"AMANHÃ EU FAÇO", era o que estava escrito na plaquinha torta pendurada na parede do seu quarto. Foi um presente que ganhou quan...

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"AMANHÃ EU FAÇO", era o que estava escrito na plaquinha torta pendurada na parede do seu quarto. Foi um presente que ganhou quando era adolescente, mas até hoje ainda não agradeceu.

Sua tendência a “deixar pra depois”, começou ainda na barriga da mãe. Segundo o prontuário médico sua gestação foi de 44 semanas, fato inédito que intrigou e chocou a Sociedade Internacional de Obstetrícia. Houve acusações de erro médico, mas depois de muito estudo, exames e discussões acaloradas,

Escrever é um ato solitário, requer silêncio e meditação, entretanto ao final é prazeroso o produto desse isolamento, mesmo sabendo que sã...

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Escrever é um ato solitário, requer silêncio e meditação, entretanto ao final é prazeroso o produto desse isolamento, mesmo sabendo que são poucos os leitores. Somos leitores de nós mesmos, manuseadores de nossos próprios livros.

Uma vez Ariano Suassuna falou que se dava por satisfeito sabendo que seus livros tinham sido lidos por uma pessoa. Dizia isso para demonstrar quanto apreço tinha pelos livros,

1 - Eu, candidato pelo PT? Jamais seria eleito para o governo do estado, Derly: O que a oposição argumentaria para o povo, depois de cont...

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- Eu, candidato pelo PT? Jamais seria eleito para o governo do estado, Derly: O que a oposição argumentaria para o povo, depois de contar que fui à casa do José Américo de Almeida dizer a ele que A Bagaceira, tido como o romance que livrou a literatura brasileira da inglesa, foi feita em cima do Hamlet, e que ele foi o autor intelectual da morte de João Pessoa, e que escrevi um livro com a tese de que Jesus nunca existiu, e que perdi tudo que tinha e o que não tinha num longa-metragem chamado “O Salário da Morte”?: “É doido!”

A História revela que nenhuma teoria científica nasceu completa. Por mais bem elaborada que tenha sido é submetida a revisões periódicas ...

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A História revela que nenhuma teoria científica nasceu completa. Por mais bem elaborada que tenha sido é submetida a revisões periódicas ou revogada totalmente. Neste aspecto, é costume dizer que, em Ciência, não há o “sempre” nem o “jamais”. Percebemos, no entanto, que se há assuntos facilmente resolvidos pelos estudos científicos, tal não ocorre com outros. Entre estes, o tema evolução se enquadra perfeitamente,

1 O individualismo é a verdadeira religião universal. Como o indivíduo não se liga a grupos, credos, partidos, não exclui ninguém; está s...

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O individualismo é a verdadeira religião universal. Como o indivíduo não se liga a grupos, credos, partidos, não exclui ninguém; está sempre aberto a todos. Mas o individualismo, ressalte-se, é diferente do egoísmo. O egoísta tende a recusar os outros. O individualista, não.

Reconheço que é um tema delicado. Corre-se o risco de parecer elitista, tal como ocorre em qualquer análise que aponte males – ou problema...

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Reconheço que é um tema delicado. Corre-se o risco de parecer elitista, tal como ocorre em qualquer análise que aponte males – ou problemas — decorrentes da massificação em qualquer setor da vida social. Para muitos, talvez a maioria, a massa tornou-se um valor por si mesma, depositária de virtudes absolutas e imune a quaisquer críticas. Decorrência provável do apreço cada vez maior – no mundo ocidental — à democracia generalizada, também esta convertida em valor por si mesma. Não vamos entrar nessa discussão por falta de espaço, de preparo e de ânimo. Mas é claro que vejo – ou intuo – as dificuldades advindas da absolutização do que talvez seja – ou deva ser – apenas relativo.

Quebrei uma ponta do dente da frente. Primeiro, foi o susto e depois, ao olhar no espelho, enxerguei um buraco negro do tamanho do mundo. ...

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Quebrei uma ponta do dente da frente. Primeiro, foi o susto e depois, ao olhar no espelho, enxerguei um buraco negro do tamanho do mundo. Não havia nada a fazer às 23 horas de uma sexta-feira. Mesmo tendo a melhor dentista e amiga, nunca a incomodaria em tal horário.

