Sainte-Beuve, considerado o patrono dos críticos franceses, não reconheceu a grandeza de Stendhal, Baudelaire e Balzac. Sílvio Romero fez pouco caso da obra do mestre Machado de Assis, para glorificar Tobias Barreto. Voltaire zombou de Homero. Tolstoi não aturava nem Shakespeare nem Victor Hugo. Proust permaneceu praticamente ignorado quando era vivo, assim como Nietzsche. Este não faria questão de um número considerável de leitores. Contentava-se com dez que o lessem com a condição de serem inteligentes. Esses são alguns dos muitos exemplos de escritores que tiveram suas obras pouco prestigiadas ou ignoradas.
Lasso
Só não consigo entender como os críticos que escrevem em jornais conseguem manter um ritmo, muitas vezes semanal, avaliando inúmeros livros e se considerarem justos. Por isso, são poucos os que se arriscam a tecer comentários sobre escritores contemporâneos (ainda não consolidados). Preferem os canônicos, consagrados. Qual o valor de uma crítica feita a jato, no calor de uma redação jornalística? Disse Ezra Pound que a grande praga é a crítica que repete as opiniões já consagradas. É mais fácil! É covarde. A prática de análise de livros está além das formulações livrescas; está na opinião pessoal, mas não apenas nesta, porque senão cai no subjetivismo e/ou no achismo.
Vassallo
As opiniões bem formuladas, investigadoras e criativas trabalham além do campo estético e formal. Investigam os valores sociais e até sentimentos da obra. Mas há aspectos tão nítidos que com apenas um pouco de estudo de técnicas podemos averiguar o potencial de um escritor. Arte não é passatempo. Por exemplo: o domínio do poema é notado pela forma com que o poeta maneja as figuras de linguagem. Facilmente percebe-se quem sabe utilizá-las ou não. Controvérsias à parte, é certo que, sem a crítica, boa ou ruim, a literatura entraria em crise.