Acredito que, pelo fato de ser médico, as minhas incursões na literatura brasileira foram preponderantemente focadas e norteadas na vida e na obra de Guimarães Rosa, que também pertenceu ao discipulado hipocrático.
João Guimarães Rosa, verdadeiramente o maior intérprete, no mundo, do vasto universo literário brasileiro, e, inquestionavelmente, o reinventor da autêntica língua portuguesa. Basta ler, ainda que de soslaio, as obras do médico, diplomata-escritor e acadêmico, para se ter certeza dessa verdade.
Personagem, por exemplo, da sensibilidade e faro humano de Riobaldo Tatarana, o caboclo-narrador de “Grande Sertão: Veredas”, quando solta sabedoria, ensinando: “O real não está nem na saída nem na chegada. Ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”.
Ou então, a insegurança sentimental de Diadorim sobre a duração da chama do amor, quando lamenta nostálgico: “O amor é uma neblina”.
Nesse campo, guardadas as devidas proporções, o mesmo dilema, aguçando o gênio de Machado de Assis, em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, quando desolado, desabafou: “Marcela amou-me durante quinze dias e onze contos de réis”.
Guimarães RosaArquivo Nacional
Como num passe de mágica conseguiu associar os dois valores. Sem dúvida, obra de gênio e épico reinventor da língua portuguesa.
Razão, pois, teve o cronista Paulo Mendes Campos, quando observou de forma solene que “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, e “Folhas de relva”, de Whitman, são os dois únicos poemas épicos do continente americano.
E assim, portanto, fizemos uma pequena sinopse do rico conteúdo que envolve a vida e a obra do grande escritor brasileiro, Guimarães Rosa. Um homem que marcou época no mundo literário nacional e internacional, fazendo questão de salientar, que esse cardiologista na forma de curioso,
Antônio Dias dos Santos
Acervo de família
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