julho 16, 2018
O engenheiro e construtor sertanejo, Stelo Queiroga, nascido em São José do Rio do Peixe (PB) e "pessoense" desde adolescente, te...

O engenheiro e construtor sertanejo, Stelo Queiroga, nascido em São José do Rio do Peixe (PB) e "pessoense" desde adolescente, tem nas veias um destacado DNA literário, e, na poesia, uma vocação natural.
Há algum tempo, através de meu filho arquiteto, Germano Romero, e seu amigo, tomei conhecimento e tive o prazer de ler alguns de seus poemas, bem rimados, bem ritmados e muito sintonizados com as raízes da cultura nordestina. Um dia desses, meu amigo e confrade da Academia Paraibana de Letras, Abelardo Jurema Filho, ressaltou, merecidamente, na sua coluna do Correio da Paraíba, as qualidades deste engenheiro sertanejo, cheio de talento e história para contar. Que ele continue edificando em pedra e concreto armado, mas também com sua prosa cheia de graça.
Abrimos espaço para esse pequeno verso, ilustrado com uma tela de autoria de Germano, fã de Stelo, que ilustra a figura do canoeiro, personagem tão presente em nossa terra.
Eu sou brasileiro, canoeiro forte,
do Sul e do norte, do rio e do mar.
Vou remando a vida, sofrida ou alegre,
sem nada que regre, meu bom labutar.
Sigo em meu balanço, sem ranço sem mágoas.
É o ritmo das águas que impõe-me rimar...
julho 16, 2018
julho 15, 2018
N as últimas semanas, todas as atenções andaram voltadas para uma bola. Uma bola de futebol. Não é sem razão que o nosso planeta é uma bola....
Nas últimas semanas, todas as atenções andaram voltadas para uma bola. Uma bola de futebol. Não é sem razão que o nosso planeta é uma bola. E o importante agora foi a bola da Copa, com a participação de não sei quantos países.
A Rússia, escolhida para sediar a grande maratona futebolística, esteve agora em bastante evidência. Muito me lembrei dos nossos passeios por Moscou e São Petersburgo, duas belas e monumentais cidades.
Mas, esqueçamos o anfitrião e falemos da Copa que mexeu muito com a cabeça das pessoas. E a verdade é que muita gente esteve mais preocupada com o copo do que com a Copa. Os bares, todos com tevês, ficaram lotados. E haja acidentes de automóvel com os torcedores de cuca cheia!
Mas, bem que a festa foi bonita, o Hino Nacional foi executado, os bancos diminuíram o expediente, embora o sonho de ser hexa-campeão foi, mais uma vez, sufocado.
E na euforia futebolística eu ficava procurando aquele jovem, que morou muito tempo em mim, mas que agora está maduro de experiências, e que chega a sorrir diante dessa euforia das chuteiras. O jovem que ficava de mãos frias, coração batendo, quando a seleção brasileira entrava em campo. Que chegou até, durante uma final, a sair sozinho pela praia, nervoso, coração palpitando, com medo de ver o resto do jogo, longe da TV e perto do mar, aguardando, ansioso, o barulho de um foguetão. Ele temia que o Brasil perdesse.
Hoje eu fico com uma pena danada do jovem. Que frieza, agora, diante do acontecimento. Nenhuma ansiedade. Vejo os profissionais da bola como simples mercenários, profissionais, mais preocupados com o que vão ganhar do que com a vitória. O torcedor é que é ingênuo. Ei-lo sofrendo por antecipação, ei-lo de copo na mão, gritando com o gol, gol que é uma espécie de orgasmo. Não esquecer de que todo orgasmo termina na tristeza, no vazio. Ah, as ilusões do efêmero!...
julho 15, 2018
julho 15, 2018
T udo no mundo ensina alguma coisa. A pedra dá lições de inflexibilidade, de dureza e de fé. Tanto é assim que Jesus disse que deveríamos co...
Tudo no mundo ensina alguma coisa. A pedra dá lições de inflexibilidade, de dureza e de fé. Tanto é assim que Jesus disse que deveríamos construir a casa na pedra, na rocha e não na areia. O firmamento leciona a beleza do infinito, lição que fazia Pascal tremer de medo. As ondas do mar mostram que tudo nasce e tudo morre, mas vale a pena ver o sorriso branco das espumas. As flores ensinam alegria e as raízes humildade. Ninguém vê as raízes, ninguém diz “que belas que elas são”, entretanto que seria da árvore sem elas?
O vento alegra, limpa e faz as árvores dançarem. E a água? Quantas lições ela nos dá! Lição de persistência, de humildade. E o sol? Que pontualidade no trabalho! Não discrimina, tanto enxuga a sujeira do rico como a do pobre. Já o fogo é violento, mas, que seria de nós sem ele? E as nuvens? Lá do alto ensinam a transcendência e o silêncio. Que maravilha aquele balé lá no céu visto do avião!
E que dizer desta oficina que é o corpo humano, que não pára de trabalhar, mesmo que haja Copa do Mundo? E a tempestade, que ensinamento dá? Ora, ora, ela limpa a atmosfera. Mas, vamos adiante na crônica e falemos da lição das crianças. A lição do entusiasmo pela vida, a lição do encantamento. Elas são inimigas da acomodação, da indiferença, da mesmice. Jesus disse bem: “Vinde a mim as criancinhas porque delas é o Reino dos Céus”. Logo o paraíso é um lugar de muita alegria.
