Mostrando postagens com marcador Sérgio de Castro Pinto. Mostrar todas as postagens

Quem, dentre os parnasianos, cumpriu à risca o conteúdo programático do Parnasianismo? Quem, dentre os simbolistas, românticos, modernista...

literatura paraibana rodrigues de carvalho poesia quintana
Quem, dentre os parnasianos, cumpriu à risca o conteúdo programático do Parnasianismo? Quem, dentre os simbolistas, românticos, modernistas etc., se confinou nos limites dessas correntes literárias? Aqui, cabe a pergunta: o parnasiano foi apenas parnasiano e o modernista apenas modernista?

Alguns poetas nem sempre se submetem passivamente ao espaço claustrofóbico das periodizações literárias, mas, antes, procuram extrapolá-lo para dar vazão ao ecletismo do qual Mário de Andrade fez profissão de fé: “Eu sou trezentos, trezentos-e-cinquenta...”

A revista “Entrelivros” publicou, em abril/2006, trechos de minha entrevista ao poeta Fabrício Carpinejar sobre Mário Quintana , cujo cent...

literatura paraibana entrevista obra poetica mario quintana modernismo
A revista “Entrelivros” publicou, em abril/2006, trechos de minha entrevista ao poeta Fabrício Carpinejar sobre Mário Quintana, cujo centenário de nascimento foi comemorado naquele ano. Por razões de espaço, o texto da entrevista não foi publicado de forma integral, razão pela qual veiculo os trechos que foram omitidos.

A seguir, publico trechos da entrevista que dei ao poeta Fabrício Carpinejar para a revista Entrelivros , de São Paulo, por ocasião do cen...

literatura paraibana critica literaria mario quintana
A seguir, publico trechos da entrevista que dei ao poeta Fabrício Carpinejar para a revista Entrelivros, de São Paulo, por ocasião do centenário do poeta Mário Quintana, no ano de 2006. No próximo dia 30 de julho, o autor gaúcho estaria completando cento e vinte e cinco anos, o que justifica a transcrição da entrevista:

rios, cidades, poetas à moema selma d’andrea o paraíba, o mamanguape, o tigre, o eufrates, o tejo, o sen...

literatura paraibana poesia pernambucana joaquim cardoso moema selma dandrea marcio catunda recife antigo

rios, cidades, poetas
à moema selma d’andrea o paraíba, o mamanguape, o tigre, o eufrates, o tejo, o sena, não desviam o curso do poema. o poema, nenhum rio ou cidade o fazem. só os poetas, à margem do lápis:

sem fórmula não piso a embreagem, piso a paisagem e a ponho em primeira, segunda, terceira e quarta de segunda a sexta. (às ...

literateura paraibana poesia sergio castro pinto astier joao batista brito paisagem improviso

sem fórmula
não piso a embreagem, piso a paisagem e a ponho em primeira, segunda, terceira e quarta de segunda a sexta. (às vezes dou-lhe ré, mas ela sempre me escapa). aos sábados e domingos deixo-me ficar em ponto morto diante dessas fotos já sem cor:

Aos amigos Heloísa Arcoverde de Morais e João Leonardo Ribeiro de Morais (irmãos de Luciano) O meu compadre e amigo Luciano Morais,...

literatura paraibana luciano morais valor amizade sergio castro pinto
Aos amigos Heloísa Arcoverde de Morais e João Leonardo Ribeiro de Morais (irmãos de Luciano)

O meu compadre e amigo Luciano Morais, menino impossível e azougado, foi cremado nesta segunda-feira, dia 14 de junho de 2021, na cidade do Recife.

Os que o conheceram apenas superficialmente tinham tudo para julgá-lo um extrovertido, um sujeito que, sem avareza, sem parcimônia, se gastava de dentro para fora. No entanto, o homem da piada pronta, da resposta precisa, disfarçava o tímido que ele sempre foi e que aparecia de corpo inteiro quando se via obrigado a cumprir um script. Nessas circunstâncias, o meu compadre não desempenhava o papel que, inadvertidamente, alguns desejavam que ele cumprisse, pois, insurrecto, insubmisso, tudo o que atravancasse o seu caminho,

Os poemas de Élvio Vargas parecem recém-saídos do sono e do sonho; parecem esfregar os olhos, abri-los e bocejar, para, só então, serem t...

