agosto 04, 2021
didi À memória de Elzo Franca, amigo e primo. didi bate a falta com efeito. o goleiro adversário é puro espanto: vê a bo...
didi
À memória de Elzo Franca, amigo e primo.
didi bate a falta com efeito.
o goleiro adversário é puro espanto:
vê a bola de couro
me-ta-mor-fo-se-ar-se
em uma folha seca
do mais triste outono.
a torcida faz a festa.
a a bola não é mais a bola,
a redonda, o balão, a esfera,
não é mais folha seca,
mas a semente, o goivo,
agosto 04, 2021
julho 25, 2021
Quem, dentre os parnasianos, cumpriu à risca o conteúdo programático do Parnasianismo? Quem, dentre os simbolistas, românticos, modernista...
Quem, dentre os parnasianos, cumpriu à risca o conteúdo programático do Parnasianismo? Quem, dentre os simbolistas, românticos, modernistas etc., se confinou nos limites dessas correntes literárias? Aqui, cabe a pergunta: o parnasiano foi apenas parnasiano e o modernista apenas modernista?
Alguns poetas nem sempre se submetem passivamente ao espaço claustrofóbico das periodizações literárias, mas, antes, procuram extrapolá-lo para dar vazão ao ecletismo do qual Mário de Andrade fez profissão de fé: “Eu sou trezentos, trezentos-e-cinquenta...”
julho 25, 2021
julho 18, 2021
A revista “Entrelivros” publicou, em abril/2006, trechos de minha entrevista ao poeta Fabrício Carpinejar sobre Mário Quintana , cujo cent...
A revista “Entrelivros” publicou, em abril/2006, trechos de minha
entrevista ao poeta Fabrício Carpinejar sobre Mário Quintana, cujo centenário de nascimento foi comemorado naquele ano. Por razões de espaço, o texto da entrevista não foi publicado de forma integral, razão pela qual veiculo os trechos que foram omitidos.
julho 18, 2021
julho 11, 2021
A seguir, publico trechos da entrevista que dei ao poeta Fabrício Carpinejar para a revista Entrelivros , de São Paulo, por ocasião do cen...
A seguir, publico trechos da entrevista que dei ao poeta Fabrício Carpinejar para a revista Entrelivros, de São Paulo, por ocasião do centenário do poeta Mário Quintana, no ano de 2006. No próximo dia 30 de julho, o autor gaúcho estaria completando cento e vinte e cinco anos, o que justifica a transcrição da entrevista:
julho 11, 2021
julho 02, 2021
rios, cidades, poetas à moema selma d’andrea o paraíba, o mamanguape, o tigre, o eufrates, o tejo, o sen...
rios, cidades, poetas
à moema selma d’andrea
o paraíba, o mamanguape,
o tigre, o eufrates,
o tejo, o sena,
não desviam o curso do poema.
o poema, nenhum rio
ou cidade o fazem.
só os poetas, à margem do lápis:
julho 02, 2021
junho 26, 2021
sem fórmula não piso a embreagem, piso a paisagem e a ponho em primeira, segunda, terceira e quarta de segunda a sexta. (às ...
sem fórmula
não piso a embreagem,
piso a paisagem
e a ponho em primeira,
segunda, terceira e quarta
de segunda a sexta.
(às vezes dou-lhe ré,
mas ela sempre me escapa).
aos sábados e domingos
deixo-me ficar em ponto morto
diante dessas fotos já sem cor:
junho 26, 2021
junho 18, 2021
Aos amigos Heloísa Arcoverde de Morais e João Leonardo Ribeiro de Morais (irmãos de Luciano) O meu compadre e amigo Luciano Morais,...
Aos amigos Heloísa Arcoverde de Morais e João Leonardo Ribeiro de Morais (irmãos de Luciano)
O meu compadre e amigo Luciano Morais, menino impossível e azougado, foi cremado nesta segunda-feira, dia 14 de junho de 2021, na cidade do Recife.
Os que o conheceram apenas superficialmente tinham tudo para julgá-lo um extrovertido, um sujeito que, sem avareza, sem parcimônia, se gastava de dentro para fora. No entanto, o homem da piada pronta, da resposta precisa, disfarçava o tímido que ele sempre foi e que aparecia de corpo inteiro quando se via obrigado a cumprir um script. Nessas circunstâncias, o meu compadre não desempenhava o papel que, inadvertidamente, alguns desejavam que ele cumprisse, pois, insurrecto, insubmisso, tudo o que atravancasse o seu caminho,
junho 18, 2021
junho 11, 2021
Os poemas de Élvio Vargas parecem recém-saídos do sono e do sonho; parecem esfregar os olhos, abri-los e bocejar, para, só então, serem t...
