Memória Para escrever o presente texto não precisei ir ao arquivo de jornais, livros e documentos. Bastou o arquivo da memória, onde...

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Memória

Para escrever o presente texto não precisei ir ao arquivo de jornais, livros e documentos. Bastou o arquivo da memória, onde o prédio da velha A União ainda permanece aceso dentro da noite, com o ruído seco das suas linotipos e o som de uma sineta anunciando a chegada de provas para a revisão.

Eis uma imagem que perdura na minha lembrança. Demoliram o antigo prédio do tradicional jornal mas ele continua presente dentro de mim. E chegou a vez de evocar aquele poema de Manuel Bandeira – Última Canção do Beco – em que há uns versos assim:

O cientista e evolucionista alemão Ernst Haeckel, no livro Os enigmas do universo (tradução de Camille Bos. Paris: Librairie C. Reinw...

O cientista e evolucionista alemão Ernst Haeckel, no livro Os enigmas do universo (tradução de Camille Bos. Paris: Librairie C. Reinwald/Schleicher Frères Éditeurs, 1902), que citaremos neste ensaio, em tradução nossa da língua francesa, procura nos dar uma rápida visão do olhar científico da sua época, a respeito de como a Terra, “uma parte infinitamente pequena do Cosmo” (Capítulo XIII – História do desenvolvimento do Universo, p. 285), teria se formado.

A abóbada celeste já estava ali, a olhos vistos. Não a cúpula que ostenta os céus ao redor da Terra, bem acima dela, mas o monumental t...

A abóbada celeste já estava ali, a olhos vistos. Não a cúpula que ostenta os céus ao redor da Terra, bem acima dela, mas o monumental teto do Royal Albert Hall, em Londres. Tudo brilhava com os mágicos efeitos de sua magnífica iluminação, em sintonia com a luz que contornava a aura coletiva de uma plateia em burburinho, já encantada com o porvir.

O hino “Vem, Espírito Criador” explode com o órgão, a grande orquestra, os quatro corais, dando início à “Sinfonia dos Mil”, como é conhecida a 8ª sinfonia de Gustav Mahler. A plateia, calada por dentro e gritando na alma, entra em sintonia com a mensagem:

O texto que publico a seguir foi escrito há quatro anos por minha bela e muito amada filha. Nada mais atual: ...

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O texto que publico a seguir foi escrito há quatro anos por minha bela e muito amada filha. Nada mais atual:
Pra quem não sabe: sou nordestina. Não voto no PT. Já votei. Não mais. Mas não sou definida por isso. Também sou mãe, esposa, filha, irmã, amiga... Até inimiga.

Me formei em direito. Cursei Letras. Pós em tradução jurídica pela PUC e tradução pela USP (tomando inclusive vagas de sulistas no processo seletivo). Pós também em gastronomia, mais exatamente Cozinheira Chef Internacional. Teatro e TV também fazem parte de minha formação.

Nuzree
Luto boxe e Muay Thai. Fui da equipe estadual de natação. Joguei vôlei e handebol no colégio. Hoje em dia corro.

Sei dirigir carro mecânico. Sou ótima com decoração. Faço terapia. Falo inglês com fluência. Me viro no francês e no espanhol e estou aprendendo japonês.

Sou espírita.

Viajei e viajo muito pelo Brasil. Morei na Inglaterra. Já viajei para Argentina, Paraguai, França, Irlanda, Escócia, EUA, Chile e Austrália. Portugal também, a passeio, para conhecer aqueles que um dia falaram de nós como hoje você fala de mim.

Leio pra caramba. Assisto a filmes até cansar os olhos. Tenho amigos gays, héteros, casados, solteiros, divorciados e até viúvos.

Ainda assim, nada disso me define.

Como nada disso definiria você. E, mesmo que definisse, eu te respeitaria.

Nuzree
Não é a escolha política de uma pessoa, um estado ou uma região que a define.

Porém é sua opinião pequena que a define, uma atitude diz mais sobre quem você é, e qual o tipo de caráter que você tem, do que sobre seus supostos julgados.

Soberba é pecado. Racismo é crime. Arrogância é feio.

Você acaba sendo pequeno.

Graças a Deus tenho fé na humanidade e esperança de que você evolua.

Negros já foram execrados, assim como mulheres, assim como judeus, assim como homossexuais, assim como nós todos, brasileiros.

Seja sempre bem-vindo ao meu Nordeste; lindo, hospitaleiro e misericordioso. Espero, pelo bem do Brasil, que ele não fique independente, porque senão, você, racista preconceituoso, estará perdido!"
Ana Carolina Pires Bezerra Muro

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Nota do autor: Só tomei conhecimento deste texto, de minha filha Ana Carolina (foto à direita), esta semana, através do amigo Dedé Borréia, que soltou uma graça: “- Você nunca vai escrever tão bem como sua filha”. Mas posso me esforçar, né?

