Que força poderosa que tão pouco se conhece tem o nosso pensamento! Discorremos sobre o alcance e os rumos que ele toma nos caminhos do ol...

literatura paraibana regar plantas flores ouvir musica poesia flores jardim
Que força poderosa que tão pouco se conhece tem o nosso pensamento! Discorremos sobre o alcance e os rumos que ele toma nos caminhos do olhar, um prodígio fabuloso. Impossível calcular quanto já se produziu, sem limite e sem fronteira, sob o viço do intelecto.

Se a energia é palpável, matéria condensada, e o nosso pensamento uma via magnética, como atesta a ciência, imagine a densidade desta rede que se tece mentalmente nos bilhões de humanos que aqui vivem.

Era uma referência no canto da pracinha recentemente construída. Engraçado que flagrantemente seca, já morta, ainda era majestosa como dev...

literatura paraibana cronica clovis roberto desprezo natureza preservacao meio ambiente
Era uma referência no canto da pracinha recentemente construída. Engraçado que flagrantemente seca, já morta, ainda era majestosa como deveria ter sido quando muitas folhas em tantos galhos. Deve ter abrigado muitos ninhos, servido de casa para centenas de soldadinhos, certamente foi frondosa, de muito verde, ainda mais pela posição de destaque.

Seu amigo fará uma cirurgia em breve. Caso não muito simples, com perspectivas incertas. Sem dúvida, uma situação delicada, daquelas em qu...

literatura paraibana conversa dificil situacao grave dificuldades vida
Seu amigo fará uma cirurgia em breve. Caso não muito simples, com perspectivas incertas. Sem dúvida, uma situação delicada, daquelas em que é preciso pisar em ovos e pesar e medir cada palavra. Qualquer erro poderá ser constrangedor, numa hora em que todo e qualquer embaraço deve ser rigorosamente evitado. Você sabe que tem que falar com o amigo antes dessa cirurgia, mas não é simples. Mesmo que por telefone, sem a saia justa do olho no olho, esse diálogo é dificílimo. Para ambas as partes. Uma, por ter que encontrar a forma mais adequada e suave de abordar o assunto, mostrando amizade e solidariedade, contornando a gravidade da situação; a outra, por ter que se apresentar forte, dentro do possível, buscando forças onde muitas vezes não há.

Nessa conversa incontornável, sabemos, as palavras nem sempre expressarão a verdade completa dos fatos e dos sentimentos. Mas não se trata de hipocrisia, claro, e sim de compaixão recíproca, uma forma de amor ao próximo, que, infelizmente, só costuma revelar-se – quando o faz – nos momentos em que os empecilhos abundam. É preciso coragem para fazer a ligação – e também para atendê-la.

Um dos amantes deixou de gostar do outro, não importa a razão. Pode ser por nenhum motivo aparente, pelo simples deixar de gostar, que isso acontece. Ou por uma paixão inesperada e avassaladora por outrem. Nos dois casos, não é fácil para o parceiro que sai comunicar ao parceiro que fica. Principalmente quando o que termina a relação guarda um certo bem-querer e algum respeito pelo outro. Pois, nesse caso, não se trata simplesmente de ir embora, como muitos fazem, sem qualquer explicação, deixando atrás de si mágoas e perplexidades para sempre. Fazer isso até que seria cômodo. Mas não. Aqui é o caso de ir-se embora com alguma dignidade, alguma decência. Por isso, é preciso conversar com quem se deixa, buscando justificar o que, para o outro, a priori, não se justifica. É preciso ter coragem para começar o penoso colóquio da separação; é preciso cautela e tato para selecionar palavras e frases, de modo a, se possível, minorar a dor e o trauma do(a) abandonado(a).

O funcionário é bom, eficiente, cumpridor de suas obrigações. O patrão simpatiza com ele e aprecia sua dedicação. Ele trabalha já há algum tempo na empresa. Não é um simples estagiário. É casado, tem filhos e não é mais nenhum garoto. Ocorre que os negócios não vão bem, as despesas estão altas, a receita mingua e a necessidade de demitir impõe-se com todas as suas consequências sombrias.
O bom funcionário terá que ir embora. E o patrão terá que dizer-lhe isto olhando nos seus olhos estupefatos. Mas como fazê-lo, de modo a amenizar o impacto de tal notícia devastadora? Como fazê-lo sem que o empregado leal não se afunde mais que o necessário? O sofrimento e o desconforto do chefe, que, diga-se, não é nenhum capitalista insensível, são tão incômodos quanto serão os do funcionário logo a seguir. A boca do que falará primeiro está tão seca e sem voz quanto a do que ouvirá calado sua sentença. Aqui não há margem para diálogo, pois nenhum argumento em contrário poderá prevalecer. Aqui a palavra única, árdua e definitiva pertence exclusivamente ao que manda – e que se constrange – e sente - ao fazê-lo.