São muitas, portanto, as lições que a Natureza e a Vida nos dão, a todo momento, é só ter olhos de ver. Até as enfermidades nos ensinam. Aquele viciado no fumo ou no álcool vai aprender com a cirrose e o enfisema.
A esta altura, você já está perguntando pelas lições do futebol. São muitas. Veja a lição da solidariedade, todos os jogadores se abraçando de alegria pelo gol feito. Outro ensinamento das chuteiras: ninguém quer a bola para sempre. Logo que a recebe, passa para o outro. Nada de egoísmo. Mais esta lição: respeito absoluto às determinações do árbitro. É preciso muito cuidado com as advertências. E viva o Direito, tão importante como o ar que respiramos. E viva a lei, a quem devemos a ordem e a paz social.
Lições que o futebol dá! O orgasmo do gol, que é uma espécie de êxtase. E a confraternização que ele provoca! Todos se abraçando, das mais diversas etnias, sem discriminação, todos se tornando um, esquecendo seus problemas, vibrando de emoção. E é capaz de um desafeto esquecer suas mágoas, restaurar uma amizade.
Como vimos em mais uma Copa do Mundo, com a França bicampeã, as chuteiras têm a sua didática. E até a religiosidade está presente quando os jogadores entram no gramado fazendo o sinal da cruz.
Mas tudo termina num apito, no apito do juiz. A partida durou tão pouco. Alegria para os vencedores, tristeza para os perdedores. Assim como na vida, tudo nasce, tudo renasce. E veja este outro ensinamento: que seria do jogo sem a grama, a humilde grama, que nasceu para ser pisada...
julho 15, 2018
julho 01, 2018
A palavra cemitério, etimologicamente, significa "lugar onde se dorme". Agora, durmam com uma zoada dessa... Lugar onde se “dorme...

A palavra cemitério, etimologicamente, significa "lugar onde se dorme". Agora, durmam com uma zoada dessa... Lugar onde se “dorme”? Será que os mortos lá estão de olhos fechados e ainda vivos? Decerto, como pensam muitos, estão aguardando o som das trombetas para serem julgados. Uns irão para o céu, outros para o purgatório ou inferno. Não é assim que ensina a religião tradicional?...
Bem, vamos adiante. Um escritor disse, certa vez, que estranhava muito colocarem muros altos nos chamados "campos santos", de vez que “os que estão lá não podem sair e os de fora não desejam entrar”, a não ser nos dias consagrados aos mortos... E houve um asceta budista, Milareta, que chegou a construir sua casa junto de um campo santo só para não esquecer de que morreria.
Deixemos este intróito de crônica e vamos aos cemitérios que visitei, tanto o famoso Père Lachaise, de Paris, que acabei de visitar novamente, como os que avistei de perto, no caso de um cemitério na bela cidade Queenstown, na Nova Zelândia, que fica perto da estrada, sem muro, sem nada. Dir-se-ia que os mortos, ali, talvez desejassem um contato humano.
E agora me vem à lembrança um cemitério em Barcelona, que fica situado bem no alto, no centro da cidade, num lugar privilegiado, onde se pode ter uma visão panorâmica da cidade. Quando o avistei, pensei logo que se tratava de uma favela, um ajuntamento de casinhas. Mas, era um cemitério...
Deixemos Barcelona e voltemos ao Père Lachaise, que já visitei várias vezes, sobretudo pelo original mausoléu de Allan Kardec (o mais florido), no qual se lê a seguinte inscrição: "Naitre, mourir, renaitre encore, progresser sans cesse, tel est la loi" - (nascer, morrer, renascer ainda, progredir sempre, tal é a lei). É lá que estão os restos mortais de Chopin, Danton, Edith Piaf, Bizet, Gounod, Balzac, Oscar Wilde, Proust e outras celebridades.
Outro que merece ser lembrado é o principal cemitério de Buenos Ayres, que fica situado – adivinhe? No centro da cidade, num local cheio de restaurantes, e é um ponto de atração dos turistas. Muita gente alegre, sorrindo, gargalhando, bebendo, erguendo brinde e comendo, completamente indiferente ao cemitério, ali perto, por sinal muito bonito e luxuoso. E os restos mortais da bonita Eva Perón estão sepultados lá.
A verdade é que cemitério também é atração turística. Uns de muros altos, como o de Paris, outros no meio da cidade, sem muro nem portão, e outros como o de Buenos Ayres, todo iluminado e funcionando à noite... E a alguns metros de distância, a algazarra dos turistas, que me fizeram lembrar aquele poema de Bandeira "Momento no café". Como no poema, há os reflexivos e os indiferentes diante da morte.
Um cemitério em pleno centro turístico da cidade... Seriama irreverência aos mortos? Claro que não. Os que se foram não estão mais ali, seja dormindo, seja sonhando. E viva a vida do além-túmulo!
julho 01, 2018
julho 01, 2018
N o último dia 30 completaram-se dezesseis anos do desenlace do maior médium de todos os tempos – Chico Xavier. E me lembrei de um ligeiro b...
