maio 08, 2023
Emoções fortes revividas a cada dia podem nos levar a instantes sem mágoas e arrependimentos, mesmo que tenhamos cometido erros em mome...
Emoções fortes revividas a cada dia podem nos levar a instantes sem mágoas e arrependimentos, mesmo que tenhamos cometido erros em momentos pouco pensados. E a paciência durante essa passagem, é uma virtude envolta ao respeito, beleza no trato, sem aperto no peito, tocada por uma viola de acordes com semblante intempestivo.
Não pensamos o suficientemente ordenados porque vivemos distraídos dentro das redes que pescam gente, e nos agarram por falhas expostas com facilidade.
maio 08, 2023
maio 08, 2023
"Sempre é tempo de desconstruir velhas crenças. Nem tudo é o que parece no teatro de sombras do mundo", é um mantra q...
"Sempre é tempo de desconstruir velhas crenças. Nem tudo é o que parece no teatro de sombras do mundo", é um mantra que repito enquanto examino três palavras: sim, não, talvez.
Comecemos por sim e não. Uma costuma representar aceitação plena e a outra rejeição absoluta. Pares de opostos – há até uma palavra sânscrita para isso: dwandwas. Noite e dia, chuva e sol, alegria e dor, sim e não.
maio 08, 2023
maio 08, 2023
Acaba de chegar às livrarias o livro póstumo do psicanalista e escritor italiano/brasileiro Contardo Calligaris, falecido em 30 de m...
Acaba de chegar às livrarias o livro póstumo do psicanalista e escritor italiano/brasileiro Contardo Calligaris, falecido em 30 de março de 2021. O título pode parecer à primeira vista um pouco (ou muito) ambicioso: O sentido da vida (Editora Paidós, São Paulo, 2023), mas logo o leitor perceberá que não se trata de pretensão nem de vaidade tola de autor metido a dono da verdade. É exatamente o contrário.
maio 08, 2023
maio 07, 2023
Certa vez, depois de aterrissar de uma viagem trazendo na bagagem tantas lembranças boas, cheguei para escrever em uma destas páginas e...
Certa vez, depois de aterrissar de uma viagem trazendo na bagagem tantas lembranças boas, cheguei para escrever em uma destas páginas em branco e não sabia nem o que falar... Não me dispus a usar a velha falta de assunto como tema, mesmo porque assunto em mente era o que não faltava. Mas depois de uns dias bem vividos longe de onde se mora, o corpo chega, mas a cabeça continua um bom tempo ainda por lá.
maio 07, 2023
maio 07, 2023
Por que um autor é consagrado e outro mestre do mesmo ofício é esquecido?” Quem fez a pergunta há muito tempo, com acento forte em “me...
Por que um autor é consagrado e outro mestre do mesmo ofício é esquecido?” Quem fez a pergunta há muito tempo, com acento forte em “mestre do mesmo ofício”, foi um leitor-escritor de profunda vivência cultural, o saudoso Ivan Bichara Sobreira, intrigado com o desconhecimento do público e a negligência da posteridade letrada em relação às obras do paraibano José Vieira, tornado romancista brasileiro a partir de 1923 com o romance “O Livro de Thilda”.
maio 07, 2023
maio 07, 2023
Em agosto de 2004, o jornalista Hélio Fernandes escreveu na “Tribuna da Imprensa” do Rio de Janeiro um artigo com o título “A morte de...
Em agosto de 2004, o jornalista Hélio Fernandes escreveu na “Tribuna da Imprensa” do Rio de Janeiro um artigo com o título “A morte de um grande político”:

Hélio Fernandes
Morreu Thales Ramalho. Será impossível contar a história de bastidores de determinado período da política brasileira sem citá-lo [...] Foi o maior articulador ‘do lado de cá’, numa época em que Golbery era o maior articulador ‘do lado de lá’. Pode ser dito sem erro que Thales era o Golbery incorruptível. Tinha o fascínio e o prazer da conversa, que era sempre política. E naqueles tempos essas conversas podiam ser consideradas conspirações, só que em defesa da democracia. Se ela (a ditadura) só durou 20 anos muito se deve a Thales Ramalho, às ‘suas conspirações’.
maio 07, 2023
maio 06, 2023
Ah, querido Diógenes escolheste um tonel por moradia alguns trapos como vestimenta parcimônia com alimentos mas tinhas f...
