Lipograma é um texto a que falta uma letra por decisão do autor. Lope de Vega, dramaturgo espanhol (1562-1635), escreveu cinco contos em cada um dos quais falta uma vogal específica. Mais difícil foi o trabalho do escritor francês Georges Perec (1936-1982), que publicou em 1969 um romance lipogramático a que falta a vogal e: La Disparition. O próprio título é um desafio, embora fácil de resolver: em lugar de “O desaparecimento”, poder-se-ia dizer “O sumiço”.
Na Odisseia, Homero nos relata a ida de Odisseu ao Hades, para cumprir a missão de escutar Tirésias, o cego profeta de Apolo, e assim saber como orientar a sua viagem para o cumprimento do seu destino: a chegada a Ítaca e a retomada da situação, impondo a ordem na sua casa e a paz no seu reino, tomado pela sanha dos soberbos pretendentes à mão de sua esposa Penélope. O episódio relatado no Canto XI da Odisseia, conhecido como νέκυια,
Ira (mῆνις, menis)* é a palavra com que Homero inicia a Ilíada. Não é uma ira qualquer. Menis é uma emoção extrema, que ultrapassa a experiência cotidiana do humano.
Como todo mundo está careca de saber, uma cigana leu minha mão e profetizou que eu serei assassinado aos 120 anos por um marido transtornado, com 25 anos de idade, porque descobrirá meu romance com sua jovem e bela esposa de apenas 22 anos. Portanto, como não tenho com o que me preocupar pelos próximos 50 anos, decidi ajudar nas mortes dos amigos. Dos leitores não, porque seguirão vivos ao menos enquanto eu viver.
Reencontrei, aliviado, esta semana, o “EU NU, no Caminho dos Elefantes”, livro do jornalista Josélio Gondim que supunha perdido na minha mudança da casa antiga para a que habito há cerca de sete anos. Mas eu também não descartava a possibilidade do seu empréstimo sem retorno a alguém. Por muito tempo, fiquei, injustificadamente, com esse arrependimento e, não menos, com o conselho que, ouvido de um colega de trabalho, também não me saía da cabeça.
POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças” (Editora COUSA – 2022)
MANUAL DO SANTO AMPARO
Apoio a cabeça
em mão que não é minha.
Ela me batiza,
me passa a unha,
acaricia,
desmancha o cabelo,
me põe medo
tampando os olhos,
empurra o nariz
ESBOÇO EM PEDRA E SONHO
Romance de Marília Arnaud
Ed. Faria e Silva/Grupo editorial: Alta Books, 2024
Escrever sobre o romance de Marília Arnaud depois do belo texto de João Batista de Brito é uma temeridade, pois ele disse tudo e da melhor forma. O que me faz ir adiante é o fato de saber que cada leitor possui um olhar singular baseado em suas referências, e pode interpretar por outro viés a história, como quem compõe um puzzle e quem sabe até ampliar um pouco mais o sentido do texto. Além disso, a riqueza polissêmica de um texto nunca é esgotada.
A dualidade entre o bem e o mal é uma questão que atravessa não apenas a teologia, mas também a filosofia, a psicologia e a sociologia, refletindo a complexidade da condição humana.
Hoje meus rabiscos não irão percorrer as veredas das recordações e nem daquelas saudades que estimo revelar aos meus leitores. Sim, os que nos brindam com a atenção de sua leitura tornam-se algo muito próximo de um confidente. Gostamos de dividir com eles nossas alegrias e até, acreditem, alguma dor que esteja nos machucando. É por isso que estou aqui desta vez,
ALGUNS ANJOS
Alguns anjos visitam a Terra,
Habitam entre nós por curto tempo
E nos ensinam a amar.
Não nos pedem quase nada,
Apenas água e comida,
E um lugar pra descansar.
E nos dão tanto, tais anjos!
Quanto amor!
Quanta alegria!
Lealdade e dedicação!
O cientista Edward Lorenz em 1960 desenvolvia um programa que prometia prever mudanças climáticas com um elevado grau de precisão. No entanto, foi surpreendido por uma variável que conduziu a um resultado muito distante do que supunha. Algo que em tese era insignificante mudou a rota do seu experimento. Como mesmo Lorenz disse: “o bater das asas de uma borboleta em Pequim pode influenciar a formação e a trajetória dos ciclones no golfo do México”.
No ano de 1976, chegando para morar na cidade de Guarabira, como Bispo Auxiliar de Dom José Maria Pires, o monge oblato Dom Marcelo Pinto Carvalheira se encantou com a região do Brejo paraibano. Plantou na região a semente da fé, da esperança e da caridade, fazendo perceber cintilações nas suas palavras e na mística.
Tomo o título emprestado ao belíssimo filme de Walter Salles, adaptado da obra de Marcelo Rubens Paiva (li o livro quando lançado em 2015, e muito me impactou a história vista pelo viés da sua mãe, Eunice). Vi o filme há algumas semanas e saí de coração partido. E com uma sombra me angustiando, pelo tempo vivido e assombrado. O título me invadiu por esses dias de festa, terminando o ano.
Chamava-se Marisa, era casada e aparentemente vivia bem com o marido. O que lhe era mais caro na vida, porém, era o seu sentimento de liberdade. Gostava de comentar com Nébia, a amiga íntima: “Sempre fiz tudo, ou quase tudo, que quis”. A amiga contestava: “Tudo, não. Ninguém pode fazer tudo. E você é uma mulher casada”. Marisa reconhecia: “Claro, claro, sempre respeitei Eustáquio”.
Há cem anos o mundo literário estava em ebulição, e foi um ano marcante para a publicação de obras que se tornariam clássicos da literatura mundial, como por exemplo O Grande Gatsby de F. Scott Fitzgerald, considerado um dos maiores romances americanos do século XX. O autor explora temas como o sonho americano, o amor e a decadência moral.
Terebê (Maria da Grã) foi uma mulher Guaianá do século XVI, filha do Morubixaba Tibiriçá e de sua esposa Potira. Terebê é irmã de Bartira (Isabel Dias), sendo esta a filha mais famosa de Tibiriçá. Porém, a história de Terebê foi muito emocionante. Terebê, batizada como Maria da Grã (Maria da Graça) não deve ser confundida com a prima Terebê, filha do Morubixaba Piquerobi (assassinado pelo irmão Tibiriçá).