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Quem fala? – insisti. Só disse que era de Matinhas, ouvi bem. Tento lembrar alguma amizade. Na minha memória, Matinhas do coronel Eufrásio ...

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Quem fala? – insisti. Só disse que era de Matinhas, ouvi bem. Tento lembrar alguma amizade. Na minha memória, Matinhas do coronel Eufrásio das histórias de doutor Ramos, pai de Teócrito e Wills Leal. Matinhas de Artur Moura, desembargador saudoso que elevou sua terra, antigo distrito de Alagoa Nova, a culminâncias de civilidade e educação que, nos tempos atuais, um Almeida Prado de São Paulo ou de Santos está longe de alcançar, como se viu na cena de indigência moral de um desembargador no trato com a autoridade do guarda municipal. O guarda saindo com muito mais autoridade.

Vou-me embora para Ouro Velho, não é que lá tenha rei, nem mulher que já não quero, nem cama que escolherei. Vou-me embora para Ouro Velho!...

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Vou-me embora para Ouro Velho, não é que lá tenha rei, nem mulher que já não quero, nem cama que escolherei. Vou-me embora para Ouro Velho!... É que até o meado da semana (já não se sabe hoje) Ouro Velho vacilava entre as quatro das nossas 223 cidades onde os venenos letais da globalização não haviam ainda soprado.

O Esial era um edifício de dois andares que olhava para a Praça da Bandeira de Campina Grande e que não sei se ainda está de pé. Eu descia ...

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O Esial era um edifício de dois andares que olhava para a Praça da Bandeira de Campina Grande e que não sei se ainda está de pé. Eu descia por uma das ladeiras do Róger, e de um alto-falante que propagava um açougue do bairro apareceu-me o velho edifício. Não ali na rua, mas no meu juízo.
Diziam, em meu começo de vida, que eu não tinha o juízo certo, um aruá de estrada. Talvez tivessem razão. Eu via coisas que os grandes não viam.

O tio velho, 97 anos, está resistindo sem muita queixa ou como Deus é servido, na rua da ponte, em Alagoa Grande. Ouve melhor do que o sobr...

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O tio velho, 97 anos, está resistindo sem muita queixa ou como Deus é servido, na rua da ponte, em Alagoa Grande. Ouve melhor do que o sobrinho.

— E essa peste, tio, como vai por aí?

Minha primeira rua, numa cidade brejeira de interior, apesar dos longos anos de vivência e surpresas ante outras cidades, continua sendo me...

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Minha primeira rua, numa cidade brejeira de interior, apesar dos longos anos de vivência e surpresas ante outras cidades, continua sendo mesmo a primeira de minha experiência urbana. Nenhuma outra, por mais arraigada à existência, me infundiu maior admiração e gosto de viver nela. Não abria para nenhum cenário especial como Areia, cercada de montanhas; as casas, uma pegada com a outra, em nada se distinguiam, salvo a que hospedava o juiz, única com jardins laterais de papoulas multicores fechando o ângulo que se abria para dar lugar ao obelisco erguido no terreno de chão batido chamado de praça. Era a praça do monumento.

Nunca me libertei da primeira impressão que uma antiga folhinha do ano me marcou com a estampa de um “prado bem verde mesclado de cores de ...

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Nunca me libertei da primeira impressão que uma antiga folhinha do ano me marcou com a estampa de um “prado bem verde mesclado de cores de predomínio amarelo que ornavam um lago azul, diferente da água barrenta do pequeno açude lá de casa.” Essa impressão me rendeu a única página de que não me arrependi neste meio século de literatice. Marcos Tavares não imagina o instante feliz que vivi quando a apontou, sério, num rompante dos seus, para integrar a coletânea de autores paraibanos editada por iniciativa do professor Neroaldo Pontes quando secretário de Educação.

Não era tempo. Para algumas raras criaturas nunca será tempo. Ainda mais (para não dizer mormente, que agrediria seu ouvido) quando se trat...


Não era tempo. Para algumas raras criaturas nunca será tempo. Ainda mais (para não dizer mormente, que agrediria seu ouvido) quando se trata de um remanescente do rebanho insubmisso de Augusto, o dos Anjos, destinado a fazer vagar na alma do mundo a noção expressa que colheu da vida e do mundo em seu “hidrogênio incandescente”.

Saiu na mídia a informação de que os generais do governo Bolsonaro passaram a sugerir a recomposição da equipe com um ministério de notávei...

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Saiu na mídia a informação de que os generais do governo Bolsonaro passaram a sugerir a recomposição da equipe com um ministério de notáveis. Será que resolve?

Não será numa homenagem de formato multi-seccionado, contemplando vários temas e referências numa mesma agenda, que se faria, a contento, u...

