junho 15, 2023
Até o século XVIII, no Ocidente, não havia uma concepção de infância como a temos hoje. A criança era vista como um adulto em miniatura...
Até o século XVIII, no Ocidente, não havia uma concepção de infância como a temos hoje. A criança era vista como um adulto em miniatura. Só a partir do século XIX, com o surgimento da família nuclear, passou-se a ter a preocupação com a infância. Ainda, no final do século XIX e início do século XX, poucas obras destinadas ao jovem leitor e/ou ao leitor-iniciante foram publicadas no Brasil. Com o desenvolvimento do sistema educacional e os incentivos dados pelo Governo, considerando-se a literatura/leitura o instrumento mais indicado para o desenvolvimento intelectual, viu-se a necessidade de produzir obras para os neófitos.
junho 15, 2023
abril 15, 2023
Um susto. Um olhar. Sem timidez. Percorro a vista como quem já conhece o território. Mas, por outros caminhos. Não conheço o nome das...
Um susto. Um olhar. Sem timidez. Percorro a vista como quem já conhece o território. Mas, por outros caminhos. Não conheço o nome das partes. É um corpo que habita eras. É bela e triste, como o amor. Tem desejo. Uma voz com um timbre macio. Clama por defloração. É agora. É sim. Como foi que me deixei vestir por uma ilusória imortalidade?
abril 15, 2023
fevereiro 08, 2023
“Eu odeio adolescente!” — disparou uma aluna durante uma de minhas aulas. Retruquei que ela o é, mas permaneceu a revolta. Embora...
“Eu odeio adolescente!” — disparou uma aluna durante uma de minhas aulas.
Retruquei que ela o é, mas permaneceu a revolta. Embora todas as fases da vida tenham suas peculiaridades e dificuldades, a adolescência é marcada por um turbilhão de incertezas e autocobranças, é o período no qual a necessidade de se afirmar é mais patente, mas não há tantos recursos (e maturidade) para conseguir essa afirmação perante o mundo.
Do rosto geralmente marcado por espinhas à mudança do cabelo. Da transformação da forma física aos processos hormonais. Da falta de dinheiro à ausência da almejada liberdade de ir e vir.
fevereiro 08, 2023
dezembro 27, 2022
Quanto pode um professor? Não sei. Só sei que pode muito, incluindo a sua capacidade de inspirar gerações, de transbordar a esfera do ...
Quanto pode um professor? Não sei. Só sei que pode muito, incluindo a sua capacidade de inspirar gerações, de transbordar a esfera do tempo e atingir o significado. E um professor-formador (todos não são?) consegue multiplicar isso numa progressão geométrica. Isso ficou mais uma vez visível na 2ª turma do Curso de formação de professores da Rede pública estadual – prioridade da leitura em sala de aula – sob a regência dos docentes
Milton Marques Júnior e
Ângela Bezerra de Castro, ambos membros da Academia Paraibana de Letras – local onde foi ministrado – e aposentados da UFPB.
dezembro 27, 2022
maio 18, 2022
Lutos diários A fusão de uma solidão A outra Só foi Possível Em tempo uno O drama do dito Versus o sentido Depen...
Lutos diários
A fusão de uma solidão
A outra
Só foi
Possível
Em tempo uno
O drama do dito
Versus o sentido
Depende do cenário
O tempo não se cala
O te amar não é previsível
É precipício lacrimal certo
Tanto perto quanto longe
O amor é alheio
maio 18, 2022
abril 07, 2022
Quantas convicções eu já adquiri? Tenho diante de mim tantas agitações como se quase nada do caminho tivesse sido percorrido. Sinto que te...
Quantas convicções eu já adquiri? Tenho diante de mim tantas agitações como se quase nada do caminho tivesse sido percorrido. Sinto que tenho o poder de dizer, mas, ao mesmo tempo, faltam-me palavras para expressar o quanto este coração, que agora pulsa, pede clemência, clama pelo direito ao silêncio diante de algumas causas.
abril 07, 2022
março 04, 2022
X Aprofundo mundo Há profundo imundo Mudo em mim Tumulto e solidão Gente e indigente Só lido com o sólido E me desmancho no...
X
Aprofundo mundo
Há profundo imundo
Mudo em mim
Tumulto e solidão
Gente e indigente
Só lido com o sólido
E me desmancho no ar.
março 04, 2022
fevereiro 19, 2022
Sainte-Beuve, considerado o patrono dos críticos franceses, não reconheceu a grandeza de Stendhal, Baudelaire e Balzac. Sílvio Romero fez ...
Sainte-Beuve, considerado o patrono dos críticos franceses, não reconheceu a grandeza de Stendhal, Baudelaire e Balzac. Sílvio Romero fez pouco caso da obra do mestre Machado de Assis, para glorificar Tobias Barreto. Voltaire zombou de Homero. Tolstoi não aturava nem Shakespeare nem Victor Hugo. Proust permaneceu praticamente ignorado quando era vivo, assim como Nietzsche. Este não faria questão de um número considerável de leitores. Contentava-se com dez que o lessem com a condição de serem inteligentes. Esses são alguns dos muitos exemplos de escritores que tiveram suas obras pouco prestigiadas ou ignoradas.
fevereiro 19, 2022
janeiro 25, 2022
Eduardo Frieiro, no seu livro “Os livros nossos amigos”, começa-o afirmando que “querer bem aos livros é sentimento que se parece muito...