No último dia 30 completaram-se dezesseis anos do desenlace do maior médium de todos os tempos – Chico Xavier. E me lembrei de um ligeiro bate-papo imaginado por mim, com ele, no qual as respostas constam de sua bela obra. Ei-lo:
Chico, qual a questão mais aflitiva para o espírito? “É a da consciência do tempo perdido”. E quem mais sofre neste mundo? “Quem mais sofre neste mundo é quem tem menos tempo para si mesmo”.
Devemos sempre dizer a verdade, doa em quem doer? “Bem, é melhor uma mentira que consola do que uma verdade que magoa”. Você já ofendeu alguém? “Graças a Deus, não me lembro de ter revidado a menor ofensa às inúmeras que sofri, certamente objetivando, todas elas, o meu aprendizado e não me recordo que tenha, conscientemente, magoado a quem quer que fosse. Fico triste quando alguém me ofende, mas, com certeza, ficaria mais triste se fosse eu o agressor.”
Defina o que é mediunidade. “Mediunidade é apenas o contato com os espíritos”.
Qual a sua opinião sobre o Brasil? “O Brasil é um país jovem. Muito temos que aprender. O essencial é que aprendamos a evitar as experiências negativas dos outros países.”
Você se sente um homem feliz? “Eu vivo muito alegre, muito feliz. Trabalho, tenho sempre muita gente em volta de mim. Há muita muita gente na minha vida e é disso que eu gosto.
E sobre o casamento? “Sem espírito de tolerância casamento algum vai adiante”.
O que pensa da homoafetividade? “Não consigo entender o preconceito com certo número de pessoas pelo fato de haverem trazido do berço características psicológicas e fisiológicas diferentes da maioria. Acreditamos que o tempo e a compreensão humana traçarão normas sociais susceptíveis de tranquilizar quantos se vinculam a semelhante segmento da comunidade, assegurando-se-lhes o respeito devido a todos os filhos de Deus”.
julho 01, 2018
junho 24, 2018
S im, está chegando a hora de sairmos dessa encantadora decantada Paris, onde fomos nos meter depois de alguns dias por Luxemburgo e Aleman...

Sim, está chegando a hora de sairmos dessa encantadora decantada Paris, onde fomos nos meter depois de alguns dias por Luxemburgo e Alemanha. É final de Primavera e a cidade está apinhada de turistas estrangeiros, que vieram aqui esquecer suas preocupações, seus negócios, e gastar o dinheiro que ganharam.
Mas a vida é assim: uma eterna mudança. Agora é fazer um balanço, por sinal muito positivo. Sempre aprendemos nas viagens. E inevitavelmente chegamos à conclusão de que quatro coisas são importantes para as cidades: calçadas pavimentadas, arborização, silêncio e iluminação.
Esta Paris reúne todas estas qualidades. Seu chão é limpo, há calçadas que são lavadas, diariamente, com sabão, a iluminação é feérica e para onde se viram nossos olhos há um jardim, um canteiro, sem esquecer os parques, com suas árvores, sobretudo os plátanos, que predominam nas ruas parisienses.
Curioso, aqui na Europa, sempre vemos poucas crianças na rua. Informam que as escolas daqui são em tempo integral. Daí, o que predomina na rua é a meia-idade. Ah, como os idosos aqui sabem se divertir, se vestir, participar de todos os eventos. Vi uma senhora já bastante gasta pelo tempo, sozinha num restaurante, e se comportando como uma jovem. Depois, pegou um carro e se mandou. Velho aqui não fica em casa. Parece que tal comportamento é para as cidadezinhas matutas, ainda cheia de preconceitos.
Uma coisa lamentável que sempre me chama a atenção na Europa é o tabagismo. Há muita gente estúpida, que, apesar de tão educada e de tanta revelação negativa da ciência sobre o fumo, continuam engolindo fumaça...
Entre as principais coisas boas está a facilidade de locomoção, hoje chamada de “mobilidade urbana”. Há, nas avenidas, muitas cadeiras de rodas, manuais e eletrônicas, transitando fluentemente. Muitos hemiplégicos aqui encontram todas as facilidades para a sua locomoção. E eu que não sou besta, já adotei as rodas para me mover mais rápido e com mais conforto, graças ao “motorista”, meu filho caçula, Germano.
Agora mesmo estamos chegando na avenida Champs Elysées, que está fervilhando de turistas, que conversam, sorriem, esquecidos de seus problemas. Há pelas calçadas mil atrações, confirmando que Paris é mesmo uma festa.
E lá estão os asiáticos que adoram viajar e comprar nas lojas “Louis Vuitton”. Eles estão em todo lugar. E quase não se comunicam com os outros turistas. Também com aqueles idiomas…
Amanhã, estaremos em Lisboa, cidade que me encantou desde a primeira vez. Ainda bem que não está frio. Eu detesto frio, tanto é assim que tomo o meu banho diário com água quente.
