Como uma conversa com minha filha – ainda menina – ampliou a visão que eu tinha da construção de personagens como Jesus, Moisés e o super-homem.
Houve um dia em que Andréia – mais ou menos como na foto tirada por Miguel dos Santos em seu ateliê ainda no Jaguaribe – rodeou meu birô, viu nele as ilustrações de vários livros abertos e perguntou:
⏤ O que tanto lê sobre Jesus?
Mostrei-lhe o bico-de-pena de Gustavo Doré, em que o bebê Moisés é colocado dentro de um cesto de junco, no Nilo, pra escapar da matança de todos os meninos hebreus, promovida pelo faraó.
O Pequeno Moisés no Rio Nilo ▪ Gustave Doré, 1866
Atlas Celestial: VirgemJohn Bevis, 1750
⏤ Oxente – Andréia disse – é o que também acontece com o Super Mouse!
⏤ Como assim?!
⏤ O planeta em que ele nasceu vai explodir, né? – disse, didática ⏤ , mas aí o pai põe ele ⏤ ainda bebê ⏤ num foguetinho, como esse cestinho, e só o nenê escapa quando tudo se arrebenta, o foguetinho vindo pra Terra.
Caramba!
Aquilo fora sugado da história da origem do Super-Homem, com o planeta Krypton explodindo e o super bebê escapando na maquete da nave que seria “uma arca do espaço”, a ser produzida pelo pai do menino, Jor-El! Não à toa, Goebbels – ministro da propaganda de Hitler – ao ver histórias em quadrinhos com o Super-Homem lutando contra nazistas, dissera que ele era judeu! – e seus criadores, de fato, eram.
O Super-homem combate os nazistas ▪DC
A Verdadeira Estória de Jesus ▪ WJ Solha ▪ Editora Ática, 1979
Conclusão: meu livro ampliou-se a partir daquela estupenda conversa com Andréia.
(Trecho da 'AUTO B/I/O GRAFIA' do autor a ser lançada)