Moro escoteiro há muitos anos e tenho sentimentos bem peculiares. Sempre pensei que era único nessa forma de viver o dia a dia. Qual o que!
Da mesa na padaria Bonfim de onde observo a vida, vez por outra engreno conversa com outros solitários que também sofrem demais à falta de mais pessoas em suas casas ou apartamentos para compartilharem o dia a dia.
Periodicamente os sucessivos governos que assolam o Brasil tem ofertado aos Advogados algumas oportunidades impares de ganharem o que um amigo meu, ainda antes de ser Excelência (porém sempre um excelente Advogado) chamava de bom metal.
Em 1864 o General Melgarejo derrubou o Presidente da Bolívia, José Maria de Achá. Pouco tempo depois o ex-Presidente Belzú, que por sua vez havia sido derrubado por Achá e estava exilado na Europa decidiu voltar ao país.
Logo após meus pais contratarem a construção do que seria o maior pesadelo de nossas vidas, a construtora conseguiu ganhar uma concorrência para construir três prédios da então poderosíssima IBM, gigante americana, e solenemente abandonou a nossa obra, tocando-a com a barriga.
Claro que não poderia dar certo, porque os prazos estavam totalmente furados. Para completar a desgraça, a construtora havia descontado as promissórias que meu pai assinara para financiar a construção e com o dinheiro tocara as obras da IBM, que só pagaria pelos seus 3 prédios na entrega dos mesmos. Descobrimos depois que esse detalhe teria sido fundamental para uma construtora de médio porte ganhar a concorrência dos prédios da IBM contra as grandes construtoras brasileiras. Até hoje quando penso no assunto não posso deixar de rir... a grana de enxeridos paraibanos financiando a expansão da poderosa IBM.
Como já dito anteriormente, meus pais dispunham de um capital enorme, o que lhes possibilitava a liderança inconteste do comércio no Estado da Paraíba. Por consequência tinham um crédito fantástico junto à rede bancária. À época a atividade econômica deles desenvolvia-se num imenso armazém composto de vários prédios ligados uns aos outros por portas e aberturas que iam sendo criadas à medida que progrediam os negócios. O resultado foi uma coisa meio filme de terror, ambientes escuros e altíssimas pilhas de mercadorias espalhadas sem qualquer identificação. Imagino hoje como era difícil achar uma determinada peça no meio daquelas cavernas. O que aparecia para o público que comprava a varejo eram três enormes salões: à esquerda a parte destinada à casa (louças, presentes, faqueiros, pratarias...) no centro material de limpeza, pilhas, armarinho e à direita a seção de brinquedos.
Meus pais prosperaram muito nos negócios e a fantástica visão empresarial de Adrião Pires enxergou o futuro do comércio na direção do parque Solon de Lucena (lagoa), saindo da até então soberana rua Maciel Pinheiro. Fez mais, imaginou um empreendimento que se pagasse. Em resumo, construiria uma loja com três andares, escadas rolantes, ar condicionado central e em cima da loja duas torres com 80 espaçosos apartamentos, todos em mármore e vidros ray-ban. No topo construiria 4 maravilhosas coberturas com piscinas. De tal modo foi planejado o empreendimento que uma vez vendidos os apartamentos, tanto a loja como as 4 coberturas estariam quitadas, tocando a eles uma dessas coberturas e as outras três divididas entre os filhos.
Algumas pessoas acreditam que a derrocada econômica dos meus pais se deu em consequência da grana que eu e meus irmãos gastávamos. Coisa de quem não tem dimensão do que é muito dinheiro. Sempre rimos disso. É que a grana era tanta que teríamos de viver muitas vidas estourando aquele dinheiro para conseguir gastar apenas dez por cento do que Adrião e Creusa Pires ganharam.
Peço sua licença para dar um rasante rápido na origem do casal e em seguida observar a ascensão e queda dos Pires. Coisa de poucas linhas.
