No ano passado não me avisaram quando começou a Primavera, mas agora fui avisado de sua chegada pela mudança do vento e da chegada de pequ...

Lua cheia e a Primavera

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No ano passado não me avisaram quando começou a Primavera, mas agora fui avisado de sua chegada pela mudança do vento e da chegada de pequenas flores no jardim suspenso de minha casa.

A Folhinha do Sagrado Coração de Jesus pendurada na parede da biblioteca apontava o dia 22 de setembro como início dessa estação, então comecei a prestar a atenção em flores e o vento da tarde durante minhas caminhadas vespertinas.

Olho para fora e vejo o céu com poucas nuvens. As mudanças visíveis na natureza indicam que a primavera transforma o clima em verão antecipado, um verão maneiro com vento quente, que logo deixará a cidade em mormaço avassalador.

A Primavera sempre traz boas lembranças. Mesmo que estação quente, não posso deixar de ressaltar que essa época traz acalanto à alma. Os canteiros e praças na cidade têm o tom desse período carregado de lembranças. Como o calendário anual lembra a chegada da temporada das folhas, das flores e do vento afetuoso, sobre esse período devo descrever com as saudações de praxe, até porque não passará incógnita, mas deixará seu rastro no coração, o registro no poema e na crônica.

Nesta cidade ainda escutamos cantos de bem-te-vis, pardais, maracanãs e gaviões a sobrevoar telhados, apesar de dispersos e amedrontados, sobretudo nas manhãs antecipadas, quando os bem-te-vis solitários em árvores ou fios da rede elétrica entoam suas melodias. Escuto seu cantar soturno, observo flores em quintais, recordo das primaveras de minha infância.

Os habitantes desta cidade já não acordam cedo para escutar pássaros cantar como há cinquenta anos, quando aqui cheguei, até porque agora são poucos os animais madrugadores. Como é bonito escutar galos anunciar o novo dia. Tenho saudade do tempo quando morava no sítio porque acompanhava as pelejas dos galos no terreiro de casa.

Quando tenho recordação do tempo de criança, na imaginação escuto o canto dos galos e dos pássaros que sinalizavam a bela estação.

Na minha infância, eu tinha ao meu lado natureza junto à janela, a paisagem perto com a brisa nas enseadas. Fosse nas manhãs ou no entardecer, o sol silente criava ambiente de profunda paz. Serraria ou Arara, para onde sempre retorno, são lugares que me dão essa sensação de paz e trazem recordações do meu tempo de criança e adolescente.

Nestes dias quando inicia a Primavera, comentei com Sofia sobre essa estação do ano e alegramo-nos com a sensação de serenidade que nos envolve. Ela sorriu com os olhos de verão, de quem traz nas mãos o perfume das flores do lugar onde nasceu e visitou durante seus passeios de férias. Recordamos o pôr do sol entre as enseadas de nossos canaviais e reservas de matas que restaram nos lugares de onde viemos, e às vezes falamos do luar sobre as ondas mansas do mar neste período do ano.

Continuaremos com a Primavera, uma estação do ano que traz muitas recordações. Temos a paisagem que nosso coração imagina. Nessa época do ano acordamos cedo, contemplamos o sol enxerido sobre o mar, se tiver oportunidade de olhar o mar, mas se você reside no campo, o aspecto do sol trará a paisagem cintilante, bom para acalmar o espírito.

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  1. Raíssa Romero25/9/21 12:57

    Muito bom o texto sobre a primavera, uma época linda, com o florescimento dos ipês, o canto dos belos pássaros, a serenidade e a calmaria, que mostram que a melancolia e frieza do inverno está dando espaço para outras emoções presentes no coração e na nossa alma. A maneira como o escritor descreve essa época do ano com tamanha beleza e sinceridade nos mostra o quão especial é essa estação do ano, e ainda que tem um gostinho de sua infância, quando o autor comenta que lembra de ouvir o canto do galo e dos pássaros, simbolizando essa nova passagem de mais um ano que nos espera!

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