Acho que acontece a todo mundo. Muitas vezes, a gente sai da cama com umas saudades esquisitas. E a coisa se agrava na marcha irrefreáv...

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Acho que acontece a todo mundo. Muitas vezes, a gente sai da cama com umas saudades esquisitas. E a coisa se agrava na marcha irrefreável dos anos. Quanto mais velha a cabeça se põe, mais embaralha o miolo. Já acordei com falta de doce americano, raspadinha de morango, porta-chapéu, brilhantina, estampas da Eucalol e camisa volta-ao-mundo.

Sempre me senti no vácuo em relação ao Ministro Oswaldo Trigueiro de Albuquerque Melo. Em 1946/47, quando, nos meus 13 anos o surpreend...

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Sempre me senti no vácuo em relação ao Ministro Oswaldo Trigueiro de Albuquerque Melo. Em 1946/47, quando, nos meus 13 anos o surpreendi de retrato colado na janela de nossa casa, em Alagoa Nova, candidato a governador pelo partido do Brigadeiro, seu retrato não me pareceu mais simpático que o do herói dos Dezoito do Forte de 1922, um esquisitão que a Igreja adorava e que a oposição castigava com baixezas do tipo “é capado.”

Olhando o espelho retrovisor de tempos vividos, muitas vezes nos surpreendemos com lembranças que nos contam acontecimentos até de muit...

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Olhando o espelho retrovisor de tempos vividos, muitas vezes nos surpreendemos com lembranças que nos contam acontecimentos até de muita alegria, vividas naquela época, notadamente quando exibíamos a primeira grande conquista da vida, que era o ingresso na Universidade da Paraíba.

Nos investíamos das muitas indulgências que a cidade nos concedia, como universitários.

No último dia 10 de novembro, dentro da Programação do 2° Festival de Arte e Cultura do IFPB , a referida instituição, por meio da Pró-...

No último dia 10 de novembro, dentro da Programação do 2° Festival de Arte e Cultura do IFPB, a referida instituição, por meio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proexc), incluiu entre suas quatro atividades o 3° Concurso Literário do IFPB, em foram homenageadas, simultaneamente, as escritoras Lourdes Ramalho (in memorian) e Marília Arnaud.

Para definir a situação atual do País, recordo uma assertiva de Dom Marcelo Carvalheira de vinte anos atrás, quando nosso arcebispo em...

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Para definir a situação atual do País, recordo uma assertiva de Dom Marcelo Carvalheira de vinte anos atrás, quando nosso arcebispo emérito dizia àquela época que “estávamos vivendo uma guerra civil”. Quando escutei isto, num tempo quando ainda a incidência da violência não amedrontava tanto, mesmo rodando às nossas casas, estremeci.

As palavras “guerra civil” sempre estiveram na minha mente como algo pernicioso à dignidade humana, porque escutava meu pai conversar sobre isso quando me colocava perto do balcão na bodega, em nossa casa.

Dois jovens brancos, skinheads, atiram uma mulher Rume no rio Elba, a uma temperatura abaixo de zero. A mulher é milagrosamente salva ...

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Dois jovens brancos, skinheads, atiram uma mulher Rume no rio Elba, a uma temperatura abaixo de zero. A mulher é milagrosamente salva por um agricultor. Um conselho (?) de Defesa Rume exige punição e os jovens são presos, mas o Partido Nacionalista, de extrema direita, os defende e eles ganham a liberdade. Há muitas histórias como essa em Lunik-IX. Uma delas é a dessa mulher de idade madura, branca, olhos azuis, que eles encontram estendendo roupas num varal, ao lado de sua casa e sem muita pressa, como se pretendesse interpor sua figura à passagem dos homens com a parafernália do áudio-visual. Como se assim esperasse ser notada pela excepcional visita de uma rede de televisão da União Européia.

Em meio à caminhada pela estrada canavieira recheada de chuva intermitente, risos aventureiros e lama contínua, percebo que é um novemb...

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Em meio à caminhada pela estrada canavieira recheada de chuva intermitente, risos aventureiros e lama contínua, percebo que é um novembro, em um mês estranho de um ano confuso. Lá fora, no dito mundo, sabe-se que ainda haverá Copa do Mundo mesmo com o São João já ido; e em frente aos quartéis há torcedores canarinhos que pedem golpe, querem mudar a regra do jogo... em vão esperneiam.

Há muito tempo não uso relógio. E fui daqueles que tinha relógios coloridos que mudava de pulseira como quem muda de horas. Depois, vi...

