Como já disse, meu primeiro poema longo - Trigal com Corvos - me custou uma década para chegar a finalista do prêmio Nestlé, e mais doi...
Dizem que a vida é curta, que o tempo voa, que não dá tempo pra nada. Eu não acho!
… conforme a minha peça teatral "A verdadeira estória de Jesus." LUCAS - Mas ... vejam! Vejam! Lá está o Salvador, ...
A noite de Natal em diálogo dos quatro evangelistas
LUCAS - Mas ... vejam! Vejam! Lá está o Salvador, chegando!
MATEUS - Onde, onde?
LUCAS - Lá está: por trás dos rolos de fumaça que sobem da névoa suja em que Jerusalém está imersa! Em cima... do outdoor com o perfil de Tibério e os símbolos do comércio e indústria sob a legenda “Pax Romana”.
MARCOS - O que estou vendo (ri) é a Constelação de Virgem .
LUCAS - Exatamente!
Cada época tem uma rede tão grande de conexões entre estilos, inventos, descobertas, eventos políticos e econômicos, que os avanços qu...
Quem pode parar de sonhar?
Vi o soldado paraguaio avançar em minha direção em passo de ganso, baioneta em riste, eu imóvel, as mãos pra trás, segurando o boné, ...
Eu vi
Ao ler a bela História da Revolução Russa , de Trotsky, lançada pela Paz e Terra em 78, resolvi partir para um espetáculo sobre Vladími...
Quando a gente não saca que já não é hora
Como uma conversa com minha filha – ainda menina – ampliou a visão que eu tinha da construção de personagens como Jesus, Moisés e o s...
Conversa com minha filha sobre Jesus, Moisés e o Super-homem
⏤ O que tanto lê sobre Jesus?
Parece-me incrível que a internet, como a conhecemos, seja apenas um ou dois anos mais velha do que meu painel Homenagem a Shakespeare,...
Às portas da percepção
Graças à Internet, passou a ser ágil e fácil a localização de coisas como o trecho em que, no Dom Casmurro, está a expressão “olhos de ressaca”, sem falar no extraordinário ganho de tempo, também, na reprodução da frase ou do parágrafo de que ela faz parte, num texto que produzimos. Isso, pra quem foi do tempo em que se datilografava uma crônica, tinha-se de levá-la ao jornal, onde um linotipista – como se vê no novo filme de Spielberg – The Post – repassava-a para suas matrizes, é espantoso. Imagine que fiz comerciais de TV em filmes de 16 mm e tive de levá-los ao Recife, para que fossem transmitidos pra João Pessoa. E como saciar a gigantesca e universal curiosidade em livros, jornais e revistas, principalmente enciclopédias, atualizadas apenas anualmente pelas editoras? Mesmo assim, eu teria de ter todas as bibliotecas do mundo pra conseguir o que obtenho instantaneamente no Google, o Evangelho em grego, por exemplo:
— εν (en) αρχη (arché) ην ο λογος (en o logos) - No Princípio era o Logos.
Ou o complexo Gênesis em hebraico:
— No princípio criou Elohym (Deuses) os céus e a Terra: בָּרָא (BÅRÅ) – אֱלֹהִים (ELOHYM) - אֵת הַשָּׁמַיִם (ET HASHÅMAYM) - וְאֵת הָאָרֶץ (VEET HÅÅRETS).
Hino Nacional em latim?
Heroicæ gentis validum clamorem,
Solisque libertatis flammae fulgidæ…
Ah, o chapéu de Indiana Jones foi da fábrica Cury, de Campinas. Carmem Miranda é portuguesa de Marco de Canaveses. Carlos Gardel é francês de Tolouse. O inventor da máquina de escrever foi o padre paraibano Francisco João de Azevedo. A editora Palimage, de Portugal, pode lançar meu poema longo Trigal com Corvos. Eis os poemas de William Carlos William e de Vitória Lima, as esculturas de Camille Claudel e de Miguel dos Santos, as fotografias de Ansel Adams e de João Lobo. Fortunato e Ermelinda – meus pais? – Fico sabendo que se casaram em 08 de janeiro de 1930. Sobre meu avô paterno? Joaquim Solha nasceu em Lisboa, 06 de fevereiro de 1875, filho – eu também não sabia disso – do casal Constantino e Rita.
