No ano de 1976, chegando para morar na cidade de Guarabira, como Bispo Auxiliar de Dom José Maria Pires, o monge oblato Dom Marcelo Pinto Carvalheira se encantou com a região do Brejo paraibano. Plantou na região a semente da fé, da esperança e da caridade, fazendo perceber cintilações nas suas palavras e na mística.
Vendo a incomensurável beleza que despontava do Sítio Serrote, em Serra da Raiz, no limite com o município de Belém, onde se olha a vastidão paisagem em deslumbrantes momentos no nascer e no entardecer de cada dia, Dom
Cruzeiro de S. José/Serra da Raiz (PB)
@JornalismodeViagem
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Com seu olhar místico, seguindo os ensinamentos de São Bento, a quem tinha enorme apreço e dedicação, não tardou a se encantar pela paisagem exótica e mítica do mais alto pedaço de terra da Serra da Copaoba, onde o olhar se perde ao captar exuberantes esplendores celestiais.
A comunidade tem a marca de Dom Marcelo, este místico que tinha o olhar para as causas dos pobres. O agricultor Luís Pereira de Lima e seus três irmãos ficariam sem ter onde morar, se não fosse a interferência deste bispo, que doou os recursos para a aquisição da terra, onde trabalharam seus antepassados. Em agradecimento ao benfeitor, construíram o Cruzeiro e deram o nome de São José, em homenagem ao santo de devoção do bispo.
O Sítio Serrote é um recanto de serra, rodeado pela caatinga agreste com árvores dobradas, gravetos e marmeleiros sem vida. No Serrote, o vento vagaroso espalha o perfume das
Sítio Serrote (PB)
Rafael Olegário
Rafael Olegário
Quem ali chega sente a influência das energias espalhadas em cada recanto do matagal, mesmo em período de estiagem, quando a vegetação está moribunda. Tudo é belo, tudo é encanto.
Mesmo quase cinquenta anos depois da benção inaugural e da missa celebrada por Dom Marcelo Carvalheira, poucas vezes um padre colocou os pés no lugar abençoado. No entanto, em novembro de 2024, os habitantes reviveram o momento de louvação proporcionado pelo bispo do silêncio, com a presença do Padre Gaspar Rafael Nunes da Costa, que, atraído pelo gosto missionário e pelo silêncio da caatinga, adentrou pelas brugueias inabitadas, subiu lajedos, andou por trilhas e, junto a um grupo de peregrinos, celebrou a missa.
Dom Marcelo Carvalheira @gov.br/
O peregrino que fizer o traçado na solidão do lugar e caminhar em silêncio naquela região, tendo como companhia a poeira da estrada a fundir-se nos grotões, para escutar a Deus, com a brisa suave a aquecer o coração, jamais retornará o mesmo. A experiência de caminhar, por entre os pedregulhos, faz lembrar os passos de José, na companhia de Maria e do Menino Jesus, pelo deserto, na fuga para o Egito. A experiência é especial, como cada um a dizer no íntimo “o caminho mudou-me, não voltarei igual, o lugar ajudou a encontrar-me comigo mesmo, me fez voltar às origens do meu ser”.
Caminhar por lugares silenciosos, como no Sítio Serrote da Serra da Copaoba, quase perto das estrelas, faz com que a pessoa tenha diante de si a grande metáfora da vida e pode buscar a experiência de sair do anonimato para exalar o perfume do Divino.
Sítio Serrote (PB) Rafael Olegário
São estes lugares que ajudam a encontrar respostas às perguntas que Deus nos faz, porque nos escutamos a nós mesmos.