Com licença do instante Teu coração Batendo contra o meu Tambor enlouquecido. Uma chuva de graça O instante impondo o...

Escute como o vento chora

 
 
 
Com licença do instante
Teu coração Batendo contra o meu Tambor enlouquecido. Uma chuva de graça O instante impondo o verbo Amar... Que o silêncio entre nós Surpreso e loquaz Dizia tudo.
Conspiração
Nessa noite Há um coro invisível cantando cilada Uma flecha na ponta do arco À espreita E uma sede sem nome O chão do ser escalda. Nessa noite Há ramos viçosos cobrindo armadilhas Escute como o vento chora A quebra do tempo... Tudo aponta a desordem Mas nada é proibido, nem a guerra... E a morte sem pressa multiplicando a dor.
Constatação
Faço a conta do tempo que vivi Ou que tentei viver Mas era prisioneira e amordaçada. Agora que esperava outro modo de ser Metamorfoseada Vejo-me borboleta de asa cortada…
Enquanto a neve cai
Entre ontem e hoje passou uma vida! Sinto-me velha... Bem mais velha que a face no espelho refletida. Só a face, ele não pode mostrar o interior E lá dentro sou mais velha ainda Mas a idade não conta, poderia ter vinte anos. Que valor tem o tempo num instante de desespero? Depois da morte apenas um segundo já é a eternidade. Entre ontem e hoje passou uma vida! Vidas e vidas passam de um minuto a outro. A cara gelada do tempo é um convite à depressão. Se ao menos o sol driblasse o inverno, inferno Esse gelo seria derretido. Ah! uma tempestade de esperança em vez de neve! Sinto-me muito envelhecida, acho que é por causa do frio... O frio na minha vida é uma questão sem resposta Entre ontem e hoje.
Do livro Passagem (Quebec, 1968)
Enquanto ainda respiro
Vou, como lágrima deslizante de orvalho Pelo corpo da flor Por caminhos de rosas. Passo a passo sob a luz da alvorada Sentindo a maciez de cada pétala A textura das folhas, seus matizes. Sabendo que os espinhos Guardas vigilantes são partes de viagens Nem sempre felizes. Vou, também, por caminhos pedregosos Carente de luz, alma e corpo expostos Lutando com as armas que me restam. Ofertando-me à vida, mas sem pressa. Não sendo nada, mas tentando ser Que a única certeza é de que a busca não cessa.
Motivos
Não é apenas a vida cedendo O tempo escorrendo, correndo É o mergulho na perplexidade. Não é apenas o dia anoitecendo Mas a incerteza de nova claridade O horror da batalha na escuridão. Não é apenas o corte, a dor flagrada O labirinto de angústias tatuadas Tantos motivos são... A marca dos passos na cicatriz E o espanto do tempo No espelho solidão.
Melancolia
Já agora não sei Para onde foram os dias de encantamento Recendendo a Jasmim, florindo ao sol. A força da vida operando milagres Pulando abismos, movendo montanhas Os sonhos pulsando. Para onde a chuva de ventura A cada encontro, a cada abraço, a cada olhar A sede de eternizar cada momento. Como saber no exílio do silêncio Sem tardes, sem noites Sem manhãs, sem nada. Melancolia, esvaziamento O choque das promessas esquecidas. Não foram dias de sacramento...

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  1. Anônimo3/8/23 22:11

    Eu não gosto do crepúsculo 🥲🥲🥲🥲🧵🪡✂️

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