Eduardo Frieiro, no seu livro “Os livros nossos amigos”, começa-o afirmando que “querer bem aos livros é sentimento que se parece muito com o amor dos sexos”, pois o verdadeiro amante dos livros sente mais do que uma necessidade intelectual; física. Eles estão no quarto, na sala, cozinha, mesa. Ao pé e na cabeceira da cama. Nas travessias do amor, terreno íngreme, quantos são aqueles que recorrem a uma boa leitura, entre um choro e um travesseiro. O amante é possessivo. E aqui vale a seguinte frase: “Prefiro dar dois livros a emprestar um”. Não importando se a obra é rara ou não. Seu objeto é seu. O gozo está no tato, nos olhos e no cheiro.
janeiro 25, 2022
janeiro 08, 2022
E então uma tristeza nos acomete. Sem saber de onde ela vem e qual o seu porquê. Um vazio nos preenche de tal forma, como se nenhuma poe...
E então uma tristeza nos acomete. Sem saber de onde ela vem e qual o seu porquê. Um vazio nos preenche de tal forma, como se nenhuma poesia pudesse corromper esse hóspede indesejável. O que nos falta? Para cada qual, uma resposta. Como diria Caetano: “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. Que ninguém nos diga que somos jovens demais para sofrer, para que os lutos nos esmoreçam.
janeiro 08, 2022
dezembro 22, 2021
Este lugar não proporciona crescimento. Sou um residente sem lar. Comecei a partir no parto de minha mãe. Disse adeus, e já prometendo se...
Este lugar não proporciona crescimento. Sou um residente sem lar. Comecei a partir no parto de minha mãe. Disse adeus, e já prometendo ser o filho pródigo que não voltará. Tanto desafeto faz minha vida intelectual retroceder. Descanso os meus sofreres na palavra, na tentativa de não ficar amargo e cristalizar o pior de mim. Sorrisos não me são mais familiares. O parentesco se estabelece. Todos os laços, menos o sanguíneo, se desatam. Espero pelo momento de síntese para pôr os valores, definhados, na balança.
dezembro 22, 2021
novembro 17, 2021
FECHADA PARA O MUNDO Havia esse ritual De pôr a mesa Na esperança de Congregarmos o pão. Mas a mãe não Sentava à mesa ...
FECHADA PARA O MUNDO
Havia esse ritual
De pôr a mesa
Na esperança de
Congregarmos o pão.
Mas a mãe não
Sentava à mesa
Porque não sabia
Segurar os talheres
Comia com a boca
novembro 17, 2021
outubro 07, 2021
NENHUM OLHAR Nem um olhar Nenhum olhar Que ninguém veja. Há apenas o silêncio Em conserva, Preservando nosso Sopro de vida, Esse ...
NENHUM OLHAR
Nem um olhar
Nenhum olhar
Que ninguém veja.
Há apenas o silêncio
Em conserva,
Preservando nosso
Sopro de vida,
Esse vento de morte
Essa boca atada,
Calada sobre tudo,
Prostrada sobre o mundo.
E eis que sou convocado
A acordar o mundo
Depois que o imundo
Interceptou o sexo,
Tomou-me sem nexo,
Depois que o verbo
Foi adjetivado.
Descobri que não sei
A gramática dos afetos.
A sintaxe do tempo
Virou somente ausência,
Semântica sem morfologia,
Afônico amor,
A nos sugerir
A preposição do (per)verso
Na conjunção da carne.
Todo silêncio é refletido
Quando a voz é passiva.
Todo silêncio é reflexo
Da voz ativa.
Sinto falta da voz recíproca.
Eu quero um “a gente”
Paciente.
Eu quero um nós
Que possa ser
Conjugado em todo
Tempo, modo, pessoa.
Quero um sujeito plural
Que seja singular.
TEMPORAL
Tempo (in)vestido nos teus olhos.
Tenho revertido em meus olhos
o íntimo que já não se intimida,
ao revelar uma eternidade que
já se mostra utópica.
Nostalgia talvez seja o ressentimento
de todas as expectativas frustradas
pelo eu e as circunstâncias às quais
nos rendemos e de que somos reféns
Se ao menos eu pudesse ser mais pai
de mim quanto Deus é do nada,
mas eu sinto que há um Tudo
que se emerge nos delicados sinais:
Ele está no aparente desconexo,
no surpreendente sexo,
suspenso num abraço infantil.
outubro 07, 2021
setembro 12, 2021
“Você gosta de ler?” “Não!”. A resposta para essa indagação vem marcada por uma contundente negativa. Engana-se por desconhecer o quanto s...
“Você gosta de ler?” “Não!”. A resposta para essa indagação vem marcada por uma contundente negativa. Engana-se por desconhecer o quanto sua cognição se prepara assiduamente para o exercício da leitura. Sim, você lê muito, seja o texto verbal ou não verbal. Estamos em um momento bastante imagético, em que muitas fotos, vídeos, memes circulam nas redes. Entretemo-nos. Horas a fio nos abastecemos de uma imensa gama de informações. Muito tempo quotidianamente dedicado ao acesso à vida alheia. O que sobra de nós? Quem se (re)conhece nessa multidão fantasiosa,
setembro 12, 2021
setembro 05, 2021
“O que alguém não teria conseguido executar justo com essa força que é necessária para desatar os fortes e potentes laços da vida”. O poet...
“O que alguém não teria conseguido executar justo com essa força que é necessária para desatar os fortes e potentes laços da vida”. O poeta alemão Rainer Maria Rilke, indignado com um suicídio que presenciou, questiona-nos em uma de suas cartas o poder de quem retira a própria vida, o que para muitos soa como uma afronta, visto que a maioria das pessoas acredita que o autocídio é um ato de covardia. Porém, a potência que cada um traz em si é efêmera e isso deve ser entendido, exemplificando-se com mortes como a
setembro 05, 2021