Houve um tempo em que no quintal de minha casa existia um cajueiro, alto e frondoso, que preservei por muitos anos, desfrutava da sombra e colhia frutos. Os pássaros se acomodavam e faziam seus ninhos. Já estava em altura que trazia incômodo para o pequeno espaço do jardim por causa das folhas secas em excesso e do cupim a infestar o madeiramento da casa.
O cajueiro me lembrava as plantações que existiram em Tapuio, que nos davam castanhas e pedúnculos saborosos que se espapaçavam pelo chão.
Creusa Pires CMJP
Certa vez, em comentário acerca do corte de árvores em cidades do interior, que acontecia em velocidade espantosa, recebi uma carta de dona Creusa Pires, ex-vereadora e portadora de sabedoria que ajudou no prolongamento de gestos de solidariedade, levando-me a reflexões sobre o tema arborização, sobre a questão ambiental.
Ainda vivi um tempo em que as pessoas escreviam cartas para as redações dos jornais, endereçadas aos repórteres. Dona Creusa, uma doçura de senhora, enviava carta para ressaltar uma matéria ou reportagem que gostava. O livreiro Bartolomeu de Oliveira seguia a mesma linha, pois era normal encontrar na portaria do jornal uma sua mensagem ao repórter, sempre com palavras de estímulo.
Ao tempo de sua atuação como vereadora, Dona Creusa se destacou com gestos majestosos na vigilância dos problemas da cidade, porque observava os anseios do
UEPB
No período de sua atuação parlamentar, entre 1992 a 1996, conseguiu aprovação na Câmara de Vereadores do Projeto Arborizar, que consistia no plantio de árvores nas encostas e praças. Este projeto logo foi esquecido, como muitas iniciativas que poderiam trazer benefícios para a população. Era o tempo quando nos orgulhávamos de dizer que morávamos na “Cidade das Acácias”, “Cidade Jardim”, “Cidade Verde” e muitas outras denominações de exaltação ao verde e ao ambiente saudável.
Ela transmitia para nós a tristeza que sentia quando passava por ruas e alamedas sem nenhuma árvore ou planta. Falava das encostas do Rio Jaguaribe, das beiradas do Rio Sanhauá e dos conjuntos residenciais que não tinham árvores plantadas como deveria. Dizia que se seu projeto tivesse tido continuidade, realmente, “de fato seríamos uma das cidades mais verdes do mundo”.
Apos Tophy
O Projeto Arborizar, sancionado pelo prefeito da época, recomendava o plantio de árvores nas calçadas residenciais e quintais, com mudas de aroeira da praia, cássia e pau-brasil doadas pela prefeitura. Os moradores cuidariam da preservação dessas árvores, e como recompensa teriam mais verde, flores e frutos bem perto.
O reflorestamento é uma boa ação, até porque traz consigo benefícios imensuráveis para a vida de todos. Quando se corta uma árvore, outra deve se plantar no lugar. A preservação ambiental, a começar pelo cuidado com as árvores, deve ser ensinada às crianças na escola e em nossas casas, para os filhos e os netos.
No lugar do cajueiro do meu quintal, providenciei o plantio de pequena fruteira, roseiras e outras plantas, de modo que foram transformadas em xodó da patroa.