literatura riograndense gaúcha critica literaria poemas elvio vargas
Os poemas de Élvio Vargas parecem recém-saídos do sono e do sonho; parecem esfregar os olhos, abri-los e bocejar, para, só então, serem tomados do susto de nascer e de adquirirem a condição de poemas. Mesmo assim, ainda conservam o cordão umbilical parcialmente atado ao mundo informe que lhes deu origem. São, em suma, jorros de um sonho onde convivem harmoniosamente o caos e a cosmogonia, ambos faces de uma só moeda,

É da Professora Beatriz Jaguaribe a tese segundo a qual "a literatura e outras artes retomaram o realismo estético, ou ‘o choque do r...

literatura paraibana julio cortazar adalberto barreto jornalismo realismo ficcao
É da Professora Beatriz Jaguaribe a tese segundo a qual "a literatura e outras artes retomaram o realismo estético, ou ‘o choque do real’, como uma das manifestações mais importantes da cultura globalizada (a expressão ‘choque da cultura é assim definida pela professora: ‘a utilização de estéticas realistas que visam a suscitar efeito de espanto catártico no espectador ou leitor’)". 1

a dor em pessoa no hipocondríaco eu-lírico de Pessoa doía mais a dor fingida do que a dor em pessoa pessoalmente ...

literatura paraibana sergio castro pinto poesia poemas

a dor em pessoa no hipocondríaco eu-lírico de Pessoa doía mais a dor fingida do que a dor em pessoa pessoalmente sentida

Estreando em livro no auge da efervescência das vanguardas, Águia Mendes não fez do concretismo e seus desdobramentos uma espécie de cláus...

literatura paraibana critica livro asas de cigarro aguia mendes
Estreando em livro no auge da efervescência das vanguardas, Águia Mendes não fez do concretismo e seus desdobramentos uma espécie de cláusula pétrea, de verdade absoluta, pois, se assim o fizesse, calaria para sempre as muitas vozes “esquizofrênicas” que só os verdadeiros poetas sabem escutar e repercutir nos seus poemas. Não foi assim com Olavo Bilac, que ouvia estrelas? E com Ponge, que escutava as coisas? E ainda com o Ferreira Gullar do “Muitas vozes”?

Sobre o Movimento de Maio de 1968, na França, Jomar Souto, poeta paraibano pertencente à Geração 59, escreveu: “ (...) Lembro bem se m...

Sobre o Movimento de Maio de 1968, na França, Jomar Souto, poeta paraibano pertencente à Geração 59, escreveu:

“ (...) Lembro bem se me lembro, você coberta de giz, chorando lacrimogênio num bulevar de Paris”.

Eu mesmo, por ocasião do autoexílio de Caetano e Gil, quando ambos se viram forçados a migrar para Londres, letreei uma composição de Cleodato Porto, “Monstros soltos por aqui”:

João Cabral de Melo Neto repetia à exaustão que existem dois grupos distintos de poetas: os que escrevem por excesso de ser e os que es...

literatura paraibana poesia carlos kahe joao cabral melo neto hostia pela metade
João Cabral de Melo Neto repetia à exaustão que existem dois grupos distintos de poetas: os que escrevem por excesso de ser e os que escrevem por carência de ser. Os primeiros, conforme o autor de “A Educação pela Pedra”, articulam um discurso caudaloso, torrencial, sempre na primeira pessoa do singular, enquanto os últimos são comedidos, avaros, no que diz respeito às efusões líricas, além de converterem o poema num complemento, num acessório, num ponto de equilíbrio que lhes confere uma certa sensação de completude.

Se o poema é triste, tal circunstância não quer dizer que o autor também o seja. O eu-lírico pode até ter escrito o poema movido pela mais...

literatura paraibana Sidnei Schneider augusto dos anjos fernando pessoa edgar alan poe eu lirico
Se o poema é triste, tal circunstância não quer dizer que o autor também o seja. O eu-lírico pode até ter escrito o poema movido pela mais profunda tristeza, mas isso não quer dizer necessariamente que o autor seja um triste em regime de tempo integral e dedicação exclusiva. Por essas e outras é que alguns leitores de Augusto dos Anjos tendem a misturar alhos com bugalhos. Ou seja, julgam o autor, o homem Augusto dos Anjos, tão ou mais triste quanto os seus poemas, sem saber dos versos humorísticos que ele publicava nos jornaizinhos que circulavam durante os festejos de Nossa Senhora das Neves, padroeira da cidade de João Pessoa, anteriormente denominada Parahyba do Norte.

