Céu de bombas Não interrompam o cotidiano das serpentes. Elas não buscam no homem seu veneno. Jorge Elias Neto Por que choras por mim ...
O poeta sofre com o seu povo
Para admitir a influência dos Espíritos é necessário aceitar a ideia de que há Espíritos e que estes sobrevivem à morte do corpo físico...
Sintonia e afinidades
A dúvida relativa à existência dos Espíritos tem como causa principal a ignorância acerca da sua verdadeira natureza. Seja qual for a ideia que se faça dos Espíritos, a crença neles necessariamente se baseia na existência de um princípio inteligente fora da matéria.
Eu estava deixando a pequena Santa Luzia, onde nasci e me criei, onde podia desmaiar na praça sem medo (pois alguém iria me deixar em casa...
O deslocado afeto
A moda das comemorações de aniversários natalícios, segundo o livro The Lore of Birthdays, dos antropólogos americanos Ralph e Adelin Lint...
A última lua
O Filósofo está apaixonado. Demorou muito para admitir isso, mas agora não pode mais se enganar. Seria desconhecer as evidências, menospre...
Confissão
Início deste ano, recebi com muita desconfiança os votos de “Feliz Ano Novo”, mesmo vindo de pessoas de minha benquerença. Não precisava...
Lágrimas temporãs
Há cem anos, o paraibano Epitácio Pessoa , que presidiu o Brasil no período 1919-1922, decidiu dar ao seu estado natal, sempre pobre e car...
Porto sem fim
Há mais de trinta anos Firmo Justino, jornalista que entrou para a Magistratura da Paraíba, retornando às paisagens do Convento São Franc...
O Convento e seus mistérios
Na época da visita do meu amigo, o convento tinha sido restaurado, estava ainda mais imponente e carregava, como ainda mantém, o encantamento do magnífico conjunto arquitetônico barroco. Quem passear por seus longos corredores de largas paredes, pisar no assoalho de madeira dura e olhar as peças ornamentais que a mão humana moldou, silencia e escuta a quietude do lugar.
Se eu fosse rei ou imperador, assim como nas estórias que ouvia no tempo de criança no nosso sítio, em Serraria, recomendaria aos professores a levar seus alunos a este maravilhoso local, onde estão guardadas muitas histórias que ajudam a entender o passado da Paraíba, porque falam como um livro aberto.
Para amar o lugar onde nascemos, é por demais importante conhecer sua história, sabiamente profetizava Nathanael Alves.
Estive pela primeira vez no São Francisco, em 1979. Foi quando, por inspiração de Dom José Maria Pires, o poeta Waldemar José Solha e o maestro José Kaplan montaram a “Cantata pra Alagamar”, apresentada numa noite que me deixou abismado pela aclamação ao espetáculo e pela imponência do conjunto arquitetônico onde o evento aconteceu.
Então, após as revelações de Firmo Justino, levei minha filha Angélica para conhecer aquela inconfundível obra de arte. Grande foi sua admiração, apesar dos nove anos de idade. Pouco indagava, mas o semblante e os olhos arregalados davam pistas de seu encantamento ao contemplar detalhes dos corredores, as grossas paredes e as imagens pintadas no teto das capelas.
Todas as vezes que volto àquele lugar, vagueio na imaginação colhendo remotas imagens e histórias que os livros abordam, desde a fixação das pedras sobre pedras, conduzidas por muque humano até chegar a imponente edificação que conhecemos. Entre as paredes, o silêncio de Deus se manifesta em nós.
Em cada recanto observava-se misterioso silêncio. O vento entrando pelos janelões, espalhando-se pelos móveis antigos, caminha ao nosso lado durante o passeio pelas celas, extensos corredores e o horto florestal recebe a todos com seu frescor.
Meu amigo tinha razão quando convidou-nos a visitar o convento franciscano, e olhar por dentro a fabulosa obra de arte que eles deixaram.
O prédio com a torre apontando para o céu, o cruzeiro que nos recebe à entrada e seus arredores, tudo espalham emoções. Essas imagens carregamos pelo resto da vida.
- Não é uma beleza?...
A menina respondeu com acena da cabeça, e curtas palavras que tento relembrar.
Quase três décadas depois, a filha conduziu meu neto para igual visita, quando a pandemia nem dava sinais.
O convento franciscano continua com seus mistérios, criando emoções aos que ali se dirigem, mesmo em tenra idade.
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Conviver com a discordância
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Terra, a Grande-Mãe
Ao ler “A mão e a luva” de Machado de Assis me deparo com um livro de toque muito diferen...
Uma leitura agradável
O romance traz a princípio o diálogo entre dois jovens rapazes que são amigos de escola, Estevão e Luis. Muito tristonho e por alguns momentos, chorando muito, Luis relata ao amigo o recebimento de uma carta de Guiomar, pondo fim ao namoro deles.
O livro é um romance realista e conta a história de Guiomar, uma moça muito bela, porém dotada de uma certa frieza e caráter dissimulado:
“ Guiomar em meio às afeições que a cercavam sabia manter-se superior às esperanças de uns e às suspeitas de outros. Igualmente cortês, mas impassível para todos, movia os olhos com serenidade...”
De origem humilde, tornou-se rica a partir do momento em que a baronesa, sua tia, lhe convida a viverem juntas, após s morte dos pais de Guiomar.
Como a tia baronesa é muito ingênua, dócil e nutre pela sobrinha um real amor de mãe, Guiomar se favorece da tia para lograr qualquer coisa de seu interesse, usando de artimanhas um tanto desonestas, frias e sempre em seu favor.
É permeado de nuances caracterizadas pelas insistências e desventuras dos possíveis pretendentes da personagem principal. Inesperado e revelador, o epílogo é a melhor parte do livro.Algo que surpreende o leitor. As ambições de Guiomar e o verdadeiro amor trocaram as bênçãos fraternais, ao se casar com quem ela realmente amava, e ao mesmo tempo revela o seu fascínio pela fortuna e por uma melhor posição social.
O romance foi publicado primeiro em forma de folhetim para somente depois ser lançado como livro no ano de 1874. Foi escrito por Machado de Assis (1839 – 1908 ), um autor de fundamental importância para a Literatura Brasileira. Ele é o Presidente Pérpetuo da Academia Brasileira de Letras como também foi o fundador da mesma instituição.
A obra de Machado de Assis introduziu o Realismo no Brasil. A crítica nacional e internacional o reconhecem entre os 100 maiores gênios da literatura universal. Ainda em vida alcançou fama e prestígio pelo Brasil e países vizinhos. Por sua inovação literárira e audácia em temas sociais e precoces, é visto como escritor brasileiro de produção sem precedentes; um dos grandes da literatura mundial, ao lado de Dante, Shakespeare e Camões. É também homenageado pelo prêmio literário brasileiro, o “Prêmio Machado de Assis”