Alguns poetas nem sempre se submetem passivamente ao espaço claustrofóbico das periodizações literárias, mas, antes, procuram extrapolá-lo para dar vazão ao ecletismo do qual Mário de Andrade fez profissão de fé: “Eu sou trezentos, trezentos-e-cinquenta...”
Quem, dentre os parnasianos, cumpriu à risca o conteúdo programático do Parnasianismo? Quem, dentre os simbolistas, românticos, modernista...
Anotações sobre a poesia de Rodrigues de Carvalho
Alguns poetas nem sempre se submetem passivamente ao espaço claustrofóbico das periodizações literárias, mas, antes, procuram extrapolá-lo para dar vazão ao ecletismo do qual Mário de Andrade fez profissão de fé: “Eu sou trezentos, trezentos-e-cinquenta...”
A revista “Entrelivros” publicou, em abril/2006, trechos de minha entrevista ao poeta Fabrício Carpinejar sobre Mário Quintana , cujo cent...
Entrevista na 'Entrelivros' (Parte 2)
A seguir, publico trechos da entrevista que dei ao poeta Fabrício Carpinejar para a revista Entrelivros , de São Paulo, por ocasião do cen...
Entrevista na 'Entrelivros'
rios, cidades, poetas à moema selma d’andrea o paraíba, o mamanguape, o tigre, o eufrates, o tejo, o sen...
A cidade de Moema
à moema selma d’andrea o paraíba, o mamanguape, o tigre, o eufrates, o tejo, o sena, não desviam o curso do poema. o poema, nenhum rio ou cidade o fazem. só os poetas, à margem do lápis:
sem fórmula não piso a embreagem, piso a paisagem e a ponho em primeira, segunda, terceira e quarta de segunda a sexta. (às ...
Paisagens vistas de um retrovisor
não piso a embreagem, piso a paisagem e a ponho em primeira, segunda, terceira e quarta de segunda a sexta. (às vezes dou-lhe ré, mas ela sempre me escapa). aos sábados e domingos deixo-me ficar em ponto morto diante dessas fotos já sem cor:
Aos amigos Heloísa Arcoverde de Morais e João Leonardo Ribeiro de Morais (irmãos de Luciano) O meu compadre e amigo Luciano Morais,...
O meu compadre Luciano Morais
Os que o conheceram apenas superficialmente tinham tudo para julgá-lo um extrovertido, um sujeito que, sem avareza, sem parcimônia, se gastava de dentro para fora. No entanto, o homem da piada pronta, da resposta precisa, disfarçava o tímido que ele sempre foi e que aparecia de corpo inteiro quando se via obrigado a cumprir um script. Nessas circunstâncias, o meu compadre não desempenhava o papel que, inadvertidamente, alguns desejavam que ele cumprisse, pois, insurrecto, insubmisso, tudo o que atravancasse o seu caminho,
Os poemas de Élvio Vargas parecem recém-saídos do sono e do sonho; parecem esfregar os olhos, abri-los e bocejar, para, só então, serem t...
Os poemas de Élvio Vargas
É da Professora Beatriz Jaguaribe a tese segundo a qual "a literatura e outras artes retomaram o realismo estético, ou ‘o choque do r...
Adalberto Barreto e a Invenção da Verdade
a dor em pessoa no hipocondríaco eu-lírico de Pessoa doía mais a dor fingida do que a dor em pessoa pessoalmente ...
Mar lusitano
Estreando em livro no auge da efervescência das vanguardas, Águia Mendes não fez do concretismo e seus desdobramentos uma espécie de cláus...
Uma obra em progresso
Sobre o Movimento de Maio de 1968, na França, Jomar Souto, poeta paraibano pertencente à Geração 59, escreveu: “ (...) Lembro bem se m...
'Os vivos (?) e os mortos', de Fernando Monteiro
Eu mesmo, por ocasião do autoexílio de Caetano e Gil, quando ambos se viram forçados a migrar para Londres, letreei uma composição de Cleodato Porto, “Monstros soltos por aqui”:
João Cabral de Melo Neto repetia à exaustão que existem dois grupos distintos de poetas: os que escrevem por excesso de ser e os que es...
Ainda João Cabral e o livro de Kahê
Se o poema é triste, tal circunstância não quer dizer que o autor também o seja. O eu-lírico pode até ter escrito o poema movido pela mais...
'Nem sempre é como lhe parece'
Foi na época em que trabalhei no Núcleo de Arte Contemporâneo (NAC), órgão da Universidade Federal da Paraíba, que ouvi, pela primeira vez...
'Plumagem do Vento'
Faz bem o poeta em escutar as suas vozes interiores, vozes “esquizofrênicas” * sem as quais o poema seria pautado simplesmente a partir...