Vamos deixar a capital francesa, a “cidade-luz”, que fica sempre na minha lembrança. Tomara que na viagem de volta, eu fique junto da janelinha do avião para ver Paris, lá em baixo. Um pontinho de terra perdido no Pacífico. Agora é hora de dizer adeus...
junho 24, 2018
junho 24, 2018
T anto é gostoso sair, como chegar. O ir é uma aventura e o vir é uma rotina. Tudo, afinal, se resume num festival de emoções, saudades e es...

Tanto é gostoso sair, como chegar. O ir é uma aventura e o vir é uma rotina. Tudo, afinal, se resume num festival de emoções, saudades e esperanças.
José Américo disse que ninguém se perde na volta. A frase, que se tornou famosa, encerra uma grande verdade. Chega um momento em que a saudade termina pedindo para a gente voltar. Voltar à nossa gostosa rotina.
Lisboa agora é um trampolim nessa viagem de volta. Daqui saltaremos num vôo até o nosso país. São mais ou menos oito horas de vôo. Desceremos em Recife. E fico pensando... até quando teremos que ir pra Recife ou Natal para embarcar ao exterior?
O tempo está claro. A aeronave já sobe faminta de espaços. E tudo agora virou passado. Repito o que disse no título de meu último livro: Viajar é Sonhar Acordado. Agora é fechar os olhos e rememorar o que se viu, e o que se reviu.
Noto muito cansaço nos passageiros. Muitos dormem. Dormem ou sonham. E me vem um desejo enorme de chegar logo ao meu país, de que estou ausente há dez dias. Mas o avião, apesar de sua grande velocidade, parece parado no espaço. Ele vai devorando distâncias por cima do oceano.
E empoleira-se na minha imaginação a interrogação: se o avião caísse, você preferiria no deserto, na mata ou no mar? Ora, ora, este cronista, sem dúvida perdeu o siso, lembrando o poeta Olavo Bilac… Mas não custa nada perguntar, pois é perguntando que a gente chega à verdade. A filosofia nasceu da pergunta. Que diga o grande Sócrates, que pensou tão alto, mas que nunca, decerto, imaginou que, um dia, um brasileiro, inventaria esta máquina que voa sobre nossas cabeças...
Retiro os olhos e a curiosidade da janelinha do avião, e fico aguardando a aterrissagem em terras brasileiras. Deixo a aeronave com esta reflexão: é bom sair da rotina em busca da aventura, mas, voltar à rotina bem que é muito gostoso.
junho 24, 2018
junho 04, 2018
C hegou o mês de junho, que, apesar de ser o mês em que eu nasci, sempre vem com muito barulho de bombas e foguetões. Por falar em barulho, ...
Chegou o mês de junho, que, apesar de ser o mês em que eu nasci, sempre vem com muito barulho de bombas e foguetões. Por falar em barulho, esse ano teremos eleição. E fico lembrando das cidades civilizadas, onde o silêncio é respeitado. Mais do que respeitado: reverenciado.
Fico a imaginar uma propaganda barulhenta, como a que presenciamos no período eleitoral, numa cidade do primeiro mundo... Seria um escândalo, caso de polícia, protestos nas ruas, na TV, nos blogs, em toda a parte. Agora é proclamar com toda a força dos pulmões: bem-aventurados são os surdos, que não tomam conhecimento desse escândalo sonoro, tão prejudicial à saúde.
Durante a campanha, a impressão que tenho é de que há cães raivosos, soltos na rua, ou loucos recém-saídos dos manicômios. E os que financiam tal tipo de propaganda eleitoral, decerto, descansam em suas casas, com os ouvidos atentos ao barulho, e sem dúvida, dizendo para os seus familiares, sorrindo: “nós estamos gritando mais!” Sim, o negócio é gritar, e esquecer dos que estão nos hospitais, dos que estão repousando em suas casas, das crianças recém-nascidas, idosos, enfermos e assim por diante.
Mas cadê os encarregados de cumprir a lei do silêncio, a lei das contravenções penais? Será que fogem para não presenciar tal absurdo? Sim, por que o olhar compromete quem olha, quem testemunha um crime. Assim mesmo estou ainda confiando nos cumpridores da lei. Não é possível que, este ano, aconteça de novo...
E fico pensando, que autoridade tem um provocador de barulho para defender o meio-ambiente? Há os que argumentam que nada se pode esperar de um eleitorado que tem 53% de pessoas sem o curso primário completo. Acontece que não são apenas os analfabetos os responsáveis por essa calamidade sonora. Pois, aqui para nós, há várias espécies de analfabetismo… Vamos nos lembrar disso diante das urnas.
junho 04, 2018
junho 04, 2018
O s pardais são encontradiços em toda parte. Muito mais do que os japoneses. Você sabia quem importou os pardais para o nosso país? Foi um p...
Os pardais são encontradiços em toda parte. Muito mais do que os japoneses. Você sabia quem importou os pardais para o nosso país? Foi um prefeito do Rio de Janeiro, que tinha o sobrenome de Passos, que lembra pássaros. Pois bem, os pardais se aclimataram aqui que foi uma beleza. Eu não sei a razão desse bom acolhimento aos pardais, já que são feios, não cantam e gostam de brigar uns com os outros. Todavia, pensando bem, eles, afinal, são pássaros, e pássaros voam. E tudo que voa é bonito, a começar pelo urubu. É lindo vê-lo fazendo evoluções num céu tranquilo de verão, longe da carniça cá em baixo. Ninguém melhor do que ele sabe transcender.