Pesarosa, fui dormir. Mas, todos conhecem os pensamentos ruins que surgem nas madrugadas. Comigo não foi diferente. Imaginava que o dente quebrado não teria como ser consertado, teria que fazer um implante. A causa provavelmente era a velhice, que fatalmente enfraquecia os ossos. Ou era deficiência de uma das vitaminas A, B, C, D, ou E... sei lá. Era falta de cálcio. Porque não tomei leite, que detesto, ou comi peixes, brócolis, agrião, acelga?

O filme Uma Casa à Beira-mar ( La Villa , França, 2017), tem início com um homem que, sozinho na varanda, contempla o cenário idílico da...

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O filme Uma Casa à Beira-mar (La Villa, França, 2017), tem início com um homem que, sozinho na varanda, contempla o cenário idílico da paisagem marítima do sul da França. Seu êxtase e silêncio diante daquela paisagem também nos invade. Imerso na beleza do lugar, o senhor idoso se inundará também de sangue ao extremo. Sofre um acidente vascular cerebral e emudece. Literalmente.

O Afeto era jovem e belo, talvez um pouco triste... e, passando para além de suas serras, encontrou a Criatividade, com um sorriso maroto....

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O Afeto era jovem e belo, talvez um pouco triste... e, passando para além de suas serras, encontrou a Criatividade, com um sorriso maroto. “O afeto está sempre à deriva” (Lacan). O amor estendeu o laço e o irmão autorizado abençoou. A simplicidade foi convidada para juntos, constituir uma família, baseada nos princípios morais e religiosos. O acordo assinado incluía a felicidade do estar junto, dividir um sonho, não querer o que além do possível fosse... “A sabedoria não existe na razão, mas no amor” (André Gide).

Numa fresca manhã de outono do ano de 79 d.C., o vulcão Vesúvio acordou de um prolongado sono de mais de 500 anos. Aos seus pés, florescia...

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Numa fresca manhã de outono do ano de 79 d.C., o vulcão Vesúvio acordou de um prolongado sono de mais de 500 anos. Aos seus pés, floresciam vinhas e uma pequena cidade voltada para as alegrias da cama e da mesa: Pompeia. Em poucos minutos, fogo e cinzas sepultaram copos de vidro, jarras coloridas, estátuas de jardim e pães recém-saídos do forno. As casas decoradas com mosaicos e afrescos tornaram-se o túmulo de milhares de habitantes da cidade que cultuava dois mundos – o da morte e o dos prazeres.

O que dizer daquelas almas artísticas mais operosas, abundantes na história da Arte ocidental e que, mais do que avanços artísticos, firma...

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O que dizer daquelas almas artísticas mais operosas, abundantes na história da Arte ocidental e que, mais do que avanços artísticos, firmaram marcos civilizacionais que até hoje, representam um legado cultural de quase transcendência, encerrados que estão em grandes museus quais ícones em templos sagrados, enfileirados em seus nichos e à espera dos indecisos fieis que venham preencher parte do vazio deixado em suas almas por um cristianismo soterrado de contradições? De Giotto a Grunewald, dos Brueguel a Reembrandt, passando por Ticiano e Velásquez, para citar alguns, é razoável supor terem esses abnegados, em algum momento de seus percursos de aprendizado para os cúmulos da maestria, formatado internamente seu amálgama de conceitos pelo somatório de um conjunto de impressões sobre tendências gerais traduzidas e personalizadas, e intimamente acrescidas de novas contribuições subjetivas, fazendo brotar através das referidas obras, num jorro de lava, fulgor mais ou menos incandescente, e esse processo, condensado numa crisálida formal, eclodido para tornar-se o novo basalto, a nova matéria e plataforma atualizada de um novíssimo trato civilizatório.

A calçada é ou era uma extensão da casa, feita e conservada pelo proprietário, mas de uso garantido e disciplinado pelas Posturas Municipa...

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A calçada é ou era uma extensão da casa, feita e conservada pelo proprietário, mas de uso garantido e disciplinado pelas Posturas Municipais. Temos uma Lei de Posturas sancionada há 26 anos pelo então prefeito Francisco Monteiro da Franca.

