostas que vêm de quem contempla o mundo com os olhos do coração e afastam a dor com uma metáfora.
Quando nos aproximamos do sítio, pequena aglomeração rural, inesperadamente um menino saiu apressado de uma casa de taipa, pequena, telh...
Um menino chamado Jesus
Lembro que neste período do ano, quando as árvores mudavam as folhas, os cajus e as mangas maduros se esparramavam pelo chão, os araçás a...
Cantigas do Natal
Na bodega se falava dos preparativos da festa que ocorria na cidade entre o Natal e Ano Novo, com parques de diversões, pescarias, barracas de jogos e bingos, além do pavilhão onde ocorriam os leilões com perus e galinhas assadas. Dias antes, comitiva da Igreja, com uma carta do padre, pedia pelos sítios donativos para as festividades e o custeio da limpeza e manutenção do templo dedicado ao Sagrado Coração de Jesus.
De roupa e sapato novos, na boca da noite acompanhávamos grupo de gente procedente dos sítios que se dirigia à cidade, numa boa prosa, às vezes sob o luar.
O pensamento voltou para o menino que não saiu da manjedoura. As cantigas ensinadas por minha avó e mamãe são lembradas agora, enquanto a memória reconstrói aquelas cenas.
No sítio onde morávamos, vovó cantava essa modinha que recordo emocionado:
Agora são recordações. Boas recordações. O tempo mudou ou mudamos nós? Ficaram as lembranças que nos consolam.
O Menino Jesus que venerávamos naquela época, renasceu agora, mas o coração de todos vive a apreensão da festa que pode não começar devido às balas a zunir sobre nossas cabeças, vindo não se sabe de onde.
Recentemente visitei uma senhora de noventa anos, que resida em nosso recanto de terra, recordou estes versos, versos que não lembrava.
Com raízes familiares ligados à política ao tempo do Império, em meados do século XIX, o advogado João Dantas, cunhado de João Suassuna...
As raízes do ódio
Cedo foi estudar em Recife, base de sua atividade de observador junto a grupos que movimentavam a Faculdade de Direito na capital pernambucana, em princípio do século XX. Gestos comuns entre jovens que frequentavam aquele centro do saber jurídico, onde se edificava elevados conhecimentos sobre as Artes, as ciências jurídicas e sociais, sendo que alguns impunham bandeiras da política.
Num dia ensolarado, que poderia ser lembrado como marco do início de uma época abundante em benefício para a população, foi o começo de um...
A tabuleta de Custódio
Caminho pelas veredas literárias de Ariano Suassuna como um caçador de esmeraldas, ansioso por descobrir a pedra valiosa, a recolher ao ...
Ariano, o Imperador das Artes
Quem bebe no manancial de seus livros será enriquecido e alimentado pela sabedoria de personagens que brotam da terra castigada pelo Sol. Tudo é fonte de inspiração, terra iluminada pelas malacachetas.
Há menos de meio século, quando aportei nesta cidade carregando comigo os canaviais e as palmeiras de Serraria, a temperatura morna de Ara...
Lauro Xavier, o homem que plantava árvores
No dia 10 de novembro de 1891, o mundo da poesia ficou mais triste. Aos trinta e sete anos, Arthur Rimbaud encerrou sua temporada de poe...
Rimbaud, 130 anos depois
Triste sina de poetas que nem na morte como tal são identificados. As vezes na lápide se faz constar com esse nome. Nem sempre! Mas de Rimbaud ficou a imagem de um poeta genial, construtor de uma poesia irrefutável. Poesia que sempre será reconhecida, e novas gerações vão lembrar dele pela sua dimensão de qualidade inquestionável.
A cidade de Serraria precisa homenagear a professora, poetisa e médica Eudésia Vieira, paraibana que se dedicou à emancipação feminina e ...
Eudésia Vieira, 40 anos depois
Há cem anos, na sua juventude, em nossa cidade, atuou junto aos necessitados do saber, como professora. Revelando-se, no seu tempo, uma mulher comprometida com as causas sociais.
Quando publiquei o livro de crônicas “Recado do meu sítio”, em 2007, com prefácio de Carlos Romero , o poeta Luiz Augusto Crispim fez um c...