Mas deixemos o urubu e voltemos aos pardais, que sentem uma inveja danada dos bem-te-vis. Estes também são dignos de nossa admiração. Adoro ouvi-los, manhã cedo, num maravilhoso diálogo, uns com os outros. Eis um pássaro de minha predileção. E como são bonitos!
O bem-te-vi, se não me engano, é brasileiro. Nunca o vi nas terras que visitei. Portanto, saudemos aqui esse belo e madrugador pássaro, que me acorda, todas as manhãs, para as minhas caminhadas à beira-mar. E lamento muito aqueles que não prestam a atenção ao seu canto otimista. Sim, o bem-te-vi é todo alegria, e percebo um certo humor no seu canto, uma espécie de mangação. Vou já, já consultar o botânico Heretiano Zenaide, expert em aves. O bem-te-vi será mesmo brasileiro?
Mas eu comecei a crônica falando sobre pardais. Feiinhos e adoram tomar banho de terra seca. Que gosto... Afinal, por que iniciei escrevendo sobre os pardais? Ah, leitor, pois não é que eles abundam em Paris? Numa lanchonete, perto do hotel onde costumamos ficar, no Quartier Latin, eles participam de nossa refeição matinal. Não chegam a pousar em nossas mesas, mas ficam aguardando um miolo do nosso croissant. E olhe que ninguém tem coragem de enxotá-los.
E sabe onde fui encontrá-los, também? Você não imagina, leitor. Encontrei-os, na sala de refeição, por sinal ao ar livre, num hotel de Marrakesh, lá nos Marrocos, onde fomos bater, recentemente. E aqui para nós, a dona do hotel, uma simpática muçulmana, só fazia sorrir vendo os pardais muçulmanos comendo nas mesas do terraço após as nossas refeições.
E quer saber de uma coisa? O pardal é feio, não canta, mas é uma ave muito solidária e adora conviver com os homens. Estes jamais farão um pardal. Só Deus. E se a Inteligência Suprema os criou é porque o pardal é necessário.
A verdade é que eles estão em toda parte. São grandes turistas. E isto, talvez, provoque inveja aos bem-te-vis, pássaros belos, embora ariscos e desconfiados. E encerro esta crônica com uma pergunta: você, que é muito viajado, já observou os pardais lá fora? Decerto, não. Isto fica para esses cronistas, que têm olhos para tudo.
junho 04, 2018
maio 28, 2018
V ejo numa dessas colunas de modas um desfile de modelos, por sinal muito elegante. E daí? O que é que há demais no desfile das modelos? Or...
Vejo numa dessas colunas de modas um desfile de modelos, por sinal muito elegante. E daí? O que é que há demais no desfile das modelos? Ora, ora, é que elas caminhavam na passarela sem nenhum sorriso nos rostos. Pareciam zangadas, tristes, estressadas ou deprimidas. Pareciam não satisfeitas com o salário, com a profissão. Pareciam que não eram amadas. Sim, porque segundo disse a autora espiritual Joanna de Angelis, através da psicografia do médium Divaldo Franco, “quem ama, sorri”. É o contrário de quem odeia. Se não me falha a memória, já vi desfile de modelos que sorriam, iguaizinhas às misses. Estas jamais desfilam carrancudas. E aqui para nós, haverá coisa mais bela do que um sorriso? O sorriso é luz no rosto.
E chegou a vez de perguntar. Por que as modelos trocaram o sorriso pela carranca? Seria alguma determinação dos seus chefes, ou dos produtores dos desfiles? Não sei se a colunista Nereida observou isso.
Se a moda pega, leitor, eu não sei o que será deste mundo, já tão cheio de tristeza. O sorriso dá alegria, estimula, torna a vida mais bela. Os animais, coitados, não sorriem. Daí dizer o escritor francês Rabelais: ria, ria, pois o riso é próprio do homem.
Já imaginou se o nosso sol não nos iluminasse com o seu sorriso de luz, isto é, com o seu “solriso”? ... A mesma coisa falaríamos das estrelas. E que dizer das plantas, que sorriem através das flores e das cores? Veja o mar e observe o seu sorriso de espumas.
O sorriso é uma terapia. Dizem que quando a mãe vê o filhinho dando o seu sorriso inaugural, no berço, ela esquece os sofrimentos do parto, e da gravidez, e também sorri, feliz da vida...
As crianças sorriem. E sorriem por que estão cheias de entusiasmo diante da vida. A vida para elas é uma constante descoberta. Não estão contaminadas pela rotina, pelo prosaísmo da vida.
Quando você despertar, manhã cedo, não deixe de dar uma olhadela no espelho. E faça a seguinte experiência: esboce para ele um sorriso ou uma carranca. Veja que diferença! Lembrar que o sorriso espalha as rugas...
Dizem as más línguas que Jesus nunca sorriu. Mentira, leitor, Será que ao abraçar as criancinhas, ele o fez de cara amarrada? Lembrar que o sorriso não é um abrir de dentes. Você pode sorrir pelo olhar.