Três situações típicas. Muitas outras existem, o leitor sabe, viveu ou ouviu falar. A vida é também feita dessa matéria espinhosa, cotidianamente. Nada a fazer. E nunca estaremos suficientemente preparados para isso. Todavia, uma coisa percebo: a cada experiência dessa, quando somos a parte ativa do processo e conseguimos desempenhar relativamente bem nosso ingrato papel, saímos como que mais fortes, mais maduros, exatamente porque mais calejados, mais sofridos, o que confirma a máxima de que só crescemos nas dificuldades.

Conversas difíceis. O leitor certamente terá tido as suas.

Para Ana Gondim Era a segunda metade dos anos 60. A música era parte essencial de nossas vidas, quando ouvi falar sobre ela. Mariann...

Para Ana Gondim

Era a segunda metade dos anos 60. A música era parte essencial de nossas vidas, quando ouvi falar sobre ela. Marianne Faithfull. Filha de uma baronesa austríaca e de um militar da marinha britânica, enfrentava os últimos focos de resistência do conservadorismo em Londres. Sua tumultuada relação com Jagger incluiu da chegada ao estrelato, da polícia à tentativa de suicídio.

“Toma um fósforo! Acende teu cigarro!” Já se vão mais de cinco décadas desde que ouvi esses versos pela primeira vez. Quem os citava era u...

literatura paraibana ensaio augusto anjos simbolismo misticismo
“Toma um fósforo! Acende teu cigarro!” Já se vão mais de cinco décadas desde que ouvi esses versos pela primeira vez. Quem os citava era um colega do Liceu Paraibano apaixonado por Augusto dos Anjos e que sabia de cor quase todo o “Eu”. Ele sublinhava com tragadas esparsas o recitativo e assumia um tom lúgubre, que realçava o pessimismo do poema. Um dos versos era de descrença profunda no amor – dizia que a “pantera” da ingratidão é a inseparável companheira do homem.

Levante a mão se, numa noite quente, você lentamente abriu os olhos e perguntou, baixinho: Você está aí? Se está, pode me dizer, por favor...

espiritualidade finitude morte eternidade fe efemeridade transitoriedade existencia
Levante a mão se, numa noite quente, você lentamente abriu os olhos e perguntou, baixinho: Você está aí? Se está, pode me dizer, por favor, por que razão estou aqui, qual o propósito disso tudo ou por que não posso vê-lo? Ou num dia chuvoso, olhando pela janela enquanto escondia o coração sufocado de saudade, ergueu os olhos para o céu encoberto e sussurrou para alguém: Pai, onde você está? Mãe, pode me ouvir? Filho, tudo se acabou ou algo de você vive ainda, em um lugar além das estrelas?

Somos diariamente impactados pelo noticiário que mostra o quanto a violência contra as mulheres tem se acentuado no Brasil. Isso está dir...

literatura paraibana violencia mulheres desigualdade mercado trabalho
Somos diariamente impactados pelo noticiário que mostra o quanto a violência contra as mulheres tem se acentuado no Brasil. Isso está diretamente relacionado com o que chamamos de “misoginia”: desprezo e ódio contra as pessoas do gênero feminino. São agressões físicas e psicológicas, abusos sexuais, torturas, dentre outras violências que têm vitimado as mulheres em nosso país.

... W. J. Solha tem recado curto e grosso : Leiam O LABORATÓRIO DAS INCERTEZAS. Paulo Vieira (UFPB 2013) é dono de um senhor currículo, ...

literatura paraibana teatro dramaturgia paulo vieira livro laboratorio incertezas
... W. J. Solha tem recado curto e grosso:

Leiam O LABORATÓRIO DAS INCERTEZAS. Paulo Vieira (UFPB 2013) é dono de um senhor currículo, que vai de pós-doutorado em Paris, junto ao grupo Théâtre du Soleil (1996), ao doutorado na USP com tese sobre Plinio Marcos (A Flor e o Mal, Firmo, 1994); e do mestrado com dissertação sobre Paulo Pontes (A Arte das Coisas Sabidas, UFPB 1998), à publicação de bons romances – como O Ronco da Abelha (Beca) e O Peregrino (FCJA) -, mais um Bolsa Funarte de Estímulo à Dramaturgia (2007), com o texto Anita, etc, etc, além do que é chefe do Departamento de Artes Cênicas da UFPB, universidade para a qual criou o Mestrado Institucional em Teatro e, com seus colegas, a Especialização em Representação Teatral.

Eu gostaria de ter nascido muito antes do momento em que vim ao mundo. Deveria ter vivido a fase adulta durante os anos de 1940 ou 1950, p...

literatura paraibana cronica nostalgia saudosismo propagandas antigas
Eu gostaria de ter nascido muito antes do momento em que vim ao mundo. Deveria ter vivido a fase adulta durante os anos de 1940 ou 1950, por aí assim, nem muito além nem muito aquém. É dessa época que mais gosto.