Meu avô paterno Manoel Pires era comerciante aqui em João Pessoa. Já meu avô materno Manoel dos Anjos era poeta, fundou a Academia Paraibana de Poesia.
Meu pai formara-se com distinção na primeira turma de Engenharia Química em Recife. Veio a João Pessoa apenas comunicar ao meu avô que havia sido convidado para um emprego fantástico, onde ganharia muito bem lá em Pernambuco. Naquele momento aconteceram duas coisas; meu avô comunicou ao meu pai que diante desse fato iria fechar a loja porque contava com o filho para tocar o negócio e... meu pai conheceu minha mãe que trabalhava como caixa na loja e apaixonou-se. Ele ficou.
II
Adrião e Creusa Pires foram os comerciantes mais ricos da Paraíba por muito tempo, a ponto de construírem uma mansão na descida da avenida Epitácio Pessoa (em frente ao clube Cabo Branco) onde hospedaram dois Presidentes da República e a totalidade das pessoas famosas que aqui chegaram desde o ano de 1966 até a inauguração do hotel Tambaú. Todos os fins de semana eram vistos por lá cantores, artistas e uma variedade de gente que enchia as páginas sociais da grande imprensa brasileira. Pudera, João Pessoa não possuía hotel e nossa casa tinha “apenas” 9 suítes.
Além da mansão eles possuíam diversos outros imóveis, porém o mais importante era o capital que dispunham para tocar seu negócio. O grande salto foi descobrir que poderiam ser distribuidores exclusivos das mais procuradas mercadorias se comprassem aos fabricantes toda a estimativa de venda anual de cada indústria para o Estado da Paraíba. Assim faziam. No começo de cada fevereiro iam a São Paulo e pagavam antecipadamente os produtos que solicitariam ao longo de cada ano. Santa Marina (Colorex e Pirex), Microlit (pilhas Ray- o-vac), Estrela (brinquedos) e mais uma centena de itens que só poderiam ser comprados por qualquer comerciante aqui na Paraíba se fosse no armazém dos nossos pais, que tanto vendia em grosso como no varejo. Era comum recebermos das fabricas uma série de presentes, porém nada que se comparasse aos brinquedos Estrela. O autorama novo que só iria para as lojas no dia das crianças já estava em nossa casa desde abril. Chegamos a ter um autorama enorme, com oito pistas, que se estendia por muitos metros.
Agora que sou especialista em sobreviver a um acidente que custou a utilização (graças a Deus provisória) de uma das mãos, vou listar a seguir algumas dicas para vocês que mesmo não querendo poderão seguir meu caminho principalmente em virtude da idade, porque se tem uma coisa que nós, velhos, teremos em comum à medida que o tempo passa e teimamos em continuar vivendo são as quedas.
Num distante dia de verão aqui em João Pessoa, Agnaldo Almeida, Lena Guimarães e eu começamos uma luta inglória, fadada a ser levada ao ridículo e ao consequente fracasso. Mas acreditávamos fortemente no nosso propósito, mesmo porque o que pretendíamos seria muito bom para a cidade.
Vou começar dizendo que o azeite tem na sua composição gorduras monoinsaturadas. Esse quase palavrão faz com que as nossas taxas de HDL subam e sirvam para desentupir nossas veias, foi o que eu entendi. Se é assim, maravilha. Melhor ainda; o azeite tem propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, o que retarda o envelhecimento. Estudos apontam que o alto consumo de azeite está associado a riscos mais baixos de câncer, doenças cardiovasculares e neurodegenerativas.
Um amigo confessou que quando vai a um bar é para ficar bêbado, porque se
não for assim ele nem sai de casa.
