Estamos em agosto ou em dezembro? Inverno ou verão? Será que o calendário corresponde às mudanças que estamos percebendo? Esses questionam...

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Estamos em agosto ou em dezembro? Inverno ou verão? Será que o calendário corresponde às mudanças que estamos percebendo? Esses questionamentos surgiram com a observação de fatos recentes.

No último final de semana, uma cor amarela aparecia em meio ao verde, na estreita faixa florestal, motivando paradas estratégicas para fotografias. E, com uma aproximação maior, a confirmação: A estrada para Natal surpreendia, com novidades! Eram flores de Pau-Ferro, na copa das árvores e os arbustos da Rosa Brasileira, e ainda umas delicadas, em cachos da Acácia Sena. Riquezas da Mata Atlântica que ocorrem no verão, (principalmente as duas primeiras), com os Ipês promovem um espetáculo de cores, aromas e beleza. Mas, ainda teremos vários meses para esperar…

"Há tempos venho tentando achar um momento para dizer isso: você já me salvou de todas as maneiras que alguém pode ser salvo”. A tua ...

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"Há tempos venho tentando achar um momento para dizer isso: você já me salvou de todas as maneiras que alguém pode ser salvo”. A tua mensagem brilha na tela do meu celular e ali, permanece, pulsando na exata batida do meu coração. Eu a contemplo com a respiração suspensa. Os fios invisíveis que unem humanos estão todos esticados.

Se há um tipo de texto que prioriza o sortilégio das palavras (mesmo que em detrimento do conteúdo) à procura de um encanto, este tipo de ...

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Se há um tipo de texto que prioriza o sortilégio das palavras (mesmo que em detrimento do conteúdo) à procura de um encanto, este tipo de texto é a crônica. Bem sei que todo texto literário faz um uso retórico das palavras e procura encantar, mas um romance (ou um conto, um poema) tem (ou procura ter) uma densidade que uma crônica não ambiciona alcançar – em outras palavras: tudo que é dito pela crônica é supérfluo, ou, ao menos, secundário: o que importa mesmo é o jeito como a crônica se diz.

O grande trunfo do mais famoso cineasta sueco de todos os tempos – Ingmar Bergman (1918-2007) – sempre foi o rosto humano. Seus close ups...

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O grande trunfo do mais famoso cineasta sueco de todos os tempos – Ingmar Bergman (1918-2007) – sempre foi o rosto humano. Seus close ups dos mais variados atores e atrizes, que com ele trabalharam em sua longa e prolífica carreira, equivaliam a dizer, vulgarmente, que as faces eram os espelhos da alma. Nunca as expressões faciais dos atores (demonstrando medo, angústia, hesitação, dúvida) tinham sido mostradas com tantos detalhes no cinema. Em entrevista ao renomado

Alguém disse que é preciso estar sob teto da Sistina para se ter ideia do que um ser humano é capaz. Eu diria o mesmo sobre a leitura de q...

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Alguém disse que é preciso estar sob teto da Sistina para se ter ideia do que um ser humano é capaz. Eu diria o mesmo sobre a leitura de qualquer dos maiores poemas — clássicos e contemporâneos —, embora a pintura tenha a vantagem de que, numa vista d'olhos, se mostra, de imediato, inteira. Mozart dizia que, ao imaginar um concerto ou sinfonia, podia abarcar a obra com um único olhar, “como se se tratasse de um quadro ou estátua”, e esse momento, assegurava, “é indescritível”.

Como minha cirurgia foi adiada, vai dar para esgotar esse assunto. Desde logo digo que a brasileira Maria Lenk foi a primeira mulher sul ...

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Como minha cirurgia foi adiada, vai dar para esgotar esse assunto. Desde logo digo que a brasileira Maria Lenk foi a primeira mulher sul americana a participar de uma Olimpíada (1932). Chegou a bater o recorde mundial nos 400 metros peito praticando um novo tipo de braçada. A moçada gostou e a partir dos anos 50 foi criado o estilo borboleta de nado, baseado na invenção da Maria,

Dias atrás, ao encontrar um dileto amigo que não via há anos, tasquei a mais tradicional pergunta dessas ocasiões, o famoso “Como vai?” Re...