Nos conventos da Idade Média, o sorriso era proibido, era coisa de Satanás... Lembram-se do filme “O Nome da Rosa”.
Outro dia estive vendo algumas fotos, nos jornais, de pessoas já falecidas, não de cara amarrada, mas sorrindo... E está certo. Em geral, as pessoas tiram fotografias sorrindo. Nada de cara fechada. Vejam os freqüentadores das colunas sociais. Todos sorriem. Já pensou se fosse o contrário? O sorriso faz bem ao que sorri, e também aos outros.
Termino com esta conclusão de Eckart Tolle, no livro “Despertar de uma nova consciência”, um dos autores mais lidos no estrangeiro: “O riso tem uma extraordinária capacidade de liberar e curar.”
maio 28, 2018
maio 28, 2018
E is que criaram o “dia dos amigos”. Pelo menos na Internet. Aqui para nós, a Internet está fazendo uma coisa que as religiões não conseguir...
Eis que criaram o “dia dos amigos”. Pelo menos na Internet. Aqui para nós, a Internet está fazendo uma coisa que as religiões não conseguiram: unir as pessoas”. Mas o dia dos amigos não tem aquela comemoração semelhante ao Dia da Criança, das Mães ou dos Pais. Os comerciantes não se animaram muito com a data, que passa com pouca festa.
Pensando bem, que seria de nós sem os outros, mormente os amigos? Os amigos são uma benção, conquanto o risonho Voltaire, toda vez que chegava a uma reunião de amigos, costumava fazer a seguinte saudação: ”Amigos! Não há amigos.” E o “amigo da onça”, que foi título de uma página assinada pelo humorista Péricles, na revista O Cruzeiro?
Bem-aventurados aqueles que possuem bons amigos, esses inimigos de nossa solidão. Quem não os têm é um infeliz. Há muitos falsos amigos, notadamente, na política…
Tenho muita pena das pessoas solitárias, sem amigos. Em geral são amargas, pessimistas, deprimidas, sofridas. E ter inimigo não é negócio nenhum. Daí a importância da reconciliação, do perdão, da compreensão. Nada de cultivar ressentimentos, que é o mesmo que cultivar espinhos.
Que a todo momento estejamos com os braços abertos para receber os amigos. Estou me lembrando agora mesmo do apóstolo João que, já velhinho, saía pelas ruas gritando para as pessoas: “amai-vos uns aos outros”. São Francisco abraçava as árvores, chamando-as de “minhas amiguinhas”. Dizem que o melhor amigo do homem é o cão, seja um vira-latas, seja um Rottweiler. Já o gato, ao que dizem, gostam mais é da casa.
Amigos! Como é bom tê-los! Mais ainda: como é bom conservá-los. Quem faz um verdadeiro amigo acende uma lâmpada no caminho da vida. “Se você quer alegria, dê alegria aos outros. Se deseja amor, aprenda a dar amor” - diz aqui o mestre Deepak Chopra. E viva os milhões de amigos do cantor Roberto Carlos!
maio 28, 2018
maio 21, 2018
F oi depois de Jerusalém, onde não encontrei Jesus, e de passar por Tel-Aviv, magnífica megalópole dominada pelos judeus, que, ao chegar em ...
Foi depois de Jerusalém, onde não encontrei Jesus, e de passar por Tel-Aviv, magnífica megalópole dominada pelos judeus, que, ao chegar em Londres, tive minha primeira experiência em cadeira de rodas. Tudo por causa de uma estenose lombar aguda, posteriormente tratada por Dr. Ronald Farias, meu médico de coluna.
Mesmo sabendo que o bom mesmo é andar a pé pelas cidades, pois, só assim a gente as conhece melhor, dessa vez, eu tinha Londres aos meus pés, mas cadê saúde para movimentá-los? Aí aconteceu o que eu não esperava: alugaram-me uma cadeira de rodas. Que oportuna solução saída da cabeça do meu amigo Davi e do caçula Germano!
Assim, fui passeando em Londres, sentado tranquilamente na cadeira, que era zero quilômetro. Aí me lembrei do velho Churchill, que usou por muito tempo aquele transporte. Lá no alto, na Trafalgar Square, montado no seu cavalo, o almirante Nelson, parecia estar com inveja de mim.
Ah, que delicia foi sair deslizando pelas ruas londrinas sobre rodas. E fui bater até bater de novo no Palácio de Buckingham, onde uma enorme multidão se postava, aguardando a presença da rainha que nunca aparece...
Aqui para nós, a capital londrina tem tudo para ser capital do mundo. O que é que não se encontra em Londres? Ela só peca pelo seu arraigado tradicionalismo. E graças a esse tradicionalismo, muito dinheiro corre para os cofres públicos. Esse negócio de Rainha, a quem tanto se venera, não falta turista basbaque para ficar olhando a troca da guarda do palácio.
Continuamos passeando pelos encantadores canteiros, contemplando e acariciando as tulipas, cujo vermelho parecia gritar a sua beleza. Graças à cadeira de rodas constatei como o chão londrino é bem cuidado. Aliás, todo prefeito deveria dar um passeio nesse transporte para verificar ao vivo o chão de sua cidade. Com que facilidade a cadeira deslizava pelo chão limpo, sem buracos e sem batentes.