Mas longe de mim o propósito de contraditar os desígnios divinos (para os que neles creiam) nem as leis da natureza (para o ateu e o à toa). Aceito meus dias e a eles me adapto, até porque me trouxeram a família que tenho e os amigos que fiz.

O semeador Estava só de passagem Mas trabalhou Pela força do fado de semeador. A semente lançada Caiu em terra fértil Ansio...

literatura paraibana poemas milfa araujo valerio poesia paraibana

O semeador
Estava só de passagem Mas trabalhou Pela força do fado de semeador. A semente lançada Caiu em terra fértil Ansiosa por fazer brotar a vida. Vingou, cresceu. Ajudada pela chuva, multiplicou-se E nunca mais esqueceu...

Mais uma vez, o mesmo lugar... encanto renovado, algum detalhe perdido que agora resplandecia... cidade-luz, em companhia de amigos-irmãos...

literatura paraibana paris cronica viagem turismo
Mais uma vez, o mesmo lugar... encanto renovado, algum detalhe perdido que agora resplandecia... cidade-luz, em companhia de amigos-irmãos, um coração que se atropelava de tão repleto, uma emoção que corria o corpo inteiro, como sangue a irrigar todos os tecidos. O inverno reinava com suas baixas temperaturas, o cinza tingindo o horizonte em tons mais claros ou mais escuros, nem por isso menos deslumbrante. “Um minuto de surto de alegria, de canções para rir e ruídos, e longas noites para dormirmos no inverno” (Jacques Prévert).

Um hotel com nome feminino, no “nosso quartier preferido”. Um banco na sua calçada, para sentar após as aventuras, assistir à passagem de moradores e turistas, “gozar da presença das massas populares é uma arte”. (Charles Baudelaire). Experimentar a negação de que as noites prenunciavam o fim de um dia a mais... a resistência ao sono e ao cansaço... tudo valia a pena, até a exaustão, viver Paris até o final.

Dias equipados de energia, o salão de beleza vizinho, a imobiliária que postava na vitrine as ofertas para alugar e vender. A fantasia das escolhas entre tipos de habitações e a diversão com os requisitos necessários... o restaurante pertinho, com um menu de sobremesas tentadoras... o aconchego do lugar... os garfos voando por cima, em mãos que se cruzavam na mesa, para provar o desejo alheio.

Os passeios planejados ou improvisados, até ao Jardin des Plantes... suas aléias exibiam rosas resistentes, com pétalas queimadas pelo frio. Os jardineiros podavam todas que trabalharam anteriormente. Tempo de descansar a beleza para renovar forças, para novos brotos…

Localizar um carrossel que percorria as praças da cidade... e... obrigatoriamente ceder à tentação de “dar uma volta”, amigos registrando esse mergulho nos tempos de criança... e ninguém enfrentava esse prazer gélido... “ é sobretudo na solidão que se sente a vantagem de viver com alguém que saiba pensar”. (J. J. Rousseau), e como tal, a solidão estimulava o proprietário a permitir um tempo a mais.

Percorrer a pé a cidade sempre foi o consenso, visitar um ou outro museu, lojas de arte, desvendar novos lugares, pesquisando cores e odores... na volta um sorvete “Bertillon” para não quebrar o hábito. Deixar-se ficar na Pont Neuf, acompanhando as embarcações e seus deslumbrados passageiros. Nenhum lugar com tamanho poder. Até de olhos fechados, visualizava cada pedra do pavimento, e ao ver uma mulher pedinte, jovem, de belos traços, lembrei de Piaf, a fleur du pavé, a rainha da música francesa, e evoquei “Sous le Ciel de Paris”...


O ar parisiense exalava a cultura, e esse se transformava em interesse. Apesar da chuva, a disposição despertava o prosseguir. “Ó barulho suave da chuva, pela terra e sobre os tetos! Ó canto da chuva” (P. Verlaine).

Como todo viajante que se preze, levei uma lista de encomendas, e, a mais importante, a da neta... após uma breve estadia em Lisboa, a loja de brinquedos não dispunha do objeto solicitado... em Paris, uma fila interminável aguardava os ansiosos pelo requisito. O segurança, após longa espera, comunicou que o estoque esgotou, e que talvez à noite, recebessem uma reposição. Embora o corpo solicitasse descanso, não poderia frustrar a expectativa de Julinha... e às vinte horas, propus ao grupo uma missão noturna... apenas um amigo se prontificou, sair à noite, com um temporal daqueles?

