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No esfacelamento da União Soviética, 1991, o historiador Eric Hobsbawm põe o fim do século XX. Não à toa, ele chamou o período 1914-1991...

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No esfacelamento da União Soviética, 1991, o historiador Eric Hobsbawm põe o fim do século XX. Não à toa, ele chamou o período 1914-1991 de Era dos Extremos, pois nele se experimentou de tudo: de revoluções a independências de colônias; de ascensões e quedas de ditaduras de esquerda e de direita a duas guerras mundiais; de pandemias a criação e utilização de armas até então jamais imaginadas; de genocídios a viagens espaciais — tudo enquanto se consumia drogas de todo tipo e o ser humano chegava à superpopulação, causando desertificação, poluição, aquecimento global, enquanto — como resposta — libertava a mulher do próprio útero, o PIB mundial per capita se quintuplicava - num crescimento econômico maior do que o obtido em todos

Li o “Mozart por trás da máscara”, do uruguaio Lincoln Raúl Maiztegui Casas , quando foi publicado no Brasil, em 2006, pela Editora Plan...

Li o “Mozart por trás da máscara”, do uruguaio Lincoln Raúl Maiztegui Casas, quando foi publicado no Brasil, em 2006, pela Editora Planeta. Fui – só em parte – gratificado por isso, porque um dos escopos desse autor era contestar “a obra mais repelente” que – disse ele - teve oportunidade de ver em sua vida: o filme “Amadeus”, de Milos Forman, de que, caramba, sempre gostei muito.

Bom, ninguém é perfeito.

Nunes — sente-se isso em seu olhar, sente-se isso em tudo que escreve — é de uma pureza surpreendente. Talvez a explique o fato de que é...

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Nunes — sente-se isso em seu olhar, sente-se isso em tudo que escreve — é de uma pureza surpreendente. Talvez a explique o fato de que é diácono permanente da Arquidiocese da Paraíba e oblato beneditino do Mosteiro de Olinda.

Sinto, nele, a mesma aura de santidade do médico Dr. Sebastião Ayres e do ex-arcebispo da Paraíba, Dom José Maria Pires. Talvez porque — embora eu resultasse avesso a qualquer fé — minha mãe tivesse sido Filha de Maria e meu pai, Vicentino. Há um quê de incenso, em Dr. Sebastião,

1992: eu disse à Ione que estava na hora de visitar meu pai: - Está com 87. E o encontrei de cama. Não aceitou que o levasse a um mé...

1992:
eu disse à Ione que estava na hora de visitar meu pai:

- Está com 87.

E o encontrei de cama. Não aceitou que o levasse a um médico, nem que lhe trouxesse um.
Morreria uma semana depois.
Mas conversamos bastante, naquela derradeira ocasião. Em certo momento, pediu-me que lesse em voz alta, para ele, o poema “Se”, o “If” de Rudyard Kipling, que havia na tradução de Guilherme de Almeida, ... do Tesouro da Juventude – coleção que fora minha e deixara para ele.

Esta declaração de Picasso poderia ser a epígrafe de um comentário sobre o livro "Para Tocar Tuas Mãos": "Me tomó cuatro...

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Esta declaração de Picasso poderia ser a epígrafe de um comentário sobre o livro "Para Tocar Tuas Mãos":

"Me tomó cuatro años pintar como Rafael, pero me llevó toda una vida aprender a dibujar como un niño".

Isso a propósito de uma assertiva de Marco Lucchesi na quarta capa da publicação:

Eu lia uma dessas pesadas Histórias da Arte, quando tive um alívio enorme: depois de mais uma vez atravessar a Renascença Italiana – che...

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Eu lia uma dessas pesadas Histórias da Arte, quando tive um alívio enorme: depois de mais uma vez atravessar a Renascença Italiana – cheia de calvários, mártires, batalhas e juízos finais – entrei numa leve e clara abordagem da arte japonesa. Com isso entendi porque ela foi agente importante da grande revolução ocorrida com o Impressionismo. Imagine o frescor que os europeus da época sentiram na descoberta, por exemplo, das Trinta e Seis Vistas do Monte Fuji, de Hokusai.

2017 Vi — em meu computador, pelo skype — o filho Dmitri, 50 anos — dizer, lá de Fortaleza, que fora confirmada a metástase do câncer...

