Um gênio aquele meu colega de escola. Basta dizer que foi responsável pelo único desastre de avião ocorrido na cidadezinha onde moráv...

nostalgia bicicleta
Um gênio aquele meu colega de escola. Basta dizer que foi responsável pelo único desastre de avião ocorrido na cidadezinha onde morávamos. Era época de carnaval quando ele vestiu a bicicleta com armação de arame grosso o suficiente para suportar um corpo de lona, hélice e asas. Tudo bonitinho. Parecia um teco-teco em branco e preto, as cores do seu time, o Vasco. Mas uma manobra arriscada com os pedais em alta rotação ocasionou o arrasto de uma das asas no piso de pedras e, em seguida, as cambalhotas que despedaçaram aquilo tudo. Piloto sem capacete, meu amigo sofreu

A falsa tolerância é uma repressiva força ideológica, a fim de excluir, de dominar e manter um poder autoritário contra cidadãos destru...

sociedade comunidade
A falsa tolerância é uma repressiva força ideológica, a fim de excluir, de dominar e manter um poder autoritário contra cidadãos destruídos pela miséria humana, que estão desprovidos de oportunidades para sobreviver dignamente. A crueldade de destruir para dominar torna um cidadão subordinado e submetido ao convencimento da existência de um poder maior, que deve ser obedecido.

      A vida que me chama A vida que me chama de todas as maneiras A vida que me chama Insiste nas palmas no portão tal com...

 
 
 
A vida que me chama
A vida que me chama de todas as maneiras A vida que me chama Insiste nas palmas no portão tal como quando eu era criança e Aninha me chamava para brincar A vida que me chama fui à missa com o vestido de domingo, de estilo balão era de laise cor de rosa, todo lindo Que preguiça de ouvir o padre! olho comprido na saída no que estava do lado de fora

Por vezes amo tanto alguns escritores e compositores que os tenho como amigos. Tchaikovsky é um deles. No dia 6 de novembro passado...

tchaikovsky nadja
Por vezes amo tanto alguns escritores e compositores que os tenho como amigos. Tchaikovsky é um deles. No dia 6 de novembro passado completaram-se 130 anos da morte de Pyotr Ilyich Tchaikovsky. E a data me deixa melancólica.

— Você saiu mais cedo hoje? — Sim fui ao mar, era quase uma necessidade, entende? — Sim, entendo estas coisas são fáceis de entender...

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— Você saiu mais cedo hoje?

— Sim fui ao mar, era quase uma necessidade, entende?

— Sim, entendo estas coisas são fáceis de entender

— O que você procurava ao caminhar até ele?

A estrada abriu-se em um abraço da saudade e, ao mesmo tempo, sinalizou reencontros enquanto o dia ainda dormia durante o avanço pelo...

paisagem estrada amanhecer
A estrada abriu-se em um abraço da saudade e, ao mesmo tempo, sinalizou reencontros enquanto o dia ainda dormia durante o avanço pelo tapete negro espichado por entre planos e elevadas passagens. A estrada já conhecia os passantes de outras épocas e sabia que fazia parte da história escrita pelas idas e vindas na aproximação das distâncias entre corpos e almas. Agora, um novo capítulo era escrito, antes imaginado tantas vezes, do mesmo modo desejado ser indefinidamente adiado. E tudo ao fim e a cabo se resumia a cumprir um ritual.

Quando ela vem, tudo paralisa. A respiração se altera, sinto um pulsar diferente. Ela é digna de silêncio. Meus olhos são lavados. Uma ...

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Quando ela vem, tudo paralisa. A respiração se altera, sinto um pulsar diferente. Ela é digna de silêncio. Meus olhos são lavados. Uma lágrima já se encaminha. É nesse instante que algo me indica: estou diante da beleza; quando o deslumbramento ocorre, mesmo sendo algo que sempre esteve ali, mas não enxerguei por falta de vagareza no olhar. Tudo que realmente é belo nos remete à arte e poesia.

Descansar a vista em algo ou alguém, hoje em dia, tornou-se um privilégio. Estamos cada vez mais rodeados de excessos: poluição sonora, visual e, principalmente, pelas falsas belezas... Pessoas que se vangloriam por seus bens materiais e esquecem que aquilo que desperta interesse não é a pessoa, mas o objeto. Além dos vários sorrisos que nos são dados; entretanto, repletos de más intenções. Vai-se um preço, um valor sem valor. Beleza hipócrita que nos devora lentamente, até nos darmos conta de que estamos ficando feios.

Há horas nas quais me sinto faminto por beleza. Então, procuro nas plantas, nalgum livro, poema ou numa música. E isso me preenche e me descarrega de uma forma que me sinto uma pessoa melhor. Não que devamos fugir do que nos desagrada, mas que reconheçamos o que nos faz bem e traz o bom. Encarar o que nos ofende também é um exercício artesanal.

O belo não tem tempo certo para acontecer. Na verdade, a sua presença nos leva à outra dimensão, como sugere o poeta Affonso Romano de Sant’Anna:

“A ausência da beleza é quando o tempo se inaugura. E o tempo é falha e ruptura. A ausência da beleza é um erro, o pecado. A beleza é alegria e o avesso do que é triste. A beleza é a notícia de que Deus existe”.

Não devemos dizer que uma árvore não dará frutos, porque ainda não os vemos, ou que um pássaro pousado não voa. Que venha o belo! Mesmo que cause inveja, desdém, pois o belo sempre o será, enquanto o sentirmos, e ainda que não. Sei que é transcendente, permeado de som, cheiro, imagem. E que o poeta será poeta, ainda que não faça mais poemas. Em outras palavras, o amor borda.