Foi na época em que trabalhei no Núcleo de Arte Contemporâneo (NAC), órgão da Universidade Federal da Paraíba, que ouvi, pela primeira vez...

Foi na época em que trabalhei no Núcleo de Arte Contemporâneo (NAC), órgão da Universidade Federal da Paraíba, que ouvi, pela primeira vez, a expressão fazer fotografia. Até então, só escutara o termo tirar fotografia. E como estava lendo o monumental “Mimesis”, de Eric Auerbach, procurei estabelecer, meio intuitivamente, um cotejo entre as duas expressões.

Faz bem o poeta em escutar as suas vozes interiores, vozes “esquizofrênicas” * sem as quais o poema seria pautado simplesmente a partir...

literatura critica livro paganissima trindade mo ribeiro poesia sergio castro pinto
Faz bem o poeta em escutar as suas vozes interiores, vozes “esquizofrênicas”* sem as quais o poema seria pautado simplesmente a partir de breviários estéticos ou de conteúdos programáticos. Aliás, já não era sem tempo de os poetas contemporâneos mostrarem-se livres atiradores, diferentes de quando as vanguardas, já exauridas, extenuadas, imprimiam à poesia brasileira uma articulação monocórdica, um repertório cheio de tiques e de cacoetes plenamente superados por força do uso. Tanto é assim que a lírica nacional tem incorporado alguns elementos do surrealismo**,

São muitos os que resgataram o Titanic do fundo para a superfície do mar e tornaram a devolvê-lo às funduras abissais do oceano. São rotei...

literatura paraibana sergio faraco titanic crepusculo arrogancia
São muitos os que resgataram o Titanic do fundo para a superfície do mar e tornaram a devolvê-lo às funduras abissais do oceano. São roteiristas de cinema, cineastas, poetas, ficcionistas, historiadores, jornalistas, cada qual querendo reconstituir os momentos de grandeza e de vilania dos passageiros e da tripulação.

o argueiro haicai da paisagem em pó convertido. feudo loteado no olho. o argueiro é ainda o rochedo de sísifo. ...

literatura paraibana poesia poemas sergio castro pinto
o argueiro
haicai da paisagem em pó convertido. feudo loteado no olho. o argueiro é ainda o rochedo de sísifo. sem fórmula
não piso a embreagem, piso a paisagem e a ponho em primeira, segunda, terceira e quarta de segunda a sexta. (às vezes dou-lhe ré, mas ela sempre me escapa). aos sábados e domingos deixo-me ficar em ponto morto diante dessas fotos já sem cor: paisagens vistas de um retrovisor? circo mambembe
o drama projeta-se além do palco: hoje encenam a paixão de cristo, amanhã conduzem a cruz do mastro. rios, cidades, poetas À Moema Selma D’Andrea
o paraíba, o mamanguape, o tigre, o eufrates, o tejo, o sena, não desviam o curso do poema. o poema, nenhum rio ou cidade o fazem. só os poetas, à margem do lápis: caniço pensante na maré vazante da linguagem. o preto cosme, pintor de paredes
o preto cosme caiava como quem dispara tiros a esmo ou como quem bêbado erra o prumo e salpica-se de cal estrela-se de cal caiando-se a si mesmo qual fosse um muro branco de susto homiziando um preto seu isidoro
seu Isidoro era eletricista e a sua barba hirsuta hirta era um rolo de fios desencapados soltando faíscas seu isidoro era uma pilha um surto um curto um longo circuito atritando-se com a vida

Não fosse Clodovil, o Correio das Artes teria sido extinto. Isso mesmo, falo de Clodovil Hernandes , o estilista que, em inícios dos anos...

literatura paraibana jornal uniao clodovil hernandes tv mulher premio acacio werneck entrevista joao cabral melo neto
Não fosse Clodovil, o Correio das Artes teria sido extinto. Isso mesmo, falo de Clodovil Hernandes, o estilista que, em inícios dos anos 80, tinha um quadro no programa TV Mulher, da Rede Globo de Televisão.

