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Quando nos aproximamos das margens do Rio Paraíba, depois de São Miguel de Taipu, em demanda do Pilar, ao olhar de relance para a paisa...

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Quando nos aproximamos das margens do Rio Paraíba, depois de São Miguel de Taipu, em demanda do Pilar, ao olhar de relance para a paisagem, as personagens de José Lins do Rego saíram das páginas de seus romances, como fizeram há décadas, quando por esse mesmo caminho cheguei ao Engenho Corredor.

Repórter principiante e leitor revelado nas páginas de Menino de Engenho, carregava comigo o gosto da garapa e o cheiro do mel cozido dos engenhos de Chico Frazão e de Antônio Carvalho, quando percebi no Corredor as paisagens de menino que ficaram em Serraria.

Três escritores da Paraíba nascidos em engenho construíram espaço na história da literatura brasileira. Augusto dos Anjos...

Três escritores da Paraíba nascidos em engenho construíram espaço na história da literatura brasileira. Augusto dos Anjos, José Américo de Almeida e José Lins do Rego, cada um a seu tempo, com modos poéticos, abordam em suas obras o que observaram e sentiram no mundo dos canaviais.

Os três meninos de engenho carregavam a sina de terem vivido ao florescer da idade à sombra dos canaviais, foram alimentados pelo cheiro do mel cozido no tacho, inalaram o azedo da garapa e beberam da água que escorria pelos regos do Brejo de Areia e das várzeas do Rio Paraíba. Ao seu modo, o trio descreveu a vida no meio rural como a sentiram e conheceram.

Quando caminhava pelo sítio por entre carrapichos, no aceiro das conversas entre os mais velhos sempre estava a situação de penúri...

Quando caminhava pelo sítio por entre carrapichos, no aceiro das conversas entre os mais velhos sempre estava a situação de penúria em que as famílias viviam, a seca e a carestia predominavam como assuntos, enquanto as panelas sobre trempes coziam a gororoba, mesmo sendo pouca. Crescia a escassez pela procura da mão-de-obra alugada e os engenhos perdiam a força produtiva devido ao aperto dos bancos. Tudo isso contribuiu para a expulsão de famílias que encheram as pontas das ruas.

Sempre termino o percurso pelos arredores do Convento São Francisco com a alma aliviada. Naquele conjunto arquitetônico de estilo ba...

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Sempre termino o percurso pelos arredores do Convento São Francisco com a alma aliviada. Naquele conjunto arquitetônico de estilo barroco composto de capelas exuberantes, largos corredores, portas e janelas abertas ao horizonte a nos envolver na silenciosa mística emanada do lugar, recolho paz no seu silêncio.

Quando dobrei a esquina da Avenida João Machado no sentido da Rua João Amorim, mudei de lado da calçada para passar em frente da casa o...

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Quando dobrei a esquina da Avenida João Machado no sentido da Rua João Amorim, mudei de lado da calçada para passar em frente da casa onde depositei os sonhos de repórter foca, na redação de A União. Parei no tempo e reduzi o passo, enquanto voltei à época quando nos anos entrantes de 1980 me encantava com o ambiente transformado em espojeiro.

O gesto de paparicar netos, que extrapola o carisma de pai, ecoou no Dia dos Avôs. Numa perspectiva de vida longa, quando nasce um n...

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O gesto de paparicar netos, que extrapola o carisma de pai, ecoou no Dia dos Avôs.

Numa perspectiva de vida longa, quando nasce um neto, completa-se o ciclo da existência humana.

Como pesquisador de sentimentos íntimos, recolhemos os netos em gestos dos filhos, nos mistérios do amor de pai.

A madrugada silenciosa de 31 de julho de 2017 carregou Goretti Zenaide para a eternidade. Deixou vazias as manhãs que eram preench...

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A madrugada silenciosa de 31 de julho de 2017 carregou Goretti Zenaide para a eternidade. Deixou vazias as manhãs que eram preenchidas com a leitura de sua página no jornal, sem a conversa amena e sem a acolhida do seu sorriso a cada abraço no reencontro. Ela foi integrar uma nova constelação de estrelas em Universo de muita luz, e deixou saudade.

Com o coração contrito lembramos da passagem dela, reunimos lembranças de amigos para partilhar o mesmo sentimento de perda, para manter viva sua memória. Essa memória do registro de pequenos gestos guardados como recordação. O sorriso aberto, o olhar de meiguice a conduzir paz e a palavra afetuosa que acalmava a alma. De tudo isso dela estaremos sempre necessitados.

Um ano depois, sem a presença física de Walter Galvão no meio de nós, redações de jornais e rádios continuam silenciosas sem en...

Um ano depois, sem a presença física de Walter Galvão no meio de nós, redações de jornais e rádios continuam silenciosas sem entender sua partida repentina.

Em junho de 2021, minha filha recebeu dois livros que ele havia publicado no começo do ano, autografados. Dias depois, com a aragem da noite veio a notícia de sua morte, quando recolhíamos lembranças de décadas de múltipla empatia.

Na manhã de sol ofuscado por nuvens escuras que sinalizavam o veranico de janeiro sobre a cidade de Alagoa Nova, Gonzaga e eu sentamos ...

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Na manhã de sol ofuscado por nuvens escuras que sinalizavam o veranico de janeiro sobre a cidade de Alagoa Nova, Gonzaga e eu sentamos na praça, enquanto Antônio David buscava ângulos diferentes para registrar cenas do cotidiano da cidade, sobretudo no entorno da igreja.

O artista plástico Flávio Tavares conta causos com a mesma elegância que pinta quadros. Herança do pai, Arnaldo Tavares, médico que ...