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2017
Vi — em meu computador, pelo skype — o filho Dmitri, 50 anos — dizer, lá de Fortaleza, que fora confirmada a metástase do câncer, agora no fígado. "Tô morto, pai!". E chorou.

— Calma — eu disse, porque teria de dizer alguma coisa. — Nayah é enfermeira, com bons parentes médicos da área, aí na cidade. Isso será contornado!

Sem transição, ele acrescentou que, pior, era passar por aquilo no inferno que era a sua vizinhança — detalhe surpreendente, mas a que me apeguei:

Coincidiu que, agora em 20 de março – aos 80 anos -, tive um infarto e escapei na sala de operações, enquanto, nove dias depois, perdíam...

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Coincidiu que, agora em 20 de março – aos 80 anos -, tive um infarto e escapei na sala de operações, enquanto, nove dias depois, perdíamos o grande designer gráfico Elifas Andreato, 76 anos, “por complicações - segundo vagas reportagens - de um... infarto”. Como sempre fui fascinado por suas capas de discos e cartazes, foi inevitável me lembrar de que fui também, várias vezes, capista. Na verdade, criei apenas a da revista BAZAR, maio de 99, transformando a bandeira nacional em um olho severo direto no leitor.

Minha última publicação, no gênero, foi “Arkáditch” – ed. Ideia, 2011. Eis como foi criado: 1 - Assim como “Relato de Prócula...

Minha última publicação, no gênero, foi “Arkáditch” – ed. Ideia, 2011. Eis como foi criado:


1 - Assim como “Relato de Prócula” teve o primeiro esboço na minha vontade de escrever algo como “A Cidade e as Serras”, do Eça, pois eu tinha muita coisa pra contar de meus sete anos de Pombal e do que já vivera aqui, Arkádtich – digo logo - é o nome do irmão de Ana Karenina. Tudo veio desse lance russo.

... mas algo, em mim, sempre me diz "resista" Minha primeira peça de teatro, O VERMELHO E O BRANCO, de 68, teve três ou quat...

... mas algo, em mim, sempre me diz "resista"

Minha primeira peça de teatro, O VERMELHO E O BRANCO, de 68, teve três ou quatro apresentações e foi proibida pela Censura Federal da ditadura “por ferir a dignidade da pátria e ser capaz de sublevar os ânimos da juventude”. Morreu ali.

Da solidão de não pertencer à quarta dimensão - de Daniela Della Torre (Editora Nankin, 2009) – Qual seria a melhor imagem de Clarice,...

Da solidão de não pertencer à quarta dimensão - de Daniela Della Torre (Editora Nankin, 2009)

– Qual seria a melhor imagem de Clarice, após essa leitura?

– A da fotomontagem de Wanda Wuls, Moi+Chat, de 1925, que aqui em seguida está.

– Alguma surpresa, no livro da Della Torre.?

Não dá pra esquecer a bela crônica “Não dá pra Esquecer”, de Martinho Moreira Franco (1947—2021) a respeito de slogans famosos, começando ...

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Não dá pra esquecer a bela crônica “Não dá pra Esquecer”, de Martinho Moreira Franco (1947—2021) a respeito de slogans famosos, começando  pelo clássico “O primeiro a gente nunca esquece”,  da Valisere, com a bela mocinha deslumbrada com seu inaugural sutiã, depois do que Martinho envereda por outros trinta grandes achados, dos quais pinço, ainda, indeléveis, o dos lápis Faber Castell - “Se você não comprar, eles vão ficar desapontados”, o das pilhas Duracell - “Têm um lado negativo, mas também um positivo”,

Em “1/6 de Laranjas Mecânicas, Bananas de Dinamite” faço a ligação dessas “entidades” ao Logos, que abre o evangelho de João: que a men...

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Em “1/6 de Laranjas Mecânicas, Bananas de Dinamite” faço a ligação dessas “entidades” ao Logos, que abre o evangelho de João:

que a mente atente, sempre, que é à Inteligência, Razão, do Novo Testamento, que Hamlet – metaforicamente – se refere, quando confere a ... uma ... divinity - divindade – a... cumplicidade... que dá forma a tudo ... que o ser humano projete, ainda que muito lhe falte para que o complete,

Quantas vezes ouvi, pelo rádio, a propaganda do Phymatosan – com a mesma... canção “Daisy Bell” que vi, em 1968, o computador HAL 9000 não...