'Pequeno sertão: veredas', o recado de Crispim
Desejo partilhar com os leitores deste privilegiado espaço de divulgação das artes e de saberes, o depoimento do cronista que, mesmo ausente, sua voz chega aos ouvidos com estímulo para continuar escrevendo.
Quando visitei Taperoá em remota ocasião, acompanhado de Gonzaga Rodrigues e do fotógrafo Antônio David para encontrar Dorgival Terceiro ...
Como era verde Taperoá
No aceiro da Serra do Pico, espalhando-se pelo entorno, a vegetação era somente graveto, sem nenhum vivente. No leito seco do Rio Taperoá, que banha a cidade, um magote de cabras passeava.
O destino dos livros em Serraria era algumas casas na rua principal e ao redor da praça central, e objeto de adorno de salas nas casas...
O mundo encantado das livrarias
No sítio onde morávamos restavam, na maioria das vezes, revistas sobre agropecuária e a desbotada Bíblia, de modo que somente em Arara, já entrando na metade da segunda década de minha vida, cobicei a biblioteca de Marísio Moreno. Quando cheguei para morar nesta Capital, em 1971, ampliei o olhar à estante apinhada de livros que Nathanael Alves abriu para mim e que, depois, Gonzaga Rodrigues ensinou como escolher a melhor leitura e dela tirar proveito.
Aquela noite da agonia derradeira, quando contemplei o rosto sereno de minha mãe na cama do hospital, segurando meu braço, ela murmurou co...
O último olhar de mamãe
No ano passado não me avisaram quando começou a Primavera, mas agora fui avisado de sua chegada pela mudança do vento e da chegada de pequ...
Lua cheia e a Primavera
A Folhinha do Sagrado Coração de Jesus pendurada na parede da biblioteca apontava o dia 22 de setembro como início dessa estação, então comecei a prestar a atenção em flores e o vento da tarde durante minhas caminhadas vespertinas.
Criada para perpetuar as letras da Paraíba, a Academia Paraibana de Letras completa 80 anos. No dia 14 de setembro de 1941, com retardo de...
Os 80 anos da APL
Numa tarde da Primavera que findava, passando pela calçada do Parque Arruda Câmara, a Bica, como popularmente chamam o nosso ...
Poema de uma palavra
“Quando a notícia da morte de Jurandy Moura chegou à redação do jornal, seu corpo já estava estendido na lousa como pássaro sem vida“. ...
Pássaro estendido na lousa
Escrever é um ato solitário, requer silêncio e meditação, entretanto ao final é prazeroso o produto desse isolamento, mesmo sabendo que sã...
Os leitores de cada dia
Uma vez Ariano Suassuna falou que se dava por satisfeito sabendo que seus livros tinham sido lidos por uma pessoa. Dizia isso para demonstrar quanto apreço tinha pelos livros,
Quando minha filha chegou em casa com os dois últimos livros publicados por Walter Galvão, acompanhávamos as notícias dos instantes que p...
A redação ficou triste
Em décadas, ele recolheu numerosos amigos, entre os quais, Angélica e eu nos incluímos, que sentiram sua inesperada partida.
Sentimos profundamente o modo inesperado como ele partiu sem que houvesse despedida. Carregaremos a dor de não mais contarmos com a proximidade de sua amizade e a leitura de seus artigos, a menos que recorramos aos livros, onde deixou seu pensamento. Não chorei a perda do amigo porque todas minhas lágrimas já foram vertidas, mas guardarei a calor da mão estendida e o abraço como patrimônio de memória.
Existem amizades edificadas com tijolos e argamassa que as artes possibilitam construir, no sincero aperto de mãos e na troca de experiênc...
Vida Aberta, um poema global
Com Waldemar José Solha se deu assim: construímos nossa amizade a partir de meado da década de 1970. Ele, volumoso em leituras, ensinava a arte de escrever e de pintar, eu, um jovem sorumbático vindo de Serraria com passagem por Arara, escutava mais do que conversava, ou dava pitaco sobre os assuntos abordados. Ouvia e peneirava tudo o que ele falava e assim aprendi muitas coisas que me têm sido úteis.