Segundo o relato tradicional, o papa Bonifácio VIII desejava contratar os melhores artistas para decorar algumas igrejas e, para isso, enviou mensageiros por várias partes da Itália em busca dos mais habilidosos. Um dos enviados chegou até Giotto di Bondone, que na época já era bastante conhecido por sua habilidade em retratar figuras humanas com naturalismo e profundidade emocional, algo revolucionário comparado à arte bizantina ainda predominante.
Papa Bonifácio VIII
Giotto
Giotto
Quando a história e o círculo chegaram ao papa e aos seus conselheiros, ficou claro que ninguém seria capaz de produzir um traço tão preciso e elegante com tamanha rapidez e simplicidade. O gesto demonstrou controle, domínio técnico absoluto e confiança, qualidades essenciais para um grande artista. Giotto foi escolhido, executando afrescos em basílicas importantes em Roma e Assis, como a Basílica de São João de Latrão e a Basílica de São Francisco de Assis.
O verdadeiro talento, mesmo silencioso e simples, traz em si o preparo, sensibilidade e domínio.
Na cultura atual em que o talento é muitas vezes confundido com espetáculo e a exibição. Espera-se que
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O círculo desenhado pelo artista não era apenas uma forma geométrica, mas a síntese silenciosa de toda uma vida dedicada ao ofício, ao olhar, à mão que obedece ao espírito.
Goethe, quando procurado por um jovem poeta, foi perguntado sobre o que era necessário para ser um poeta, ao que respondeu com outras perguntas: “o que mais aprecia ler? No que pensa durante o dia? Sobre o que sonha a noite? Ao que se dedica com todo o empenho de sua alma?” A resposta do aprendiz foi “poesia”. Goethe, então, disse ao jovem: “Então você já é um poeta!”
O verdadeiro talento não grita, ele se impõe pela evidência da sua autenticidade. Não se explica, mostra-se naturalmente. Não se justifica, manifesta-se de modo contundente. É como o fruto maduro, que não precisa ser arrancado com força e que cai naturalmente quando o tempo está pronto.
Martha Argerich
Jennifer Taylor
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O verdadeiro talento não precisa provar nada a ninguém, ele apenas é. E, como tal, afeta tudo ao seu redor.
O talento é uma luz acesa no espírito. No episódio sobre Giotto, reconhecemos a marca daquele que já lapidou seus dons para oferecer ao mundo uma amostra silenciosa da beleza que carrega dentro de si.
Cada pessoa possui potencialidades divinas a serem desenvolvidas; e nem sempre essas capacidades se manifestam de maneira ruidosa ou espetacular; às vezes, são discretas, latentes, mas sempre estão presentes e à espera de serem cultivadas.
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O traço preciso de Giotto é a expressão de quem aprendeu a trabalhar com paciência, esforço, disciplina e amor, oferecendo o melhor de si mesmo nos menores gestos.