Felizmente o maestro Kaplan e eu tínhamos o amigo Doutor Paulo Maia – dono de uma coleção de LPs, DVDs enorme – e todos os sábados passávamos a manhãs lá, “ouvindo a melhor música do mundo”, como dizia o grande advogado. Aí apareceu o Youtube.
— Pavarotti na ária “Nessun Dorma” , da ópera “Turandot”, de Puccini? Revejo a hora que quiser essa “Prova dell'esistenza di Dio”.
De uma execução da Abertura 1812, de Tchaikovsky, com direito a sinfônica e canhões , até uma despojada pantomima de Marcel Marceau num pequeno palco de Paris; da sequência de “Shine” em que o pianista David Helfgott, ainda muito jovem, entra em parafuso ao tentar executar o belo... e dificílimo concerto número 3, para piano e orquestra, de Rachmaninoff, ao Daniel Barenboim chegando a extremos de beleza ao interpretar, lenta e singelamente, como se deve, o “andante” do concerto número 21 para piano e orquestra, de Mozart, ou a mesma obra com Gulda, Horowitz, Arrau, Glen Gould. Do hipersensível e afinadíssimo Caetano Veloso cantando Paloma, no filme “Fale com Ela”, de Pedro Almodóvar, à sequência do “Amadeus”, de Milos Forman, em que Wolfy, agonizante, dita a lindíssima “Lacrimosa” , do “Réquiem”, a um deslumbrado e trôpego Salieri, que acompanha (conosco) o raciocínio ágil e brilhante do gênio em pleno trabalho de criação – tudo está lá. Inclusive o coro de jovens da UNIRIO cantando trechos da ópera Dulcineia e Trancoso, libreto meu, música do maestro Eli-Eri Moura.
Fala-se no próximo passo: todo o conhecimento do mundo enxertado diretamente no cérebro humano. Acredito nisso.
A Folha de São Paulo do dia 1º de setembro nos remeteu a um texto de 31.03.2003 , com esta chamada: “Quadro fez Marcel Prous...
O quadro que fez Proust desmaiar em Haia
Isso me devolveu à época em que li, no seu romance de 7 volumes, “Em Busca do Tempo Perdido” , escrito quando Vermeer ainda era um nome bastante apagado, sobre um personagem ⏤ romancista ⏤ que morre ao descobrir que jamais poderia escrever tão belamente quanto Vermeer pintava. Não chego a tanto,
… depois de sete anos sem querer saber de cinema Em 2002 ou 3, quando eu saía da estreia do cearense “Lua Cambará”, no Festival ...
O medo que me levou a ''O som ao redor''
- Mai tu tá muito ruim no filme!
E eu:
- Também acho.
Algumas arrumações num rosto ou corpo nos parecem lindíssimas. É o caso - porém - de se perguntar se a Natureza foi particularmente fe...
O que é a beleza?
Jung diz que as mulheres que parecem mais desejáveis para os homens, são as que têm mais sinais de saúde e maiores chances de gerar filhos saudáveis.
Pintei muitos quadros com a figura de Cristo, assim como escrevi, sobre ele, os romances A VERDADEIRA ESTÓRIA DE JESUS - que adaptei p...
Cada quadro tem uma longa história
Três da tarde, começo de outono. Muita, mas muita gente, mesmo, nas mesas espalhadas pelas calçadas dos cafés e restaurantes de toda a...
Paris é uma festa
Pobre do Herodes ingênuo Pobre do ingênuo Caifás, Pobre do ingênuo Sinédrio, Pobre do ingênuo Anás, Pobre do povo gritando Fazendo esco...