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Dias atrás, ao encontrar um dileto amigo que não via há anos, tasquei a mais tradicional pergunta dessas ocasiões, o famoso “Como vai?” Recebi resposta não costumeira, digamos, surpreendente até.

— Escapando! — disse ele.

E não é assim? Vamos escapando. Escapando de doenças, assaltantes, balas perdidas e das não perdidas, crises econômicas, paixões mal resolvidas, acidentes. Enfim, listar aqui do que andamos escapando não caberia nesta coluna.

didi À memória de Elzo Franca, amigo e primo. didi bate a falta com efeito. o goleiro adversário é puro espanto: vê a bo...


didi À memória de Elzo Franca, amigo e primo. didi bate a falta com efeito. o goleiro adversário é puro espanto: vê a bola de couro me-ta-mor-fo-se-ar-se em uma folha seca do mais triste outono. a torcida faz a festa. a a bola não é mais a bola, a redonda, o balão, a esfera, não é mais folha seca, mas a semente, o goivo,

Entre as muitas e muitas lembranças que me ficaram de Martinho Moreira Franco, uma delas me acudiu no fim da tarde desse último domingo...

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Entre as muitas e muitas lembranças que me ficaram de Martinho Moreira Franco, uma delas me acudiu no fim da tarde desse último domingo: “Lembrou-se de ir ver os preparos da festa?” Era a pergunta de todo ano e que não faltou, agora, na sua ausência.

Os pavilhões se armando ao longo da General Osório, as barracas a impedirem o trânsito nas três ruas paralelas que saem da Catedral e de São Francisco, e os primeiros ensaios, os pileques preliminares ou simples arrastos de cadeira da boemia ansiosa.

Existem amizades edificadas com tijolos e argamassa que as artes possibilitam construir, no sincero aperto de mãos e na troca de experiênc...

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Existem amizades edificadas com tijolos e argamassa que as artes possibilitam construir, no sincero aperto de mãos e na troca de experiências de saberes, por isso são duradouras.

Com Waldemar José Solha se deu assim: construímos nossa amizade a partir de meado da década de 1970. Ele, volumoso em leituras, ensinava a arte de escrever e de pintar, eu, um jovem sorumbático vindo de Serraria com passagem por Arara, escutava mais do que conversava, ou dava pitaco sobre os assuntos abordados. Ouvia e peneirava tudo o que ele falava e assim aprendi muitas coisas que me têm sido úteis.

Nos últimos dias eu tenho me sentido olímpico, quase um deus atleta grego desgarrado, sem a imortalidade, exceto a efêmera eternidade do i...

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Nos últimos dias eu tenho me sentido olímpico, quase um deus atleta grego desgarrado, sem a imortalidade, exceto a efêmera eternidade do instante marcado na memória, do segundo mágico perdido em algum momento das décadas já vividas. Moderno e antiquado ao mesmo tempo, feito os atletas que aparecem de calções enormes em filmes preto e branco com imagens céleres e, ainda assim, ligado às ultras câmeras dos celulares da última geração já em vias de seres substituídas, pré-obsoletas em sua modernidade.

Eu sou mais um entre os 12 deuses gregos e milhares de atletas de toda a humanidade. E o motivo: eu sei sonhar. No filme mudo da mente, repriso as competições mais acirradas das corridas, saltos e jogos desde a infância. Sim, eu ajudo a construir vitórias, pois percebo que ainda sou um corredor, saltador, ginasta e jogador.

O garoto ali postado na memória é um arremessador de sonhos, sacador de desejos, marcador de sorrisos, saltador de possibilidades. Olímpico aventureiro diário, que se materializa nas disputas em ciclos de quadriênios. Ele é capaz de sorrir e chorar com as vitórias e derrotas e muito mais ainda com as histórias de cada guerreiro armado com o corpo, bolas, raquetes, arcos, lutas, pesos e sapatilhas.