Os poemas de Élvio Vargas parecem recém-saídos do sono e do sonho; parecem esfregar os olhos, abri-los e bocejar, para, só então, serem tomados do susto de nascer e de adquirirem a condição de poemas. Mesmo assim, ainda conservam o cordão umbilical parcialmente atado ao mundo informe que lhes deu origem. São, em suma, jorros de um sonho onde convivem harmoniosamente o caos e a cosmogonia, ambos faces de uma só moeda,
junho 11, 2021
junho 04, 2021
É da Professora Beatriz Jaguaribe a tese segundo a qual "a literatura e outras artes retomaram o realismo estético, ou ‘o choque do r...
É da Professora Beatriz Jaguaribe a tese segundo a qual "a literatura e outras artes retomaram o realismo estético, ou ‘o choque do real’, como uma das manifestações mais importantes da cultura globalizada (a expressão ‘choque da cultura é assim definida pela professora: ‘a utilização de estéticas realistas que visam a suscitar efeito de espanto catártico no espectador ou leitor’)". 1
junho 04, 2021
maio 26, 2021
a dor em pessoa no hipocondríaco eu-lírico de Pessoa doía mais a dor fingida do que a dor em pessoa pessoalmente ...
a dor em pessoa
no hipocondríaco
eu-lírico
de Pessoa
doía mais
a dor
fingida
do que a dor
em pessoa
pessoalmente
sentida
maio 26, 2021
maio 18, 2021
Estreando em livro no auge da efervescência das vanguardas, Águia Mendes não fez do concretismo e seus desdobramentos uma espécie de cláus...
Estreando em livro no auge da efervescência das vanguardas, Águia Mendes não fez do concretismo e seus desdobramentos uma espécie de cláusula pétrea, de verdade absoluta, pois, se assim o fizesse, calaria para sempre as muitas vozes “esquizofrênicas” que só os verdadeiros poetas sabem escutar e repercutir nos seus poemas. Não foi assim com Olavo Bilac, que ouvia estrelas? E com Ponge, que escutava as coisas? E ainda com o Ferreira Gullar do “Muitas vozes”?
maio 18, 2021
maio 08, 2021
Sobre o Movimento de Maio de 1968, na França, Jomar Souto, poeta paraibano pertencente à Geração 59, escreveu: “ (...) Lembro bem se m...
Sobre o Movimento de Maio de 1968, na França, Jomar Souto, poeta paraibano pertencente à Geração 59, escreveu:
“ (...)
Lembro bem
se me lembro,
você coberta de giz,
chorando lacrimogênio
num bulevar de Paris”.
Eu mesmo, por ocasião do autoexílio de Caetano e Gil, quando ambos se viram forçados a migrar para Londres, letreei uma composição de Cleodato Porto, “Monstros soltos por aqui”:
maio 08, 2021
abril 30, 2021
João Cabral de Melo Neto repetia à exaustão que existem dois grupos distintos de poetas: os que escrevem por excesso de ser e os que es...
João Cabral de Melo Neto repetia à exaustão que existem dois grupos distintos de poetas: os que escrevem por excesso de ser e os que escrevem por carência de ser. Os primeiros, conforme o autor de “A Educação pela Pedra”, articulam um discurso caudaloso, torrencial, sempre na primeira pessoa do singular, enquanto os últimos são comedidos, avaros, no que diz respeito às efusões líricas, além de converterem o poema num complemento, num acessório, num ponto de equilíbrio que lhes confere uma certa sensação de completude.
abril 30, 2021
abril 21, 2021
Se o poema é triste, tal circunstância não quer dizer que o autor também o seja. O eu-lírico pode até ter escrito o poema movido pela mais...
Se o poema é triste, tal circunstância não quer dizer que o autor também o seja. O eu-lírico pode até ter escrito o poema movido pela mais profunda tristeza, mas isso não quer dizer necessariamente que o autor seja um triste em regime de tempo integral e dedicação exclusiva. Por essas e outras é que alguns leitores de Augusto dos Anjos tendem a misturar alhos com bugalhos. Ou seja, julgam o autor, o homem Augusto dos Anjos, tão ou mais triste quanto os seus poemas, sem saber dos versos humorísticos que ele publicava nos jornaizinhos que circulavam durante os festejos de Nossa Senhora das Neves, padroeira da cidade de João Pessoa, anteriormente denominada Parahyba do Norte.
abril 21, 2021
abril 11, 2021
Foi na época em que trabalhei no Núcleo de Arte Contemporâneo (NAC), órgão da Universidade Federal da Paraíba, que ouvi, pela primeira vez...
