O AMOR
O amor é brega, cego e ingênuo.
Precisa de tempo, de beijo, saliva, contemplação.
O amor é desastroso, embriagante, vagaroso.
É preciso passar cem vezes por sua janela, que pise em nuvens, amacie espinhos.
Ainda assim, você não saberá que é amor.
O amor precisa de ideias, de hiatos incompreendidos, de lágrimas controvertidas.
O amor é indefinível, cheio de essências desencontradas e de códigos secretos.
Cristina Porcaro
O amor é sentimental, alegre e fatal.
Enche seus ouvidos de músicas românticas, agita seu coração com saudades, revira seu ventre com desejos.
Não espere respostas claras, sucintas e diretas do amor.
Pois as perguntas são sempre tortuosas, veladas, combinadas para não dizer nada.
Mas, quem ama faz pacto com a felicidade.
Mesmo que seja breve, mesmo que um dia fuja, mesmo que acabe.
Você saberá que guardadas em seu silêncio existem as reticências.
Do sentido de ardor de quem intensamente existiu.
Pois, pobre de quem não amar na vida, habitou, não viveu.
A CASA
Você já revisitou sua casa? Isto mesmo, revisitou seu ninho, seu ambiente mais reservado?
A casa é onde nos reabastecemos física e mental, é onde moram afetos, é onde podemos nos despir de máscaras, onde reconhecemos cheiros cotidianos, onde sabemos qual a luz entrará pela janela.
Cristina Porcaro
Objetos decorativos têm que fazer conexões entre você e o que o cerca.
Não sou decoradora, mas instintivamente reconheço uma casa sem alma. Onde o cinza predomina, onde o verde não entra ou as cores são abolidas.
Os objetos devem proporcionar algo agradável, gratificante ao ponto de o abastecerem de energia.
Por isto, minha proposta, revisite sua casa e perceba se ela o abraça, se tudo que ali está, tem história, um propósito de existir.
Quando faço minhas artes, penso que o intuito delas é este, transmitir alento, alegria e que meus traços, cores, devem expressar o carinho e dedicação que minhas mãos produzem.
