Interessante é que nunca fomos apresentados. Sabemos da existência mútua, lemos um ao outro e nos comunicamos através deste Ambiente de Leitura Carlos Romero. Certa vez, numa das confraternizações natalinas promovidas por nosso “chefe” Germano, avistei-o de longe, achei que era ele pelos cabelos brancos e antes que pudesse cumprimentá-lo, ele se retirou, de fininho, quando a noite era ainda uma criança para alguns, mas ele, com a prudência e a sabedoria dos mais vividos, concluiu que era hora de se recolher. E lá se foi, lépido, discreto, elegante e oportuno, distribuindo cumprimentos amáveis aos que o saudavam pelo caminho…
Frutuoso Chaves e o neto Miguel
A Paraíba tem sido desde sempre um celeiro de grandes profissionais de imprensa, alguns deles merecidamente tornados míticos, no melhor sentido da palavra, a exemplo de um Carlos Dias Fernandes, de um José Leal, de um Nathanael Alves, de um Severino Ramos, de um Luiz Augusto Crispim e, por que não?, de um outro Luiz, o Gonzaga Rodrigues, nosso contemporâneo nonagenário, ainda escrevendo belamente com a mesma leveza de um jovem. Cito estes pedindo perdão aos que omito por falta de lembrança e de espaço, sabendo que são muitos, verdadeira legião de escribas da melhor qualidade, cujos nomes gloriosos ainda vivem na memória de tantos leitores. Dentre esses grandes, inscreve-se, sem nenhum favor, Frutuoso Chaves, aquele que veio de Pilar, a mesma terra de Zé Lins, para conquistar, com labor e mérito, um lugar ao sol na velha capital paraibana.
Carlos Romero
Imagino-o de bem com a vida. Seus escritos me passam essa impressão. Não vejo e não sinto neles amarguras nem ressentimentos. Pelo contrário. Há neles uma nítida paz de missão cumprida e uma satisfação com o caminho percorrido. Parece proclamar, modesta e sobriamente,
Frutuoso e Miguel
Os jornalistas mais experientes, quando têm vocação literária, adotam a crônica como derradeiro exercício profissional. Quando já não possuem forças ou disposição para as grandes reportagens, as penosas investigações e o barulho das redações, muitos migram para esse gênero, comparativamente mais ameno e confortável. Mas isso não é para todos, claro. Para Frutuoso, foi como um passeio, dadas as suas aptidões naturais.
Ele está a dever aos seus muitos leitores um livro que reúna seus textos mais recentes, pelo menos aqueles que forem de sua particular predileção. Para que se perenizem como um dos marcos das letras paraibanas do nosso tempo. E não exagero, porque sabemos, os que o leem, de seu valor literário. Não há Inteligência Artificial que o substitua.
Frutuoso Chaves
De minha parte, aqui fica o registro do acontecimento. Esta sim, é a notícia que me importa neste início do mês de São João de 2025. Que o cronista continue conosco, a nos deleitar com a sua simpatia e o seu talento.