Como é bom ouvir grilos e sapos nas noites úmidas que antecedem o doce e adorável inverno... Nenhum “insight”, nenhum estado “alfa”, ou se...

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Como é bom ouvir grilos e sapos nas noites úmidas que antecedem o doce e adorável inverno... Nenhum “insight”, nenhum estado “alfa”, ou sequer uma emoção mais sutil podem ser experimentados se não pularmos a cerca do cotidiano, da rotina, da indiferença, ouvir a prazerosa voz do silêncio total.

“Muitos serão chamados, poucos serão escolhidos”. Não, não se trata da passagem bíblica, encontrada no Evangelho de Mateus (22,14), sobre...

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“Muitos serão chamados, poucos serão escolhidos”. Não, não se trata da passagem bíblica, encontrada no Evangelho de Mateus (22,14), sobre a salvação dos que se aplicam ao trabalho de transformação, de modo a alcançar o reino de Deus. Na realidade, é uma citação do ateu Ernst Haeckel, sobre a luta cruel e sem piedade, que se trava na natureza, para a sobrevivência (HAECKEL apud WILLMANN, Rainer e VOSS, Julia.

ECOS Há sons que nos acompanham, indefinidamente, mensagens subliminares, para sempre em nossa mente. Não me esqueço da t...

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ECOS
Há sons que nos acompanham, indefinidamente, mensagens subliminares, para sempre em nossa mente. Não me esqueço da toada da chuva grossa no telhado da velha casa onde por muitos anos morei. Como não lembrar da melodia dos dobrados executados pela Filarmônica nas alvoradas inesquecíveis pelas ruas da cidade? Ficou também o repique do sino da igreja avisando que uma criança estava sendo sepultada ou que a missa iria começar.

Quando inexistem pensamentos e diretrizes saudáveis, fica impossível ter uma mente em harmonia. As dores não conseguem assumir suas real...

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Quando inexistem pensamentos e diretrizes saudáveis, fica impossível ter uma mente em harmonia. As dores não conseguem assumir suas realidades de degenerações. A ilusão, como cortina de fumaça, impede que o equilíbrio existencial aconteça.

É possível superar e conviver com a dor, para isso se faz necessário refletir e renovar as energias de se bem-querer.

É história com quase 70 anos. Não sei dizer, exatamente, que idade eu então completava. E, creiam-me, não é para escondê-la. Mas acordei n...

É história com quase 70 anos. Não sei dizer, exatamente, que idade eu então completava. E, creiam-me, não é para escondê-la. Mas acordei naquela manhã de 6 de junho com um movimento incomum entre a cozinha de casa e o forno da nossa padaria, um percurso curto pela mesma calçada. Um peru rechonchudo e algumas galinhas, tudo isso temperado e disposto em bandejas feitas com latas de óleo (as mesmas onde se assavam os pães doces), iam e vinham para a guarda da minha mãe. E que ninguém ali metesse a mão até a hora do almoço.

O retrato, um instantâneo em preto e branco surrupiado de algum arquivo de jornal, cai da minha pasta de guardados. O que pretende Zé Ra...

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O retrato, um instantâneo em preto e branco surrupiado de algum arquivo de jornal, cai da minha pasta de guardados.

O que pretende Zé Ramalho dizer-me?

Está aqui do jeito que o conheci, suponho que nos seus cinquenta anos. Terno branco, gravata borboleta, valorizados pelo rosto duro, menos cheio e de linhas mais incisivas que o do filho Arael. Os óculos de lentes brancas acentuando ainda mais o ar de dureza.

Sempre quis contar essa história a vocês. É daquelas que mostram até onde pode ir a força de vontade do ser humano. Vou tratar do Presiden...

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Sempre quis contar essa história a vocês. É daquelas que mostram até onde pode ir a força de vontade do ser humano. Vou tratar do Presidente americano Theodore Roosevelt na sua viagem ao Brasil. Adoentado e derrotado na sua campanha à reeleição presidencial em 1912, arrumou uns poucos pertences na mala e chegou aqui para uma aventura. Mas não uma aventura qualquer. Simplesmente juntou-se ao Marechal Rondon e constituíram a expedição cientifica “Rondon-Roosevelt”, que aconteceu entre dezembro de 1913 e abril do ano seguinte. Seu objetivo era mapear o rio da Dúvida, cuja extensão era desconhecida e que fora descoberto pelo próprio Rondon em 1909.

Olhei pela porta e vi Georgette ao piano. Dedos e mãos suaves distorcem o real escondido à sombra da cor neutra. Evito me precipitar na ...

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Olhei pela porta e vi Georgette ao piano. Dedos e mãos suaves distorcem o real escondido à sombra da cor neutra. Evito me precipitar na tomada de decisões. Adio a conversa e deixo para depois o conflito trancado no peito. Georgette já não tem olhos, audição, língua. Tem os nervos à flor da pele e a face cheia de sentimentos ocultos. Os sentidos despertam em Georgette a curiosidade de redesenhar o mundo. Por isso, cria a própria arte ao piano. Improvisa Mozart com a Sonata em Dó Maior para buscar equilíbrio.