Coisas de que a gente nunca se esquece
O meu chefe na carteira de cobrança, da agência do Banco do Commercio e Indústria de São Paulo, na Sorocaba de 1961 e 62, o Sidney ...
O Sidney ''sinfônico''
Era filho de ferroviário, como eu, e morava à beira da estrada de ferro. Descuidado com as roupas, vestia-se mal porque gastava em discos tudo o que lhe sobrava da ajuda em casa. Mas tinha uma coleção de discos que só vi igual na casa do Dr. Paulo Maia, aqui em João Pessoa. Mas isso numa casa de madeira, do pai, junto dos trilhos de Sorocabana.
Foi ali, ao limpar o disco que íamos ouvir em seguida, que me contou que se deslumbrara com a música que ouvira em bg, durante a morte de Cristo, no drama da Paixão, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, na sexta feira santa, pelo que escrevera pra lá, perguntando que obra era aquela:
“A catedral Submersa " – disseram-lhe. “La Cathédral Engloutie", de Claude Debussy.
Aquilo imediatamente se transformou em imagem na minha mente e “vi”, fascinado, o que ouvi em seguida. Até que fiz uma tela de 50 X 30, anos depois.
O modelo foi a catedral de Milão, imaginariamente encalhada a meio caminho do fundo do mar, entre algas, bolhas e tubarões. A ideia veio deste belo exemplo de música impressionista criado pelo compositor francês a partir de uma lenda bretã.
Encontrei vários apaixonados por música erudita, na vida, sendo seus ápices o Dr. Paulo Maia, daqui, e o Sidney, de lá.
Não descansei enquanto não consegui o disco. A imagem que “vi”, ali, não descansou por vários anos, enquanto não virou quadro…
No esfacelamento da União Soviética, 1991, o historiador Eric Hobsbawm põe o fim do século XX. Não à toa, ele chamou o período 1914-1991...
Era dos Extremos
Li o “Mozart por trás da máscara”, do uruguaio Lincoln Raúl Maiztegui Casas , quando foi publicado no Brasil, em 2006, pela Editora Plan...
O pai de Mozart
Bom, ninguém é perfeito.
Nunes — sente-se isso em seu olhar, sente-se isso em tudo que escreve — é de uma pureza surpreendente. Talvez a explique o fato de que é...
De uma pureza surpreendente
Sinto, nele, a mesma aura de santidade do médico Dr. Sebastião Ayres e do ex-arcebispo da Paraíba, Dom José Maria Pires. Talvez porque — embora eu resultasse avesso a qualquer fé — minha mãe tivesse sido Filha de Maria e meu pai, Vicentino. Há um quê de incenso, em Dr. Sebastião,
1992: eu disse à Ione que estava na hora de visitar meu pai: - Está com 87. E o encontrei de cama. Não aceitou que o levasse a um mé...
Meu enigmático pai
eu disse à Ione que estava na hora de visitar meu pai:
- Está com 87.
E o encontrei de cama. Não aceitou que o levasse a um médico, nem que lhe trouxesse um.
Morreria uma semana depois.
Mas conversamos bastante, naquela derradeira ocasião. Em certo momento, pediu-me que lesse em voz alta, para ele, o poema “Se”, o “If” de Rudyard Kipling, que havia na tradução de Guilherme de Almeida, ... do Tesouro da Juventude – coleção que fora minha e deixara para ele.
Esta declaração de Picasso poderia ser a epígrafe de um comentário sobre o livro "Para Tocar Tuas Mãos": "Me tomó cuatro...
O livro de William Costa
Isso a propósito de uma assertiva de Marco Lucchesi na quarta capa da publicação:
Eu lia uma dessas pesadas Histórias da Arte, quando tive um alívio enorme: depois de mais uma vez atravessar a Renascença Italiana – che...