Wellington Hermes Vasconcelos de Aguiar foi quem me recepcionou por ocasião do meu ingresso na Academia Paraibana de Letras. E quando o e...

literatura paraibana sergio castro pinto wellington aguiar
Wellington Hermes Vasconcelos de Aguiar foi quem me recepcionou por ocasião do meu ingresso na Academia Paraibana de Letras. E quando o escolhi, falaram alto a nossa amizade e a admiração que eu tinha (e tenho) pelo historiador e pelo cronista. Aliás, o homem Wellington, impulsivo, temperamental, revolto, teria tudo para não reunir os atributos do historiador que o foi, ou seja, um homem dedicado à pesquisa, atividade que exige paciência, pertinácia, disciplina, método...

as cigarras são guitarras trágicas. plugam-se/se/se/se nas árvores em dós sustenidos. kipling recitam a plenos pulmões. ...

literatura paraibana sergio castro pinto zoo imaginario poemas

as cigarras
são guitarras trágicas. plugam-se/se/se/se nas árvores em dós sustenidos. kipling recitam a plenos pulmões. gargarejam vidros moídos. o cristal dos verões poeta X poema
nem sempre o poeta ronda o poema como uma fera a presa. às vezes, fera presa e acuada entre as grades do poema-jaula, doma-o o chicote das palavras. o elefante a João de Farias Pimentel Neto (Netinho)
a cor de pólvora que não explode barril de pólvora mansa apesar do pavio da tromba a coruja
são todo ouvidos os teus olhos de vigília. olhos acesos luzeiros de sabedoria. olhos atentos à geografia do dentro, és uma concha. um encorujado caramujo. monja em voto de silêncio. a zebra a Manoel Jaime Xavier Filho e Silvino Espínola
a zebra é a edição extra de um cavalo que virou notícia do leão, a juba
sol de pelos ao redor da cabeça, a fulva juba flameja: estrela de primeiríssima grandeza! a girafa (II)
a girafa é girassol, a girafa é de lua, não gira bem. é top model, é audrey hepburn, olhem o pescoço que a girafa tem! a girafa (IV)
da terra antípoda, és um gajeiro que só nuvens avista. sarapintado mastro de uma nau à deriva. a girafa (V)
mastro de um circo a céu aberto, sem empanada. aéreo caniço pensante do nada. a garça
na tarde gris, a garça encolhe a perna: ariano saci entre vitórias-régias? a araponga A Sergio Faraco
carcereira, abre a lingueta da garganta e aperta-me o cerco: o canto que a liberta dos ferros me faz prisioneiro. andorinha, andorinha À Maria Carolina, filha caçula
a andorinha anda breve e mínima, tão confusa e cheia de ser fusa ou semicolcheia na pauta dos fios de eletricidade, que já chilreia em alta voltagem. os pardais
os pardais são me(l)ros vira-latas de asas fuçando os quintais o pavão
são tantos olhos abertos sobre a cauda polvilhados que em leque entreaberto há sempre quem o enxergue qual um indiscreto voyeur em um narciso disfarçado noturnos c) nenhuma ovelha pula a cerca de minha insônia. abato a todas. e quanto à lã, serve de enchimento para o travesseiro. serve - a cada manhã – para travestir-me de cordeiro.

*Poemas do livro "Zoo imaginário", que atingiu a maioridade: 16 anos do seu lançamento (2005). O Zoo é ilustrado pelo artista plástico paraibano Flávio Tavares, recebeu o prêmio Guilherme de Almeida, Melhor Livro do Ano (2005), outorgado pela União Brasileira de Escritores. Foi adotado nas escolas públicas de 1º e 2º graus do estado de São Paulo, através do programa Lendo e Aprendendo. Em 2009, por iniciativa do Ministério da Educação, teve uma tiragem de 25 mil exemplares, passando a integrar o acervo do Programa Nacional Biblioteca na Escola. No mesmo ano, a Prefeitura Municipal de João Pessoa (PB) também o adotou - no ano cultural Sérgio de Castro Pinto - para ser lido e analisado por professores e alunos das escolas públicas da capital paraibana.