E quem empurrava minha cadeira? Ora, meu filho e anjo de guarda Germano, que hoje é mais pai do que filho.
A vida, às vezes, gosta de testar a gente. E eu acho que me saí tão bem no teste da cadeira de rodas, que terminei me acostumando. Hoje em dia, nas caminhadas mais extensas, tenho aproveitado a tecnologia das rodas enquanto dou um descanso às minhas pernas, que agora me agradecem.
maio 21, 2018
maio 20, 2018
E eis que completaram dois meses que deixei o hospital, onde andei me tratando de uma infecção resistente, que, felizmente se escafedeu. E ...

E eis que completaram dois meses que deixei o hospital, onde andei me tratando de uma infecção resistente, que, felizmente se escafedeu. E aqui vão os meus agradecimentos aos médicos queridos, a começar pelo mestre Marco Aurélio Barros, ao meu urologista, George Guedes Pereira, e ao clínico e geriatra Daniel Felgueiras Rolo.
Saúde recuperada, chegou a hora de ser também grato ao meu corpo e ao meu sistema imunológico. Começo pelo coração, um dos órgãos que mais amo, a quem muito ajudei, com minhas costumeiras caminhadas, e, agora, com a hidroginástica e a fisioterapia. E como gosto de vê-lo pulsando de alegria quando me movimento… Só não o beijo todos os dias, porque não posso.
Também sou grato aos pulmões, que, todos os dias, alimento com oxigênio puro. Aliás, convém lembrar que esses admiráveis filtros têm uma profunda mágoa em relação a mim. É que eles aguentaram por muitos anos as toneladas de nicotina com que os intoxiquei, por conta do maldito cigarro.
Mas vamos adiante. Agradeço ao meu cérebro, onde funciona minha mente, que comanda todo o corpo, que me ajuda a pensar, a ler, a escrever, e que só descansa quando durmo.
Agora chegou a vez das pernas. Minhas queridas pernas, que ora contam com a ajuda de uma bengala, e, vez por outra, o descanso da cadeira de rodas, que ninguém é de ferro. Como lhes sou grato pelas muitas caminhadas nas avenidas e parques das cidades esstrangeiras que visitei.
E que dizer dos meus olhos, a quem tanto devo? Ah, como tenho pena dos deficientes visuais... Os olhos são tudo em nossa vida.
E o sangue, que não se cansa de caminhar pelas veias e artérias, alimentando todo o meu corpo?
E as mãos, que tanto usei para escrever essas crônicas e outras coisas mais?
Sei não, mas reconheço que nosso organismo é uma extraordinária usina de muito trabalho a quem só devemos gratidão. E viva a saúde!
maio 20, 2018
maio 14, 2018
B em-aventurados os que sorriem. Quem sorri alegra a quem não sabe ou não pode sorrir. Portanto, sorriso é caridade. Sorriso é luz no rosto....
Bem-aventurados os que sorriem. Quem sorri alegra a quem não sabe ou não pode sorrir. Portanto, sorriso é caridade. Sorriso é luz no rosto. E haverá nada que alegre mais a vida do que a luz? Daí Jesus dizer que não deveremos esconder a luz debaixo do alqueire, mas colocá-la no velador para que ilumine a todos.
Você quer um exemplo de um belo sorriso? Veja o rosto de uma mãe olhando o filho renascido. E pensando bem, a Natureza é uma festa de sorrisos: sorriem os pássaros, sorriem as nuvens lá no alto, sorriem as flores, sorri o vento, sorriem as espumas do mar, sorri o sol, sorri a lua. Só o homem é que, às vezes, tranca o seu sorriso;
Jesus disse uma bela frase: se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo se iluminará. O sorriso, portanto, está sintonizado com a bondade. Os ditadores, sejam da direita ou da esquerda, não sabem sorrir.
E que dizer daquele sorriso – sorriso ou meio sorriso? - da Mona Lisa, lá no Louvre, obra-prima do genial Da Vinci? Sorriso que é hoje atração turística internacional? O meu receio é que a nossa Gioconda termine transformando o seu sorriso numa gargalhada, vendo tanta gente fazendo filas em torno do quadro que a aprisiona...
Há gente que passa por momentos difíceis em sua vida, mas se revestem de coragem para continuar vivendo e volta a sorrir, passa a ver a vida com outros olhos.
Dizem as más línguas que Jesus nunca sorriu. Será que ele, quando nos convidou a olhar os lírios do campo, foi de cara amarrada? E quando abriu os braços para as criancinhas dizendo que o Reino dos Céus era delas? Será que não foi sorrindo? Quem não sorriu foi Pilatos, foi Herodes, foi Barrabás.
O bom humor faz bem ao sistema imunológico. Já está provado. E por falar nisso, médico bom é aquele que recebe você sorrindo. Mas há deles que parece que o doente é ele… Lembre-se: O sorriso faz bem à saúde.
maio 14, 2018
maio 14, 2018
F oi no mês de maio que ela abriu os olhos para o mundo e tornou-se uma mulher extraordinária. Foi eximia musicista (ela tocava flauta), fun...