Um lugar encantado. Uma praia poderia ser. Sentir a água dançando nos pés. Sentir um lábio trêmulo tocando noutro. E, mesmo que a transformação seja transposta na harmonia entre formas, cada traço representará resquício de seu contraste. Embelezar a vida com brutos tons e aos poucos retirar-lhes as sobras. Já estou começando a divagar. Estou com sintomas de taquicardia...

Alagoa Nova, 10 de junho de 1923. Nesta data nascia Carlos Augusto Romero , que se tornou um homem de bem. Grandioso nas suas...

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Alagoa Nova, 10 de junho de 1923. Nesta data nascia Carlos Augusto Romero, que se tornou um homem de bem. Grandioso nas suas atitudes. Um de nossos grandes cronistas do cotidiano. Humanista, deixou lições que ajudam a construir espaços de convivência no exercício do amor.

      A poesia começa assim Emprenhar-se de miudezas; deixando as mãos rendidas aos gestos costumeiros. E, quando a luz...

poesia capixaba jorge elias
   
 
A poesia começa assim
Emprenhar-se de miudezas; deixando as mãos rendidas aos gestos costumeiros. E, quando a luz se aperceber, desmembrada pelo estalo da palavra, jogar-se nos trilhos para salvar a flor.

Na crônica “Todo mundo pode errar um pouco”, publicada em “Um cartão de Paris”, Rubem Braga most...

ditados expressao
Na crônica “Todo mundo pode errar um pouco”, publicada em “Um cartão de Paris”, Rubem Braga mostra alguns descuidos cometidos por estudantes franceses na redação. As “pérolas” foram extraídas do livro “de um tal de Maurice Rat”, que também faz questão de mostrar deslizes cometidos por escritores renomados.

A Moral Filosófica dos estoicos propõe que nossas opiniões atormentam mais do que as coisas em si, sendo formuladas pelas palavras que ...

montaigne allende
A Moral Filosófica dos estoicos propõe que nossas opiniões atormentam mais do que as coisas em si, sendo formuladas pelas palavras que utilizamos quando algo surpreendente ocorre; pois chamamos uma coisa pelo nome de outra, e a imaginamos como aquela outra coisa, permanecendo a ideia em nossas mentes.

Tinha uns cinco anos - 1946, suponho - quando me veio a otite – muita dor nos ouvidos inchados - e o médico da Estrada de Ferro Soro...

relacao pai filho reminiscencias solha
Tinha uns cinco anos - 1946, suponho - quando me veio a otite – muita dor nos ouvidos inchados - e o médico da Estrada de Ferro Sorocabana - em que meu pai trabalhava - disse que eu teria de consultar um especialista na capital, pelo que sobrou para meu pai, que teve de faltar ao trabalho e de me levar a São Paulo.

É um luxo. E sempre foi. Principalmente agora, nestes nossos tempos despudorados. Para alguns, tão importante e necessário quanto o si...

vida moderna privacidade
É um luxo. E sempre foi. Principalmente agora, nestes nossos tempos despudorados. Para alguns, tão importante e necessário quanto o silêncio, outro requinte civilizacional. Mas só para alguns, parece. A maioria, o rebanho, prefere a exposição e persegue a exposição, a “mostração”, como diria minha sábia avó, referindo-se aos “mostrados” de seu tempo, ou seja, aqueles e aquelas que gostavam de se “mostrar”, de aparecer, de se exibir, como se sua inerente mediocridade não combinasse (e até exigisse) com o mais absoluto anonimato.

Um instante de desespero pode precipitar consequências devastadores que podem se estender indefinidamente. A impaciência não adianta ...

paciencia virtude fe perseveranca
Um instante de desespero pode precipitar consequências devastadores que podem se estender indefinidamente. A impaciência não adianta nada. Quem se precipita, só ajuda a piorar circunstância já difíceis. O aborrecimento só agrava a enfermidade. Ninguém impressiona ou agrada ao demonstrar intranquilidade e agitação. Seja no convívio familiar ou no profissional, a impaciência apenas sabota o ambiente.

Uma das formas de aquisição da propriedade móvel é o que chamamos de "ACHADO DO TESOURO". Essa forma de aquisição é muito...

tesouro arca propriedade
Uma das formas de aquisição da propriedade móvel é o que chamamos de "ACHADO DO TESOURO". Essa forma de aquisição é muito comum na Paraíba, pelo incrível que pareça, tanto no litoral norte paraibano e cidades próximas, desde o tempo das incursões francesas como das invasões holandesas, bem como no semiárido, em virtude da necessidade de esconder riquezas dos cangaceiros que invadiam propriedades rurais e cidades.

O busto do presidente Camilo de Holanda, no final das Trincheiras, foi arrancado do pedestal. Não soube pelo rádio, não li no jornal...

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O busto do presidente Camilo de Holanda, no final das Trincheiras, foi arrancado do pedestal. Não soube pelo rádio, não li no jornal e menos ainda nas redes sociais. Faz isto uns cinco anos. Notei de relance ao passar pelos restos mortais de um dos postais que anunciavam a quem viesse do sul “a cidade mais vegetal do que urbana” assim estampada pelo paisagista mais fiel das nossas letras. Desrespeitei a norma e estacionei na calçada oposta para verificar de perto, à luz dos meus olhos e ao roçar dos meus dedos, a impotência das instituições do patrimônio cultural e histórico para defender-se e defendê-lo do desajuste extremado entre o quinhão que tem por que zelar e a massa bruta (porque nunca foi tratada) que não sabe o que vai comer no dia seguinte.