O artista plástico Flávio Tavares conta causos com a mesma elegância que pinta quadros. Herança do pai, Arnaldo Tavares, médico que trocava o bisturi pelo lápis e pincel para moldar no papel a paisagem da alma. Onde chegava, atraía as atenções pela elegância da narrativa, sempre com uma pitada de humor.

"Mestre, meu mestre querido! Coração do meu corpo intelectual e inteiro!”, estes versos são de um poema antológico do português F...

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"Mestre, meu mestre querido! Coração do meu corpo intelectual e inteiro!”, estes versos são de um poema antológico do português Fernando Pessoa, passando-se por Álvaro de Campos. Não sabemos quem é o mestre, mas o poeta revela dedicação que ultrapassa os limites do amor de pai, de tão grande que é essa veneração.

Depois de um longo período de estiagem, nos dias que antecederam a passagem do ano novo, ocorreram chuvas em algumas partes da Paraíba...

Depois de um longo período de estiagem, nos dias que antecederam a passagem do ano novo, ocorreram chuvas em algumas partes da Paraíba e, suponho, trouxeram alento e esperança para muita gente. Cabaceiras e Arara, onde a chuva tem o costume de passar longe, a pluviosidade foi além do veranico.

Observo as chuvas que ocorrem desde março e recordo passagens dos romances de José Lins do Rego quando aborda sua gente e suas paisagens de canaviais, descritas com suavidade poética, das muitas que nos deixou, pois contém a alma do povo. As cheias do Rio Paraíba andam conosco depois da leitura de Menino de Engenho.

Tomei conhecimento de que choveu em Serraria e em todo entorno. Água que desceu pelas encostas, correu pelos regos para desaguar em ...

Tomei conhecimento de que choveu em Serraria e em todo entorno. Água que desceu pelas encostas, correu pelos regos para desaguar em barreiros e alagou baixios. Quando chove na região, logo brotam as florezinhas brancas e amarelas nos campos. Nos aceiros dos caminhos o orvalho molha as canelas de quem passa. O perfume da terra molhada faz esquecer os dias e os momentos tormentosos do período da estiagem.

Quando o jornalista e imortal da Academia Paraibana de Letras, Helder Moura, publicou O incrível testamento de Dom Agapito , em 2018, fui ...

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Quando o jornalista e imortal da Academia Paraibana de Letras, Helder Moura, publicou O incrível testamento de Dom Agapito, em 2018, fui tomado de surpresa. Acostumado às narrativas dele sobre política, em jornal impresso ou na televisão, sempre com desenvoltura e abalizados pontos-de-vista, o romance surpreendeu pelo conteúdo e pela forma da narrativa.

Quando a prefeitura municipal desta cidade decidiu homenagear Gonzaga Rodrigues, em evento cultural na manhã de um sábado no Pavilhão do C...

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Quando a prefeitura municipal desta cidade decidiu homenagear Gonzaga Rodrigues, em evento cultural na manhã de um sábado no Pavilhão do Chá, coube ao jornalista e historiador Ramalho Leite pronunciar as palavras de saudação, depois do homenageado recolher os olhares de admiradores e receber a aspersão da chuvinha sobre nossas cabeças. A chuva foi como benção dos céus para saudar o encontro de amigos.

A culpa não é da Imprensa, como sempre se atribui, ao noticiar desmantelos. A imprensa deve ser a voz do povo. Calar os meios de comunic...

A culpa não é da Imprensa, como sempre se atribui, ao noticiar desmantelos. A imprensa deve ser a voz do povo. Calar os meios de comunicação, é cortar a língua do povo. A alienação não vem apenas de certas manifestações culturais, mas das nefastas redes sociais quando disseminam ódio e mentiras. Esses não são jornalistas, mas embusteiros.

O livro O Homem que Plantava Árvores do escritor francês Jean Giono , uma fábula sobre a preservação do meio ambiente, é compos...

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O livro O Homem que Plantava Árvores do escritor francês Jean Giono, uma fábula sobre a preservação do meio ambiente, é composto de mensagens que inspiram a lutar pela paisagem, mesmo onde não existam vidas. Não resumirei os componentes da narrativa, mas sugiro ir atrás da obra para conhecer a bela estória que, para mim, revelado minhas habilidades de agricultor, é uma lição de vida. Apenas confesso se tratar de um solitário homem que transforma uma área desértica em aprazível reserva florestal, anos depois a floresta traz água e chega o desenvolvimento.

Tenho dois amigos que escrevem romances. Um que usa palavras e outro que pinta quadros para contar suas histórias. Ambos com suas obras ...

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Tenho dois amigos que escrevem romances. Um que usa palavras e outro que pinta quadros para contar suas histórias. Ambos com suas obras transmitem paz e contribuem para que a literatura e a pintura transformem a sociedade.

No cenário do Brejo de Areia, repleto de serras e verde por todos os lados, um lenitivo para os olhos, José Américo de Almeida se fez ho...

No cenário do Brejo de Areia, repleto de serras e verde por todos os lados, um lenitivo para os olhos, José Américo de Almeida se fez homem escutando as vozes do silêncio, que saíam dos canaviais, dos pés de serra e dos grotões, do som das cachoeiras e do vento a balançando as palmeiras.

A paisagem do Engenho Olho d'Água, onde nasceu e aprendeu a ser silencioso, ouvindo o vento uivando pelos canaviais, nunca abandonaria José Américo. O vento, se esparramando nos telhados das casas de sua pequena cidade, carinhosamente,

Pouco depois da hora média que marca momento de oração para os cristãos católicos, percorríamos a calçada da Praça 1817, espremidos por ...

Pouco depois da hora média que marca momento de oração para os cristãos católicos, percorríamos a calçada da Praça 1817, espremidos por transeuntes e carros, seguindo o rastro da memória de caminhantes imputáveis de culpa pelo abandono de casas que do passado carregam a marca do silêncio.