Muitos dos meus amigos vieram das nuvens, Com o sol e a chuva como simples bagagem Fizeram a estação da amizade sincera A mais bela das quatro estações da terra
(L’amitié – Françoise Hardy)

E lá fomos nós, moleques noturnos, encolhidos, sob um guarda-chuva, a sorrir de tudo que nos acontecia... observando o contraste dos franceses que não alteravam o passo e o porte, sisudos e firmes.
Parecíamos crianças, no total usufruto da liberdade. O vento forte desalinhava o cabelo, pois o capuz do doudone caía nos ombros continuamente. O frio, semelhante a uma echarpe de seda pura no inverno, envolvia o corpo como uma capa longa. Porque não vesti o mantô? os sapatos macios para longas caminhadas, tornavam-se pesados, absorvendo as poças no percurso. Inconscientemente havia um movimento direcionado à transgressão... os saltos das botas de couro não permitiriam correr para atravessar as ruas!

A avenida Champs Elysées estava vazia como nunca, suas luzes desfocadas nas lentes das gotas d’água. “Ah Champs Elysées, com sol, sob a chuva, ao meio dia ou à meia noite, tem tudo que você quer na Champs Elysées”. (Joe Dassin). Enfim, a loja estava aberta, sem fila, entramos sob o olhar crítico do vendedor, que imediatamente nos trouxe a fantasia de princesa. Solicitei duas sacolas com o mesmo tema para evitar danificar o objeto do desejo. Saímos felizes com o problema resolvido, e a animação maior, nos fez parar e comprar uma sopa quente para os que ficaram no hotel. “Eu deixarei o vento banhar minha cabeça nua” (Arthur Rimbaud).

E, como os antigos egípcios, conclui que o banho era sagrado, uma forma de purificar o espírito, mais vivenciar com um amigo verdadeiro, partilhar momentos de tão simples e intensa diversão, contar com alguém que priorizou o desconforto para servir, foi a melhor associação de alegrias em Paris. Merci Miguel.

“O céu está cinza e a chuva convida como que por surpresa... os guarda chuvas abrem em cadência... e as gotas caem em abundância na doce França” (La pluie – Zaz).

Teve banheiro entupido, dor de barriga, cachorro dormindo na cama, mulher reclamando e tempo sendo consumido. Depois eu explico a odisseia...

literatura capixaba cronica cotidiano onibus trabalho pressa pontualidade
Teve banheiro entupido, dor de barriga, cachorro dormindo na cama, mulher reclamando e tempo sendo consumido. Depois eu explico a odisseia dessa madrugada, porque agora faltam apenas 11 minutos para meu “busão” passar no ponto (“linha 145 / Jardim da Penha”).

Há muitos mistérios no amor que nem mesmo os envolvidos sabem solucionar, embora, muitos de fora desse processo queiram julgar as suas con...

literatura paraibana ensaio mitologia romance poesia catulo marcial
Há muitos mistérios no amor que nem mesmo os envolvidos sabem solucionar, embora, muitos de fora desse processo queiram julgar as suas consequências.

Os leitores que acompanham o Ambiente de Leitura Carlos Romero hão de se lembrar do Carmen LXXXV de Catulo, aquele famoso poema lírico latino que começa com o paradoxal “amo et odi” (amo e odeio),

Com a direção de Wash Westmoreland, Collete (2018) é um filme sobre a vida da escritora francesa Sidonie Gabrielle Colette . Mais uma vez...

literatura paraibana colette cinema colcha retalho winona keira knightley
Com a direção de Wash Westmoreland, Collete (2018) é um filme sobre a vida da escritora francesa Sidonie Gabrielle Colette. Mais uma vez, a luta incansável das mulheres que escreveram em silêncio ou escondidas nas sombras dos maridos, editores, ou ghost writers, até se fazerem ouvir.

rios, cidades, poetas à moema selma d’andrea o paraíba, o mamanguape, o tigre, o eufrates, o tejo, o sen...

literatura paraibana poesia pernambucana joaquim cardoso moema selma dandrea marcio catunda recife antigo

rios, cidades, poetas
à moema selma d’andrea o paraíba, o mamanguape, o tigre, o eufrates, o tejo, o sena, não desviam o curso do poema. o poema, nenhum rio ou cidade o fazem. só os poetas, à margem do lápis:

Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque obterão misericórdia. (Mateus, 5:7.) A Misericórdia é a porta de acesso à pe...

literatura paraibana perdao misericordia allan kardec espiritismo yom kippur juadaismo evangelho

Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque obterão misericórdia.
(Mateus, 5:7.)

A Misericórdia é a porta de acesso à pedagogia de Deus. A pedagogia de Deus é o Amor. Deus usa o tempo, e não a violência, para corrigir todos os erros do mundo e das suas criaturas. Navegando nessas premissas, alicerçamos a compreensão do ensinamento do Cristo em torno da felicidade que desfrutam os que são Misericordiosos.