Quando nos conhecemos Numa festa em que estivemos Nos gostamos, nos juramos Um ao outro ser fiel Depois continuamos Nos q...

Jamelão e o Nego Lau

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Quando nos conhecemos Numa festa em que estivemos Nos gostamos, nos juramos Um ao outro ser fiel Depois continuamos Nos querendo, nos gostando Nosso amor foi aumentando Qual a Torre de Babel
Lupicínio Rodrigues

O primeiro vocês conhecem, ou dele já ouviram falar, Jamelão. Mas de Nego Lau, duvido. Acontece que segundo o que me contou meu amigo Valdemir dos Correios (para todo mundo, o Enxuto), Nego Lau cantava o repertório de Jamelão melhor do que o próprio; isto é, melhor até do que esse notório puxador de samba da Estação Primeira, a gloriosa Mangueira.

Quem conhece o Enxuto, sabe que ele não é de mentir. Então, vamos aos fatos.

Nego Lau era de Itabaiana, zagueirão de um esquadrão local onde jogava como “beque-de-espera”, coisa parecida com o atual líbero que dá cobertura aos zagueiros. A diferença é que o “beque-de-espera” está ali para segurar os atacantes,
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Jamelão@Mestre.Jamelao
se possível na bola como os líberos, mas se for o caso, na pancada mesmo.

Além dessa sua habilidade já mencionada, Nego Lau, ainda que analfabeto de pai e mãe, era também um tenor da melhor qualidade. Seu repertório não atravessava as fronteiras da tal de dor de cotovelo, ficava ali enroscado num cipoal de tristezas e saudades, repassando a seleção musical de sua grande referência: Jamelão.

Mas era aí que a coisa pegava. Nego Lau caprichava nos dó-ré-mis a tal ponto que no cabaré local, as meninas, os clientes e mais uns e outros, diziam que era Jamelão quem imitava Nego Lau. Nosso menestrel de ébano fez muita gente chorar quando entoava “Torre de Babel” do mestre Lupicínio.

Quis o destino que Nego Lau tivesse que deixar Itabaiana para tentar a sorte no Rio de Janeiro. Quem ficou sabendo dele foi o Enxuto quando esteve por lá visitando parentes e amigos. Pois foi nessa oportunidade que Jamelão conheceu Nego Lau, e acabou lhe prestando uma singela homenagem.

Nosso amigo dos Correios, que também é de Itabaiana, quando na capital carioca, empurrado por amigos foi àquela casa da Avenida Rio Branco enfiada no porão de um conhecido prédio: o famoso Café Nice, ponto grã-fino, frequentado pela boemia local e por quem gostava de molhar a palavra na companhia de algumas beldades que gravitavam por lá.
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Jamelão@Mestre.Jamelao
Insisto em dizer que meu amigo Valdemir estava ali à força porque sempre esteve mais perto da hóstia do que da cachaça. Pelo menos é o que dizem. Dizem.

Pois, bem, ali à mesa com amigos, quando viu nas proximidades, tomando também as suas, ninguém menos e nem mais do que Jamelão. O próprio! Enxuto, muito cheio de dedos e cuidados foi se aproximando e tratou de se apresentar.

Jamelão que devia estar naquela noite de bem com a vida esticou a prosa. Enxuto não resistiu e contou as proezas de Nego Lau. Disse esse meu amigo que o famoso puxador de samba enredo ficou intrigado com história.


Brindaram o encontro e Jamelão se sentiu lisonjeado com a deferência. Enxuto agradeceu a atenção e foi para sua mesa tomar suas cervejas e esticar a prosa com os amigos...

Lá pelas tantas, nosso mangueirense mais ilustre, que estava ali à passeio, pediu ao maestro para dar uma “canja”. Aprumou-se no palco e anunciou:


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Jamelão@Mestre.Jamelao
Cantou Torre de Babel no maior capricho. Até que os olhos de Enxuto resolveram molhar as emoções. Não era para menos. Nego Lau nunca imaginaria receber tal lisonja.

Ao sair do palco Jamelão foi à mesa de Enxuto.


Segundo Enxuto, foi assim que Jamelão “conheceu” Nego Lau no Café Nice. Depois que ouvi essa história ainda perguntei ao meu amigo:


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