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Não será numa homenagem de formato multi-seccionado, contemplando vários temas e referências numa mesma agenda, que se faria, a contento, uma abordagem mais ajustada ao perfil de intelectual e de mestra escritora de nossa Ângela Bezerra de Castro.

Já tivemos morticínio em massa, em circunstâncias mais adversas, mas nunca como este. Tivemos flagelos com seu pico em 1877, fartamente nar...

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Já tivemos morticínio em massa, em circunstâncias mais adversas, mas nunca como este. Tivemos flagelos com seu pico em 1877, fartamente narrado oral, artística e eruditamente. Com lances horripilantes, qual o de se sacrificar um ente da família para matar a fome dos demais. Coisas do Ceará, que também são nossas. Mas sempre restando um caminho ou um privilégio de resguardo, seja pelo clima, o do antigo brejo, ou pelo estrato social e econômico.

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Agora, quanto mais riqueza, menos gente tem de ir a Orlando, ao Oriente, aos mais tentadores destinos turísticos e negociais do mundo. O vírus, como o vento, não tem distinguido classes, mesmo que castigue de arrastão os mais expostos, que saem de camisa aberta sob os riscos da extrema necessidade.

No cólera, que através de dois séculos tem sido a nossa referência mais pavorosa, morremos 10 por cento dos 300 mil habitantes de então. Notabilizaram-se os benfeitores da higiene pública com a feitura de cemitérios. Nossa Igreja da Misericórdia não cabia no calcário de seus paredões os ossos dos religiosos mais ilustres; os da pobreza não há registro, salvo no Piancó onde já existia um cemitério feito sob o pálio de um frei Serafim; o de Soledade, inspirando o nome do lugar, teve a mão do padre Ibiapina. Houve qualquer coisa do gênero na notícia que Wilson Seixas dá de Pombal.

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As providências não eram muito diferentes das de hoje, quando o mundo dispõe de riqueza além do ouro para explorar a lua, os planetas, mesmo que se mate um negro como não se mata um porco, isto na nação mais rica de ciência e tecnologia. Um pavor de crime por uma ninharia certamente relegada se não fosse pela cor do delinquente.

Nunca imaginei enfrentar esta experiência depois de 87 anos de outras mazelas minhas e do meu povo. Os números da gripe espanhola e da febre amarela não ficam para trás, é certo. Mas a urbanização, hoje de 70 por cento da população, acabou com o isolamento natural da população rural. A vida geral e econômica era efetivamente agrícola, de densidade populacional rarefeita, morrendo-se mais de morte morrida, com os surtos da peste passando mais por longe. Se não havia médico rural também não havia urbano: o cólera nos pegou com 3 médicos e 2 acadêmicos. Foi quando Abdon Milanez ganhou fama, ao lado de um Poggi, um ascendente da Arnaldo da Beira Rio. Como agora, também não se contava com vacina, com nenhuma terapia de farmácia, só as de botica e os antifebris do mato ajudados pelo banho quente. O cólera matou no Estado o equivalente à população da capital.

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O relatório do presidente Pinto e Silva à Assembleia provincial, documento que por si só bastaria para guardar a memória de um condutor de povos que não nos pertencia (eles sempre vinham de fora) intima-nos a considerar, e bem, o esforço com que a Paraíba vem enfrentando a peste de hoje. Governador, prefeitos, secretários de Estado não só com a mesma máscara preventiva como, a dois metros dos nossos repórteres, também entregues sem trégua e corajosamente no mesmo empenho solidário.

O cólera, vindo do Pará e nos empestando através de Goiana, alastrou-se a partir de março e, já em maio, o presidente Pinto podia fechar com esse desafogo: “....a epidemia se acha quase extinta em todos os municípios, motivando todos, todos, homens livres e escravos, a celebrarmos a vida num grande e fervoroso Te Deum.”

Não merecemos menos, iremos ouvir de doutor João Azevedo e seus fiéis secretários a mesma clarinada para o Te Deum à vida e ao trabalho.


Gonzaga Rodrigues é escritor e membro da APL

Como era mesmo o título: “Recados da Província”? As letras meio góticas, desenhadas certamente por Elcir Dias, encimavam a crônica que mais...

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Como era mesmo o título: “Recados da Província”? As letras meio góticas, desenhadas certamente por Elcir Dias, encimavam a crônica que mais me fazia inveja na imprensa local.

Quando amainar a pestilência, a ânsia angustiante desanuviar e pudermos nos dar as mãos e chamar para mais perto os corações enlutados, qua...

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Quando amainar a pestilência, a ânsia angustiante desanuviar e pudermos nos dar as mãos e chamar para mais perto os corações enlutados, quando isto acontecer, aí, sim, seja quando for – não importa o dia do santo nem quem seja Ele – vamos juntos celebrar o Maior São João do Mundo. Vamos subir aos céus e incendiar as nuvens com as nossas girândolas e foguetões de desafogo.