Ah, querido Diógenes
escolheste um tonel por moradia
alguns trapos como vestimenta
parcimônia com alimentos
mas tinhas força e energia pra falar
questionar os poderosos
procurar ao meio dia homem
com uma vela acesa clarear
Já conhecias as armadilhas do poder
sa hediondez de um ego adoecido
e se tinhas um tonel como abrigo
era por opção e por prazer…
Mas e estes que aqui moram?
sobrevivem dos restos dos abastados
não tem casa, nem sonhos nem bocado
garantido para seus filhos, seus irmãos
Falta força para luta e pro combate
combater a fome é tarefa árdua e cansativa
imaginar que a companheira adormecida na marquise
fora assassinada por homens "sãos"
maio 06, 2023
maio 06, 2023
Um solfejar a intervalos revelam notas das memórias, descortina rostos, histórias, sorrisos e lágrimas alegres. Produz mergulhos n...
Um solfejar a intervalos revelam notas das memórias, descortina rostos, histórias, sorrisos e lágrimas alegres. Produz mergulhos nas lembranças e na piscina azul de claro contorno noturno das luzes em contracena do tinto do copo. Tudo refletido pelo princípio da noite, um descortinar diário que sempre encanta.
maio 06, 2023
maio 06, 2023
“⏤ Je suis celui qui vient des profondeurs. Mylord, vous êtes les grands et les riches. C’est périlleux. Vous profitez de la nuit. ...
“⏤ Je suis celui qui vient des profondeurs. Mylord, vous êtes les grands et les riches. C’est périlleux. Vous profitez de la nuit. Mais prenez garde, il y a une grande puissance, l’aurore. L’aube ne peut être vaincue. Elle arrivera. Elle arrive. Elle a en elle le jet du jour irrésistible.”
Gwynplaine a seus pares na Câmara dos Lordes, p. 738-9
maio 06, 2023
maio 05, 2023
Sei que a coisa é séria, mas sempre brinquei dizendo a meus alunos que eu tinha TOC (transtorno obsessivo compulsivo) e que eles prec...
Sei que a coisa é séria, mas sempre brinquei dizendo a meus alunos que eu tinha TOC (transtorno obsessivo compulsivo) e que eles precisavam estar sempre em círculo, sob a vista de todos, principalmente da minha, para que me sentisse à vontade na sala de aula. Os alunos riam e não questionavam, quando eu pedia para ocuparem as cadeiras lado a lado, sem que ficassem atrás uns dos outros, em uma segunda fileira de assentos.
maio 05, 2023
maio 05, 2023
Muito difícil encontrar alguém tão conscientemente provisório como eu. Ainda jovem entendi que quanto mais possuímos as coisas, mais...
Muito difícil encontrar alguém tão conscientemente provisório como eu. Ainda jovem entendi que quanto mais possuímos as coisas, mais somos possuídos por elas. Talvez a primeira vez tenha sido quando fui buscar com meu amigo Luiz Carrilho Neto o primeiro Puma que chegava na Paraíba. Era lindo; conversível, todo branco por dentro. Lembro que subíamos da lagoa em direção à praia quando ao lado do Liceu um Jeep velhíssimo abalroou o sonho da vida de qualquer jovem e destruiu completamente a traseira do Puma. Desceram 2 bêbados sem a menor noção do valor do prejuízo e um deles mandou: “— Probrema não, miníno. Passa lá na oficina de Alipito que nóis conserta”.
maio 05, 2023
maio 05, 2023
O caminho do rio sempre esteve presente na minha imagem de criança, ver o rio e observar o mar. Juca Pontes O que é o sonho, s...
O caminho do rio sempre esteve presente na minha imagem de criança, ver o rio e observar o mar.
Juca Pontes
O que é o sonho, senão o desejo imponderável de alçar voos? O gesto desafiador em desenhar infinitos horizontes. A incontida voz que não descansa enquanto não alcança os amplos ventos do tempo.
