As curvas e a vegetação mais árida trazem belezas novas. E quilômetros só de estrada, pontilhados por cidades que surgem, que se cruzam, que ficam pelo retrovisor. Serras com nomes de suas cidades se aproximam e lançam blocos gigantes de rocha dependurados sobre uma estrutura ímpar. Serra de Santa Luzia e Serra do Teixeira se revelam com as suas pequenas bocas prontas para engolir a serpente asfáltica e as micros máquinas que vão e vem entre o Litoral e o Sertão.
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As estradas se conectam como as artérias que irrigam e carregam o sangue bombeado no coração do sertanejo. Os olhos brilham quando falam de suas terras. As vozes denunciam um amor inegociável. Eles brotam carinho pelos chão que nascem, que pisam e crescem e carregam consigo para onde for. O ser tão preso às origens, um amor tão honesto, uma eterna promessa de retorno mesmo que imaginário.
Pelos caminhos às margens contam histórias. Casinhas e sítios perdidos junto às serras, por entre pedras e lajedos, em meio à vegetação que se revive na época da invernada. À porta há sempre um cão vigilante que
Lu Tavares ▪️ Instagram
E o fim de tarde é algo único. O mesmo Sol que castiga o chão e durante meses se faz presença incessante, produz um espetáculo único ao se conectar às paisagens sertanejas, da vegetação ao relevo. Pincela raios por toda parte e monta quadros perfeitos. Escolhe recantos silenciosos para sussurrar pela noite, pois até o Sol se cansa do dia de dureza e se retira para o descanso.
Vai deixando pontinhos luminosos pelos caminhos. E pinta em amarelos, laranjas e azuis várias tonalidades de vida. Faz de pedras, mandacarus, serras, casas e animais contornos plásticos. Doura todos os espaços que alcança sobre a terra. Assina que ali é Sertão único. E adormece.