Sobre a luz
E abaixo dela
O tempo
Tempestade
Arco-íris
E as promessas
A dor de ser
Respostas
E ainda assim ser
Tocar o que cabe
No desejo
E desenhar no esquecimento
Levantar na dor
Resistir e insistir em
Viver
Viver o que é negado
O que não tem preço
E ainda assim ser
Não há mais tempo
Para contar o passado
É hora de ir
Já vejo a
Dobra
Da esquina
Talvez, após ela,
Esteja outra história, como
Tantos outros eus!
Dobrar a curva
Mudar de calçada
Ou ser obrigado a viver na mesma direção
É como arrudiar
Os dias
Que nascem e morrem
Mas não o fazem em si sós
Arrastam vidas
Fazem partos e funerais
É a História
De cada um deles
Que conta das dores e alegrias...
Só a arte
Abstrai
E pinta tantos abismos
As tintas envelhecem
Como os homens
Em seus dourados caixões
E as noites enluaradas
Exibindo o cinturão de Órion
Nos fazem sentir importantes
Nós somos, sim,
E ninguém há de negar
Até que a transformação seja
Sou errante
Não por moda
Ou rebeldia
Mas pelas
Tortuosidades
Dos caminhos
Sou inclinada
Às coisas
Belas,
Aquelas que
Normalmente
Ficam às margens dos caminhos
Eu sou dos ninhos
Dos pássaros,
Das casas das aranhas,
Dos mimos
Aos felinos
E das dores
Eu dou a cor
Que desbota,
Porque também é lindo
Perder o brilho
E enxergar outros vazios
Enquanto o sol se move
Eu moro
No invisível
Do amor,
Mas também na explosão
Das matizes quando há dor
Além dos olhos,
Dentro da alma,
Há cor,
E entre elas e por elas
Sou eu que as revelo
Eu sou a luz
Estou nas nuvens,
Papai.
O sol do lado
De cá é vermelho
E parece um coração
Busco as causas
Sem saber das coisas,
Mas sinto um pulsar
Que vem de fora,
Vem das estrelas
Meu corpo vibra
Lilás
E não há dor,
Mas sei da morte
Dos universos
Dentro de mim
Pai,
O que és?
És o mergulho que faço em mim?
Se sim,
Cordilheiras de amor,
Água salgada e dor.