Há um descontentamento do povo brasileiro pela política. A política não é uma coisa maléfica” . Dom Marcelo Pinto Carvalheira pronunc...
Quem sabe faz a hora acontecer
Quando retornei ao sítio onde nasci, recentemente, era uma manhã em que as folhas das árvores e as poças de água refletiam os raios ...
O armador de rede
Como que flutuando, andei em círculo pela sala e outros cômodos de mesmo piso grosso, desgastado, cimentado há mais de sessenta anos. Na lateral havia uma janela, mas foi tapada e recamada vultosa caliça. As paredes tinham a caliça original. As mesmas vigas de madeira postas sobre a meia parede apoiam as linhas de madeiramento roliças, caibros e ripas sustentam as telhas-vãs que nos protegeram das invernadas e do sol de verão.
Se Ernesto Sábato dizia que “depois de ler Proust você jamais conseguirá ser o mesmo”, com Gonzaga Rodrigues essa mudança radical ac...
Lima Barreto, 100 anos depois
Para definir a situação atual do País, recordo uma assertiva de Dom Marcelo Carvalheira de vinte anos atrás, quando nosso arcebispo em...
Em defesa dos esquecidos
As palavras “guerra civil” sempre estiveram na minha mente como algo pernicioso à dignidade humana, porque escutava meu pai conversar sobre isso quando me colocava perto do balcão na bodega, em nossa casa.
Há mais de dez anos eu remendava uma crônica publicada no extinto jornal O Norte, com frase retirada do Diário de Pernambuco,...
'Pobre só sabe sofrer'
Recorri ao filósofo e à mulher pernambucana para referendar a história de quem sobrevive com tão pouco.
Já em meado do século XIX o presidente da Província da Paraíba, Sá e Albuquerque falava da expansão do café pelo do Br...
O café nosso de cada dia
Pela hegemonia econômica no Brejo, havia uma boa disputa por maior posição na produção entre o café e a cana, visto que a região nunca foi adaptável à pecuária.
Fico com Neruda, poeta do mundo, quando citou Arthur Rimbaud: só com uma ardente paciência conquistaremos a esplêndida cidade qu...
A lição de Neruda
Com Poesia magistral, o poeta chileno lutou contra as mazelas que destroem a humanidade, escravizam e reduzem a farrapos homens em seus elementares direitos.
Um dos sobrados mais antigos e imponentes, com marcas da história de Serraria, agora está nas mãos de um novo dono, ganhou espaços pa...
Um sobrado e suas histórias
Quando a seca arruinou o sertão nordestino, revelava a fome e o desespero em toda a sua extensão, ações de José Américo d...
As secas e a fome
Dias depois em que a rosa surgiu no pequeno jardim, as pétalas caíram ao toque de minha mão displicente. A mulher esperava o sol que ...
Meeiros do jardim invisível
Com as flores, o jardim da nossa casa, mesmo pequeno, a beleza se torna grande. Na lua cheia, quando as roseiras encostadas à parede do muro abriram-se em cachos, nos chamou a atenção porque expeliu perfume. Permaneceu alguns dias, até que a mão displicente tocou e as pétalas caíram.
A professora Ângela Bezerra de Castro chega aos 80 anos cercada dos que têm, na Paraíba, sensibilidade suficiente para compree...
Professora Ângela, 80 anos
Não tive o privilégio de ser seu aluno nos bancos universitários, mas carrego o prazer do aprendizado em suas conferências ou conversas amenas.
Quando setembro chegou, trouxe a esperança da Primavera. Uma Primavera solene com recados da natureza para recordar. Olho a rua...
Recados da Primavera
Olho a rua e observo nuvens conduzindo expectativas de bons tempos, em muitas direções. Sou um sujeito esperançoso. Espero mudanças que chegam com vento a açoitar as copas das árvores, a entrar pelas frinchas das janelas, com seus recados. Recados que há muito tempo procuro decifrar.
Estava a uma distância suficiente para reconhecer o talhe do rosto. Os cabelos alinhados e a barba embranquecida indicavam como sen...
As lições de Solha
Retornava de minhas atividades físicas no final da tarde. Caminhava lento quando avistei Solha, no outro lado da rua, em debanda do mercado do Bairro dos Estados.
Quando nos aproximamos das margens do Rio Paraíba, depois de São Miguel de Taipu, em demanda do Pilar, ao olhar de relance para a paisa...
Às margens do Paraíba
Repórter principiante e leitor revelado nas páginas de Menino de Engenho, carregava comigo o gosto da garapa e o cheiro do mel cozido dos engenhos de Chico Frazão e de Antônio Carvalho, quando percebi no Corredor as paisagens de menino que ficaram em Serraria.
Três escritores da Paraíba nascidos em engenho construíram espaço na história da literatura brasileira. Augusto dos Anjos...
Três meninos de engenho
Os três meninos de engenho carregavam a sina de terem vivido ao florescer da idade à sombra dos canaviais, foram alimentados pelo cheiro do mel cozido no tacho, inalaram o azedo da garapa e beberam da água que escorria pelos regos do Brejo de Areia e das várzeas do Rio Paraíba. Ao seu modo, o trio descreveu a vida no meio rural como a sentiram e conheceram.
Quando caminhava pelo sítio por entre carrapichos, no aceiro das conversas entre os mais velhos sempre estava a situação de penúri...
Fome na terra de Canaã
Sempre termino o percurso pelos arredores do Convento São Francisco com a alma aliviada. Naquele conjunto arquitetônico de estilo ba...
Arte e espiritualidade
Quando dobrei a esquina da Avenida João Machado no sentido da Rua João Amorim, mudei de lado da calçada para passar em frente da casa o...
A redação que anda comigo
O gesto de paparicar netos, que extrapola o carisma de pai, ecoou no Dia dos Avôs. Numa perspectiva de vida longa, quando nasce um n...
Infinito em sua paternidade
Numa perspectiva de vida longa, quando nasce um neto, completa-se o ciclo da existência humana.
Como pesquisador de sentimentos íntimos, recolhemos os netos em gestos dos filhos, nos mistérios do amor de pai.
A madrugada silenciosa de 31 de julho de 2017 carregou Goretti Zenaide para a eternidade. Deixou vazias as manhãs que eram preench...
A madrugada carregou Goretti
Com o coração contrito lembramos da passagem dela, reunimos lembranças de amigos para partilhar o mesmo sentimento de perda, para manter viva sua memória. Essa memória do registro de pequenos gestos guardados como recordação. O sorriso aberto, o olhar de meiguice a conduzir paz e a palavra afetuosa que acalmava a alma. De tudo isso dela estaremos sempre necessitados.