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Quantas vezes ouvi, pelo rádio, a propaganda do Phymatosan – com a mesma... canção “Daisy Bell” que vi, em 1968, o computador HAL 9000 não conseguir cantar até o fim, no filme “2001”, ao ter a memória destruída pelo astronauta David (numa sutil versão do embate Davi/Golias):

I Pra resolver um problema de pele, nos anos 70, saí da agência centro do BB em João Pessoa, onde trabalhava, e subi a Rodrigues de Aqui...

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I

Pra resolver um problema de pele, nos anos 70, saí da agência centro do BB em João Pessoa, onde trabalhava, e subi a Rodrigues de Aquino, direto ao consultório do Dr. Arnaldo Tavares, que – depois – soube ser pai do artista plástico Flávio Tavares. Parei no início do longo corredor da casa antiga, deslumbrado com o mundo de livros que cobriam as paredes até o teto! Por volta de 2007, quando fui descrever a biblioteca do protagonista de meu romance Relato de Prócula, que seria no sítio Mundo Novo, em Pombal, de meu colega de elenco d’O Salário da Morte, Horácio de Freitas, juntei as duas lembranças e descrevi:

Perguntei a Burity — na casa do Dr. Paulo Maia, em que o ex-governador, mais o maestro Kaplan, o violinista Yerko Tabilo, o contrabaixist...

solha
Perguntei a Burity — na casa do Dr. Paulo Maia, em que o ex-governador, mais o maestro Kaplan, o violinista Yerko Tabilo, o contrabaixista Hector Rossi, o jornalista Luiz Carlos Nascimento e eu nos reuníamos todos os sábados de manhã, para ouvir música erudita — se ele tivesse que levar uma única obra para uma ilha deserta, qual seria?

O Pintor do Império Intensa biografia - em substancioso trecho da História do Brasil - cheia de casos curiosos e vívidas historietas, é o ...

O Pintor do Império

Intensa biografia - em substancioso trecho da História do Brasil - cheia de casos curiosos e vívidas historietas, é o que temos em PEDRO AMÉRICO – As Cores do Brasil Imperial, de Lúcio Flávio Vasconcelos – ed. Prismas 2016.

Sem deixar de venerar um minuto sequer seu famosíssimo conterrâneo, o autor jamais nos escamoteia um defeito, sequer, do biografado, o que torna o relato muito e muito convincente.

... e nem sei se aproveitei       I A magia da palavra aflora quando lhe mostro, agora, como a escrita habilita nossa ...

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... e nem sei se aproveitei
 
 
 
I
A magia da palavra aflora quando lhe mostro, agora, como a escrita habilita nossa mente a ver - ao ler - imagens para as quais ela se programa, feito se cada expressão fosse de frames feita, ou fotogramas,

Apesar de parcerias com vários compositores ligados à UFPB – José Alberto Kaplan, Ilza Nogueira , Carlos Anísio e Eli-Eri Moura – e com o...

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Apesar de parcerias com vários compositores ligados à UFPB – José Alberto Kaplan, Ilza Nogueira, Carlos Anísio e Eli-Eri Moura – e com o cineasta Marcus Vilar, do NUDOC, apesar de ter sido tema da monografia da atriz Suzy Lopes para seu bacharelado de teatro da mesma universidade e de ter o painel Homenagem a Shakespeare no auditório da reitoria, não tive formação acadêmica. Esse painel – de 1997 – e meu livro “Zé Américo foi Princeso no Trono da Monarquia”, de 84, em que penso ter demonstrado que “A Bagaceira” – teve (conscientemente ou não) influência do “Hamlet”, me remetem a uma ligação de João Batista de Brito, então do CCHLA (Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes) convidando-me para dar uma palestra sobre Shakespeare num dos aniversários de nascimento e morte do Bardo, 23 de abril.

Eu tinha 13, 14 anos - Sorocaba-SP, 1954, 55 -, quando meu pai me deu um livro chamado Primeiro Encontro com a Arte, de um baiano germânic...

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Eu tinha 13, 14 anos - Sorocaba-SP, 1954, 55 -, quando meu pai me deu um livro chamado Primeiro Encontro com a Arte, de um baiano germânico chamado Karl-Heinz Hansen. Obras-primas de vários museus do mundo - tudo muito remoto - até que dei com o “Autorretrato do Artista com a Barba Nascente”, de Rembrandt, e a informação de que pertencia ao MASP Museu de Arte de São Paulo - a somente... cem quilômetros dali!