Há muito tempo não uso relógio. E fui daqueles que tinha relógios coloridos que mudava de pulseira como quem muda de horas.

Depois, vi que o tempo está dentro de nós. Assim como o sol que viola a janela de meu quarto nessa manhã virótica.

Às vezes, acho que meu relógio do tempo está sempre sendo reiniciado do zero. Como em um filme a que assisti (já faz tempo) e não lembro o nome.

Sara Groblechner
Mas não reclamo. É como se nunca tivesse deixado de ser o zumbi de lá atrás.

Outro dia coloquei aqui um poema de Cassiano Ricardo sobre o relógio, poema este que gosto muito:

O Relógio
Diante de coisa tão doida Conservemo-nos serenos Cada minuto da vida Nunca é mais, é sempre menos Ser é apenas uma face Do não ser, e não do ser Desde o instante em que se nasce Já se começa a morrer

Curioso que nunca fui muito de venerar relógios.

Quando era guri, queria ter um, porque a gente sempre quer o mundo adulto quando estamos pequenos.

Então, como os demais meninos da rua, costumava desenhar a lápis um relógio em meu braço esquerdo (aliás, nunca entendi porque só se usava relógio em braço esquerdo).

Mile Cure
O desenho era tosco, pois sempre fui péssimo nessa arte, mas atendia à vaidade de achar que tinha um relógio no braço.

Depois, viraram moda uns relógios coloridos, com as pulseiras de cores diferentes.

A gente comprava um e ele vinha com várias pulseiras de cores diferentes, lembram?

Eu tive um bicho desses, não sei se foi comprado ou se ganhei. Parei de usar relógio depois que comprei meu primeiro celular.

Àquela altura, já usava o relógio apenas para ver as horas, e não mais para enfeitar minha vaidade.

Como o celular já tem a hora na tela, preferi parar de usar relógio. Mas o poema de Cassiano Ricardo guardo comigo até hoje.

Afinal, “cada minuto da vida/ nunca é mais, é sempre menos”...

Segundo pesquisa recente feita na Inglaterra, os homens preferem o futebol ao sexo. Entre pernas cabeludas correndo num campo e pernas ...

futebol paixao clubes partida
Segundo pesquisa recente feita na Inglaterra, os homens preferem o futebol ao sexo. Entre pernas cabeludas correndo num campo e pernas depiladas movendo-se sobre um colchão, eles preferem as primeiras.

Isso deixa intrigados sexólogos, antropólogos e terapeutas comportamentais, que não conseguem entender como se pode trocar, por exemplo, um orgasmo por um grito de gol. Ou os pequenos carinhos

Reconstruir uma história familiar pode levar décadas, ou milênios como alguns povos estão tentando em regiões nem tão inóspitas como im...

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Reconstruir uma história familiar pode levar décadas, ou milênios como alguns povos estão tentando em regiões nem tão inóspitas como imaginamos. Nossos povos latinos sequelados e sofridos durante longos genocídios, devido a propósitos unicamente econômicos, se desfizeram por medo e morte, e caso não se omitissem da violência opressora correriam o risco de extermínio. Ficamos intimamente ligados às pessoas e aos lugares, ao país, à língua que adotamos. Desejamos ficar ali pra sempre, por isso o mal é intenso quando nos tiram os laços construídos em nossa comunidade.

Ontem pela manhã descubro que brotaram cogumelos na plantinha do meu banheiro. À tarde se abriram gloriosos, à noite começaram a murch...

cogumelos auto ajuda velhice
Ontem pela manhã descubro que brotaram cogumelos na plantinha do meu banheiro. À tarde se abriram gloriosos, à noite começaram a murchar e hoje, descubro que estão secando.

Paradoxo da vida. Amanhecer e morrer durante vinte e quatro horas.

Conosco não é diferente. Cheguei aos sessenta anos questionando o que virá. Estou no penúltimo ciclo do cogumelo… começando a murchar?

Ela nunca tocara tão bem até então. O artista sabe. Sempre. Quando se sai bem e quando não. Quando se sai mais ou menos também. O artis...

musica violino violinista concerto
Ela nunca tocara tão bem até então. O artista sabe. Sempre. Quando se sai bem e quando não. Quando se sai mais ou menos também. O artista não precisa da crítica, pelo menos não sempre. Pois ele, lá no fundo de si mesmo, sabe. Ou desconfia. As críticas favoráveis certificam-lhe o que ele já sabe – ou pressente -, mas servem-lhe de afago, de confirmação, coisas tão necessárias para o ego inseguro quanto água para os sedentos. Por isso ela estranhou aquele silêncio vindo de quem ela menos esperava. Que ocorrera? Ela queria entender.