Juca Pontes, A marca do tempo
Quando me convidaram para escrever esse perfil, do amigo Juca Pontes, fiquei muito honrada, mas também insegura. De pronto quis pedir uma conversa com os seus/meus amigos: Flavio Tavares, com Gonzaga Rodrigues, ou com o seu irmão de afeto, Martinho Moreira Franco (in memoriam). Deixei Gonzaga com as suas saudades; liguei pra Flavio, e com Martinho, conversei pelas nuvens. Sempre ouvi o nome de Juca me rodear os ouvidos. Trabalhei no Centro Administrativo (área cultural), no final dos anos 70 e o talento de Juca, junto com Milton Nóbrega sempre me era do saber. Acho que via Juca de longe, mas éramos jovens. Não que isso não o fizesse notar. Eu que estava em outro estado das coisas. Somente nos anos mais tarde vim me aproximar de Juca. Uma pessoa por quem me sinto próxima, mesmo estando longe. Sinto a sua amizade e carinho. Coisa de amigo do lado esquerdo do peito! Tomo emprestado às minhas próprias palavras, no prefácio do seu livro As flores do meu jardim, que tive a alegria de escrever, para começar esse texto:
maio 05, 2023
maio 05, 2023
Uma gripe desgraçada pegou-me, há pouco, de jeito. Veio com todas as tosses possíveis, com dores de cabeça e de garganta tantas e tão f...
Uma gripe desgraçada pegou-me, há pouco, de jeito. Veio com todas as tosses possíveis, com dores de cabeça e de garganta tantas e tão fortes que nada mais disso deve ter sobrado para o resto do mundo, como assim me fizeram crer, na fase mais aguda, o desconforto e a desesperança.
Um parente médico ministrou o antibiótico, minhas duas avós trouxeram-me do céu a lembrança do gargarejo com água morna e sal, o neto cantou ao telefone “Mamãe, eu quero” e a coisa foi passando.
maio 05, 2023
maio 04, 2023
Hoje, começo a escrever tocado por certa nostalgia. Com este texto, estou dando continuidade a uma prática que venho cultivando há ano...
Hoje, começo a escrever tocado por certa nostalgia. Com este texto, estou dando continuidade a uma prática que venho cultivando há anos: a de emitir breves comentários pessoais, em torno de livros que escritores amigos me enviam, por deferência que não sei se mereço.
maio 04, 2023
maio 04, 2023
Mais uma vez, preciso dominar a emoção, para falar sobre o acadêmico, o escritor, o amigo Odilon Ribeiro Coutinho. Conter a emoção que ...
Mais uma vez, preciso dominar a emoção, para falar sobre o acadêmico, o escritor, o amigo Odilon Ribeiro Coutinho. Conter a emoção que se instala no descompasso do coração, na fria umidade das mãos, no timbre de voz, que já não responde à segurança habitual.
maio 04, 2023
maio 04, 2023
Não sei quem teve a ideia de medir nossa idade, não mais por anos de vida, nem por quantas voltas a Terra deu em volta...
Não sei quem teve a ideia de medir nossa idade, não mais por anos de vida, nem por quantas voltas a Terra deu em volta do Sol enquanto cumprimos nossa passagem por aqui, nem pela quantidade de primaveras que desfrutamos na mágica sucessão das estações. Encontraram um singular eufemismo para dizer que estamos mais para lá do que para cá. Isto é, estão medindo nossas idades por cilindradas. Quando esse nosso motor avança adiante das quatro ponto zero, a situação começa a ficar preocupante, pois a partir daí, nessa mecânica surreal, quanto mais cilindradas, menos potência no motor.
Nas perigosas cilindradas em que está girando meu motor, todo cuidado é pouco. Sempre que posso, lá vou eu para oficina (especializada, se possível) tentando uma revisão geral. Carburador sempre abastecido e não com qualquer água. Só filtrada. Lubrificação sempre em dia e nada de forçar uma marcha. Sempre respeitando o conta-giros.
maio 04, 2023