Paganíssima Trindade
São muitos os que resgataram o Titanic do fundo para a superfície do mar e tornaram a devolvê-lo às funduras abissais do oceano. São rotei...
O crepúsculo da arrogância
o argueiro haicai da paisagem em pó convertido. feudo loteado no olho. o argueiro é ainda o rochedo de sísifo. ...
O rochedo de Sísifo
haicai da paisagem em pó convertido. feudo loteado no olho. o argueiro é ainda o rochedo de sísifo. sem fórmula
não piso a embreagem, piso a paisagem e a ponho em primeira, segunda, terceira e quarta de segunda a sexta. (às vezes dou-lhe ré, mas ela sempre me escapa). aos sábados e domingos deixo-me ficar em ponto morto diante dessas fotos já sem cor: paisagens vistas de um retrovisor? circo mambembe
o drama projeta-se além do palco: hoje encenam a paixão de cristo, amanhã conduzem a cruz do mastro. rios, cidades, poetas À Moema Selma D’Andrea
o paraíba, o mamanguape, o tigre, o eufrates, o tejo, o sena, não desviam o curso do poema. o poema, nenhum rio ou cidade o fazem. só os poetas, à margem do lápis: caniço pensante na maré vazante da linguagem. o preto cosme, pintor de paredes
o preto cosme caiava como quem dispara tiros a esmo ou como quem bêbado erra o prumo e salpica-se de cal estrela-se de cal caiando-se a si mesmo qual fosse um muro branco de susto homiziando um preto seu isidoro
seu Isidoro era eletricista e a sua barba hirsuta hirta era um rolo de fios desencapados soltando faíscas seu isidoro era uma pilha um surto um curto um longo circuito atritando-se com a vida
Não fosse Clodovil, o Correio das Artes teria sido extinto. Isso mesmo, falo de Clodovil Hernandes , o estilista que, em inícios dos anos...
Clodovil Hernandes e Acácio Werneck
Wellington Hermes Vasconcelos de Aguiar foi quem me recepcionou por ocasião do meu ingresso na Academia Paraibana de Letras. E quando o e...
O Wellington Aguiar que eu sei
as cigarras são guitarras trágicas. plugam-se/se/se/se nas árvores em dós sustenidos. kipling recitam a plenos pulmões. ...
Zoo imaginário faz 16 anos
são guitarras trágicas. plugam-se/se/se/se nas árvores em dós sustenidos. kipling recitam a plenos pulmões. gargarejam vidros moídos. o cristal dos verões poeta X poema
nem sempre o poeta ronda o poema como uma fera a presa. às vezes, fera presa e acuada entre as grades do poema-jaula, doma-o o chicote das palavras. o elefante a João de Farias Pimentel Neto (Netinho)
a cor de pólvora que não explode barril de pólvora mansa apesar do pavio da tromba a coruja
são todo ouvidos os teus olhos de vigília. olhos acesos luzeiros de sabedoria. olhos atentos à geografia do dentro, és uma concha. um encorujado caramujo. monja em voto de silêncio. a zebra a Manoel Jaime Xavier Filho e Silvino Espínola
a zebra é a edição extra de um cavalo que virou notícia do leão, a juba
sol de pelos ao redor da cabeça, a fulva juba flameja: estrela de primeiríssima grandeza! a girafa (II)
a girafa é girassol, a girafa é de lua, não gira bem. é top model, é audrey hepburn, olhem o pescoço que a girafa tem! a girafa (IV)
da terra antípoda, és um gajeiro que só nuvens avista. sarapintado mastro de uma nau à deriva. a girafa (V)
mastro de um circo a céu aberto, sem empanada. aéreo caniço pensante do nada. a garça
na tarde gris, a garça encolhe a perna: ariano saci entre vitórias-régias? a araponga A Sergio Faraco
carcereira, abre a lingueta da garganta e aperta-me o cerco: o canto que a liberta dos ferros me faz prisioneiro. andorinha, andorinha À Maria Carolina, filha caçula
a andorinha anda breve e mínima, tão confusa e cheia de ser fusa ou semicolcheia na pauta dos fios de eletricidade, que já chilreia em alta voltagem. os pardais
os pardais são me(l)ros vira-latas de asas fuçando os quintais o pavão
são tantos olhos abertos sobre a cauda polvilhados que em leque entreaberto há sempre quem o enxergue qual um indiscreto voyeur em um narciso disfarçado noturnos c) nenhuma ovelha pula a cerca de minha insônia. abato a todas. e quanto à lã, serve de enchimento para o travesseiro. serve - a cada manhã – para travestir-me de cordeiro.