Meia dúzia de vezes que andei por São Paulo - uma delas para entrar na fila sem fim (e como fazia frio!) do hospital público das Clínicas;...

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Meia dúzia de vezes que andei por São Paulo - uma delas para entrar na fila sem fim (e como fazia frio!) do hospital público das Clínicas; algumas para consulta médica particular, e, as vezes restantes, em missões profissionais – de nenhuma delas cheguei aqui com vontade de voltar.

O trato continuado com a ensaística de Ângela Bezerra de Castro não dá margem a assomos de surpresa com a sua poesia. Ela não tem feito ou...

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O trato continuado com a ensaística de Ângela Bezerra de Castro não dá margem a assomos de surpresa com a sua poesia. Ela não tem feito outra coisa, desde que se dedica ao cultivo literário, senão exercícios de percepção poética. Se o resultado ganha a aparência de ensaio ou discurso, não seja por isso, pela forma comum, que ele se dissocie do conteúdo poético. Boa parte das pessoas que se confessaram surpresas com aquele mínimo de espaço transbordante de poesia, trazido a público no blog de Germano Romero, se disso não sabiam, bem o pressentiam.

Algumas vezes a revisão do jornal se arrastava até a madrugada. Fosse por algum ato de última hora ou pela onda de oposição que começava a ...

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Algumas vezes a revisão do jornal se arrastava até a madrugada. Fosse por algum ato de última hora ou pela onda de oposição que começava a abalar a cabeça e os porões do Catete. “Mar de lama”, no discurso de Afonso Arinos, com maremoto no atentado a Lacerda. Na Paraíba mesmo ecoou forte o anátema saído do discurso de um dos nossos senadores, Argemiro de Figueiredo: “É preciso matar este governo para que sobreviva a nação”. O imã dos acontecimentos neutralizava a cantilena dos revisores em cima da prova tipográfica. Dois revisores para cada texto, um escandindo a leitura e o outro correndo os olhos no texto.

Jantei, senti um friozinho, e, bebido o último gole de café, passei a ir e vir entre a sala e o pequeno corredor, de mãos para trás. Nada a...

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Jantei, senti um friozinho, e, bebido o último gole de café, passei a ir e vir entre a sala e o pequeno corredor, de mãos para trás. Nada além de 12 ou 13 metros nesse trajeto pendular, indo e vindo, contando os quadrinhos da cerâmica, tentando fugir do noticiário, do aceleiro da peste, dos efeitos produzidos, na morrinha da tarde, com o rogo do médico Ítalo Kumamoto, de rosto transtornado, a reiterar o confinamento: “Pelo amor de Deus, não saiam!”

Sentir e pensar se opõem? Quando li que o governador Wilson Braga ia reformar a Casa do Estudante fiquei dividido. Distanciado de Sua Exce...


Sentir e pensar se opõem? Quando li que o governador Wilson Braga ia reformar a Casa do Estudante fiquei dividido. Distanciado de Sua Excelência, eu assessorava, naqueles anos 80, o secretário Silvino na divulgação do Projeto Canaã. E a notícia era mais que promissora: ampliar a Casa, melhorar as instalações e oferecer mais vagas aos wilsons e gonzagas que continuavam, no interior do estado, a depender de moradia para continuar os estudos. O 2º Ciclo (o Ensino Médio de hoje) ainda era privilégio das duas maiores cidades: João Pessoa e Campina Grande.

Será possível isolar-se? Isolados do vírus estaremos, também, dos seus efeitos no espírito? Quando o alcance da janela só ia até a calçad...

Gonzaga Rodrigues ambiente de leitura

Será possível isolar-se? Isolados do vírus estaremos, também, dos seus efeitos no espírito?

Quando o alcance da janela só ia até a calçada da frente ou à franja do horizonte físico, o contágio estava mais ou menos evitado. No cólera de 1855/56 isto deve ter sido possível. Éramos 300 mil almas, segundo o registro de Beaurepaire Rohan em sua Corografia da Paraíba do Norte, a capital com 30 mil habitantes, o equivalente ao número de vítimas no Estado. Dez por cento, proporcional à “sciência” de então, embora com os mesmos cuidados, quarentenas e isolamentos de hoje.

Gil, a estima me autoriza esta liberdade de tratamento. Gil, somente Gil. Como igualmente me assegura a sinceridade das tuas palavras. Germ...


