Há muito tempo não uso relógio. E fui daqueles que tinha relógios coloridos que mudava de pulseira como quem muda de horas. Depois, vi...

O tempo está dentro de nós

Há muito tempo não uso relógio. E fui daqueles que tinha relógios coloridos que mudava de pulseira como quem muda de horas.

Depois, vi que o tempo está dentro de nós. Assim como o sol que viola a janela de meu quarto nessa manhã virótica.

Às vezes, acho que meu relógio do tempo está sempre sendo reiniciado do zero. Como em um filme a que assisti (já faz tempo) e não lembro o nome.

Sara Groblechner
Mas não reclamo. É como se nunca tivesse deixado de ser o zumbi de lá atrás.

Outro dia coloquei aqui um poema de Cassiano Ricardo sobre o relógio, poema este que gosto muito:

O Relógio
Diante de coisa tão doida Conservemo-nos serenos Cada minuto da vida Nunca é mais, é sempre menos Ser é apenas uma face Do não ser, e não do ser Desde o instante em que se nasce Já se começa a morrer

Curioso que nunca fui muito de venerar relógios.

Quando era guri, queria ter um, porque a gente sempre quer o mundo adulto quando estamos pequenos.

Então, como os demais meninos da rua, costumava desenhar a lápis um relógio em meu braço esquerdo (aliás, nunca entendi porque só se usava relógio em braço esquerdo).

Mile Cure
O desenho era tosco, pois sempre fui péssimo nessa arte, mas atendia à vaidade de achar que tinha um relógio no braço.

Depois, viraram moda uns relógios coloridos, com as pulseiras de cores diferentes.

A gente comprava um e ele vinha com várias pulseiras de cores diferentes, lembram?

Eu tive um bicho desses, não sei se foi comprado ou se ganhei. Parei de usar relógio depois que comprei meu primeiro celular.

Àquela altura, já usava o relógio apenas para ver as horas, e não mais para enfeitar minha vaidade.

Como o celular já tem a hora na tela, preferi parar de usar relógio. Mas o poema de Cassiano Ricardo guardo comigo até hoje.

Afinal, “cada minuto da vida/ nunca é mais, é sempre menos”...

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