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Um vento forte, em lufada de segundos, sacudiu a rede que armei na varanda para o cochilo vespertino, costumeiro, justo e merecido....

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Um vento forte, em lufada de segundos, sacudiu a rede que armei na varanda para o cochilo vespertino, costumeiro, justo e merecido. O susto que tive agravou-se com o baque de dois varões metálicos. Dias antes, quando ainda não haviam sido trocados por trilhos mais modernos, sustinham a cortina da sala. Mas, agora, esquecidos, verticalmente, num cantinho de parede, foram ao chão com um barulho dos diabos.

Ouvi essa história de um amigo e a reconto com as licenciosidades da crônica. Mal os negócios se recuperavam da crise decorrente da...

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Ouvi essa história de um amigo e a reconto com as licenciosidades da crônica. Mal os negócios se recuperavam da crise decorrente da pandemia que tangera a clientela da sua e de tantas outras lojas, a mulher apareceu com a novidade: eles estavam para receber uma sobrinha, seu marido canadense e um casal de filhos adolescentes, estes últimos com bom domínio do Português. O aviso viera em cima da hora por telefonema da cunhada residente em São Paulo. Ela falava da filha, do genro e dos dois netos. Saídos de Toronto,

A velhice tem dessas coisas. Andamos com passos mais lentos por dias que correm em velocidade hipersônica. Espantosamente, maio nos...

A velhice tem dessas coisas. Andamos com passos mais lentos por dias que correm em velocidade hipersônica. Espantosamente, maio nos chega sem que tenhamos a percepção exata do primeiro quadrimestre que agora se encerra. Vem-me, então, a lembrança de Joca, meu filósofo de botequim preferido e, infelizmente, também finado. “Quando a gente era menino um ano durava dez”, ouvi dele, certa vez.

Naquela noite de sábado, recusei o convite do meu neto para um passeio de quadriciclo desde o Busto do Almirante Tamandaré até o Mira...

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Naquela noite de sábado, recusei o convite do meu neto para um passeio de quadriciclo desde o Busto do Almirante Tamandaré até o Mirante da Praia do Cabo Branco, um dos mais belos trechos da orla de João Pessoa, a cidade que mais cresce no Nordeste brasileiro, ao que nos assegura a propaganda oficial.

Samantha, a Feiticeira, quem não lembra dela? Por décadas, alegrou os dias de muita gente, em partes diversas do mundo, o que inclu...

feiticeira nostalgia
feiticeira nostalgia
Samantha, a Feiticeira, quem não lembra dela? Por décadas, alegrou os dias de muita gente, em partes diversas do mundo, o que incluía este Brasil imenso. Com uma mexidinha no nariz a moça era capaz de resolver qualquer problema, fosse seu próprio, ou daqueles dos quais gostasse.

Lugar de mulher é na cozinha. Calma, meninas. Refiro-me ao ambiente doméstico por mim preferido onde vocês também possam sentar, servir...

cozinha fermento
Lugar de mulher é na cozinha. Calma, meninas. Refiro-me ao ambiente doméstico por mim preferido onde vocês também possam sentar, servir-se de uma bebida e acompanhar o marido na produção do almoço, do jantar, ou de uma sobremesa. Eu, pelo menos, costumo fazer isso aos fins de semana, momento em que me vejo livre do birô e do trabalho corriqueiro.

Um brinco, aquela casa. Tudo no seu lugar. A sala de visitas, um primor de arrumação. Tinha as poltronas e a mesa de centro distribuída...

casa organização
Um brinco, aquela casa. Tudo no seu lugar. A sala de visitas, um primor de arrumação. Tinha as poltronas e a mesa de centro distribuídas em equidistância estabelecida, milimetricamente, com auxílio de uma régua, ao que me parecia. Fosse possível fazer flutuar aquele tapete com tais coisas, nenhum lado pesaria mais do que o outro.

O pequeno Theo, de quatro aninhos, gemeu de dor, mal o sol iluminava as águas de Boa Viagem. As pernas curtas e os passos miúdos o le...

flores criancas despedida
O pequeno Theo, de quatro aninhos, gemeu de dor, mal o sol iluminava as águas de Boa Viagem. As pernas curtas e os passos miúdos o levaram à janela do apartamento de onde se pode divisar fatias do mar, brecha após brecha, entre os edifícios. Ali, se apoiou e chorou.

O pequeno Theo tinha, então, um coraçãozinho com agonias de adulto. E tinha vocabulário suficiente para frases de amor e saudades. “Uma flor para você, Bisinha”.

Faça desse modo: pegue uns vinte jenipapos, dois litros de aguardente e dois quilos de açúcar. Descascadas as frutas, passe-as num ra...

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Faça desse modo: pegue uns vinte jenipapos, dois litros de aguardente e dois quilos de açúcar. Descascadas as frutas, passe-as num ralador, acrescente um pouco d’água e coe a calda disso resultante num pano que seja.

A prima querida ainda guarda alguns biscuits da mãe dela e da nossa avó. Infelizmente, não sei que fim levaram aqueles que minha mã...

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A prima querida ainda guarda alguns biscuits da mãe dela e da nossa avó. Infelizmente, não sei que fim levaram aqueles que minha mãe tinha na penteadeira, na mesinha de centro e numas tantas prateleiras da sala de visitas. Elefantes, cervos, cachorros e gatos ali repousavam sem que neles eu e meus irmãos pudéssemos mexer, a não ser às escondidas.

A infância já foi feita de papel colorido e ponteiras de coqueiro. Refiro-me àquela hastezinha, àquela nervura central na extensão de ...

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A infância já foi feita de papel colorido e ponteiras de coqueiro. Refiro-me àquela hastezinha, àquela nervura central na extensão de cada folha. Essas duas coisas trabalhadas com tesoura e cola rendiam papagaios de altos voos.