Gil, a estima me autoriza esta liberdade de tratamento. Gil, somente Gil. Como igualmente me assegura a sinceridade das tuas palavras. Germano Romero dispõe-se a acolher-me em sua Acta Diurna eletrônica (lembre-se que a de Júlio Cesar – o álbum - era pregada no muro de casa) e era mais de aviso do que de lírica. E eu pedi a Germano para me rever, sem frescura, depurando-me (se é possível) das fermentações tão próprias e mesmo naturais à condição do homem civilizado.

Vaidade? Que santo pôde exilar-se completamente dela? O que senti e o que sentiste quando elogiaram a nossa inteligência? Que fervor íntimo foi aquele que me elevou e te elevou com a conquista do nosso primeiro 10? Esse fervor, por mais natural, nasceu a partir de quando olhamos em redor e vimos que havíamos chamado a atenção ou o interesse dos nossos colegas de classe.

Não é um mal quando a vaidade é uma distinção. Será que São Francisco de Assis não sentia coisa parecida ao ver que as gentes que o amavam se achavam no mesmo gênero dos seus passarinhos? Jesus, em vida, conseguira muito menos. Sobrepujou-o infinitamente quando Paulo enfrentou um verdadeiro coronavírus para unir pagãos e cristãos na face da terra.

francisco gil messias
Francisco Gil Messias
Pois bem, caríssimo Gil, depois de setenta anos ansiando por sair de mim, sinto, na verdade, que já fiz o que podia. E fui muito longe com o que me sobra do carinho desta cidade, uma cidade reservada, sem grandes expansões, sem ufanismos, até mesmo descuidada com os seus símbolos cardeais, o seu Cabo Branco, os seus tesouros urbanos e muitos dos seus heróis, como bem lembrou o companheiro Martinho Moreira Franco ao registrar a morte, na semana passada, do nosso campeão mundial, o grande Índio que não deve ter rua nem estátua em Cabedelo. Talvez eu tenha servido para lembrar essas coisas, ao mesmo tempo que ver o meu nome impresso no papel, um papel de pouca duração, peixe do dia, descartado após a leitura, mas Acta diurna sempre, mudando a cada Gutemberg, volatilizando-se, mas jamais extinta na impressora que o teu xará, o diretor do Rebate de Campina Grande instalou na vida deste teu amigo e criado, o nêgo Gonzaga.
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Sim, ia esquecendo: em Alagoa Nova existe o Bálsamo, é uma nesga de sítio, a 5 minutos da cidade, onde íamos furtar as jacas que Brunet, o achador de Pedro Américo, registrou entre os achados de minas que o imperador lhe confiara. Não fosse o corona, é para lá que eu iria.


Gonzaga Rodrigues é escritor e membro da APL

Há amigos ou amizades que fazemos no trato com a vida, com o tempo; e há os que vêm por obra de alguma divindade. Os inventores da alta sa...


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Há amigos ou amizades que fazemos no trato com a vida, com o tempo; e há os que vêm por obra de alguma divindade. Os inventores da alta sabedoria, filósofos e gênios das ciências exatas não negam o poder dos deuses, ou do Deus único. Não é sem motivo pois que acredito na amizade concedida por um Deus.

Como disse meu amigo Ivan Bichara, você está entre os amigos que Deus nos dá. Silvio Osias, Vladimir Carvalho, Rubão (Nóbrega), Milton Marques Júnior são da mesma forja. Viveram lances e silêncios do batente, têm sangue da mesma tinta, cada um reagindo à sua maneira, como o Martinho Moreira Franco, que reagiu em meu favor, junto aos amigos do seu círculo. Você vem em sua pureza de espírito, e vem de longe, de terras do coração..

Li hoje uma entrevista de Alain Touraine, 95, criança na crise de 29, jovem, quando surgiu de um vazio destes o Hitler, e me vejo igualmente encerrado. Sem um ator próximo, ou na China, que possa me dizer que guerra é esta de ninguém, de uma humanidade completamente desarmada, lavando as mãos com sabão como único recurso contra a monstruosa máquina biológica invisível e devastadora, quando o homem se julgava no ponto mais universal de falas e ações mais instantâneas.

Que vou fazer mais em jornal? Touraine se diz encerrado. Que irá dizer um velho que nunca saiu de Alagoa Nova, que vai lá, senta na praça em plena luz do meio dia… e ninguém dá por ele?…

Estou me acomodando à nova situação do duplo isolamento, o do vírus e o imposto pelos jornais, que parecem não me reconhecer, e tentarei me conceber na versão online. Recebi convites e a nenhum aderi logo agora. Vou me reacomodar para esse fim de viagem, que começou pela "sopa" de Mestre Chico de Alagoa Nova e não foi além das linhas da Bonfim de Severino Camelo.

Abraço-te com o Coração.

Gonzaga Rodrigues


Gonzaga Rodrigues é escritor e membro da APL
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