Foi na época em que trabalhei no Núcleo de Arte Contemporâneo (NAC), órgão da Universidade Federal da Paraíba, que ouvi, pela primeira vez, a expressão fazer fotografia. Até então, só escutara o termo tirar fotografia. E como estava lendo o monumental “Mimesis”, de Eric Auerbach, procurei estabelecer, meio intuitivamente, um cotejo entre as duas expressões.
abril 11, 2021
abril 04, 2021
Faz bem o poeta em escutar as suas vozes interiores, vozes “esquizofrênicas” * sem as quais o poema seria pautado simplesmente a partir...
Faz bem o poeta em escutar as suas vozes interiores, vozes “esquizofrênicas”* sem as quais o poema seria pautado simplesmente a partir de breviários estéticos ou de conteúdos programáticos. Aliás, já não era sem tempo de os poetas contemporâneos mostrarem-se livres atiradores, diferentes de quando as vanguardas, já exauridas, extenuadas, imprimiam à poesia brasileira uma articulação monocórdica, um repertório cheio de tiques e de cacoetes plenamente superados por força do uso. Tanto é assim que a lírica nacional tem incorporado alguns elementos do surrealismo**,
abril 04, 2021
março 26, 2021
São muitos os que resgataram o Titanic do fundo para a superfície do mar e tornaram a devolvê-lo às funduras abissais do oceano. São rotei...
São muitos os que resgataram o Titanic do fundo para a superfície do mar e tornaram a devolvê-lo às funduras abissais do oceano. São roteiristas de cinema, cineastas, poetas, ficcionistas, historiadores, jornalistas, cada qual querendo reconstituir os momentos de grandeza e de vilania dos passageiros e da tripulação.
março 26, 2021
março 19, 2021
o argueiro haicai da paisagem em pó convertido. feudo loteado no olho. o argueiro é ainda o rochedo de sísifo. ...

o argueiro
haicai da paisagem
em pó convertido.
feudo loteado no olho.
o argueiro é ainda
o rochedo de sísifo.
sem fórmula
não piso a embreagem,
piso a paisagem
e a ponho em primeira,
segunda, terceira e quarta
de segunda a sexta.
(às vezes dou-lhe ré,
mas ela sempre me escapa).
aos sábados e domingos
deixo-me ficar em ponto morto
diante dessas fotos já sem cor:
paisagens vistas de um retrovisor?
circo mambembe
o drama projeta-se além do palco:
hoje encenam a paixão de cristo,
amanhã conduzem a cruz do mastro.
rios, cidades, poetas
À Moema Selma D’Andrea
o paraíba, o mamanguape,
o tigre, o eufrates,
o tejo, o sena,
não desviam o curso do poema.
o poema, nenhum rio
ou cidade o fazem.
só os poetas, à margem do lápis:
caniço pensante na maré vazante da linguagem.
o preto cosme, pintor de paredes
o preto cosme caiava
como quem dispara
tiros a esmo
ou como quem bêbado
erra o prumo
e salpica-se de cal
estrela-se de cal
caiando-se a si mesmo
qual fosse um muro
branco de susto
homiziando um preto
seu isidoro
seu Isidoro era eletricista
e a sua barba hirsuta hirta
era um rolo de fios
desencapados
soltando faíscas
seu isidoro era uma pilha
um surto um curto
um longo circuito
atritando-se com a vida
março 19, 2021
março 13, 2021
Não fosse Clodovil, o Correio das Artes teria sido extinto. Isso mesmo, falo de Clodovil Hernandes , o estilista que, em inícios dos anos...
Não fosse Clodovil, o
Correio das Artes teria sido extinto. Isso mesmo, falo de
Clodovil Hernandes, o estilista que, em inícios dos anos 80, tinha um quadro no programa TV Mulher, da Rede Globo de Televisão.
março 13, 2021
março 05, 2021
Wellington Hermes Vasconcelos de Aguiar foi quem me recepcionou por ocasião do meu ingresso na Academia Paraibana de Letras. E quando o e...
Wellington Hermes Vasconcelos de Aguiar foi quem me recepcionou por ocasião do meu ingresso na Academia Paraibana de Letras. E quando o escolhi, falaram alto a nossa amizade e a admiração que eu tinha (e tenho) pelo historiador e pelo cronista. Aliás, o homem Wellington, impulsivo, temperamental, revolto, teria tudo para não reunir os atributos do historiador que o foi, ou seja, um homem dedicado à pesquisa, atividade que exige paciência, pertinácia, disciplina, método...
março 05, 2021