Lutos diários A fusão de uma solidão A outra Só foi Possível Em tempo uno O drama do dito Versus o sentido Depen...

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Lutos diários
A fusão de uma solidão A outra Só foi Possível Em tempo uno O drama do dito Versus o sentido Depende do cenário O tempo não se cala O te amar não é previsível É precipício lacrimal certo Tanto perto quanto longe O amor é alheio

Ninguém saberá responder onde fica o Edifício Presidente João Pessoa. Nem mesmo o mais antigo morador da Cidade. Mas o Dezoito Andares......

Ninguém saberá responder onde fica o Edifício Presidente João Pessoa. Nem mesmo o mais antigo morador da Cidade. Mas o Dezoito Andares... A grande verdade é que todo mundo concorda num ponto: é o prédio mais charmoso da cidade ou “o condomínio mais antigo da capital”, como constava no papel timbrado da administração. Outra unanimidade: é uma das coberturas mais deslumbrantes do litoral, com uma visão de 360º que deixa de queixo caído até os que já conheceram a Torre Eiffel.

Os historiadores dirão que é um endereço nobre: Rua Nova, atual General Osório, esquina com a Ladeira dos Pedroza, que também já foi Ladeira da Carioca, até se juntar ao Beco da Misericórdia para receber a nova denominação: Peregrino de Carvalho.

Não gosto de música sertaneja, muito menos de Zezé de Camargo e Luciano, mas sempre me encontrava cantando No Rancho Fundo ♩♪♫ quando via...

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Não gosto de música sertaneja, muito menos de Zezé de Camargo e Luciano, mas sempre me encontrava cantando No Rancho Fundo ♩♪♫ quando via uma novela das 8. Quando o filme “Dois Filhos de Francisco” — de Breno Silveira — estreou na cidade, fiquei com um pé atrás, perdida no meu preconceito; porém, uma curiosidade me seduzia para ir ao cinema... e eu adiando. Havia lido algumas resenhas e um artigo legal de Contardo Calligaris (Folha de S. Paulo). Pois fui. E adorei.

A sombra do zero O que contorna o início o preenche? E se o vazio diz seu nome, ele resvala ou já é abismo? A luz o desfolha...

A sombra do zero
O que contorna o início o preenche? E se o vazio diz seu nome, ele resvala ou já é abismo? A luz o desfolha ou não existe um porquê que deslize? Pode haver morno na essência do nada? O dentro e o fora cabem ou se perdem na desesperança?

Li o “Mozart por trás da máscara”, do uruguaio Lincoln Raúl Maiztegui Casas , quando foi publicado no Brasil, em 2006, pela Editora Plan...

Li o “Mozart por trás da máscara”, do uruguaio Lincoln Raúl Maiztegui Casas, quando foi publicado no Brasil, em 2006, pela Editora Planeta. Fui – só em parte – gratificado por isso, porque um dos escopos desse autor era contestar “a obra mais repelente” que – disse ele - teve oportunidade de ver em sua vida: o filme “Amadeus”, de Milos Forman, de que, caramba, sempre gostei muito.

Bom, ninguém é perfeito.

Quando a prefeitura municipal desta cidade decidiu homenagear Gonzaga Rodrigues, em evento cultural na manhã de um sábado no Pavilhão do C...

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Quando a prefeitura municipal desta cidade decidiu homenagear Gonzaga Rodrigues, em evento cultural na manhã de um sábado no Pavilhão do Chá, coube ao jornalista e historiador Ramalho Leite pronunciar as palavras de saudação, depois do homenageado recolher os olhares de admiradores e receber a aspersão da chuvinha sobre nossas cabeças. A chuva foi como benção dos céus para saudar o encontro de amigos.

Uma das palavras mais bonitas da filosofia grega é “eudaimonia”. No coração dessa palavra está o nome “Daimon”, pois “eudaimonia” é: “est...

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Uma das palavras mais bonitas da filosofia grega é “eudaimonia”. No coração dessa palavra está o nome “Daimon”, pois “eudaimonia” é: “estar na companhia de um bom Daimon”.

Em português, “eudaimonia” significa “felicidade”. Para os gregos, felicidade não é andar sozinho, mesmo que seja numa carruagem de ouro; felicidade é andar na companhia de um “bom Daimon”, agenciado.

Volto de viagem e entro aos poucos na rotina. Melhor seria dizer: deixo que a rotina entre em mim, pois rotina não é coisa que se procure....

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Volto de viagem e entro aos poucos na rotina. Melhor seria dizer: deixo que a rotina entre em mim, pois rotina não é coisa que se procure. Ela se impõe e nos envolve, com seus tentáculos lerdos e brancos. Ou com a força de um bicho doméstico e inevitável, que nos acua todo o tempo. Ainda não encontrei ninguém que dissesse: “Busco ou, pelo menos, aceito a rotina; os atos simples e repetidos do dia a dia me satisfazem”. Pelo contrário. Todos querem o diferente e o inusitado, embora diariamente tropecem na armadilha do mesmo e do igual.