Na manhã da última quinta-feira, dia do natal de Jesus, fui à Academia Paraibana de Letras prestar homenagem ao querido e múltiplo artista Chico Pereira, que partira na véspera, após longa enfermidade. Nesses casos, de heroica luta contra a doença, costuma-se dizer que a vitória final de Tânatos representa um “descanso” para o enfermo. E de fato é, não importa o eventual clichê da palavra ou da expressão, pois não era outra coisa senão descanso e paz o que se contemplava no rosto de Chico. E essa paz de sua face afinal descansada se irradiava pela sala e pela casa inteira, penetrando suavemente nas pessoas que chegavam, cada qual com o seu pesar particular.
Hipnos e Tânatos: O Sono e seu Meio-Irmão Morte .John William Waterhouse (1874) ▪️ Coleção privada
Os 4 filhos do artista Chico Pereira nas exéquias do pai, em 24 de dezembro último Acervo Flora Agra
A preguiçosa manhã de feriado levou à Academia muitos de seus amigos e admiradores. Entre outros, avistei o presidente Ramalho Leite, Damião Cavalcanti, José Nunes, Tarcísio Pereira, Itapuan Botto, professora Neide Medeiros, José Octávio e Amável, Sérgio Botelho, Wilson Figueiredo, Antonio David, Eitel Santiago e seu filho Lucas, Afra Soares, Ana Paula Cavalcanti, Hélder Moura, Lúcia Guerra e Carmélio, Augusto Moraes e Josinato Gomes. Mas havia mais. Todos irmanados num genuíno sentimento de perda que conferia rara autenticidade à homenagem coletiva. Ali, sentia-se, as formalidades sociais ficavam em segundo lugar, cedendo o protagonismo à expressão das subjetividades verdadeiras, para além das conveniências e interesses.
Chico Pereira UEPB
José Nunes, na condição de confrade e de diácono, completou o ritual, enriquecendo-o com o convite que fez a um pastor presente para acompanhá-lo, ecumenicamente, na missão. Em seguida falaram os filhos de Chico Pereira, todos calmos, todos conformados com a finitude que é de todos os viventes, mais consolando que sendo consolados, e assim também a viúva, serena maestrina daquele momento especial e tocante.
Chico Pereira
Coube a Campina Grande, seu chão natal, acolher o seu corpo definitivamente, em um justo e adequado reencontro. Seu nome abreviado era o mesmo de outro grande conterrâneo nosso, seu confrade Francisco Pereira Nóbrega, honraria recíproca que dividiam. Mas o seu, para que não esqueçamos, era Francisco Pereira da Silva Júnior, nome para se guardar no lado esquerdo do peito dos paraibanos.



