De uma certa maneira deu-se comigo o mesmo com relação a um livro que já
reescrevi uma dezena de vezes. Trato de uma temática arretada, personagens
incríveis e mesmo contado histórias com H, revelando muitas nuances nunca
Mãe Leca estava voltando de uma caminhada vespertina pela calçadinha do Manaíra e parou para atender uma ligação do PASM, onde trabalha. Um ladrão pilotando uma bicicleta deu um bote e levou seu celular. Alertadas pelos gritos dela, muitas pessoas correram em direção ao ladrão e devido ao engarrafamento que sempre se forma na avenida João Maurício no
lusco-fusco, conseguiram capturar o meliante que imediatamente jogou o celular de mãe Leca bem longe. Enquanto ela resgatava o aparelho, os transeuntes seguraram o ladrão para entregá-lo à polícia. Era muita gente atuando na contenção do marginal. Finalmente a polícia chegou e foi levando o bandido. E então deu-se o inusitado. O ladrão apalpou seus bolsos e... pasmem; começou a gritar: “- Ladrão, ladrão, roubaram meu celular”. Pois é, no meio daquele tumulto alguém “inadvertidamente” deve ter levado o celular do safado.
Escrevo no início da semana e até agora os dois fugitivos da penitenciária dita de segurança máxima de Mossoró ainda não foram recapturados. Mesmo que já tenham sido localizados e presos quando vocês estiverem lendo o artigo, nada poderá apagar o fato da dupla estar há um mês dando pitus em seiscentos homens armados até os dentes e portando a mais moderna tecnologia disponível no mercado.
Com certeza os queridos leitores já compraram medicamentos em farmácias e na hora do pagamento foi pedido o seu CPF para terem direito a descontos fantásticos. É comum o atendente dizer que pelo convênio tal ou pela sua idade ou ainda pelo fabricante o preço da compra vai cair substancialmente.
Se os queridos leitores pensam que o tema é bobo, preparem-se para conhecer informações fantásticas sobre a fofoca. No livro “A Colorful History of Popular Delusions” os autores abordam o tema de uma maneira incrível. Fui mais além na minha pesquisa e alcancei o refinamento das definições supostamente científicas que diferenciam a fofoca do boato e do rumor. Fofoca seria o comentário sobre a vida alheia com maledicência. O boato pretende uma informação falsa, tipo fake new. Já o rumor trata de uma informação corrente, ainda não confirmada.
Minha avó Joana Batista ensinou-me algo mágico; gostar de ler. Tão importante (ou até mais, no dizer de Ziraldo) quanto aprender a ler, gostar de ler definiu minha vida. Criança ainda, era a avó que me contava histórias fantásticas. Eu pedia a ela que repetisse as mesmas histórias várias vezes seguidas, “até cansar a boca”.
Se meus queridos leitores não forem foliar no carnaval, me atrevo a dar algumas dicas para os feriados de momo. Começo indicando um livro (escrito numa linguagem bem acessível) que trata da física e dos físicos tops que conviveram num período de grande desenvolvimento daquela ciência. “A era da incerteza”, de Tobias Hürter. Desmistifica totalmente o tema e os gênios. São capítulos curtos onde aprendemos curiosidades sobre Marie Curie, Einstein, Max Planck e tantos outros cientistas, desde a forma como chegaram às suas descobertas a chifres e amantes. Particularmente me tocou a forma como esses gênios, quando reunidos e em conversas onde apreciavam novas teorias, descartavam a tal ideia revolucionária; “- Fulano nem errado consegue estar”. Achei o máximo. Quando encontro um oteba aplico mentalmente a ele a possibilidade de nem conseguir estar errado.
No início da semana fui ser gentil com um casal que vinha na direção oposta em nossa caminhada matinal da beira mar e ao me afastar topei. Fui ao chão em câmera lenta. Digo isso porque tive tempo suficiente de imaginar que a minha cabeça iria de encontro ao meio fio e consegui desviar a pancada colocando a mão no asfalto. Deu certo... em termos, porque estou com a mão imobilizada por algum tempo para avaliar a necessidade de uma cirurgia.
Não tenho mais idade para contemporizar com quem pensa diferente dos meus convencimentos. Querem ficar com raiva? Não façam cerimônia. Só não vou deixar meu dolce far niente para estar discutindo o que considero um absurdo.