O semeador Estava só de passagem Mas trabalhou Pela força do fado de semeador. A semente lançada Caiu em terra fértil Ansio...

Quando a noite se distrai

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O semeador
Estava só de passagem Mas trabalhou Pela força do fado de semeador. A semente lançada Caiu em terra fértil Ansiosa por fazer brotar a vida. Vingou, cresceu. Ajudada pela chuva, multiplicou-se E nunca mais esqueceu...
Palavra de ordem
Às vezes, quando a noite se distrai Eu amanheço... A noite pássaro que canta triste Porque há um cansaço em repetir-se. Amanheço Colhendo Margaridinhas do Campo, ao vento Que me traga bons augúrios! Eu quero mesmo é abraçar a aurora Antes que arraste o manto colorido Sumindo, acima das minhas mãos. Fora de alcance, sonho interrompido Nunca sabemos para onde escorreu... Mas o vento entra em cena soprando: Recomece O amor não morreu.
Ponto
Agora, só este instante nos pertence E somos ricos De sentimento, desejos, sensações. E é só nossa a chave dessa história Em ritual de beleza e de entrega Intraduzíveis. Em que o silêncio nos circunda Ele próprio atônito Com olhares marejados de perguntas.
Saudade roxa
Mas que importa uma saudade rasa? Quero uma bruta saudade rasgada, boêmia Autora de noites brancas e olheiras fundas Daquelas que obrigam a alma A largar a pele coral de verão e vestir-se de roxo. Porque o roxo é a cor da paixão levada a sério. O coração coberto feito santo na quaresma Cumprindo penitência Na esperança rubra de explosão. Nunca me fales de saudade que se mata Com um telefonema ou um beijo distraído. Mas de saudade fera, rugindo na jaula lembrança Em que perambulo atrevida Assumindo, inteira, as consequências De posar nos teus sonhos sem pudor.
Sem escolha
A marcha do tempo apagará esse dia Tornando sem retorno nossos passos Gestos, palavras, abraços. A semente de alento que ousou brotar Em santa rebeldia, nem valeu. Pressinto as muitas horas que virão Reprise do mesmo filme... só tristeza. Tomo, no entanto, meu lugar A taça de fel espera sobre a mesa. Tomo meu lugar feito concha virada Sem escolha, deixando o mar voltar ao mar Em cada gota salgada.
Sinais
Os dias vão derramando em vagas lânguidas Revelações que fingimos não entender Sob o medo do que virá depois. Ao calor das tardes O vento traz aragens Sobre a lavoura invisível resistente. De vez em quando Um chuvisco de nada molha sementes Já meio estorricadas, mas lutadoras A terra quer ver seu jardim florir E o mar interno avisa: nada de naufrágios É tempo de navegar, de descobrir...

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  1. Salvas Milfa Valério!!
    excelentes como de costume!!
    Parabéns👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏
    Paulo Roberto Rocha

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