Falo das pipas, ou raias, assim conhecidas noutras paragens. Colado o papel nas ponteiras armadas em losango, bastava ajustar o cabresto, confeccionar o rabo com retalhos de pano e encontrar linha no armazém da esquina, ou na gaveta das mães. A depender do volume do novelo, aquilo quase nos permitia arranhar as nuvens.

Acho que todos nós temos uma paisagem encoberta naquele recanto da mente onde também se escondem a saudade e o bem-querer. Quero crer e...

pilar paraiba samambaia
Acho que todos nós temos uma paisagem encoberta naquele recanto da mente onde também se escondem a saudade e o bem-querer. Quero crer em que isso ocorra, sem exceção, a todo e qualquer ser humano com o domínio pleno de suas lembranças, viva onde viver, tenha o idioma que tiver.

Atribui-se ao cozinheiro francês Nicolas Appert a conservação de alimentos em frascos de vidros lacrados com arame, rolha e cera, no an...

bodes ovelha enlatados buchada
Atribui-se ao cozinheiro francês Nicolas Appert a conservação de alimentos em frascos de vidros lacrados com arame, rolha e cera, no ano santo de 1795. Ele assim o fez de olho no prêmio oferecido pelo governo da França a quem fosse capaz de fazer durar por mais tempo a ração militar nos campos de batalha. Sua proeza foi contada em livro chegado às mãos do comerciante inglês Peter Durand que, em 1810, patenteou o processo de conservação, desta vez, em latas de estanho. O diabo é que isso envolvia a aplicação nociva de chumbo.

Não, nem tudo deve estar perdido. Ainda parece haver solução para a encrenca em que se meteu a humanidade. As guerras sucessivas e a de...

solidariedade ajuda
Não, nem tudo deve estar perdido. Ainda parece haver solução para a encrenca em que se meteu a humanidade. As guerras sucessivas e a destruição gradativa do planeta – fenômeno resultante da devastação das florestas, da degradação do solo, da poluição atmosférica e do envenenamento das águas – podem findar antes que findemos todos. Assim, também, o ódio, a intolerância, a cobiça, a soberba, a inveja. Virá a ultimação, certamente, de todas as perversões, todos os maus sentimentos que, individual ou coletivamente,

Branquinho feito algodão, aquele inhame. E quase tão macio. Estava, ali, na mais fumegante das três panelas de barro. A segunda continh...

panela barro feira
Branquinho feito algodão, aquele inhame. E quase tão macio. Estava, ali, na mais fumegante das três panelas de barro. A segunda continha arroz e, a terceira, uma cabidela cozida ao ponto do desmanche na boca. À primeira garfada, percebi o cominho, a pimenta, o alho, a cebola e o coentro na medida correta. E um fundinho avinagrado à perfeição. A dona de tais preparos nascera para isso.

Quem já não ouviu falar de Zé Limeira, o poeta popular, o repentista espantoso e divertido nascido em fins do Século 19? Foi descrito ...

ze limeira poeta absurdo
Quem já não ouviu falar de Zé Limeira, o poeta popular, o repentista espantoso e divertido nascido em fins do Século 19? Foi descrito pelos que o conheceram como um tipo excêntrico, um sujeito capaz de botar na chinela muito astro do rock moderno. Conta-se que andava em trajes berrantes, com os dedos cheios de anéis, óculos escuros, lenço para lá de colorido e bengala de aroeira.

A coisa funciona assim: a gente vê algo baseado nas graças e desgraças desse troço chamado civilização e põe-se à procura dos seus ag...

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A coisa funciona assim: a gente vê algo baseado nas graças e desgraças desse troço chamado civilização e põe-se à procura dos seus agentes de carne e osso. Pois bem, corri ao computador a fim de ler sobre o californiano Michael Burry, o sujeito que trocou a profissão de médico pela de investidor em ações e títulos no indecoroso mercado financeiro. Tipo estranhíssimo, adepto do rock pesado, da bermuda e da camiseta num ambiente de engravatados.

Coló me chamou de mentiroso. Ele mesmo, o saque mais rápido e eficiente da cidade, o camarada à procura rotineira por rolinhas, em c...

infancia nostalgia futebol
Coló me chamou de mentiroso. Ele mesmo, o saque mais rápido e eficiente da cidade, o camarada à procura rotineira por rolinhas, em capoeiras e quintais, com baladeira em punho e pés de algodão. Conseguia se aproximar dessas bichinhas sem fazer barulho até alcançar a distância suficiente para o tiro certeiro.

Aos meus nove anos, por aí assim, aquilo me parecia uma ladeira enorme, assustadora, pois feita de água. Fosse por mim, de jeito nenhum...

praia nostalgia joao pessoa
Aos meus nove anos, por aí assim, aquilo me parecia uma ladeira enorme, assustadora, pois feita de água. Fosse por mim, de jeito nenhum eu desceria daquele ônibus. A coisa começava ao nível do chão e subia até tocar no céu, fundindo ambas as cores e seus limites. Não fosse por algumas nuvens, eu não mais saberia onde, lá no fundo daquela paisagem sem fim, começava um e terminava o outro.

Foi em meados de 1990. Um carro parou diante da casa modesta do bairro de Cruz das Armas, em João Pessoa, e dele desceu um casal muito ...

carro flores roberto carlos
Foi em meados de 1990. Um carro parou diante da casa modesta do bairro de Cruz das Armas, em João Pessoa, e dele desceu um casal muito jovem e bem vestido. A moça trazia nos braços um enorme buquê. A dona atendeu ao tilintar da campa: “É da casa de Dona Carminha?”, perguntou o rapaz, para ouvir a resposta da atendente curiosa e espantada: “É, sim. O que desejam?”.