Lembrei-me da existência dessa lei ao descer do carro, esta semana, no início da Pedro I, logo atrás do Palácio do Carmo, e ser impedido de tomar a calçada. Não existe calçada, toda ela, de uma esquina a outra, um farelo esburacado, destroçada pelo abandono, reduzida a um montão de cacos, ínvia como diria a mais catedrática titular do português

Hoje, domingo pela manhã, acordei cedo e fui caminhar na orla, como é de costume. Antes de voltar para casa fui ao supermercado comprar b...

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Hoje, domingo pela manhã, acordei cedo e fui caminhar na orla, como é de costume. Antes de voltar para casa fui ao supermercado comprar banana, minha fruta preferida. Aproveitei para comprar ricota, presunto de parma, um vidrinho de molho de caponata e um vinho tinto português. Depois de fazer a limpeza habitual dos alimentos por causa da pandemia e logo após o banho, preparei um coquetel de tequila Jimador com Le Jirop de Monin de gengibre, um xarope francês e suco de um limão. Preparei os ingredientes, fui para a sala de visitas e liguei o YouTube na minha TV. Imediatamente sintonizei o vídeo de Chico César

O suicídio é uma atitude condenável há muito tempo. No mais das vezes, por razões religiosas. No Fédon (Φαίδων), Platão é incisivo quando...

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O suicídio é uma atitude condenável há muito tempo. No mais das vezes, por razões religiosas. No Fédon (Φαίδων), Platão é incisivo quando trata do assunto e põe na boca de Sócrates, personagem do diálogo, a afirmação de “dizerem o suicídio não ser permitido pela lei de Thêmis”, lei que servia a regular as ações dos deuses e dos mortais (οὐ γάρ φασι Θεμιτὸν εἶναι, 61c). Se o suicídio é proibido, porque, então, Sócrates se suicida? Há, pelo menos, três explicações para o fato: o Fédon não foi lido; o diálogo foi lido, mas não foi entendido; apesar de lido e entendido, prevaleceu a simplificação – Sócrates tomou a cicuta, então, ele suicidou-se.

No meio da manhã as lágrimas da noite chuvosa já haviam secado na praça. O vento espiçava com força suave seus tentáculos fortes e invisív...

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No meio da manhã as lágrimas da noite chuvosa já haviam secado na praça. O vento espiçava com força suave seus tentáculos fortes e invisíveis sobre a grama, os balanços, os bancos de pedra e os galhos das mais altas árvores. No mais, era o silêncio. Uma paz ruidosa que se fazia presente em embalagens plásticas que rolavam sobre a calçada de cimento, nas folhas arrastadas aqui e acolá, no motor a impulsionar um veículo distante que se afastava cada vez mais até se perder do alcance dos ouvidos. E tão importante, a tranquilidade poderosa da voz do rádio a cantar mitologias, sertões, filosofias, pulsações. Zé Ramalho evocando deuses, mitos e sonhos delirantes e reais de Brejo do Cruz, do mundo anterior e interior em expansão.

Estreia amadurecida a de Antônio Mariano no gênero romance. E amadurecida porque “Entrevamento” (Kotter Editora, Curitiba, 2021) tem como...

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Estreia amadurecida a de Antônio Mariano no gênero romance. E amadurecida porque “Entrevamento” (Kotter Editora, Curitiba, 2021) tem como lastro, como suporte, o contista de “O Dia em que comemos Maria Dulce”. Quer dizer, Mariano não é um neófito em termos de ficção, pois a sua experiência vem de longe.

Por outro lado, se o conto e o romance são gêneros distintos, isso não quer dizer que sejam antípodas, que deixem de possuir algumas afinidades, tanto que o narrador carreia para o interior de “Entrevamento” alguns recursos estilísticos comuns aos dois gêneros. Mas nesse romance também está presente a poesia, uma vez que todos os gêneros se consorciam e conjugam esforços para a conquista de um objetivo comum: o de emprestar ao texto um caráter polifônico, múltiplo, regido por muitas e diversas vozes. Aqui, cabe não esquecer a tendência açambarcadora do romance, a sua pretensão de “oferecer uma imagem total do universo”.