Foi no mês de maio que ela abriu os olhos para o mundo e tornou-se uma mulher extraordinária. Foi eximia musicista (ela tocava flauta), funcionária do Telégrafo, por concurso, mãe de nove filhos, dois do primeiro casamento e sete do segundo, sem contar com os que morreram. Todos os partos foram feitos pela parteira. E ela chegou a fazer um parto sozinha. Quando a parteira chegou (isto foi em Alagoa Nova) encontrou-a, sozinha, sorrindo, esperando apenas que a profissional fizesse o resto do trabalho.
Autodidata, leu não sei quantos livros e tinha uma imaginação fora de série. Tanto é assim que inventava muitas historias para contar aos filhos. Mas eu, com o privilégio de caçula, era seu ouvinte especial. E quando eu adoecia de asma, era ela que, alisando meus cabelos, fazia-me esquecer a doença, a febre e a falta de ar.
Nunca me castigou, nunca me repreendeu, nunca me mostrou cara feia. O otimismo era uma constante em sua personalidade. E chegou a decifrar e a fazer palavras cruzadas e charadas. Tinha uma letra lindíssima, de chamar a atenção. E disso ela se orgulhava. E que dizer da voz? Cantava que era uma beleza.
Chamava-se Pia, mas terminou acrescendo a palavra Maria. E dizia: “Maria Pia é nome de rainha.” Sua alimentação era a mais frugal de todas. Comia muito pouco. Daí a longevidade. Ela atravessou os cem anos que foi uma beleza. Enfrentou a velhice com muita garra. Costumava dizer que velhice quer trato. Nada, pois, de relaxamento”. E acrescentava: “não tenho raiva da velhice e sim dos velhos”. Acho que três fatores concorreram para a sua longevidade sadia: leitura, otimismo e alimentação sóbria. Gostava de vestidos coloridos, alegres. Nada de tristeza na indumentária. Foi uma das primeiras mulheres em Alagoa Nova a entrar na moda do cabelo curto. E ela tinha uma cabeleira que ia até os joelhos.
Fez versos muito bem rimados. E a voz? Linda. Lembrar que ela fazia parte do coro da igreja e zeladora do Coração de Jesus. Mas terminou espírita, já que o segundo marido, meu pai, foi um militante daquela nova crença. E leu muitos livros psicografados por Chico Xavier.
Minha mãe, Maria Pia, dona Piinha na intimidade, adorava conversar, passear e viajar. Já o marido era o contrário. Nunca vi duas diferenças de temperamento se darem tão bem.
Nasceu numa cidade do interior paraibano chamada Canafístula, nome de uma árvore. Mas, quando soube que a cidade mudara o nome para Caldas Brandão ficou doente de raiva.
Curioso, ela nasceu no dia 5 de maio, o mês dedicado às mães, comemorado no segundo domingo. E ninguém foi mais mãe do que ela, a quem devo o que sou hoje. Nunca vi seu rosto zangado para comigo. Neste último domingo, dedicado às mães, dei-lhe um presente. O presente de uma prece. Uma prece de agradecimento por tudo que fez por mim.
maio 14, 2018
maio 07, 2018
E stava ao lado de meus estimados familiares, frente a frente ao palco, onde iríamos assistir à notável Orquestra Sinfônica de Londres, no R...
Estava ao lado de meus estimados familiares, frente a frente ao palco, onde iríamos assistir à notável Orquestra Sinfônica de Londres, no Royal Festival Hall, à beira do Tâmisa. Todo o teatro em silêncio. Nenhuma poltrona vazia. Até que chega o maestro húngaro Tamas Vasary, acompanhado do jovem pianista, também húngaro, Tamas Erdi, que deveria estar na faixa dos 25 anos. Chuva de palmas! Uma chuva que não iria gripar ninguém.
Depois de apresentar o pianista ao público, o maestro subiu ao tablado para dar início ao concerto. Aí eu notei uma coisa estranha. Notei que o solista tinha os olhos parados, isto é, que ele era um deficiente visual. Como iria ele movimentar suas mãos pelo teclado? Como era possível tocar piano sem os olhos? Agora é lembrar aquela sentença evangélica: tudo é possível àquele que crê.
E teve início a performance sob a batuta serena e elegante do maestro. E eu tive uma certa ansiedade. Será que esse jovem vai mesmo tocar sem os olhos? Pois não é que tocou, leitor? Alaurinda, Germano e Davi, ao meu lado, ficaram maravilhados. Terminado o concerto, caiu uma trovoada de palmas.
O pianista, como disse acima, deu uma grande lição de fé na vida, vencendo uma deficiência física que, em outros, talvez fosse motivo de revolta. Mas, ele soube vencer as limitações da existência, eis a grande virtude do homem. E me lembrei do velho Beethoven, que apesar da surdez, conseguiu ir até o fim da jornada terrena deixando uma obra insuperável, cuja Nona Sinfonia é um hino de fé, de alegria e de muito amor.
Terminado o concerto, o jovem pianista veio várias vezes ao palco, agradecendo os ruidosos aplausos da platéia. Saí do teatro com a alma leve. Eu não tinha ouvido um concerto. Mais do que isto: eu tinha assistido a uma lição de vida!
maio 07, 2018