Os campos olímpicos se materializam em campinhos de terra batida, quadras de piso de cimento crespo, muros feitos de blocos de tijolos que serviam de traves para se equilibrar, obstáculos em formato de muretas, pedras arremessadas como discos, dardos ou martelos.

Sopra, assim como antes, o vento no rosto e nos cabelos, que acaricia a fronte do deus mortal do garoto da esquina, dos deuses eternos do Olimpo e dos inesquecíveis atletas dos jogos apresentado hoje em telas de TVs de modelos que se ajustam a cada quatro anos ou às fotografias e filmes raros de competições esquisitas ou conhecidas.

A camisa suada, os pés descalços e a linha de chegada não tão bem definida. O pódio, esse mero detalhe ansiosamente sonhado por muitos, é só uma questão de percepção. O que conta no íntimo é ser "o mais rápido, o mais alto, o mais forte" de si mesmo. Parafraseando Mahatma Gandhi, a medalha da alegria "está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita". O que é a vitória senão o fato de se estar bem consigo próprio.

Não participava de festas. Maria se ofuscava mesmo, encolhendo-se qual caramujo, enrolada em suas hesitações. Todos saíam de casa, ela fi...

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Não participava de festas. Maria se ofuscava mesmo, encolhendo-se qual caramujo, enrolada em suas hesitações. Todos saíam de casa, ela ficava solitária sem encontrar um brilho no horizonte. Criava um gatinho de pelos lisos, manhoso, gordo, preguiçoso que alisava com suas mãos esquálidas e unhas por fazer. Nunca passara batom no rosto ou procurara se atualizar com a moda. Achava uma afronta à sua maneira conventual de viver.

A mulher do general Eurico Gaspar Dutra, sob certo aspecto, não fazia jus ao nome. Ou seja, não tinha a mansidão da mãe de Cristo, ou de o...

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A mulher do general Eurico Gaspar Dutra, sob certo aspecto, não fazia jus ao nome. Ou seja, não tinha a mansidão da mãe de Cristo, ou de outras servas de Deus conhecidas pela ternura e a compaixão, se for verdade aquilo que dela se conta.

E o que se diz? Pois bem, que foi Dona Santinha, católica fervorosa, quem exigiu do marido o fechamento dos cassinos e o fim do Jogo do Bicho. Também, que o general instalado em 1946 na Presidência da República

“Nos dedicamos a escrever declarações de amor públicas para amigos no seu aniversário que nem lembraríamos não fosse o aviso da rede soci...

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“Nos dedicamos a escrever declarações de amor públicas para amigos no seu aniversário que nem lembraríamos não fosse o aviso da rede social. Não nos ligamos mais, não nos vemos mais, não nos abraçamos mais. Não conhecemos mais a casa um do outro, o colo um do outro, temos vergonha de chorar.

O poema “Barcarola”, inserido por Augusto dos Anjos no Eu, remonta a uma tradição cultivada pela poética medieval. Segundo Segismundo Spin...

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O poema “Barcarola”, inserido por Augusto dos Anjos no Eu, remonta a uma tradição cultivada pela poética medieval. Segundo Segismundo Spina, a poesia luso-galega nos legou ao todo quinze barcarolas, sendo que treze delas apresentam estrutura paralelística. Também conhecido por marinha, esse tipo de composição versa sobre assuntos ligados ao rio ou ao mar.

Muito já se escreveu sobre os intelectuais, sua atuação e sua função social. Podemos citar três obras praticamente clássicas sobre o tema,...

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Muito já se escreveu sobre os intelectuais, sua atuação e sua função social. Podemos citar três obras praticamente clássicas sobre o tema, sem demérito de outras, claro: A traição dos clérigos, de Julien Benda, Os intelectuais e o poder, de Norberto Bobbio e O ópio dos intelectuais, de Raymond Aron. Aqui não se pretende, evidentemente, tratar destas três obras, as quais demandam, cada uma, espaço para outro livro. Assim, abordarei o assunto em suas linhas mais gerais, suficientes, ao meu ver, para o modesto fim ora almejado.